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Reparo de Módulos do Sistema de injeção eletrônica – Por que se interessar e especializar?


Entenda quais as estratégias básicas de construção dos módulos de injeção eletrônica e por que esses conhecimentos são cada dia mais importantes e necessários para o reparador automotivo atuante

Por: André Miura - 31 de agosto de 2017

Quando o primeiro veículo com injeção eletrônica de combustível chegou ao Brasil, muitas questões surgiram entre os profissionais da reparação automotiva. Abrindo o capô e olhando sobre o motor do Gol GTI 1989, não acharam mais um carburador e uma nova peça surgiu – o sistema de injeção controlada por um módulo eletrônico ou ECU (Eletronic Control Unity).

Várias questões surgiram naquele ano: Módulo de injeção Eletrônica do Gol GTI – Primeiro no Brasil

O que faremos para nos especializar na manutenção desse novo sistema?

Vale a pena investir em equipamentos para isso?

Apenas as montadoras conseguirão reparar esse complexo sistema daqui a alguns anos?

Questões como essas ainda são a realidade de muitos reparadores até os dias atuais.

Entretanto, o sistema de injeção eletrônica trouxe consigo não apenas novos desafios, mas também novas oportunidades de serviço e especialização. Cada vez mais os profissionais com as habilidades e equipamentos necessários para essas reparações têm se destacado em sua região.

Um dos componentes mais importantes desse sistema é o Módulo de Injeção eletrônica. É um componente que oferece a possibilidade de reparo, embora exija conhecimentos específicos.

A importância de se especializar

Podemos classificar a importância da especialização em duas categorias:

1 – Sem conhecer a estratégia seguida na construção de trabalho de um módulo de injeção será impossível repará-lo;

2 – A tendência mundial, até das fabricantes dos módulos, é a reparação.

Estratégias de construção de um módulo de injeção

Todos os módulos de injeção, independentemente de sua fabricante ou aplicação terão alguns blocos básicos de funcionamento. Entender alguns conceitos presentes nesses blocos são de grande ajuda na localização de defeitos nessas unidades de comando eletrônica. É possível dividir essas estratégias de construção dos módulos em 3 Blocos.

Bloco de Alimentação

O bloco de alimentação tem grande importância no funcionamento de um módulo, pois tem a função de fornecer as condições necessárias para o funcionamento de todos os componentes. Esse bloco tem as características de proteger, controlar e distribuir a tensão.

Para proteger um módulo de possíveis picos de tensão, talvez provenientes de uma inversão de polo da bateria, esse bloco conta com diodos, componentes semicondutores que garantem que a corrente circule apenas em uma direção. Também é importante na linha de alimentação +30 (tensão de bateria) a presença de um diodo Zenner, para estabilizar qualquer tensão acima da aceitável aos próximos componentes na linha.

Após ter sido possível garantir a proteção e controle na entrada de tensão, é necessário agora distribuir essa tensão por toda a placa. Para isso, todo módulo de injeção conta com um Regulador de tensão. Esse componente, muitas vezes em forma de C.I. (Circuito Integrado), tem como função básica transformar a tensão de entrada da bateria em várias saídas na tensão de trabalho interna do Módulo – 5 Volts. Esse componente também envia 5 Volts para os sensores passivos que necessitam de alimentação.Diodos aplicados no bloco de alimentação de uma ECU

Bloco de entrada e processamento de sinais

Esse bloco pode ser vital ao funcionamento do veículo, visto que sem alguns sinais, um veículo pode não dar a partida, como por exemplo sinal de rotação ou fase do motor. É preciso ter em mente que um sinal não pode ser interpretado pelo módulo da maneira que sai dos sensores, por isso dizemos que ele precisa ser processado.

Sinais em sua maioria têm sua característica considerada analógica. O processador do módulo de injeção por outro lado, só consegue interpretar sinais digitais.

Para que esse processamento seja possível, o módulo conta com circuitos específicos para cada entrada de sensor. A porta de entrada de um sensor para o interior de um módulo de injeção será sempre um circuito chamado de “Low Pass”, composto por capacitores de cerâmica e resistores ligados ao aterramento para filtrar “ruídos” elétricos no sinal advindo do motor com diversos componentes trabalhando e gerando esses ruídos no sinal.

Após ser filtrado e estabilizado em uma medida de tensão aceitável ao processador (5V), o sinal segue para um conversor A/D (Analógico/Digital) para ser transformado em uma onda do tipo quadrada e digital. Esse componente muito importante também é um C.I., e em alguns casos pode estar interno ao processador.

Bloco de comando para Atuadores

Agora que o sinal está pronto para ser interpretado pelo processador, é a hora de basear-se nesse sinal e dar um comando de ativação para um atuador. Atuadores podem ser eletroinjetores, eletro ventiladores e qualquer outro elemento que atue fisicamente no funcionamento do motor.

O princípio de ativação de um atuador se baseia no princípio de funcionamento de um transistor – componente eletrônico de chaveamento. Um transistor recebe um pulso de tensão de ativação por um de seus terminais e consegue fechar um circuito em seu interior emitindo por outro terminal esse pulso de tensão que irá ativar um atuador. Ele pode estar isolado, fazendo apenas uma dessas ligações, ou pode estar com mais de uma entrada e saída de pulsos de ativação em um C.I.

Reparo de Módulos – A tendência já aceita até pelas fabricantes

Em anos recentes, algo que tem animado os reparadores automotivos para ingressar no ramo de reparo de módulos de injeção é perceber que até mesmo as fabricantes dos módulos, antes interessadas em dificultar o reparo para que apenas a troca fosse possível, hoje também desenvolvem soluções para esse serviço.

Até mesmo a maior sistemista e fabricante de módulos de injeção do mundo, nos últimos anos desenvolveu grandes centros de reparação na Europa para Módulos de injeção, Módulos ABS, Painéis de instrumentos, GPS e rádios originais automotivos.

Esses centros oferecem duas possibilidades de solução para um defeito em módulos de injeção, que também podem ser uma saída para qualquer reparador:

1- Trocar o módulo com defeito por um novo ou em funcionamento, ficando com o do cliente para futuro reparo e revenda.

2- Em tempo hábil, efetuar o reparo do próprio módulo original com defeito.

Invista em conhecimento e equipamentos

Sem conhecimentos específicos é impossível efetuar reparos de módulos de injeção com sucesso. Portanto, invista em você, profissional reparador!

Especialize-se nessa área que talvez ainda não conheça; a eletrônica embarcada automotiva voltada ao reparo de módulos. Para isso, procure cursos específicos e mantenha-se sempre atualizado nas inovações da área automotiva.

Além disso, é imprescindível a aquisição de equipamentos voltados para o auxílio ao reparador de módulos, como por exemplo simuladores, ferramentas de medição e de soldagem para que tenha um laboratório completo e especializado. Dessa forma com certeza poderá se destacar em sua região como um profissional completo e moderno.