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Suspensão pneumática proporciona conforto, segurança e permite ajustes na altura do veículo


Veículos equipados com este tipo de suspensão exigem cuidado e conhecimento do reparador desde o momento antes de colocar no elevador, o que pode danificar os componentes por falta de apoio nas rodas

Por: Luiz Fraga - 07 de março de 2018

Histórico

A suspensão que utiliza "molas" pneumáticas surgiu em 1901, quando a primeira patente foi registrada em nome de Humphreys William.

 Desde o início, diversos modelos de veículos utilizaram o sistema de suspensão pneumática, que tem diversas vantagens sobre o sistema convencional de molas helicoidais e ainda maior, sobre o sistema de molas semielípticas, conhecida como feixe de molas.

Um dos veículos mais famosos foi o Citroen, que utilizava um sistema misto, hidropneumático que equipou diversos modelos da marca. Este sistema foi patenteado por Paul Magès e tinha diversas vantagens sobre o sistema convencional, pois permitia um rodar suave em baixas velocidades e uma alta estabilidade em curvas e em alta velocidade, pela alteração da "dureza" correspondente à constante elástica das molas apelidadas de "bolsas".

Veículos de carga e ônibus também utilizam este sistema e nos ônibus facilita o acesso de passageiros para entrar e sair, se ajustando melhor à altura da calçada e melhorando o conforto no trajeto.

Em resumo, a suspensão pode ter a sua atuação e também altura em relação ao solo alterada de forma simples, acionando os controles pneumáticos que podem ser manuais ou automáticos.

Atualmente

Devido à sua característica, o sistema pneumático passou a ser adotado por diversas montadoras que tem foco na produção de veículos Off Road, especialmente pela facilidade em se aumentar a altura do veículo sem prejudicar a capacidade do mesmo. Além desta característica que garantiu uma flexibilidade tremenda, o sistema permite isolar completamente a massa suspensa da massa não suspensa composta por rodas, freios, parte baixa da suspensão entre outros componentes, permitindo um rodar incrivelmente suave, dando a sensação para o motorista de literalmente "flutuar" sobre os obstáculos do piso.

Componentes

A maioria dos veículos que são equipados com suspensão pneumática,(Fig.1)possuem:

  1. Compressor pneumático (normalmente um conjunto motor e compressor, na figura componentes 7, 9, 12, 13, 14, 15)
  2. Reservatório pneumático (na figura componente 16)
  3. 4 bolsas ou conjuntos de amortecedor/mola pneumáticos (na figura componentes 1, 6, 8 e 18)
  4. 4 (ou mais) válvulas pneumáticas de controle (esvaziam/enchem as bolsas, na figura componentes 10, 15 e 19)
  5. 4 sensores de altura (na figura componentes 2, 5, 11 e 17)
  6. Comando eletrônico (ECU) que controla a parte elétrica (na figura componente 3)
  7. Interface com o motorista (na figura componente 4)
  8. Tubulações interligando válvulas, bolsas, reservatório, compressor
  9. Software de comando (instalado nos componentes 3 e 4 da figura)

Fig. 1

 

Funcionamento básico

A Land Rover possui um sistema denominado Ride Level Module – RLM que é ativado pelo motorista quando escolhe a altura do veículo. (Fig. 2)

Fig. 2

Por exemplo, se o motorista escolheu a altura "normal", que é a mais utilizada, a atitude do veículo é ajustada para esta altura e não se altera ao longo do trajeto. Quando o veículo é carregado, o que pode ser pela entrada de passageiros ou carga, o módulo RLM percebe através dos sensores (Fig. 3)uma alteração, enviando sinal para a válvula se abrir e compensar com um aumento da altura das bolsas atingidas, caso não haja ar suficiente no reservatório, o compressor é ativado até que a pressão do reservatório atinja o limite especificado pela RLM.

Fig. 3

Devido à segurança, nos veículos LAND ROVER a abertura das válvulas é totalmente desabilitada pela RLM caso uma das portas seja aberta, permanecendo desabilitado até que a porta seja novamente fechada, entretanto o compressor pode funcionar, continuando a aumentar a pressão do reservatório a fim de preparar a próxima subida.

O sistema tem uma inércia calculada para que o compressor não fique trabalhando muito tempo ou seja, pequenas alterações de altura não são consideradas.

O software presente na RLM permite ainda alguma compensação em curvas, fazendo com que a rolagem da carroceria seja menor. A RLM "sente" a inclinação através de informações enviadas pelo módulo ABS e pelos outros sensores que disponibilizam as informações via a rede CAN.

A RLM comanda todo o sistema através das informações recebidas pelos sensores e atua através das válvulas e do comando de ligar e desligar o compressor. Uma alteração no software da RLM no caso de sua substituição ou a substituição dos sensores, ou até mesmo dos braços que os sustentam, irá requerer uma calibração das alturas, esta calibração deverá ser executada por um SCANER compatível com marca.

Principais problemas

  1. Vazamentos nas bolsas: no caso de vazamento nas bolsas, válvulas ou tubulações, o veículo não conseguirá ficar na altura correta durante a inatividade, enquanto o compressor não estiver funcionando.
  2. Compressor: os vazamentos e a vida útil do compressor pode ocasionar falha no sistema, fazendo com que o veículo não suba. Na maioria dos veículos equipados com este sistema, o compressor é protegido por sensores de temperatura que são monitorados pela RLM.
  3. Alinhamento: na maioria dos veículos equipados com a suspensão pneumática o alinhamento deve ser feito em uma altura específica, no caso da LAND ROVER por exemplo, o veículo deve estar na posição "TIGHT" para que as medidas sejam válidas, esta operação deve ser feita por um scanner aprovado pela fábrica antes do alinhamento.
  4. Amortecedores desgastados: como em veículos convencionais, os amortecedores devem ser trocados quando sua vida útil terminar, normalmente se troca o conjunto bolsa e amortecedor, principalmente devido a problemas de vedação entre o amortecedor e a bolsa. Como o sistema é altamente sofisticado, fica mais difícil detectar um problema nos amortecedores mas uma inspeção cuidadosa certamente irá definir se já é hora da substituição.(Fig. 4)

Fig. 4