Notícias
Vídeos

Parte 1 - Suzuki Intruder 125: A moto zero que parecia usada


REMOVER SUBTITULO MATERIA NÃO PUBLICADA

Por: Paulo José de Sousa - 08 de outubro de 2010

 

 

Quem adquire um veículo zero Km deseja tranquilidade e não quer ter problemas durante um bom tempo. Assim comprei uma Suzuki Intruder 125 em uma concessionária da marca, à vista e sem pechinchar. No dia tão esperado fui retirar a motocicleta. Os documentos de entrega foram apresentados para eu assinar e concordar com os termos do contrato antes de ver a moto, mas para a minha sorte optei por ver a motocicleta primeiro.

 

É sempre bom ver com antecedência se está tudo ok, até porque depois que assinar e tirar a moto da loja fica mais difícil reclamar de uma pintura riscada ou de outro problema qualquer.
Com pouco esforço e nenhum olhar clinico percebi quatro detalhes relevantes para uma motocicleta zero km: a roda dianteira de liga leve estava com uma pequena oxidação na lateral, o cavalete central ainda estava preso ao chassi em uma cinta plástica, a embreagem não tinha nenhuma folga e a mais grave, até porque põe em risco a segurança, o disco do freio dianteiro ainda estava com a graxa.


Digo ainda, porque é comum para as motocicletas de estoque que suas peças sejam pulverizadas com um lubrificante para não enferrujarem, cabendo ao mecânico após executar montagem e a revisão de entrega, efetuar a remoção, mas não foi o que aconteceu.


Na tentativa de querer agradar, o vendedor sem saber qual é a folga que o fabricante recomenda para a embreagem, fez o ajuste e também removeu a cinta que prendia o cavalete central. E quanto a roda e a limpeza do disco de freio, tudo ficou para ser solucionado posteriormente, até porque não tinha outra roda para trocar.


Após uma semana de espera fui até a concessionária retirar a motocicleta. Será que a roda finalmente foi trocada? Eu acredito que sim, por uma menos ruim, que recebeu um polimento para eliminar uma oxidação ligeiramente menor, segundo um dos vendedores. Outro problema detectado foi a porca do eixo da roda dianteira, que possuía sinais de deformação nas arestas, típicos de uma ferramenta maior ou em más condições. Optei por ficar calado.


Então assinei os documentos, dei partida na moto que pegou até com certa facilidade e fui embora. A ansiedade era grande, até porque faltavam apenas duas horas para o Brasil estrear na Copa do Mundo. O que eu não imaginava é que as surpresas ainda continuariam a aparecer.


A 100 metros da concessionária percebi que o parafuso do ajustador da corrente de transmissão estava caindo. Eu não tinha muita alternativa, até porque não dava para voltar na oficina da concessionária pois já estava baixando as portas, e a minha saída foi pegar o parafuso, guardar no bolso e verificar se a roda estava bem presa, então segui em frente.


Para encurtar a conversa, a motocicleta só funcionava bem com o afogador puxado, e ao esterçar o guidão para a direita a rotação do motor subia repentinamente e a motocicleta acelerava, dai tive que me valer do conhecimento, parei em uma calçada e melhorei o ajuste do cabo do acelerador, e mais uma vez eu me pergunto, e se fosse um motociclista sem experiência, como seria, onde ficaria a segurança, e se houvesse um acidente, quem seria o responsável?


A lei do consumidor traz sérias advertências e considera algumas práticas como negligência. Devemos conhecer e meditar nessa lei em nosso dia a dia. O reparador deve estar atento aos detalhes, pois um descuido pode sair muito caro ao bolso e também à carreira profissional.

Após uma semana, antes de dar umas voltas, resolvi examinar algunspontos com mais atenção, e para minha tristeza observei que o farol necessitava de regulagem, o facho apontava para o chão.
Outro item que revelou tamanha incompetência e falta de cuidado, foi que o tubo de respiro da bateria estava dobrado forçando a vazão dos gases e do eletrólito por um corte longitudinal da mangueira, que funciona como válvula de alivio, o que provocou o contato do ácido com a parte metálica do chassi.


Para reparar os erros a alternativa foi retirar a bateria, remover o excesso da solução com o auxilio de uma seringa, reposicionar o tubo de respiro e finalmente lavar as partes atacadas. Agora se a pintura do chassi desplacar, quem é que vai pagar o prejuízo, a fábrica ou a concessionária? E como será o reparo, apenas um jato de spray ou a troca do chassi?
Os problemas não terminaram ai, pois foi necessário abrir o carburador e efetuar a limpeza. A sujeira acumulada era fruto de combustível antigo que ficou durante meses na cuba, com uma concentração maior do lado esquerdo da bóia do carburador, até porque a moto só ficou no apoio lateral inclinada para a esquerda.


Continuo acreditando que devemos investir em tecnologia, mas temos que dar atenção também aos detalhes e investir em competências relacionadas a gestão de serviços, controle de qualidade, comprometimento e atendimento ao cliente.