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Subcompacto J2 da JAC oferece um pacote técnico atraente e boa reparabilidade


Medidas protecionistas, seguidas de uma crise econômica, colocam em cheque a operação da JAC Motors no Brasil; mas se depender do setor de reparação independente, o grupo SHC pode ter um importante aliado no mercado

Por: Jorge Matsushima - 15 de outubro de 2015

Na edição anterior (Setembro de 2015) na avaliação do JAC J6, relembramos com detalhes a trajetória da JAC Motors no Brasil, representada oficialmente no país pelo Grupo SHC de Sérgio Habib. Com uma ousada estratégia de divulgação maciça da marca, a JAC estreou em 2011 oferecendo carros extremamente equipados e com preços competitivos em relação aos concorrentes diretos, que pelo mesmo valor, entregavam apenas modelos básicos (apelidados na época de peladões) sem nenhum item de conforto e segurança adicional.

O sucesso da JAC no primeiro ano de atividades no país foi expressivo, com 23.700 unidades emplacadas em 2011, apoiado por uma rede de 46 concessionárias inauguradas simultaneamente em 18/03/2011, e uma agressiva campanha de marketing, cujo garoto propaganda era ninguém menos do que o Faustão.

Mas tamanho sucesso não passaria em branco, e o Governo Federal impôs um novo regime tributário para veículos importados (acréscimo de 30% do IPI), atendendo um pleito de montadoras locais. Esta medida protecionista praticamente inviabilizava a operação de importação de veículos no país, e a única alternativa seria aderir ao programa federal Inovar Auto, que tem como foco estimular a produção local de veículos.

Porém, muitos importadores sucumbiram no mercado com esta medida, arrastando toda uma cadeia formada por funcionários diretos; centenas de concessionárias; prestadores de serviços; fornecedores e terceirizados. Centenas de milhões de dólares em investimentos nacionais e estrangeiros foram perdidos, e o cliente que apostou em novas marcas e opções, e começava a se beneficiar do efeito positivo da concorrência saudável de mercado, ficou mais uma vez com o prejuízo na mão.

Recentemente a JAC chinesa aportou dinheiro e assumiu o controle majoritário da operação no Brasil, com a intenção de montar uma fábrica em Camaçari na Bahia para se enquadrar definitivamente nas regras do Inovar Auto. Porém, o baixo volume de vendas coloca o projeto fábrica em compasso lento de progressão. O início da produção local era previsto para 2014, mas foi adiado; certamente não sairá em 2015; e nada aponta como certo para 2016. 

Bem no meio deste complicado contexto, ao final de 2012 no Salão do Automóvel, a JAC entrava na disputa do segmento de subcompactos, apresentando o modelo J2 (foto 1) para enfrentar um outro concorrente chinês, o Chery QQ.

As vendas iniciais do J2 começaram com 149 unidades vendidas logo no lançamento (Nov e Dez 2012), e animadores 5.592 unidades em 2013 que o colocaram como o importado chinês mais vendido daquele ano. 

Mas os reflexos das medidas do Governo (aumento do IPI para importados) já tinham feito o estrago no volume geral de vendas da JAC, e inevitáveis cortes de gastos e investimentos forçaram o Grupo SHC a fechar algumas concessionárias, e suspender as propagandas veiculadas nas principais emissoras de TV e demais mídias de massa. Rapidamente a marca passou de surpreendente novidade a incógnita no mercado, e os consumidores menos atentos já começavam a esquecê-la como opção de compra. Como reflexo, no ano seguinte (2014) as vendas despencaram para apenas 2.473 unidades (menos da metade do ano anterior); e em 2015, até 31 de Agosto, somaram apenas 871 unidades vendidas.

O fato é que existem mais de 9.000 proprietários rodando com o J2 pelas ruas e estradas brasileiras, e embora a garantia seja de 6 anos, muitos deles já abandonaram esta garantia, seja pela distância até o concessionário mais próximo, ou pela histórica preferência do consumidor pelo reparador independente, sempre mais perto e mais acessível.

E para avaliar a receptividade deste veículo no aftermarket, nada melhor do que pegar o Guia de Oficinas Brasil e selecionar 3 oficinas qualificadas para emitirem o seu parecer. São eles:

Leonardo Tiniana Battista (foto 2), 38 anos de idade e 13 no setor. Começou como sócio administrativo, mas logo começou a se envolver com a parte técnica, e hoje é o Diretor Técnico. O irmão Renato cuida da parte administrativa financeira que conta também com o auxílio do pai, já aposentado, mas presente no dia a dia da empresa. Como hobby, Leonardo pilota Kart. A empresa ABS Centro Automotivo está há 13 anos no mercado na Vila dos Remédios, zona oeste de São Paulo SP.

Sérgio Ricardo Ferreira dos Santos (dir foto 3), 34 anos e 16 no mercado, começou no Senai de Jundiaí, trabalhou em algumas oficinas Independentes e há 10 anos montou a SR Motors, sempre em Jundiaí SP. O foco da empresa é multimarcas, e efetua todas as rotinas de revisões periódicas e manutenções corretivas, com ênfase nos sistemas eletrônicos e mecânicos.

Fernando José Silvestre (esq foto 3), 32 anos e há 15 no mercado. Começou com suspensão e hoje é especialista em undercar e sistemas eletrônicos. Está na SR Motors há dois anos. 

Plínio de Aguiar (foto 4), 57 anos, 40 anos no segmento. Desde os 10 anos já se enfiava embaixo dos carros na oficina do pai, e com o tempo concluiu que este era o ofício que queria seguir. A empresa começou em uma porta pequena onde cabia um carro e meio. Hoje tem sede própria e o irmão, filha e um mecânico compõem a equipe de trabalho. Optou em não crescer demasiadamente para manter o foco na qualidade. Plínio é um apaixonado pelo que faz, e se orgulha em atender qualquer tipo de carro, de Fusca a Ferrari, passando por Romisetta e outras raridades. A Plínio Car está localizado no Jardim São Paulo, bairro da zona norte de São Paulo SP.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Logo de cara, o simpático subcompacto chinês chama a atenção pelo design bem resolvido  (foto 5 e 6),  linhas atualizadas e extensa lista de acessórios, tais como rodas de liga leve aro 14 (foto 7); rádio e MP3 com USB (foto 8); sensor de ré; faróis de neblina; alarme; freios ABS com EBD; trio elétrico; ar-condicionado; direção elétrica; etc. (mais detalhes na edição Julho 2015 em lançamento). 

Com apenas 3,53 m de comprimento, tem uma proposta declaradamente urbana e esportiva, com atributos para ser escolhido como um carro ideal para o dia a dia movimentado de muitas cidades brasileiras.

Analisando com mais profundidade, percebe-se que o J2 tem competência não só para andar em ruas e avenidas, mas também para encarar estradas com muita desenvoltura e de forma bastante segura.

Leonardo se frustrou um pouco com os instrumentos no painel porque colocando as mãos no volante, o contagiros e o marcador de combustível ficam encobertos (foto 9). O volante tem regulagem limitada de altura, e dependendo da estatura do condutor, haverá algum desconforto.

Plínio gostou da posição de dirigir e elogiou a boa distribuição e visibilidade dos instrumentos no painel (foto 10), incluindo o importante contagiros e o marcador de temperatura, ausentes em muitos modelos. 

Fernando e Leonardo classificam o conforto como razoável, mas reclamam do ruído excessivo dentro da cabine, gerados pelo motor e pela suspensão, e comentam: “Poderiam ter caprichado um pouco mais no tratamento acústico do carro. Em viagens longas o ronco alto do motor vai incomodar. O acabamento interno é bonito e moderno, mas o material utilizado é simples”. Por utilizar muito plástico rígido, há ruídos internos e problemas de encaixe, como por exemplo o conjunto de instrumentos que estava solto, desencaixado do painel (foto 11).

Leonardo pondera que, considerando as medidas externas bem compactas, ele é surpreendentemente espaçoso por dentro, principalmente para os ocupantes da frente, com boa ergonomia e todos os comandos à mão. No banco de trás o espaço é razoável para crianças ou adultos em pequenos percursos (foto 12).

Já o “porta mala” (no singular mesmo porque se couber, é apenas uma única mala média); tem capacidade para 121 lts (foto 13), e é voltado para acomodar mochilas, bolsas ou pequenas compras, ou seja, é para uso urbano do dia a dia. Para viagens longas com malas, é melhor ir apenas com duas pessoas a bordo e o encosto do banco traseiro (inteiriço) rebatido. O estepe fica protegido contra furto, dentro do carro sob o assoalho do pequeno porta malas (foto 14).

DIRIGINDO O J2

Plínio gostou do desempenho e comenta: “Ele é bem ágil no trânsito; leve e com um bom torque. A suspensão é macia, e o câmbio de fácil engate. Vai agradar muita gente no mercado”.

Leonardo avalia que: “O motor 1.4 tem potência compatível com o que tem no mercado. Estabilidade é boa, dentro dos padrões, mas a suspensão transmite muito as imperfeições do asfalto”.

Já Fernando, especialista em undercar, elogiou a eficiência da suspensão que proporciona boa estabilidade, mas detectou ruídos que incomodam pelo barulho, e que podem indicar desgaste prematuro, folgas ou ressecamento de alguns componentes. Detectou ainda que há um leve empenamento do disco de freio, ou alguma outra anomalia que faz o pedal do freio oscilar quando acionado suavemente. Por fim percebeu também que no final do curso do pedal da embreagem alguma coisa está raspando ou enroscando. Tudo precoce para um carro com apenas 7.000 km rodados, mas aparentemente nada grave e de simples correção.

E pela boa performance, agilidade, maciez na troca de marchas e facilidade de manobras, Fernando acredita que muitas mulheres que preferem carros compactos vão gostar muito do J2. 

MOTOR

Ao contrário da tendência atual de motores compactos de 1 litro e 3 cilindros, o J2 Brasileiro recebeu, por especificação do Grupo SHC, um anabolizado motor 1.4 16V VVT 4 cilindros (foto 15) com comando de válvulas variável e o moderno sistema de injeção de combustível Jet Flex, que dispensa o antiquado tanquinho de partida a frio, e conta com injetores desenvolvidos pela Delphi do Brasil, com aquecimento pré-injeção. Os reparadores logo notaram o conector de 4 fios e o injetor mais encorpado, e elogiaram muito a implementação desta inovação em um veículo do segmento de entrada. 

Este interessante propulsor gera uma potência de 113 cv (E) ou 110 cv (G) a 6000 rpm, mas as informações sobre o torque são divergentes, e apontam 138 Nm a 4500 rpm no site da Jac Motors, ou 126 Nm entre 3500 e 4500 rpm (E) no manual do proprietário. De toda forma, os 915 kg de peso em ordem de marcha ajudam a transmitir a sensação de uma boa aceleração, e segundo o fabricante, o pequeno J2 é capaz de acelerar de 0 a 100km em 9,7 segundos, e atinge velocidade máxima de 187 km/h. 

Leonardo, Plínio, Sérgio e Fernando constataram que apesar das medidas compactas do veículo, os espaços e acessos para manutenção do motor e principais componentes são muito bons, e melhor do que alguns concorrentes diretos.

Outra percepção unânime dos experientes reparadores é a adoção de soluções que geram baixa manutenção, tais como o uso de corrente de comando, eliminando a correia dentada; uso do injetor com aquecimento, dispensando o tanquinho de gasolina e seus inúmeros problemas; e o uso da direção com assistência servoelétrica que elimina o sistema hidráulico com bombas, mangueiras, tubulações e conexões que causavam vazamentos, sem contar que as polias e correias roubavam potência do motor. Tudo isso resulta em motores mais eficientes, econômicos e menos sujeitos a quebras e desgaste, reduzindo os custos de manutenção para seus proprietários. 

Filtro de ar (foto 16), bobinas e velas de ignição (foto 17), sondas, troca de óleo e filtro de óleo (foto 18), tudo com acesso fácil e sem maiores dificuldades. Leonardo aprova o bom projeto que facilita as rotinas de manutenção e comenta: “Não precisa desmontar nada além do essencial, ao contrário de outros compactos que exigem grandes desmontagens para acessar um simples componente”.

Plínio elogia a troca da correia dentada pela corrente, e explica: “ A correia dentada destoa de todos os componentes aplicados nos modernos motores gerenciados eletronicamente, pois ela dura menos que as demais peças, e sua substituição tende a ser esquecida ou negligenciada pelo usuário. Mas quando ela falha pela falta de manutenção, causa grande estrago no motor. Na minha opinião, todos os motores deveriam usar corrente no comando”.

Todos aprovam a eliminação do problemático sistema de partida a frio com tanquinho de gasolina, fonte de muitos problemas para clientes e reparadores. Fernando porém, coloca um contraponto para observar atentamente a durabilidade e eficiência dos novos injetores com aquecimento do combustível. Nas frias manhãs dos dias em que transcorreram os testes, o sistema funcionou perfeitamente abastecido somente com álcool.

O posicionamento da ECU foi considerado de fácil visualização e acesso. Porém, um olhar mais atento mostra que a peça está bem próxima do coletor de escape, e o isolamento térmico feito nos chicotes próximos mostram que ali a temperatura é alta (foto 19). Um item a ser observado caso futuramente esta alta temperatura possa afetar o correto funcionamento da ECU, podendo também ressecar conectores e fios do chicote, causando interferências indesejáveis.

Por baixo do motor, Sérgio sugere que faltou apenas um protetor de cárter, pois as nossas esburacadas e acidentadas ruas são imprevisíveis, e Fernando elogia o desenho e sistema de fixação dos coxins do motor.

TRANSMISSÃO

O acesso à caixa de transmissão e componentes da embreagem (foto 20) também foi muito elogiado pelos reparadores, e todos acreditam que para uma troca de embreagem, não é preciso baixar o agregado da suspensão.

Leonardo: “Gostei da simplicidade e amplo espaço para trabalhar o motor e a transmissão por baixo. Um projeto muito favorável para as rotinas de manutenção”.

Plínio: “Hoje em dia na reparação, se trabalha mais pela parte de baixo dos carros, e isto aqui (espaços e acessos) está uma maravilha! Tudo muito bem projetado para facilitar a troca de componentes”.

Sérgio: “As rotinas de manutenção no câmbio e embreagem serão bem tranquilas e rápidas, sem interferência do agregado. Outro item que considero positivo é o uso da junta deslizante (tulipa) no semi-eixo (foto 21), mais resistentes e menos sujeitas a vazamentos”.

FREIO, SUSPENSÃO E EXAUSTÃO

A suspensão dianteira é do tipo McPherson (foto 22) com barra estabilizadora, e os freios utilizam discos ventilados. Na traseira, suspensão independente com barra de torção e freios a tambor com sapatas autoajustáveis (foto 23). 

Fernando avalia: “A geometria da suspensão parece bem parruda e o conjunto proporciona boa estabilidade. A manutenção parece fácil, e o acesso aos componentes e sistema de substituição dos componentes é bem tranquilo. A bandeja dianteira é toda prensada, e deve ser substituída completa com o pivô. O disco de freio ventilado é mais eficiente e a troca de pastilha simples. Gostei também da suspensão traseira, bem reforçada”.

“Eu pude comprovar na prática que a atuação do ABS e EBD é muito eficiente, mesmo em condições extremas de aderência (areia de um lado e asfalto do outro), em que certamente teria rodado ou perdido a trajetória sem estes controles”.

Leonardo também elogia o desenho da suspensão sem os braços tensores e que aparentam robustez, mantendo a geometria com mais facilidade. A substituição de componentes não apresenta nenhum mistério, e não é necessário abaixar o quadro e uma série de outros itens próximos. A suspensão traseira também é simples, sem mistério. O filtro de combustível com fácil acesso para troca (foto 24), assim como o escapamento, catalisador e sondas (foto 25). “Embora importado, e da China, é um carro à altura de seus concorrentes nacionais” conclui. 

Plínio e Sérgio constataram que o módulo e corpo de válvulas do ABS ficam meio escondidos, atrás da bateria (foto 26). Mas isto não chega a ser um problema porque não é um item de manutenção frequente ou periódica. Basta remover a bateria e o suporte para ter um bom acesso.

OUTROS ITENS

Plínio observa que a troca do filtro de cabine é muito simples no J2 (foto 27), e ele ressalta a importância da substituição periódica deste componente, pois já ouviu relato de pessoas que sofreram com seríssimas complicações respiratórias (uma delas acabou falecendo), decorrentes da aspiração de ar contaminado dentro de automóveis que estavam com os filtros infestados de bactéria e fungos. Leonardo e Fernando também elogiaram a surpreendente facilidade de acesso para troca deste componente. 

Sobre a troca de fusíveis, Sérgio pondera que, se por um lado há uma grande facilidade para acessar e identificar os fusíveis e relês (fotos 28 e 29), por outro lado há o risco de ocorrência de corrosão nos terminais por umidade, e acredita que a vedação poderia ser mais reforçada.

Já Fernando checou e constatou que o acesso para trocar lâmpadas é bem tranquilo, tanto na frente (foto 30) quanto atrás (foto 31), mas recomenda cuidado com os encaixes de plástico rígido, que podem ressecar e quebrar com o tempo. Outro item que ele observou é o uso de apenas uma palheta no limpador de para-brisa (foto 32), ou seja, uma peça a menos para o cliente trocar.

 PEÇAS 

Leonardo da ABS Auto Center já atendeu um J3 para revisão básica, mas não precisou de peças específicas, por isso não tem como avaliar o atendimento da JAC Motors na questão peças de reposição. O mix de compra na ABS varia bastante de marca para marca, mas em uma média geral estima que compra 25% em concessionárias (itens cativos, ou quando não encontra qualidade equivalente no paralelo); 70% em Distribuidores (itens de giro); e 5% no Varejo (itens emergenciais).

Em Jundiaí a concessionária JAC Motors fechou suas portas em 2014 e os clientes precisam rodar até Campinas ou São Paulo para efetuarem as revisões. Pela mesma razão, Fernando da SR Motors fica preocupado pois se precisar de peças genuínas, sabe que encontrará dificuldades logísticas. Embora não tenha atendido ainda nenhum veículo da marca JAC, sabe que é uma questão de tempo para eles entrarem na oficina. Sérgio calcula que o mix geral de compras da SR Motors fique em torno de 70% no Varejo (preço, qualidade e rapidez na entrega); 20% nas concessionárias (peças cativas) e 10% em Distribuidores (itens de giro).

Plínio aponta que se a montadora não priorizar a disponibilidade de peças de reposição no mercado, vai perder espaço para os fabricantes paralelos. O maior problema é se os fabricantes do mercado paralelo não se interessarem pelo modelo pela pequena frota circulante. Ele lembra que recentemente precisou de um jogo de pastilhas de freio para um J3, mas a concessionária próxima não tinha para pronta entrega (só por encomenda), e por isso teve que atravessar a cidade de São Paulo para buscar em uma outra concessionária, e comenta: “Eu não levo o problema para o cliente, pois ele conta comigo exatamente para resolver os seus problemas. Mas o cliente é inteligente, e claro que percebe que se existe dificuldade para encontrar um simples jogo de pastilha, sabe que terá muito mais problemas adiante, e certamente vai repensar a escolha que fez quanto à marca do veículo”. 

Plínio fica desapontando com a falta de visão de algumas montadoras no pós-vendas, que não priorizam a satisfação do cliente que está rodando com um carro da marca, e explica: “Nas concessionárias, a rotatividade da mão de obra dificulta a manutenção de um padrão de qualidade de atendimento; enquanto o reparador independente está no mercado por amor ao ofício, e é totalmente dedicado ao cliente, independente da marca do carro. Se eu tenho informações e peças genuínas à disposição, é claro que a manutenção será mais rápida, e o cliente ficará muito mais satisfeito com o carro que comprou”!

Na Plinio Car, a compra de peças é muito particular porque muitos clientes confiam a eles a manutenção de carros clássicos e normais. O mix de compra varia, mas na média fica em 30% nas Concessionárias (qualidade); 40% no Distribuidor (itens de giro) e 30% no Varejo ou Importadores especializados.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Leonardo ainda não precisou de informações técnicas do modelo, mas a exemplo de outras marcas, acredita que conseguirá as informações na internet e empresas de literatura técnica, e não acredita que a montadora ou concessionária facilitem o acesso às informações técnicas, o que é uma pena.

Fernando resolveu testar o seu scanner e constatou satisfeito que já existem modelos JAC na configuração. Embora ainda não constasse exatamente esta versão Jet Flex, conseguiu ler os parâmetros básicos de funcionamento do motor e concluir que em breve constará também esta versão nas próximas atualizações (foto 33). 

Plínio considera o carro bem simples para se mexer, e se precisar de informações específicas, sabe que pode contar com amigos e a internet, pois os profissionais do segmento independente sempre se ajudam.

RECOMENDAÇÃO

Leonardo atenderia tranquilamente os modelos J2 em sua oficina, pois é bem projetado, e não aparenta fragilidade e nem complexidade técnica. “A primeira impressão é muito boa, mas com ressalvas, pois ainda não posso avaliar a durabilidade do carro. Só o tempo vai dizer, e isso é um item importante para reforçar a recomendação”.

Plínio gostou do carro, e o considera bastante interessante para o dia a dia urbano. A parte técnica também não preocupa, pois pela sua avaliação geral não haverá maiores dificuldades, e seria um prazer receber clientes com o J2 em sua oficina. Ele até recomendaria a compra do carro, mas a sua ressalva é quanto a possíveis problemas para obter as peças de reposição. E avalia: “Se os fabricantes qualificados de autopeças do mercado paralelo já disponibilizarem os itens de giro (pastilhas e discos de freio; filtros, etc) aí fica mais tranquilo, porque até o momento, a minha experiência de compra de peças genuínas não é positiva.

Fernando e Sérgio também se preocupam bastante com a questão de disponibilidade de peças de reposição, e deixam isso claro para os clientes que pensam em comprar um JAC. Tecnicamente recomendariam o produto, e o atenderiam sem problemas; mas se acontecer de um carro ficar parado na oficina por dias, ou até semanas aguardando peças; aí o destino será o mesmo de outros que acabam virando “mico” no mercado.

CONCLUSÃO

Plínio resume bem o importante papel do reparador independente na consolidação de uma marca de automóveis: “Todo carro é bom enquanto está rodando, e o J2 é tecnicamente muito bom. Mas quando precisar parar para fazer a manutenção é que vem a hora da verdade. Se o cliente tiver opções para realizar as revisões e reparos, tanto na concessionária ou no independente, ele tende a ficar satisfeito. Mas se ele encontra dificuldade na concessionária, na maioria das vezes ele acaba recorrendo ao independente. Eu mesmo tenho vários clientes que compram carro zero e fazem todas as revisões conosco, sem se preocupar com a garantia. Tenho um caso em que fizemos todas as revisões, desde zero até 240.000km, e nunca precisamos abrir o motor!

No caso do cliente JAC, ele deve estar bastante preocupado com o fechamento de várias concessionárias da marca; e se descobrir que nós independentes temos dificuldade para encontrar peças de reposição, aí com certeza ele vai tentar passar o carro para frente. 

Eu considero lamentável uma concessionária não manter em estoque itens de alto giro como pastilhas e filtros. Por conta disso meu cliente ficou dois dias sem o carro para uma simples revisão, que poderia ter sido feito em poucas horas se houvesse peças para pronta entrega no balcão.

Por outro lado, se o cliente JAC perceber que a reposição de peças é tranquila para a sua oficina de confiança, com certeza sentirá que fez uma boa escolha, e possivelmente volte a comprar modelos da mesma marca”.