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Etios 1.5 XLS TA é bem avaliado pelos reparadores, mas relação com montadora continua distante


Se a primeira impressão é a que fica, o compacto da Toyota agrada os reparadores independentes pelas suas virtudes técnicas, mas a montadora continua devendo informações e política comercial em peças

Por: Jorge Matsushima - 21 de fevereiro de 2017

A história da Toyota Motor Company começa no Japão em 1937, apoiada em seus 3 pilares fundamentais que são a inovação, a qualidade e a satisfação dos clientes. 80 anos depois, a perseguição obsessiva destes preceitos consolida a estratégia visionária de seus fundadores, que levaram a montadora nipônica ao topo do mercado automotivo global. Em 1958, coube ao Brasil receber a primeira unidade fabril fora do Japão, na cidade de São Paulo, para a produção do modelo Landcruiser. Logo depois em 1962 em São Bernardo do Campo, era inaugurada a segunda fábrica local para a produção do lendário Bandeirante. Sempre cautelosa, a Toyota do Brasil continuou sua trajetória de sucesso no país, iniciando um novo ciclo de produção com a unidade fabril de Indaiatuba-SP, inaugurada em 1998 para a produção do Corolla, e em 2012 com a inauguração de outra moderna planta industrial em Sorocaba-SP, denominada “ecofactory”, para a produção do compacto Etios. E finalmente em 2016, em plena crise do setor no país, a Toyota foi uma das poucas montadoras a manter o seu ritmo de vendas e inaugurou outra fábrica na cidade de Porto Feliz-SP, destinada à produção dos motores 1.3 e 1.5 que equipam os novos Etios.

Mas ao contrário de seu “irmão mais velho”, o Corolla, que domina com ampla folga o segmento de sedans médios, o Etios enfrenta um páreo duro no segmento de entrada, e ainda se encontra distante dos modelos mais vendidos na categoria, fechando 2016 com 37.974 unidades emplacadas, enquanto que o Chevrolet Ônix por exemplo, emplacou expressivas 153.371 unidades segundo dados da Fenabrave.

Foto 1E para avaliar melhor o potencial deste hatch nipo-brasileiro, nada melhor do que ouvir a opinião de experientes profissionais da reparação automotiva escolhidos no Guia de Oficinas Brasil. Para esta avaliação contamos com:

Carlos Alberto de Assunção (foto 1 esq.), 31 anos, técnico em mecânica e há 13 anos no segmento automotivo. Começou trabalhando com autopeças, foi tomando gosto por carros, e a partir daí as portas foram se abrindo para o segmento da reparação automotiva. Ocupa há 8 anos o cargo de gerente geral na La Macchina Serviços Automotivos, empresa fundada em 1986 e localizada no bairro da Saúde em São Paulo-SP, que conta ainda na equipe técnica com Elber Francisco Lobo dos Santos (foto 2 dir.), 26 anos e com 14 anos de atuação no segmento, pois começou cedo aprendendo com o pai, e depois fez cursos no Senai e com fabricantes. Elber está na empresa há quatro anos.

Foto 2

Alexandre Aversario Zago (foto 2), 38 anos, empresário e publicitário de formação. A família atua desde 1954 no ramo automotivo, com empresas nas áreas de retífica de motores, reparação diesel e centro automotivo. Alexandre ganhou experiência nas empresas da família, e em 2006 inaugurou a sua loja, a Zago Auto Service, localizada no bairro do Butantã, em São Paulo-SP.

Foto 3

Jorge Hidemasa Ifuku (foto 3), 48 anos, empresário, administrador de empresas e técnico em eletromecânica, com 29 anos de experiência no segmento automotivo. Junto com sócio Roberto, divide há 3 anos o comando da Oficina Takushi, localizada na Vila Nilo, zona norte da capital paulista, empresa participante também do GOE (Grupo de Oficinas Especializadas).

PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Por unanimidade, nossos entrevistados apontam o desenho do novo painel (foto 4) como a grande evolução da versão 2017 do Etios. Jorge comenta: “o painel de instrumentos centralizado causa um pouco de estranheza no começo, mas a adaptação é rápida e natural. A leitura dos dados ficou bem melhor nesta versão.” Carlos aprovou o desenho moderno e destaca: “gostei da facilidade de leitura do velocímetro digital (foto 5) com estes números grandes, pois isso é bastante útil no dia a dia para controlar a velocidade.” E Alexandre também aprova o novo conjunto: “o desenho ficou mais ‘clean’, os comandos ficaram mais simples e intuitivos, e a integração com o sistema multimídia forma um conjunto bonito e agradável. Outro ponto muito importante é a manutenção do marcador de temperatura do motor, que ajuda a prevenir danos maiores em caso de problemas no sistema de arrefecimento.”

Foto 4 e 5
O acabamento interno também foi aprovado, com os bancos forrados com couro sintético e uso de materiais de boa qualidade. Sobre o espaço interno, Alexandre comenta: “eu tenho 1 metro e 93 centímetros de altura, e mesmo assim consegui uma posição bastante confortável para dirigir, com espaços livres para a cabeça e pernas principalmente. E mesmo para quem vai no banco de atrás, sobra um espaço razoável.” Jorge critica a falta do ajuste de altura do cinto de segurança, mas pondera que a regulagem de altura do banco do motorista compensa um pouco esta questão. A visibilidade geral é considerada muito boa pelos entrevistados, mas Carlos faz uma ressalva para o retrovisor interno, um pouco estreito na sua opinião, e que ainda tem o campo de visão prejudicado pela traseira mais alta e os encostos de cabeça do banco traseiro.

Já o design externo continua sendo o ponto fraco do Etios (foto 6), e Carlos vai direto ao ponto: “ele é feio mesmo, e se tivesse um desenho mais atualizado e ao gosto do consumidor brasileiro, teria vendido muito mais.” Alexandre também não considera o Etios bonito, mas ameniza: “as versões mais completas até que ficam razoáveis no visual, mas na prática, o público Toyota está acostumado com o padrão da montadora, que prioriza a qualidade e a segurança, deixando o design e alguns detalhes de conforto e sofisticação em segundo plano. Toyota é uma opção racional, que inclui o essencial, mas que funcione muito bem e por muito tempo.”

Foto 6
Jorge e Alexandre consideram que o ponto forte do Etios é estar entre as opções mais acessíveis do mercado, equipado com a transmissão automática, tanto nas versões com o motor 1.3 ou 1.5 e comentam: “trata-se de uma opção com excelente custo- benefício, com um preço acessível, mecânica confiável e baixo custo de manutenção.”

DIRIGINDO O ETIOS 1.5 XLS AUTOMÁTICO
Os reparadores registram as mesmas percepções quanto à boa performance do motor 1.5, com boas acelerações e retomadas, e destacam o excelente trabalho de calibração do sincronismo da caixa de transmissão automática, que apesar de contar com apenas 4 marchas, apresenta trocas suaves, rápidas e bem adequadas para cada situação.

Carlos destaca ainda: “o volante com acabamento em couro tem uma pegada muito boa, e conta com acionamentos de várias funções do sistema multimídia e telefone. O piloto automático e o limitador de velocidade são recursos cada vez mais utilizados e necessários. Em velocidades mais altas, achei a direção um pouco leve. Se fosse mais firme passaria uma sensação de controle melhor. A suspensão é boa, mas em pisos muito irregulares, achei ela um pouco ruidosa, principalmente na parte de trás.” 

Alexandre também registra suas impressões: “gostei muito da nova calibragem da suspensão, silenciosa, firme e nitidamente evoluída em relação às primeiras versões. Tanto em ruas irregulares ou na estrada, tem um comportamento superior em relação aos modelos concorrentes. O sistema de freio com ABS é bem eficiente, e o bom isolamento acústico transmite uma sensação de conforto. Para quem já está acostumado com outros modelos da Toyota, vai se familiarizar rapidamente pois a maioria dos comandos seguem o padrão da marca.” 

E Jorge chama a atenção para alguns itens: “o trabalho da suspensão é eficiente e adequado, mas ele é um pouco mais firme. Pessoas que estão acostumadas com a maciez do Corolla vão achar o Etios um pouco mais ‘duro’, mas nada exagerado. Este carro conta ainda com o recurso de assistência de condução econômica, que através de uma luz no painel ajuda o condutor a controlar a pressão sobre o pedal do acelerador, economizando combustível.” 

Dentro do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, edição 2016, o Etios 1.5 XLS automático recebeu a classificação A na categoria e B na geral, e foi condecorado com o selo Conpet de eficiência energética pelos bons números de consumo e baixas emissões de poluentes conforme os quadros na sequência:

 

Consumo

Etanol

Gasolina

Ciclo urbano

8,1 km/l

11,9 km/l

Ciclo estrada

9,2 km/l

13,2 km/l

Energético

1,74 MJ/km

Poluentes

NMHC

0,023 g/km

CO

0,406 g/km

NOx

0,009 g/km

Gás de efeito estufa (somente na gasolina)

CO2

  107  g/km

 

MOTOR 2 NR-FBE
Produzido na planta industrial de Porto Feliz-SP, o propulsor de 1,5 litros Flex (foto 7) apresenta, entre outros avanços, bloco e cabeçote em alumínio, o consagrado sistema com duplo comando de válvulas variável, ou duplo VVTi, e um sistema de pré-aquecimento do combustível que aposentou o velho e antiquado tanquinho auxiliar de gasolina para partida a frio. Os dados técnicos são:

Cilindrada

1.496 cm³

Diâmetro x Curso

72,5 x 90,6 mm

Nº cilindros

4 em linha

Nº válvulas

16 (4x4)

Taxa de compressão

13,0:1

Potência

Etanol

107 cv a 5.600 rpm

Gasolina

102 cv a 5.600 rpm

Torque

Etanol

14,7 kgf.m a 4.000 rpm

Gasolina

14,3 kgf.m a 4.000 rpm

 

Foto 7 

Pela parte frontal do motor, Jorge observa que há muito espaço para manusear os componentes do sistema de arrefecimento (foto 8), embora pela sua experiência, seja muito raro a necessidade de intervenção neste conjunto em veículos da Toyota, exceto quando há algum descuido nas manutenções preventivas. Pelo mesmo acesso frontal, observa-se os cuidados redobrados com o isolamento térmico do catalisador, e o posicionamento favorável para manuseio do sensor de oxigênio pré-catalisador, e do próprio catalisador.

Foto 8
Pelo lado esquerdo do cofre do motor (foto 9), os reparadores elogiam o bom projeto que facilita a execução das rotinas de verificação e manutenção de itens como a bateria, caixa de relés e fusíveis (que conta com identificação de componentes na tampa – foto 10), reservatório do fluido de freio e conjunto ABS, reservatório de expansão do sistema de arrefecimento e água do lavador de para-brisa. Chama a atenção ainda o módulo de controle do sistema de iluminação, posicionado à frente da bateria.

Foto 9 e 10
Pela parte central do motor (foto 11), basta remover a cobertura estética para se deparar com ótimos acessos para o manuseio de bobinas, velas de ignição, injetores dotados com sistema de pré-aquecimento do combustível, sensores e atuadores do sistema VVTi. A troca do filtro de ar e a reposição do óleo lubrificante também é tranquila. Aqui Jorge aponta os injetores como componentes que eventualmente mereçam atenção nas revisões, e explica: “devido à má qualidade do nosso combustível, se o motor apresentar falhas em seu funcionamento, a causa provável será o entupimento da ‘peneirinha’ de um ou mais injetores por conta de impurezas, e neste caso, será necessário efetuar a limpeza dos bicos com equipamento adequado (ultrassom). Para evitar este inconveniente, é importante orientar o cliente a abastecer sempre com combustível de boa qualidade em um posto de confiança. Já as velas de ignição com eletrodo de iridium (DENSO FC20HR-G8 e folga de 0,8 mm), são componentes de longa durabilidade, previstos para serem trocados aos 100.000 km de acordo com o manual do proprietário.”

Foto 11
Carlos acredita que a exemplo do que ocorre nos Corollas, nos modelos Etios as manutenções ficarão restritas às revisões periódicas incluindo a troca de óleo e filtros, e avalia: “aparentemente é uma mecânica simples, não muito diferente do que a gente já conhece. O sistema duplo VVTi usa corrente no comando, e isso vai demorar um tempo até surgir a necessidade de troca, pois são componentes de longa durabilidade.” 

Pelo lado direito do motor (foto 12), Alexandre destaca o bom posicionamento da válvula de expansão e dos pontos de recarga do sistema de ar-condicionado, e analisa outros itens: “o sincronismo do comando é acionado por corrente, e isso reduz tremendamente a necessidade de substituição. Mas eu não vejo isso como ponto negativo para os reparadores, pois o cliente economiza na troca da correia dentada, que é um serviço caro, mas acaba investindo mais em manutenção preventiva, o que acaba sendo positivo para todos. A correia de acessórios e o esticador são convencionais, e a troca parece tranquila.”

Foto 12
Jorge observa com curiosidade as costuras aparentes pouco comuns nas emendas da correia (foto 13), que aciona o compressor do ar-condicionado e o alternador inteligente (pilotado) que “conversa” com a ECU e gera energia sob demanda, aliviando o torque na polia quando o motor é mais exigido, contribuindo com a economia de combustível.

Foto 13
Em uma avaliação superficial na parte de baixo do motor, reparadores não conseguiram apontar nenhum componente que aparentemente represente um elevado grau de dificuldade de acesso. Mesmo componentes como o motor de partida (foto 14) e compressor do ar- condicionado (foto 15), estão posicionados favoravelmente para se efetuar diagnósticos, ou proceder a sua remoção e recolocação. 

Foto 14 e 15
Carlos elogia a facilidade para execução da troca de óleo do motor e do filtro de óleo (foto 16).

Foto 16
Em uma primeira visualização, Alexandre se preocupa com a ausência do tradicional protetor de cárter (foto 17) em decorrência das condições precárias de nossas vias, mas aprova a adoção de uma pequena proteção estampada em aço, que protege especificamente a base do cárter de alumínio. De outro lado, Jorge acredita que os novos projetos automotivos não preveem a instalação do protetor por questões de segurança, e avalia que o posicionamento mais alto dos pontos críticos do motor acabam protegendo da mesma forma, e lembra que são raros os casos de veículos novos que chegam com o cárter amassado. Outra grande vantagem é a redução de peso, facilidade de acesso para manutenção e melhor resfriamento do motor e da caixa de transmissão, o que resulta em maior eficiência térmica e energética.

Foto 17
Carlos observa e comenta: “o conjunto do escapamento é feito com material de longa durabilidade, daqueles que vão durar quase a vida útil do carro. Há um bom cuidado no isolamento térmico do sistema de exaustão, e se for necessário uma substituição, o procedimento é simples, mas é importante não descartar os contrapesos (foto 18) que eliminam trepidações e ressonâncias.” Jorge completa apontando a facilidade de troca do catalisador e do sensor de oxigênio pós-catalisador (foto 19), que é do tipo convencional, e não de banda larga.

Foto 18 e 19
TRANSMISSÃO
A compacta caixa de transmissão (foto 20) fica posicionada à esquerda do motor, com carcaça em alumínio e cárter em aço, que lhe confere maior capacidade de absorção de um eventual impacto. O posicionamento do bujão de dreno e de reabastecimento facilita as operações de inspeção.

Foto 20
Em caso de necessidade de reparos internos, as 3 oficinas consultadas apenas removem o conjunto e o encaminham a empresas especializadas em transmissão automática, para depois montarem novamente no veículo. Nestas situações, Carlos prefere abaixar o agregado da suspensão para facilitar o acesso, e adota isso como um procedimento básico. Jorge acredita que é possível fazer a remoção sem mexer no agregado, o que poderia poupar a necessidade de conferir o alinhamento (geometria) da suspensão ao final do processo.

Alexandre reforça a importância de seguir rigorosamente as instruções do manual do veículo, pois a transmissão automática pode trabalhar por muito tempo sem problemas, desde que o fluido da transmissão esteja sempre no nível correto e em boas condições de uso, e ele alerta: “a montadora sugere verificar o fluido da transmissão a cada 20.000 km, e trocar quando necessário, não indicando uma quilometragem ou prazo específico. Portanto é fundamental saber analisar as condições do fluido, e completar ou substituí-lo somente com o óleo original recomendado pela montadora, que segundo o manual é o Fluido ATF WS (Genuíno Toyota).”

FREIO, SUSPENSÃO E DIREÇÃO
A suspensão dianteira (foto 21) é independente do tipo McPherson, com molas helicoidais e barra estabilizadora. Os freios são a disco ventilado com pinças flutuantes. 

Foto 21
A suspensão traseira (foto 22) é semi-independente com eixo de torção, barra estabilizadora e molas helicoidais. O freio é a tambor e acionamento do freio de estacionamento é feito por cabo.

Foto 22
Élber destaca a robustez e a simplicidade para efetuar a troca dos componentes de freio e suspensão, e justifica: “tudo aqui é muito tranquilo para trocar, como as pastilhas, lonas, disco de freio e cubos de roda que já incluem os rolamentos. Na dianteira a porca superior do amortecedor tem acesso livre e direto no cofre do motor (foto 7), sem interferência. E na traseira, basta remover um acabamento de carpete na lateral do porta-malas (foto 23). Os componentes da suspensão raramente apresentam problemas, exceto em caso de pancadas em guias ou buracos. O pivô é prensado na bandeja, e por isso em caso de desgaste, é melhor trocar o conjunto completo, mas isso raramente acontece.” 

Foto 23
Jorge observa que o acesso para a troca da bucha da barra estabilizadora (foto 24) é bom, e valoriza isso, pois é um dos primeiros itens da suspensão que começam a incomodar quando apresentam algum desgaste.

Foto 24
Outro componente com bom acesso é a caixa de direção, posicionada acima do agregado, e o motor elétrico que fica na coluna de direção, o que na visão de Jorge facilita as rotinas de diagnóstico no sistema. Mas novamente, a percepção é de que isso dificilmente será necessário.

ELÉTRICA E OUTROS ITENS
Carlos considera os acessos para a troca de fusíveis, lâmpadas de farol e lanternas (foto 25) bastante simples e práticos.

Foto 25
Elber nos mostra que o acesso ao filtro de cabine, posicionado abaixo do porta-luvas, e protegido por uma tampa parafusada (foto 26), não é dos mais simples, pois exige uma pequena torção do elemento filtrante na hora da substituição.

Foto 26
Alexandre considera bom o espaço disponível no porta-malas para um modelo hatch (270 litros), e lembra que a versão sedan atende à necessidade de quem precisa de mais espaço (562 litros). Ele aponta também o bom conjunto das rodas de liga leve aro 15 montadas com o pneu Bridgestone Turanza 185/60R15. Alexandre destaca ainda um pequeno detalhe que mostra a preocupação da Toyota com o lado prático, que é uma peça de proteção adicional do para-choque dianteiro (foto 27), que preserva de forma eficiente a pintura da peça, principalmente quando o veículo passa por lombadas ou valetas.

Foto 27
Jorge aprova a facilidade de acesso ao filtro de combustível (foto 28), e a providencial tampa de acesso à bomba de combustível (foto 29), localizada sob o assento do banco traseiro.

Foto 28

Foto 29
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
Carlos relembra de poucos casos em que precisou informações técnicas mais específicas da Toyota, no caso um Corolla 2011 que fundiu o motor por descuido do cliente, que deixou faltar água no sistema de arrefecimento e prosseguiu a viagem nestas condições. E Carlos relata: “os dados técnicos do motor que precisávamos, como medidas e torques de aperto, nós conseguimos no CDI do Sindirepa-SP, e para falar a verdade, nós nem tentamos na montadora e na concessionária porque a gente sabe que é muito difícil eles liberarem. Hoje a união e valorização dos reparadores independentes faz toda a diferença, e montadoras como a Volkswagen, Chevrolet e Ford nos oferecem informações, acesso a catálogos e manuais, e vez ou outra nos ligam para participarmos de palestras e treinamento, e isso só colabora para elevar o nível de satisfação dos clientes da marca, e estreitar o relacionamento com as concessionárias. O cliente fica muito desgostoso com o carro quando percebe que a sua oficina de confiança não pode executar um determinado serviço porque a informação está monopolizada com a concessionária. Ele fica desgostoso com o carro e a marca, e não com a oficina.”

Alexandre também lamenta a omissão da montadora e questiona: “a Toyota deveria facilitar o acesso às informações e disponibilizá-la para os reparadores independentes, favorecendo um diagnóstico mais rápido e preciso, o que certamente aumentaria o volume de compra de peças nas concessionárias. Isso é natural e já acontece com outras marcas. Atualmente, até mesmo procedimentos básicos, como o alinhamento, exigem o uso de scanner para conferir os parâmetros da geometria e ajuste da direção elétrica, e o consumidor não pode ficar refém apenas da concessionária, principalmente aqueles que já se encontram fora do período de garantia. Estamos na era da tecnologia da informação, e tudo está atrelado a sistemas, sem contar que hoje os diversos módulos que controlam os sistemas do carro são interligados via rede com o módulo central, e isso exige subsídios técnicos para um correto diagnóstico. Outra deficiência é o treinamento, ‘zero’ pela montadora e deficiente no mercado, pois alguns fabricantes de scanner vendem o equipamento, mas não dão o suporte adequado para a linha Toyota. Seria muito interessante eles abrirem um espaço para que nós reparadores pudéssemos visitar a fábrica, se inteirar das novidades tecnológicas. A montadora só tem a ganhar se aproximando dos reparadores independentes, que estão capacitados para efetuar serviços com muita qualidade, e quem sai ganhando com isso é o cliente Toyota. “

Jorge também tem restrições neste assunto e relata: “informação técnicas vindas da montadora e de suas concessionárias é zero, e a interatividade com os reparadores é muito ruim. Por isso quando precisamos de informações para modelos Toyota, recorremos ao Grupo (GOE), Jornal e Fórum Oficina Brasil, CDI do Sindirepa-SP, e fornecedores de literatura especializada do setor. Em outros países a situação é bem diferente, e mesmo aqui no Brasil, muitas montadoras já perceberam a importância do setor independente, e oferecem boas alternativas de consulta e suporte. Com um de nossos scanners (foto 30), conseguimos ler diversos parâmetros e efetuar alguns procedimentos, mas seria muito melhor receber orientações da montadora sobre os parâmetros corretos a serem observados.”

PEÇAS DE REPOSIÇÃO
Carlos explica o que leva em conta na hora de aplicar as peças de reposição na La Macchina: “obviamente carros bons utilizam peças de boa qualidade, portanto para os modelos Toyota, na maioria das vezes recorremos às peças genuínas, até porque os preços dos itens de giro não fogem muito das praticadas no mercado paralelo. Aqui na nossa região (zona sul de São Paulo), ainda conseguimos trabalhar com as peças genuínas sem maiores problemas, mas a concessionária não nos diferencia do cliente de balcão, e isso é lamentável, pois dificulta a vida do reparador, além de prejudicar o próprio cliente Toyota. Uma situação bem diferente por exemplo do que acontece nas concessionárias Chevrolet, que tratam o reparador de forma diferenciada, e todos saem ganhando.”

Alexandre observa que no mercado de peças a Toyota mantém a mesma política fechada com a sua rede concessionária, e se isso garante a qualidade para a parcela mais nova da frota, deixa muitas brechas no restante do mercado para a entrada de peças importadas de qualidade duvidosa, que acabam afetando a boa reputação do carro. E Alexandre explica: ”aqui na Zago Auto Service, a primeira opção é utilizar peças genuínas da montadora. Mas para isso acontecer, é preciso um mínimo de interesse da concessionária para oferecer preços competitivos, e principalmente uma política comercial que transforme o reparador independente em um parceiro no mercado. Isso já acontece com outras marcas, mas no caso da Toyota, ainda não existem ações efetivas. Aqui na nossa região de atuação (zona oeste de São Paulo), a concessionária mais próxima é muito eficiente em variedade e entrega rápida, e isso faz muita diferença. Mas sempre que não há acordo comercial ou indisponibilidade à pronta entrega de um determinado item, nós recorremos aos distribuidores que nos entregam com muita rapidez itens com qualidade original equivalente e preços competitivos.”

Atuando na zona norte de São Paulo, Jorge avalia: “aqui na Oficina Takushi, para a manutenção da grande maioria dos veículos Toyota, troca-se basicamente os itens de desgaste natural como filtros, óleo lubrificante e componentes do freio, e essas peças a gente encontra no distribuidor ou varejo com a qualidade original. Os preços competitivos e a rapidez na entrega são fatores decisivos. Já os componentes mais específicos, recorremos à concessionária, que pratica o mesmo preço para o reparador ou cliente de balcão, o que não é uma boa opção. Mas que eu me recorde, até hoje não ficamos com carros Toyota parados na oficina aguardando peças, até porque mesmo peças críticas em alguns modelos concorrentes, como itens da suspensão por exemplo, raramente precisamos trocar no Corolla. Vamos ver se o Etios manterá este padrão.”

RECOMENDAÇÃO
Os reparadores independentes são importantes referências quando o assunto é a compra ou a troca de um carro, e quando questionados, os reparadores apontam questões práticas a serem considerados na escolha. 

Carlos prega cautela, mas aponta itens relevantes e orienta: “esse é um carro ainda novo no mercado, mas se seguir o padrão do Corolla, pode ser apontado como uma excelente opção dentro do seu segmento. Nós reparadores conhecemos as particularidades de cada modelo, os ‘macetes’ sobre os defeitos mais recorrentes e a forma correta para solucioná-los. Apesar de ser do segmento de entrada, o Etios utiliza peças de longa durabilidade, como velas de Iridium e corrente no comando do motor, e isso significa que o proprietário terá rotinas de manutenção periódicas com menor custo, restritas às peças de desgaste natural como filtros, pastilhas e óleo. Hoje a minha recomendação estaria apoiada nestes quesitos, e principalmente na qualidade e confiabilidade da marca. Os clientes que compraram o Etios com a nossa indicação, até o momento estão bem satisfeitos, e até o momento não executamos nenhum tipo de serviço de manutenção fora das preventivas.”

Alexandre descreve as suas observações: “muitos clientes que planejam trocar de carro, me perguntam o que eu acho daquela marca, qual a reputação dela no mercado, se os preços das peças de reposição são muito caros, a durabilidade dos componentes, se a manutenção vai ser muito cara? E vejo nisso o nosso papel de consultor e influenciador de muitas pessoas na hora de decidir pelo próximo veículo. E nesse aspecto, racionalmente falando, Toyota é uma boa indicação para o consumidor final, pois oferece modelos mais equilibrados e conservadores, que demandam manutenção de poucos itens a preços acessíveis. Como pontos fortes eu cito a qualidade, confiabilidade técnica sem complicações, a segurança e a boa dirigibilidade. Sobre manutenção, carros da Toyota entram pouco na oficina, e quando entram, é para fazer as revisões periódicas. Manutenções corretivas, quase sempre são decorrentes da falta ou descuido com as preventivas. Portanto, além de seguir rigorosamente o plano de manutenção, é preciso utilizar somente itens genuínos ou originais com qualidade equivalente, além de sempre abastecer com um bom combustível. Resumindo, O Etios é uma boa opção para pessoas que priorizam uma escolha racional. Outros concorrentes diretos oferecem mais atrativos como design arrojado e vários itens de conforto, mas a Toyota permanece fiel à sua filosofia e ao seu público de perfil mais conservador.” 

Jorge também ajuda muitas pessoas a decidirem sobre o próximo carro, e pondera: “o Etios é um carro recomendável pelo simples fato de ser fabricado pela Toyota. Mas quem compra um pensando em conseguir o mesmo padrão de conforto de um Corolla, não vai encontrar aqui, até porque são carros de segmentos diferentes. Mas na parte de confiabilidade, é um carro excelente, e até aqui tem se mostrado no mesmo padrão da marca. Na parte de manutenção, se o cliente seguir com disciplina todas as revisões programadas, não vai ter problemas inesperados. Por outro lado, se desprezar as manutenções preventivas confiando na falsa crença de que ‘Toyota não quebra’, aí certamente vai ter problemas sérios e bem caros com manutenções corretivas. Entre os concorrentes diretos, eu tenho indicado o Etios por ser uma escolha racional, ainda que seja o ‘menos bonito’.”