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Defeito intrigante: VW Gol com motor EA111 apresenta falha nos cilindros gêmeos 1 e 4


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Por: Marcos Scarpa - 02 de outubro de 2012

Os veículos da marca equipados com este modelo de motor constumam apresentar um defeito curioso e de dificil detecção para o reparador. Até encontrar a solução do caso, grande mão de obra foi desperdiçada

Ao iniciar os testes no veículo, o reparador verificou que há pulsos negativos em todos os bicos injetores, porém, não há faísca em nenhuma vela.

O profissional, neste caso, costuma substituir a bobina de ignição, cabos de velas e até mesmo as velas, mas o defeito permanece. Ao analisar o sistema de injeção eletrônica, o scanner apontou falha no circuito primário da bobina de ignição, mas como já foi substituído, não pode ser este o defeito.

O conector da bobina contém quatro pinos, um deles recebe o positivo (alimentação), outro o negativo (aterramento) e os dois remanescentes são responsáveis por receber os sinais (pulsos negativos) enviados pela ECU. Sabendo desse funcionamento, ao testá-lo, notou-se que um desses dois pulsos não chegava à bobina.

Com o auxílio do esquema elétrico (figura 1), verificamos que o pino da ECU correspondente ao da bobina (o qual não apresenta os pulsos), possui continuidade quando medido. Mesmo assim, substituímos o chicote e após nova partida, o defeito permaneceu.

Após alguns dias de trabalho em busca da real causa da falha, foram trocados: sensor de rotação, sensor de fase, sensor de detonação, anel fônico (flange completo), mas mesmo assim a falha persistiu.

Como já substituímos todos os componentes relacionados ao sistema de ignição do veículo, restou então analisar a ECU (foto 1).

Substituímos a unidade de controle eletrônico do veículo por uma nova (original). Ao tentarmos dar partida, o defeito voltou a ocorrer, falha no 1º e 4º cilindros.

Percebendo que a cada passo dado, as opções de detecção das falhas diminuíam, o reparador costuma substituir ainda:
• Sensor MAP;
• Comutador de ignição;
• Bateria;
• Alternador;
• Corpo de borboleta eletrônico.

Verificou-se então se poderia estar ocorrendo alguma interferência eletromagnética, causando falha no funcionamento da ECU, como deficiência no aterramento, instalação de módulo de som, presença do sistema de iluminação xenon, mas tudo estava ok.

Conferimos então o motor do veículo. Analisamos:
• Sincronismo da correia;
• Vácuo do coletor;
• Compressão do motor;
• Vazamento de cilindro.

Na medição de compressão do motor, percebeu-se que os valores estavam abaixo do mínimo.

Sabemos que a falta de compressão ocasiona falha na combustão e, automaticamente, a ECU faz essa leitura e corta o pulso do bico injetor do cilindro correspondente, a fim de evitar a emissão de gases poluentes em excesso.

Mas neste caso, o mais intrigante é que não cortava o pulso do bico e sim da bobina de ignição.

Mesmo assim, fizemos a retífica completa do motor, com o intuito de, enfim, resolver o problema. Porém, mais uma vez, após todo esse procedimento, o defeito persistiu.

Você leitor, analise com calma e coloque-se no lugar de alguns reparadores que já passaram por essa situação: trocar todos os componentes e até a central eletrônica, mas não solucionar o defeito. Eu mesmo já presenciei um defeito semelhante em nossa oficina, com um Gol 1.0 8 V MI, onde a falha estava na bobina de ignição, trocamos quatro bobinas sem solucionar o caso, e tivemos a má sorte de pegar um lote de bobinas novas com defeito.

Bem, essa é a rotina do reparador moderno e isso só nos mostra o quanto devemos trabalhar, buscar, incentivar e apoiar as empresas que nos ajudam tecnicamente.

O problema do veículo, por fim descobrimos, estava na bobina de ignição que equipa os sistemas de injeção Magneti Marelli IAW: 4LV, 4SV, 4BV e Bosch ME7.5.10 e ME 7.5.20, que possuem um módulo de ignição incorporado na mesma (fotos 2 e 3).

Com o passar do tempo, este componente pode apresentar defeito onde há o retorno de sinal para a ECU, danificando o driver que controla o pulso negativo para a bobina.

Quando o reparador percebeu que, substituindo a bobina do carro o defeito permaneceu, recolocou a peça antiga e substituiu a ECU por uma nova, para teste. No ato da partida do veículo, essa bobina danificou o módulo novo, causando a falha novamente.

Para evitar a recorrência desses danos, recomendo sempre substituir, no mesmo momento, a bobina de ignição e a ECU. Dessa maneira você evitará excesso de mão de obra no veículo e executará a manutenção correta para solucionar o defeito.

Espero ter colaborado com essa informação no dia a dia das oficinas. A equipe Dicatec agradece pelo carinho e respeito que recebe no local de trabalho.

Obrigado por prestigiar nossos treinamentos e o manual eletrônico de pesquisas. No próximo mês, voltarei a comentar mais falhas intrigantes. Grande abraço a todos.