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Motor falha, marcha lenta instável e a moto não pega, será que é o filtro de combustível?


O bom desempenho do filtro de combustível assegura o correto funcionamento do motor, mas nem sempre é dada a devida importância, há casos que o filtro só é lembrado quando a motocicleta apresenta problemas

Por: Paulo José de Sousa - 17 de abril de 2019

As reclamações são sempre as mesmas: no começo a rotação da motocicleta oscila um pouco, ocorrem alterações no desempenho, o motor morre, fica difícil de pegar ou não pega mais. Estes sintomas podem ter como causa o entupimento no filtro de combustível. 

Na busca de uma solução, o reparador dedica horas do seu trabalho tentando encontrar a causa do sintoma de mau funcionamento da motocicleta. Na adrenalina da pressa o profissional às vezes esquece ou deixa para depois uma simples análise do filtro de combustível.  

Será uma indicação que ao filtro não está sendo dada a devida importância? Porém o elemento é fundamental para o bom funcionamento do sistema de injeção eletrônica de combustível.

Quando trocar o filtro sujo? Devemos esperar a motocicleta dar os primeiros sinais de mau funcionamento? E os filtros não descartáveis, o que fazer? 

Respondendo as perguntas: Os sintomas de mau funcionamento do motor nem sempre revelam a(s) causa(s) do problema. Na injeção eletrônica o mau funcionamento pode ter inúmeras causas e confundir a cabeça do mecânico, talvez essa seja a razão que em alguns casos a análise do filtro ficar para o segundo plano, mas fica o alerta: devemos priorizar o filtro como peça fundamental no diagnóstico, pois ele pode ser a causa dos problemas no sistema de alimentação do motor.  

De tempos em tempos é necessário trocar o filtro externo, ele é descartável, assim evita-se a falha no fornecimento do combustível ao motor, dado pelo entupimento parcial ou total do elemento filtrante. 

Sem querer ser cansativo, vale lembrar que a chateação e o desperdício de tempo poderiam ser evitados se a manutenção preventiva for praticada à risca.  A troca do filtro antecipada, assim como outros itens de manutenção, estão definidas pelos fabricantes, para cada modelo de motocicleta há um intervalo de manutenção preventiva. 

Veja os exemplos abaixo: O intervalo de troca do filtro externo está definido da seguinte forma: 

Yamaha Fazer 150 – período de troca: a cada15.000 km  (fonte: manual do proprietário  - referência 2014) 

Honda Bros 150  – período de troca: a cada 12.000km  (fonte: manual do proprietário - referência 2013) 

É bom para a oficina e melhor para o cliente, a cultura da manutenção preventiva evitará que a motocicleta “o deixe na mão”, esse entendimento fidelizará o cliente. 

Diagnóstico da pressão da linha de combustível. 

A pressão e a vazão na linha de combustível podem ser alteradas pela condição do filtro de combustível. Cada motocicleta trabalha com uma pressão definida, o diagnóstico da pressão de combustível faz parte da análise do desempenho da bomba e de mais elementos da linha de combustível como um todo.  

Na dúvida é melhor trocar o filtro, a peça sendo original ou de boa marca não costuma ser de alto custo. 

Nas motocicletas a autodiagnose do sistema de injeção eletrônica não tem como detectar alterações na pressão de combustível nem tão pouco efetuar o controle, seria bom se uma luz indicasse no painel que é necessário trocar o filtro, mas ainda não estamos com essa tecnologia, ao menos nas motocicletas mais populares.

A pressão do combustível tem o controle mecânico e não eletronicamente, e a bomba não é capaz de verificar e regular a pressão do combustível, por isso é necessário um regulador de pressão, no exemplo o componente é incorporado ao corpo da bomba de combustível.  

Estruturas básicas da linha de combustível 

Conhecer as estruturas facilitará os diagnósticos, o trajeto que o combustível faz do reservatório até o motor é conhecido como linha de combustível. A linha   é composta de bomba de combustível, tubulação, filtro, regulador de pressão, injetor de combustível, etc. Na linha encontramos alguns tipos de filtros: filtro de tela incorporado à bomba, filtro externo e filtro de tela ao injetor de combustível. Os filtros de tela são laváveis, o externo é descartável. 

Linha de combustível sem retorno de combustível para o reservatório: 

1 - Bomba de combustível com regulador de pressão e filtro de tela 

2 - Injetor de combustível 

Linha de combustível com retorno de combustível para o reservatório 

1 - Bomba de combustível e filtro de tela; 

2 - Filtro de combustível externo (descartável); 

3 - Regulador de pressão; 

4 - Injetor de combustível. 

Pressão padrão da linha de combustível: 

Nos sistemas de injeção eletrônica cada modelo de motocicleta trabalha uma pressão de acordo com o projeto de fábrica, que em média , varia entre: 250 kPa – 330 kPa 

A pressão proporciona vantagens quanto à vaporização e mantém a alimentação do motor bem uniforme. 

Se for detectada pressão diferente ao valor de padrão verifique: 

• Entupimento parcial ou total do(s) filtro(s) de combustível; 

• Bomba de combustível; 

• Regulador de pressão; 

• Tubulações dobradas ou amassadas; 

• Vazamentos de combustível. 

De onde vem os resíduos presentes no combustível retidos no filtro:  

• Sujeira no tanque; 

• Ferrugem da parte interna do tanque de combustível; 

•  Combustível contaminado. 

 

Benefícios do filtro de combustível 

O filtro impede que as partículas presentes no combustível sejam depositadas no bico injetor provocando seu entupimento, evitando assim falhas de funcionamento e outras consequências relacionadas ao ajuste da mistura. 

É bom esclarecer que no injetor nem toda sujeira é decorrente de resíduos que não foram retidos pela filtragem, em alguns casos os problemas de injetor são decorrentes da falta de uso da motocicleta, o combustível envelhece e cria uma formação no interior do bico causando alterações de vazão e o mau funcionamento. 

Sintomas de mau funcionamento do motor causados por obstruções no(s) filtro(s) de combustível: 

• Alterações na pressão e vazão do combustível;  

• Mistura pobre (ar/combustível);  

• Oscilações na marcha lenta; 

• Dificuldade na partida; 

• Motor “engasga” nas acelerações; 

• Desempenho do motor abaixo do esperado; 

• Motor não pega. 

 

Outros pontos relacionados ao filtro de combustível - Nem todo filtro está visível na motocicleta, alguns ficam escondidos atrás de laterais e carenagens, alguns cuidados são necessários para evitar incêndio, já que estamos falando de filtro de combustível. 

• Ao instalar o filtro verifique se as mangueiras estão bem encaixadas. 

• Após a troca do filtro funcione a motocicleta e verifique se não há sinais de vazamento nos encaixes das mangueiras. 

• Substitua as mangueiras do filtro caso haja algum dano. 

• Não lave o filtro externo, ele não pode ser de reaproveitado. 

• Verifique se não há mangueiras dobradas ou amassadas. 

• Durante a instalação do filtro siga a orientação do fabricante, instale o filtro na posição indicada pela seta. 

• Utilize combustível de boa qualidade. 

• Lave o reservatório de combustível se notar a presença de resíduos. 

• Troque o reservatório de combustível caso esteja com ferrugem. 

• Não elimine o filtro de combustível do sistema de alimentação da motocicleta. 

• Durante as inspeções verifique se a carcaça do filtro não apresenta trincas. 

• Antes de trocar o filtro alivie a pressão na linha de combustível: remova o conector elétrico da bomba de combustível e ligue a motocicleta até que o motor pare de funcionar. 

• Ao trocar o filtro não deixe cair combustível no motor, proteja-o com um pano. 

• Nas motocicletas Titan 160 se o filtro de combustível for trocado, o ECM deverá ser inicializado (fonte: manual de serviços ano 2016). 

• Ao tentar remover a tubulação do filtro de combustível cuidado para não quebrar o sistema de engate rápido, são peças frágeis . 

• Ao  remover a bomba de combustível cuidado para não quebrar o  tubo da bomba.