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Parte 1 – Os diferentes tipos de suspensão: sistema MacPherson


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Por: Arthur Gomes Rossetti/ Marco Antonio Silvério Jr. - 10 de setembro de 2010

A partir da edição de setembro a coluna Consultor OB traz a você leitor um resumo dos principais tipos de suspensão encontradas nos veículos automotores. Veremos a história de como o sistema surgiu, os principais benefícios e problemas encontrados com o uso, ferramental e procedimentos necessários para a correta manutenção, entre outras informações.
Para inaugurar esta série de cinco capítulos, falaremos inicialmente sobre o conjunto de suspensão tipo ‘MacPherson’ (lê-se ‘Mecfêrson’), amplamente utilizada nos automóveis leves e médios. A maioria das literaturas não contempla a letra ‘a’, ficando somente o nome ‘McPherson’, porém em nossa matéria utilizaremos o nome original.


História

Projetar um sistema de suspensão é um desafio muito maior do que imaginamos, pois além de oferecer robustez, níveis aceitáveis de conforto, facilidade de manutenção, dimensões compactas e custo economicamente viável para produção em larga escala, o projeto escolhido deve também ser indiscutivelmente seguro. Com esta filosofia o engenheiro automotivo norte-americano Earle Steele MacPherson, desenvolveu em meados dos anos 1930 um inovador sistema de suspensão que une um amortecedor em formato de torre a uma mola do tipo helicoidal, formando assim uma estrutura resistente, leve e compacta, atendendo perfeitamente as necessidades dos veículos de pequeno e médio porte de tração dianteira ou traseira.
O primeiro veículo equipado com o sistema criado por MacPherson foi o Chevrolet Cadet em 1945.
A utilização da mola do tipo helicoidal não é uma regra, pois a estrutura poderá ser equipada também com molas do tipo pneumáticas ou hidropneumáticas.

Benefícios, vantagens e desvantagens
A construção da suspensão MacPherson pode ser considerada como uma das opções mais compactas, simples e baratas disponíveis, e atualmente a lista de automóveis que a utiliza é extensa, partindo dos modelos populares 1.0, chegando até os sedãs médios de luxo como Audi, BMW e Mercedes.


Para montá-la bastam poucos itens, tais como amortecedor em formato de torre, mola, batentes, rolamento superior, bandeja inferior, pivô, e em alguns casos manga de eixo separada (como utilizada nos Chevrolet Corsa e Vectra) e barra estabilizadora, item que no início do projeto era fundamental para o controle e limitação dos esforços longitudinais.
Devido à baixa complexidade do conjunto o reparador consegue substituir os componentes rapidamente, assim como os posteriores ajustes necessários como alinhamento, cambagem e cáster (este último após a suspensão ter sofrido um grande impacto ou esforço além do normal no sentido longitudinal).


Outra virtude encontrada é a independência entre uma roda e outra, que resulta em superior nível de conforto quando comparada a uma suspensão com eixos interligados e dependentes.


Uma das principais desvantagens do sistema é a limitação quanto ao porte e peso do veículo que a utiliza. Em 90% dos casos a utilização é em veículos compactos ou sedãs, mas existem também algumas camionetes e SUV’S que a utiliza, como exemplo o Chevrolet Captiva, Ford Ecosport e Hyundai Tucson. Neste caso o projeto é idêntico ao dos compactos, porém com dimensões maiores e de superior resistência.


Devido a simplicidade construtiva a robustez fica limitada, mesmo em veículos como o Captiva. Em comparação aos sistemas de feixe de molas ou Twin-I-Beam (os quais veremos nas próximas edições), o conjunto MacPherson nunca será visto em um caminhão, por exemplo.

 

Principais problemas
Os problemas mais comuns encontrados neste tipo de suspensão em ordem crescente de ocorrência são referentes à: folga nos pivôs e buchas de bandeja, fim de vida útil do amortecedor e batentes, rolamento dos batentes e por último a mola, seja helicoidal, pneumática ou hidropneumática, que geralmente costuma apresentar a maior vida útil de todos os componentes citados.

Devido à suspensão ser um item ativo de segurança em um veículo, a utilização de peças recondicionadas nunca deverá ser considerada.


Segundo o engenheiro mecânico e conselheiro editorial do jornal Oficina Brasil, Paulo Aguiar, da Engin Engenharia Automotiva, “o sistema de suspensão MacPherson é o que melhor se adaptou as condições de pavimento brasileiras, porém as montadoras poderiam dar maior atenção à resistência dos componentes, que em alguns casos estão aquém do esperado. Por exemplo, podemos citar os pequenos batentes plásticos da linha Ford Fiesta e Ecosport, de durabilidade inferior a dos concorrentes.
Existem também veículos que possuem as buchas de bandeja que mesclam material plástico, a exemplo dos Volkswagen Fox e Polo, que desgastam rapidamente.

Seria interessante também se os fabricantes independentes melhoras sem a resistência dos componentes como as bieletas, buchas e batentes, que também apresentam baixa durabilidade”, avalia.
Para realizar a manutenção básica a oficina deverá dispor de itens para a desmontagem e montagem tais como elevador (ou macaco jacaré e cavaletes), encolhedor de molas (que deve ser utilizado com extrema atenção para que não ocorra nenhum acidente), chaves especiais do tipo allen ou torx, extratores de pivô e terminal, soquetes alongados, goniômetro para aferição do ângulo da bandeja traseira da linha Peugeot e Renault, Volkswagen Fusca e derivados.


A mesa alinhadora é comumente vista em casas especializadas em suspensão, e requer um maior investimento financeiro. Portanto pense bem antes de adquiri-la, pois uma parceria em local especializado neste serviço pode valer mais a pena.

Adaptações e upgrade
Devido à grande quantidade de veículos que receberam modificações para visar o aumento de potência, os reforços estruturais são necessários para que a dirigibilidade seja eficaz e segura. Para suprir esta demanda, a exemplo dos mercados europeu e norte americano, diversas empresas nacionais passaram a oferecer componentes para serem adicionados paralelamente ao sistema de suspensão MacPherson, como por exemplo, as buchas em material de superior dureza (PU), barras de tração que diminuem o deslocamento longitudinal das bandejas, barras estabilizadoras de superior rigidez, ‘unibal’ de competição em substituição as bieletas convencionais, barras de tração etc.
Lembre-se que qualquer tipo de modificação deve ser feita somente por empresas consolidadas no mercado, com produtos devidamente testados e aprovados. Dê preferência aos fornecedores das categorias de competição, que utilizam como laboratório de testes o ambiente mais extremo e exigente: as pistas.
Após as modificações para melhora do nível de desempenho oferecido pela suspensão, o nível de conforto poderá diminuir deixando o veículo ‘duro’ em comparação ao acerto original.