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Nova especificação da gasolina automotiva brasileira chega com maior qualidade e rendimento


3 de agosto de 2020, data da implantação das novas especificações que aprimoram a qualidade da gasolina, proporcionando maior eficiência energética, melhorando a autonomia dos veículos pela diminuição de consumo

Por: Antônio Gaspar de Oliveira - 27 de fevereiro de 2023

Temos motores avançados que precisam de combustíveis com tecnologia e avanços compatíveis, isso praticamente só era possível em alguns países, mas isso é coisa do passado recente, pois a gasolina utilizada no nosso país está com qualidade semelhante à dos países mais avançados.

Assim como o diesel passou por várias etapas de melhorias, a gasolina também evoluiu muito ao longo do tempo, apenas para se ter uma ideia destas melhorias, em 1998 a gasolina comum brasileira tinha na sua composição cerca de 1.500 partes de enxofre por milhão (ppm S).

Atualmente a gasolina comum, identificada como gasolina comum C (GCC), possui apenas 50 ppm S. Temos ainda a gasolina Premium (GCP) que é elaborada com teor de enxofre ainda mais baixo, somente 30 ppm S. 

As grandes mudanças nesta nova etapa de melhorias na qualidade da gasolina estão especificadas em três condições: 

⦁ Na massa, fica estabelecido que o valor mínimo de massa específica (ME), seja 715,0 kg/m3, proporcionando mais energia com menos consumo de combustível.

⦁ O valor mínimo para a temperatura de destilação em 50% (T50) para a gasolina A, de 77,0 º C, estes parâmetros de destilação afetam questões como desempenho do motor, dirigibilidade e aquecimento do motor.

⦁ Fixação de limites para a octanagem RON (Research Octane Number), já presente nas especificações da gasolina de outros países. A fixação deste parâmetro é necessária devido às novas tecnologias aplicadas nos motores que necessitam de uma gasolina com maior desempenho.

Globalmente foram adotados dois modos de identificação da octanagem da gasolina – MON (Motor Octane Number) e RON, sendo que no território nacional, o padrão era a octanagem MON e o índice antidetonante (IAD), que é a média entre MON e RON, parece um pouco complicado, mas era esta a especificação da nossa gasolina.

Com a nova legislação elaborada pela ANP em vigor, a gasolina teve a sua formulação alterada para melhor, determinando o valor mínimo de octanagem RON:

⦁ Gasolina comum, é de 92, a partir de 3 de agosto de 2020, e passa para 93, a partir de 1º de janeiro de 2022,

⦁ Gasolina Premium, é de 97, a partir de 3 de agosto de 2020.

Um litro de gasolina tem a obrigatoriedade de pesar no mínimo 0,715 kg, mas para nós que estamos acostumados a abastecer usando a referência em litros, parece não ser importante porque não teremos como medir em peso específico. Já para os importadores, distribuidores e donos de postos de combustíveis, passa a ser de extrema importância no controle da quantidade que será informada em peso e em litros, dificultando a possibilidade de adulteração do combustível. 

Observando o segmento de transporte aéreo e também na fórmula 1, o combustível é sempre mencionado em Kg e não em litros. Na aviação o combustível é medido em massa e isso acontece porque há uma relação entre peso e volume que muda conforme a temperatura do combustível, enquanto a relação energia / massa, que é o calor específico da combustão, se mantém inalterada.

Para facilitar o entendimento, ao adquirir um quilograma de combustível, recebemos uma quantidade específica de moléculas de combustível para queimar, e isso fornece uma certa quantidade de energia para trabalhar.

Mas se medir o combustível em volume (litros), teria que garantir que em todo reabastecimento fosse considerada a temperatura do combustível. Imaginemos reabastecer um avião ou carro de F1 com o calor de regiões de deserto, calor extremo, naturalmente o combustível vai expandir com o calor e a quantidade de energia armazenada no tanque será menor que se reabastecesse em uma região com temperatura baixa.

Outro motivo que faz a aviação e a Fórmula 1 medirem o combustível em unidades de massa é porque facilita a avaliação do efeito da carga de combustível na aeronave e no carro. Massa adicionada é fácil de adicionar às funções para aceleração esperada, comprimento de pista necessário, configuração de flaps para decolagem. Da mesma forma na Fórmula 1, o efeito da massa adicionada é muito mais simples para simular e prever qual efeito o volume adicionado de combustível pode causar durante uma corrida.

O atual combustível utilizado na Fórmula 1 é surpreendentemente semelhante ao combustível disponível comercialmente nos postos, mas a tecnologia aplicada nos motores é muito superior, limitado a 15.000 rotações por minuto, o motor 1.6 consegue gerar 990 cavalos de potência. (Fig.6)A nossa gasolina vem recebendo melhorias ao longo de décadas e comparando a gasolina fornecida em 1998 com a gasolina atual, a diferença é muito grande. A gasolina comum tinha 1.500 ppm de enxofre, em 1.999 reduziu para 1.000 e permaneceu assim até 2011, quando caiu para 800 ppm e em 2014 houve uma grande redução no teor de enxofre, caindo para apenas 50 ppm, mantendo neste nível até hoje.

A grande mudança, que ocorreu a partir de 1º de janeiro de 2014 em todo o território nacional, permitiu que a qualidade da nossa gasolina ficasse semelhante a que é comercializada nos Estados Unidos e Europa. 

Nos Estados Unidos onde é comum o autoatendimento nos postos de combustíveis, os motoristas encontram nas bombas as especificações bem claras de cada combustível com o teor de etanol e octanagens diferentes em cada bomba, claro que estas variações de combustíveis têm preços específicos para cada um.

Esta evolução aplicada ao combustível nacional contribuiu com a redução de emissões de gases poluentes, principalmente pela expressiva redução do enxofre, que foi de 96,7% entre 1998 e 2014.

O objetivo destas mudanças na gasolina automotiva é ter condições de acompanhar a evolução tecnológica aplicada na indústria automotiva mundial e desta forma também possibilita atingir as metas de reduções de gases poluentes firmados aqui no Brasil, sem esquecer das metas internacionais. 

A aditivação obrigatória da gasolina teve início em 1º de julho de 2015, seguindo o exemplo de outros países, a gasolina comum passou a receber adição de detergentes dispersantes, que tem a função de reduzir a formação de depósitos de carvão nas válvulas de admissão dos motores. Com isso, o país já tinha à disposição dos motoristas as opções de compra de gasolina comum, gasolina comum aditivada e a gasolina premium, que se destacou pelo menor teor de enxofre e maior octanagem.

Estas mudanças sobre as novas especificações da gasolina automotiva foram estabelecidas pela ANP através da publicação da Resolução nº 807 de 23 de janeiro de 2020, que estabelece a especificação da gasolina de uso automotivo e as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos agentes econômicos que comercializarem o produto em todo o território nacional.

A elaboração e publicação desta resolução foi com base em estudos e pesquisas dos padrões de qualidade, considerando as especificações e padrões internacionais, atendendo aos atuais requisitos de consumo de combustível pelos veículos que recebem inovações tecnológicas. Prevendo controles mais rígidos nas emissões de poluentes, esta resolução favorece o atendimento das fases L-7 e L-8 do Programa de Controle de Emissões Veiculares – Proconve. 

A legislação brasileira para o controle da emissão de poluentes por veículos leves sempre se baseou na legislação aplicada pelos EUA, ao passo que para veículos pesados baseou-se na regulamentação europeia.

A fase L7 exigirá o atendimento de novos limites em processo de homologação a partir de 2022, para todos os modelos de veículos a serem comercializados.

A partir de 2025 será exigida a homologação para atendimento aos limites da fase L-8. Essa fase prevê que seja feito de forma corporativa para o atendimento aos limites definidos.