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O escapamento é fundamental para o funcionamento e controle de ruídos do motor da moto


O motor é provavelmente uma das partes mais admiradas da motocicleta e para os amantes do veículo de duas rodas, o som emitido pelo escapamento tem personalidade própria como uma assinatura sonora

Por: Paulo José de Sousa - 12 de abril de 2018

Não é de hoje que o escapamento pode ser comparado a um instrumento musical, sendo um estrondo ou um pequeno bramido, o timbre do motor é como um conjunto de notas aos ouvidos do reparador, que discerne dos sonidos os ruídos indesejáveis.  

O mecânico afina o motor, o escapamento modela o ruído em meio à amplitude pulsante das oscilações de pressão.

Fig.1- Conjunto de escapamento, motocicleta CB 400 Four

Deixando a poesia de lado, o que é música para alguns, pode significar perturbação para muitos outros e o nível de ruído pode transgredir as leis ambientais e render multa ao proprietário do veículo.

Sem falar nas consequências ao motor, uma escapamento mal dimensionado pode roubar potência, prejudicar o funcionamento e causar danos.

É complicado colocar tudo isso na balança e agradar todos os lados. Então como manter uma convivência saudável?

A intenção é sempre melhorar a performance do motor e dar um toque de esportividade na motocicleta com ou pouco mais de estilo, se for uma custom.

Ao contrário de outras peças e acessórios, o escapamento embeleza a moto, mas a estética do ruído define a venda.

Quem certifica a peça?

Como escolher um escape? 

São perguntas difíceis de responder, mas vamos lá:

O nível de ruído máximo permitido para cada modelo de motocicleta está definido na lei, o procedimento padrão de medição de ruído é citado no manual da motocicleta.

Os escapamentos são bonitos, atraentes e de fácil substituição, porém a instalação nem sempre é feita por um profissional capacitado.

Aparentemente a mão de obra especializada possui custo alto e uma alternativa menos dispendiosa para a instalação de um kit de escape completo, é a troca feita pelo proprietário da motocicleta ou um reparador que ofereça mão de obra mais acessível. No entanto, pesa aquele ditado “o barato sai caro”.

Fig.2 - Escapamento esportivo, motocicleta Ninja250

Pensando na poluição sonora

Um alerta ambiental, não é só a emissão de gases que preocupa nas grandes cidades, a concentração de barulhos é cada vez maior, a somatória dos ruídos provenientes das motocicletas e também de outras fontes emitidos ao mesmo tempo, compõem a poluição sonora.

Cabe uma reflexão, o excesso de ruídos causa efeitos negativos à saúde de todos, o percentual máximo de emissão de ruídos já está definidos por modelo de motocicleta, por isso são estabelecidos os padrões e devem ser rigorosamente controlados, salvo competições, onde os limites são outros.

Não é nossa intenção fazer uma campanha contra essa ou outra marca de escapamento, mas ajudar o reparador pensar na hora da escolha e buscar o aperfeiçoamento de sua mão de obra, o lado bom dessa história é que o segmento de acessórios não para de crescer.

O que os fabricantes dizem sobre a legislação e o controle dos níveis de ruídos

As informações sobre as emissões de ruídos por modelo de motocicleta sempre foram amplamente divulgadas por todos os fabricantes, os manuais de proprietários exibem claramente as referências.

Informações ao consumidor:

Como exemplo, apresentamos dados específicos sobre a emissão do nível de ruídos e legislação da motocicleta:

Honda Fire Blade 1000RR (2010)

101,4 dB (A) a 6000rpm medido a 0,5m de distância do escapamento, conforme NBR-9714

A legislação vigente de controle da poluição sonora para veículos automotores (Resolução CONAMA nº 2 de 11/02/1993, complementada pela Resolução

Nº 268 de 14/09/2000).

Fonte: manual do proprietário CB1000RR Fire Blade (ano 2010)

Fig.3 - Conjunto do escapamento (original), motocicleta CBR 1000RR Fire Blade

Utilização de escapamento ou ponteiras esportivas

Alguns motores podem apresentar ruídos característicos diferentes dos motores de mesma marca e cilindrada. Além das condições de conservação da motocicleta, essa variação também pode ser ocasionada pela utilização de escapamentos ou ponteiras esportivas.

Independente do material em que as peças são produzidas, em alguns casos os limites de emissão de ruídos podem ser excedidos durante o funcionamento do motor, nem sempre há um isolamento acústico eficiente.

Fig. 4 - Ponteira de escapamento, modelo esportiva (competição)

Fig. 5 - Ponteira de escapamento, modelo esportivo (competição)

Escapamento é o motor calibrado

Um sistema de escapamento bem acertado colabora de forma positiva nos resultados do motor, mas não é só trocar o “cano” da motocicleta e pronto. O contrário também ocorre, o desempenho pode ficar abaixo da expectativa, perdendo até para o escapamento original.

Sabendo disso, os reparadores profissionais normalmente se preocupam com os ajustes da mistura por meio de mudanças na carburação ou injeção eletrônica e não deixam para um segundo plano algumas adequações nos sistemas de admissão, como por exemplo:

Caixa e filtro de ar,   

Coletores do cabeçote e etc.

Dentro do que é possível são reduzidas ao máximo todas as restrições.

As oficinas bem equipadas possuem dinamômetro, medidor de ruídos, analisador de gases e outros instrumentos. Com esses recursos é possível avaliar se houve alguma evolução no desempenho do motor.

A análise de gases fornecerá o parâmetro da mistura, sem esse equipamento fica complicado diagnosticar se a queima está acertada ou não.

Então fica claro que não é dando uma volta no quarteirão que se elabora um diagnóstico do serviço realizado.

O conjunto de alterações nem sempre é percebido na hora que o piloto abre o acelerador nas avenidas da cidade, onde o limite de velocidade máxima é de 50km/h.

Tudo isso tem um preço ao bolso do proprietário, e o impacto nem sempre será favorável ao nível de emissões de ruídos, emissões de gases, consumo de combustível e também na durabilidade do motor, está última não pode ser definida em km.

Fig.6 – Conjunto de escapamentos e ponteiras esportivas, Motocicleta YZF R1

Aos reparadores e proprietários de motocicletas que sem nenhum critério apenas trocam o escapamento não vão entender porque o desempenho piorou, barulho não significará potência, mesmo que ao andar com a motocicleta haja uma falsa sensação de melhora.

Os detalhes:  

Comprimento do tubo de escape,

As variações de diâmetro,

Os ângulos das curvas e outras características fogem um pouco da estética, são dimensionados por meio de cálculos voltados para um tipo de motor e forma de utilização.

O projeto do escapamento promove melhorias em alguns efeitos internos que ajudam a aumentar a eficiência do cruzamento de válvulas, equilíbrio nas pressões e ressonâncias, não comprometem a potência do motor, entre outras.

Sem querer generalizar, a mudança de escapamento também pode produzir alterações na curva de torque do motor, por exemplo: uma esportiva pode sofrer um pouco para sair com duas pessoas na subida, nesse caso será necessário queimar a embreagem.

Um exemplo que já aconteceu no início da injeção eletrônica em motocicletas, era a utilização de escapes sem a entrada da sonda lambda, nesse caso deixava-se de utilizar o sensor.

Sabemos que funcionamento do sistema de injeção eletrônica irá perder a referência do percentual de oxigênio no escape, portanto o módulo do motor não irá efetuar os ajustes instantâneos da mistura e em algum momento o funcionamento do motor será comprometido. Portanto o escapamento como peça de reposição ou acessório esportivo o deve manter as características originais.

Fig. 7 - Escapamento e sonda lambda

Outros fatores que comprometem o funcionamento do motor

Danos ao escapamento interferem na regulagem do motor e impossibilitam ajustes de equalização de carburadores, equalização das pressões nos cilindros de motores injetados.

Fig. 8 - Curva de escapamento (amassada), motocicleta Buell

Fique de olho em alguns detalhes que consomem parte da potência do motor e podem deixar a motocicleta com o funcionamento “quadrado”.

  • Pontos amassados no escapamento
  • Furos no escapamento
  • Ferrugem interno
  • Vazamento de gases
  • Miolo solto
  • Catalisador danificado.
  • Falha de encaixe na junção do cabeçote.
  • Prisioneiros quebrados ou soltos.