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Transmissões CVT estão instaladas em muitos carros, mas até que ponto são confiáveis?


Fabricantes instalaram as transmissões continuamente variáveis (CVT) em seus veículos no lugar das transmissões automáticas convencionais, devido às vantagens que elas oferecem, mas possuem suas próprias mazelas

Por: Carlos Napoletano Neto - 11 de janeiro de 2023

Você sabia? Foi em 1958 que a fábrica Van Doorne’s Automobiel Fabriek introduziu o DAF 600, que foi na verdade o primeiro automóvel moderno a vir equipado com uma transmissão variável por correia como a conhecemos, de série.O sistema de transmissão é parte integrante de um automóvel, que transforma rotações do motor em torque, que por sua vez, faz o veículo se movimentar em velocidades variáveis. Os sistemas de transmissões são separados basicamente em dois tipos: manuais e automáticos.

Uma transmissão continuamente variável (CVT) é um tipo de sistema de transmissão que utiliza polias e uma correia metálica ou corrente, para fornecer uma faixa ilimitada de relações de marcha. Em 1984, o fabricante japonês SUBARU introduziu uma transmissão continuamente variável de controle eletrônico (ECVT) em um veículo hatch chamado Subaru Justy.

Ele foi vendido entre 1989 e 1993 nos Estados Unidos. Embora os veículos com transmissão CVT não tenham sido bem recebidos pela indústria automotiva logo de começo, ao longo dos anos os sistemas de transmissão continuamente variável foram sendo desenvolvidos e melhorados, sendo então capazes de lidar com motores mais potentes e de maior torque.

Vários fabricantes tradicionais de veículos tais como Audi, Nissan, Ford e Honda incorporaram versões avançadas de uma transmissão CVT em seus produtos. Contudo, deve ser notado que, embora ofereçam certas vantagens como maior economia de combustível e eficiência energética, uma transmissão CVT não é capaz de dar uma sensação de controle e dirigibilidade ao motorista, que são comuns aos sistemas manuais e automáticos convencionais. Em termos de aceitação do mercado, as transmissões CVT ainda tem um longo caminho pela frente. Alguns modelos apresentaram falhas, o que gera algumas dúvidas na mente de eventuais compradores.

Como funciona uma Transmissão Continuamente Variável - Veículos equipados com uma transmissão CVT utilizam polias de diâmetro variável e correias metálicas ou correntes para fornecer várias relações de marcha. A polia de entrada está conectada ao motor, enquanto que a polia de saída está conectada às rodas motrizes. Uma correia metálica ou corrente se move entre as duas polias.

Quando as metades de uma das polias se aproximam uma da outra, a correia metálica ou corrente sobe pela polia, aumentando assim o diâmetro da mesma. No lado oposto, as metades da outra polia se afastam, diminuindo o diâmetro efetivo da mesma, desta maneira obtendo-se as relações de marcha infinitas. Relações diferentes de marcha são obtidas através da mudança no diâmetro das polias.

Quando o diâmetro da polia de entrada, ligada ao motor, diminui, tem-se uma relação de marcha reduzida e se obtém maior torque. À medida que o diâmetro da polia motriz aumenta, o diâmetro da polia de saída diminui, e a relação vai se alterando, obtendo-se assim mais velocidade. Assim, a mudança no diâmetro das polias exerce um importante papel na mudança da relação de marcha, de rotação do motor para velocidade do veículo.

Os fabricantes de veículos têm desenvolvido outros tipos de transmissões variáveis continuamente, tais como a transmissão toroidal e também a hidrostática. Os sistemas de transmissões toroidais CVT utilizam roletes de aço especial e discos, enquanto que os sistemas hidrostáticos utilizam bombas hidrostáticas e motores para se obter relações variadas de marcha.

Alguns carros já apareceram com transmissões CVT eletricamente controladas, contudo, estas não devem ser confundidas com transmissões CVT, pois este sistema requer o uso de um conjunto planetário simples (Dispositivo de Divisão de Força) no lugar de polias e correia por fricção. Nos veículos elétricos, diferentemente das transmissões CVT que fornecem infinitas relações de marcha, uma transmissão CVT elétrica possui somente uma relação de marcha fixa.

Transmissões CVT x Trans­missões Manuais x Transmissões Automáticas Con­ven­cionais - Embora os carros equipados com transmissão CVT possam garantir consumo de combustível reduzido com consequente diminuição de emissões e melhor aceleração, os entusiastas do automobilismo frequentemente levantam a questão da confiabilidade.

Alguns dos modelos de veículos com transmissão CVT tiveram má aceitação. Por exemplo, questões de segurança foram levantadas sobre algumas transmissões TOYOTA e HONDA, devido a quebras inesperadas durante a condução. Também alguns modelos NISSAN com transmissão CVT foram criticados.

Além do mais, as pessoas tendem a comparar as transmissões CVT com suas irmãs manuais, automáticas convencionais e também atualmente com as transmissões de dupla embreagem (DSG). As maiores reclamações das CVT dizem respeito à dirigibilidade se comparadas com as outras transmissões.Para alguns, a falta de senso de controle que se sente quando se dirige um carro com transmissão CVT é o fator principal de rejeição, assim como a falta de ruído do escapamento do motor em um veículo elétrico tem levado muitos a rejeitar este tipo de transporte. Vamos pesquisar as diferenças entre os diferentes tipos de transmissão. 

Transmissão Manual

Embora mais barata, a transmissão manual dá ao motorista uma sensação de completo controle do veículo. Ao dirigir um carro com câmbio manual, temos que acionar a embreagem e mudar as marchas para obter a relação necessária para a melhor condução do veículo em uma situação particular.

Enquanto utilizamos a marcha mais baixa para sair com o veículo, temos de mudar para marchas mais altas para melhorar a eficiência e velocidade. As marchas basicamente ajudam a utilizar o torque do motor mais efetivamente e manter o motor girando nas rotações corretas.

Transmissão Automática por engrenagens planetárias (convencional) 

Os veículos equipados com uma transmissão automática de engrenagens planetárias são providos de uma caixa de câmbio que pode trocar as marchas automaticamente através de um sistema computadorizado que monitora a velocidade e carga aplicadas ao motor do veículo.

Existe um jogo de engrenagens pré-definido e as mudanças são executadas automaticamente, sempre que o sistema enviar um sinal eletrônico ao corpo de válvulas. Pode-se optar também por uma transmissão de dupla embreagem. A transmissão de dupla embreagem, como o próprio nome sugere, é equipada com duas embreagens, e não possui pedal para controlá-las. Isto torna as mudanças de marchas bem mais rápidas, pois a próxima marcha fica pré-selecionada pelo sistema eletrônico e hidráulico, dependendo da velocidade do veículo e posição do acelerador.

Problemas associados com a transmissão CVT

Apesar dos pontos mais fortes do câmbio CVT serem a aceleração melhorada e maior economia de combustível, algumas pessoas questionam sobre a confiabilidade destas transmissões. O fato de o sistema CVT ser mais caro pode afetar sua aceitação pelo usuário de maneira adversa. Os proprietários de veículos que anteriormente dirigiram carros automáticos e manuais, como é o caso aqui do Brasil, podem ter dificuldades para se adequar à maneira de condução do veículo CVT.

• Veículos equipados com transmissão CVT produzem mais ruídos por ocasião da saída em parada total, e mesmo durante aceleração. O ruído é produzido pelo sistema tentando se ajustar à rotação do motor.

• Embora os mecanismos da transmissão CVT permitam ao motor girar em qualquer rotação, existem reclamações sobre ruídos provenientes do motor, os quais são frequentemente comparados ao som de patinação de uma embreagem, ouvido em uma transmissão manual. A pessoas acostumadas com transmissões automáticas podem ficar ainda mais aborrecidas com estes ruídos.

Não obstante o sistema CVT ter sido supostamente desenvolvido para fornecer uma transição suave enquanto desenvolve força máxima, existem reclamações sobre trancos e hesitações durante a aceleração inicial ou ruído de chocalhos durante baixas velocidades. Alguns motoristas reclamaram de movimentos abruptos quando o veículo está quase parando.

• Enquanto na transmissão automática convencional podemos perceber as mudanças de rotação do motor durante as trocas de marcha, as pessoas que dirigem veículos com transmissão CVT não percebem estas mudanças. Devido a isto, borboletas interruptoras no volante de direção foram instaladas para simular as trocas de marcha ascendentes e reduções.

• A substituição do fluido do câmbio CVT tem se tornado o calcanhar de Aquiles destas transmissões, uma vez que diversos fabricantes insistem em dizer que o fluido nunca deve ser trocado, ou mesmo substituído com quilometragens altas, o que não condiz com a realidade do nosso dia a dia. Como o fluido é especial e possui propriedades que outros fluidos de transmissões não têm, a manutenção preventiva destas transmissões deve ser feita com mais frequência, para evitar danos irreparáveis ao sistema, devido à rápida deterioração do fluido, submetido a condições extremas de trabalho.

• A recomendação da substituição do fluido e filtro, nas transmissões CVT, é que se efetue este procedimento a cada 30.000 quilômetros no máximo, para prolongar a vida útil da caixa. O fluido deve ser o recomendado pelo fabricante e em hipótese alguma deve-se utilizar os fluidos “milagrosos” ou MULTIS da vida, que alguns fabricantes inescrupulosos afirmam servir para qualquer caixa. Cada transmissão CVT possui suas próprias necessidades particulares e devem ser observadas. Também nenhum tipo de aditivo é recomendado para as caixas automáticas, especialmente as transmissões CVT.

Análise final

As transmissões CVT ainda estão em fase de desenvolvimento pelos fabricantes, e a confiabilidade a longo prazo ainda precisa ser revista e melhorada. Muitos entusiastas de carros não gostam destas transmissões. Como o sistema CVT é muito diferente das transmissões convencionais, a decisão de comprar um veículo equipado com este tipo de transmissão deverá ser tomada somente após uma completa pesquisa.

Recomendamos executar um teste drive para verificar se você se sente confortável dirigindo um veículo com transmissão CVT. Dirija veículos diferentes. Afinal de contas, um automóvel é um investimento muito alto e certamente não se deseja tomar uma decisão precipitada neste assunto.