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Parte 2 - Teste Yamaha MT-03


REMOVER SUBTITULO MATERIA NÃO PUBLICADA

Por: Arthur Gomes Rossetti - 19 de outubro de 2009

A segunda fase de informações sobre a Yamaha MT-03 traz procedimentos, dicas da oficina e informações compartilhadas do manual de manutenção da motocicleta

Utilizado tanto na MT-03 quanto na XT660R, o propulsor de quatro tempos, monocilíndrico OHC (Over Head Camshaft, ou comando de válvulas no cabeçote) de 660 cc apresenta elevada resistência, torque e potência.


Região de alojamento do descompressor: Assim como nas antigas Honda XL250 e XLX350, a MT-03 e XT660R também possuem o sistema para auxílio da partida


Reservatório externo de óleo do motor deverá ser verificado periodicamente quanto a trincas e vazamentos ocasionados por agentes externos (pedras, impactos, etc)

Dotado de arrefecimento líquido, ele é equipado com um sistema Yamaha de injeção eletrônica (de apenas um bico injetor) e desenvolve 5,73 kgf.m de torque a 5.500 rpm e atinge a potência máxima de 48 cv a 6.250 rpm.

Segundo o técnico e sócio da Gepeto’s Motorcycles, Marcos Pereira dos Santos (o Marcão), é muito difícil o surgimento de problemas graves no modelo. O comum mesmo é a necessidade apenas pela manutenção preventiva. A exceção ocorreu há seis meses, quando entrou em sua oficina a primeira XT660R com problemas mecânicos profundos. Ela apresentou a quebra do braço do eixo acionador do descompressor, válvula que descomprime o motor momentaneamente ao dar a partida, porém a moto possuía quase 60 mil km rodados. Bastou trocar a peça e continuar a rodar!
A desvantagem deste sistema é a de que há a necessidade de um maior número de componentes, o que após alguns anos de uso favorece o surgimento de vazamentos. Outro “porém” é a de que o projeto da motocicleta deverá contemplar espaço para o reservatório e tubulações adicionais em algum ponto do quadro, o que poderá sacrificar a facilidade de reparação de outros componentes. >>

Um dos segredos para a longa vida útil do cilindro é a adoção do processo produtivo de revestimento interno em material cerâmico, com partículas de níquel – fósforo, o que aumenta a dureza e melhora a resistência ao atrito. Este revestimento garante também maior eficiência na dissipação de calor gerado na combustão. Este processo é adotado pela Yamaha tanto na MT-03 quanto na XT660R.

Para saber mais sobre a tecnologia em revestimento de cilindros, acesse a interessante e completa matéria escrita pelo consultor técnico Paulo José de Sousa na edição n° 191 de janeiro de 2007 em nosso site. O link é http://www.oficinabrasil.com.br/Edicoes-antigas.html

Ignição
Um item que “deu trabalho” para o acesso e remoção foi à vela e a bobina de ignição. O quadro da MT-03 possui uma trave superior localizada bem a frente da vela. Além da trave, há também a passagem das tubulações de arrefecimento. Portanto existem duas opções para a remoção da vela: O primeiro é efetuar a retirada do tanque de combustível e lateral plástica direita. Com o auxílio de uma comprida chave de velas, faça a remoção por cima.

Dica: Para evitar que a embreagem patine (lembre-se que o óleo do motor também lubrifica a embreagem), não misture qualquer aditivo químico! Não utilize óleos com a especificação “CD” para diesel, nem óleos de qualidade inferior. Certifique-se de que o óleo do motor utilizado não contém aditivos redutores de atrito, muito comum nos óleos para automóveis! Certifique-se também que não entre nenhum material estranho na carcaça.


O quadro atrapalha um pouco na hora de remover a vela e a chave inevitavelmente tende a raspar na bobina

A segunda opção é soltá-la com um soquete (que possua sextavado na parte superior) e uma chave fixa (de preferência será necessário entortar uma), e soltá-la pacientemente aos poucos. O modelo recomendado é a NGK CR7E com 0,7 a 0,8mm de abertura. O torque de aperto é de 1,3 kgf.m.

Dica

Por ser uma verdadeira “usina”, a rotação de corte (7.500 rpm) é facilmente atingido independente da marcha engrenada. Portanto, verifique semanalmente o nível do óleo do motor, pois o consumo nestas condições de uso acontece, sendo absolutamente normal. A especificação do óleo lubrificante recomendado é o Yamalube, SAE 20W50 API JASO, MA T903, num total de 3,1 litros (incluindo a troca do elemento filtrante). Na linha de montagem na fábrica da Yamaha, o primeiro abastecimento requer 3,4 litros, a fim de suprir os canais da bomba de óleo, tubulações, entre outras peças.

Veja no box “Nível de Óleo” o procedimento para a correta verificação do nível de óleo. Ele requer alguns macetes devido o sistema de lubrificação ser do tipo cárter seco, ou seja, existe um reservatório de óleo externo, separado do motor, que armazena um volume extra o qual seja suficiente para suprir as necessidades de irrigação em qualquer condição de uso.
A vantagem deste sistema é a de que os riscos pela falta de lubrificação são menores em comparação ao motor que utiliza cárter úmido. No mercado temos diversos exemplos de utilização do cárter seco, como as Harley-Davidson, Honda NX4 Falcon, Yamaha XT600 Ténéré, entre outras.
Os automóveis de competição também costumam utilizar este sistema. Como não há pescador, mas sim uma mangueira localizada no ponto mais profundo do reservatório externo, o envio de óleo ao motor é garantido, independente se o veículo estiver em curvas, aclives, declives ou no caso das motos, em situação de empinada, fato facilmente observado nas corridas. Da mangueira o óleo segue diretamente para a bomba e depois para as galerias do motor.


Quanto mais peças, maior será a necessidade por manutenção preventiva: as mangueiras também deverão receber atenção nas revisões

Outra vantagem é a de que o motor poderá ser deslocado mais para baixo em comparação ao que utiliza cárter úmido, a aperfeiçoar o centro de gravidade e favorecer a estabilidade e comportamento do veículo, seja uma motocicleta ou um automóvel. Uma maior capacidade de arrefecimento poderá ser alcançada também, pois conseqüentemente haverá maior quantidade de óleo em circulação.

Dica cachimbo: Para o perfeito aproveitamento da centelha gerada pela bobina de ignição, o cachimbo da vela deverá oferecer um satisfatório isolamento, isento de fugas de centelha (visíveis com o motor em funcionamento em ambientes escuros), e resistência a passagem de corrente dentro da especificação Yamaha de 10 quilohms.


Para testá-lo siga o passo a passo:
- Remova-o da motocicleta
- Com o auxílio de um multímetro, selecione a escala de quilohms (simbologia )
- Encoste os pinos vermelho e preto cada um na extremidade oposta, conforme a imagem abaixo
- Confira o resultado. Se a resistência estiver superior a 10 quilohms (a temperatura ambiente de 20°C), muito abaixo ou infinita (circuito aberto), substitua o cachimbo!

 

Nível de Oleo

Passo a passo para verificação do nível de óleo do motor (Cárter seco MT-03)

1. Coloque o veículo em uma superfície nivelada e mantenha-o na posição vertical. Cuidado, pois uma ligeira inclinação para o lado pode resultar em uma leitura falsa do nível.
2. Dê partida ao motor e aqueça-o por 10 a 15 minutos. Mantenha-o em marcha lenta por 20 a 30 segundos e então o desligue.
3. Aguarde alguns minutos até que o óleo assente. Remova a vareta do reservatório externo de óleo do motor, localizado na frente do quadro. Limpe-a e insira-a de volta no orifício de enchimento sem rosqueá-la! Remova-a novamente para verificar o nível de óleo, que deverá estar entre os traços “MIN” e “MAX”.


Medir o nível do óleo sem critério ocasionará a leitura falsa da quantidade armazenada

Obs: Os tubos de escape ficam muito quentes durante a operação de verificação do nível do óleo. Para evitar queimaduras ao remover a tampa de enchimento de óleo, tome muito cuidado para não tocar os tubos de escape!

Caso este procedimento não seja seguido, o nível de óleo acusado pela vareta poderá estar incorreto, a “esconder” ou demonstrar excessos.

 

Dica Bobina

Para ter certeza se a bobina de ignição está com as características físicas dentro da especificação original Yamaha (o que garantirá o perfeito funcionamento), efetue o teste a seguir, tanto no enrolamento primário, quanto no secundário:

Enrolamento Primário:
- Remova os conectores dos terminais da bobina de ignição
- Com o auxílio de um multímetro, selecione a escala em ohms
- Conecte as pontas do multímetro conforme a imagem (Ponta positiva vermelha do multímetro no conector vermelho/preto da bobina) e (ponta negativa preta do multímetro no conector laranja da bobina)
- O valor deverá estar compreendido entre 3,4 a 4,6 ohms a temperatura ambiente de 20°C.
Obs: Valores fora desta especificação deverão resultar na troca da bobina!


Enrolamento Secundário:
- Remova o cachimbo da vela, da bobina de ignição
- Com o auxílio de um multímetro, selecione a escala em ohms (simbologia )
- Conecte as pontas do multímetro conforme a imagem (Ponta positiva vermelha do multímetro no conector vermelho/preto da bobina) e (ponta negativa preta do multímetro no conector do cachimbo de ignição)
- O valor deverá estar compreendido entre 10,4 a 15,6 ohms a temperatura ambiente de 20°C.
Obs: Valores fora desta especificação deverão resultar na troca da bobina!
Acompanhe na próxima edição a continuação desta série de três matérias sobre a MT-03, com muitas dicas e procedimentos de reparação preventiva e corretiva!

 

Opinião do Especialista

Segundo Marcos Pereira dos Santos (o Marcão), a Yamaha MT-03 é uma ótima motocicleta para uso urbano, porém deveria vir de fábrica com um guidão um pouco mais alto e com angulação mais fechada, para facilitar a condução em meio ao trânsito.


Marcos Pereira dos Santos (o Marcão), sócio da Gepeto’s Motorcycles explica suas impressões sobre a MT-03


O consultor técnico Paulo José de Sousa avalia o comportamento do modelo

A parte técnica possui eletrônica embarcada atual e o motor apresenta excelente durabilidade.
O consultor técnico Paulo José de Sousa comenta que o garupa poderá sentir certo desconforto nas mãos devido o calor proveniente dos escapamentos, que mesmo possuindo proteção, estão localizados ao lado das alças de segurança.


Ferramenta de Diagnóstico Yamaha: No mercado de reposição é possível encontrar modelo semelhante

Ela é uma motocicleta que possui procedimentos a serem seguidos, como exemplo o nível de óleo do motor, tensão da bateria (que deverá estar sempre acima de 12,8 volts), entre outros. O reparador deverá atentar-se também sobre fios e peças soltas, fora do padrão de segurança (devido à vibração, característica de motos de alta cilindrada monocilíndricas).

Ao contrário da sua irmã XT660R, a MT-03 necessita da Ferramenta de Diagnóstico Yamaha, que é uma desvantagem para o reparador, que deverá adquirir mais este equipamento.

Confira também a matéria no OB Digital!