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Renault Duster 2.0 de cara nova, mas já é uma velha conhecida das oficinas independentes


SUV de entrada da montadora francesa passou por um facelift que o mantém firme na disputa do concorrido segmento onde a opinião do reparador contribui para decisão de compra. Veja a avaliação dos nossos profissionais

Por: Jorge Matsushima - 18 de fevereiro de 2016

O SUV Renault Duster (foto 1) nasceu em 2011 com a missão de tomar o trono do pioneiro e absoluto líder do segmento de entrada, o Ford Ecosport. Já no primeiro ano o Duster mostrava o seu potencial, emplacando 9.388 unidades em apenas dois meses de venda. Mas no ano seguinte cumpriu seu objetivo e tomou a liderança do segmento de SUVs e emplacou nada menos do que 46.893 unidades. No ano seguinte em 2013 viveu o seu melhor ano, com 50.220 emplacamentos, mas acabou perdendo a liderança para a nova geração do Ecosport, que venceu novamente o embate em 2014, deixando o Duster em segundo lugar com 48.865 unidades emplacadas. Mas em 2015 a crise chegou ao mercado de automóveis, e o que a dupla Ecosport e Duster não esperava era que seriam atropelados por dois novos players do mercado, os badalados Honda HRV e o Jeep Renegade. 

Mas o Duster, que já emplacou 186.830 unidades (até 30/11/2015), continua firme na briga pelo topo do segmento de SUVs, e fecha 2015 até o momento em 3º lugar, logo à frente do arquirrival Ecosport.

Disputas de mercado à parte, a SUV da Renault já começa a frequentar as oficinas independentes, e nada melhor do que consultar o Guia de Oficinas Brasil e entrevistar 3 experientes reparadores para avaliar como é reparar os veículos da marca francesa, e são eles: 

Fabiano Reis (foto 2), 34 anos de idade, há 18 anos no segmento. Começou muito cedo ajudando na manutenção de carros e barcos em Ilhabela, litoral Norte de São Paulo. Depois veio para São Paulo onde se especializou em manutenção automotiva, e há quatro anos atua como Gerente em uma das lojas da Rede Yancar, empresa que atua há 40 anos no mercado. 

Sílvio Pacheco Medeiros (foto 3), 52 anos, 42 anos no setor. Aos onze anos de idade já ajudava o pai, que tinha uma oficina. Em 1985 fundou a Interceptor, mais voltada ao segmento de preparação de motores para competição. Porém, com o falecimento de seu pai (há 15 anos) e do irmão (há 3 anos) que tocava a antiga oficina mecânica, Sílvio unificou as empresas e voltou a atuar na manutenção automotiva tradicional.  

Paulo Henrique Gomes (foto 4), 49 anos, 26 anos no setor automotivo. É o líder mecânico da equipe e está há dois anos na empresa Pontual Car Serviços, localizada na cidade de Bragança Paulista SP. Paulo Henrique nasceu na região, mas trabalhou muito tempo na capital Paulista, e está feliz em retornar à vida mais tranquila do interior.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Os retoques visuais na nova Duster são discretos mas bem aplicados, com destaque para os novos faróis, grade e para-choque dianteiro (foto 1); e as lanternas com novo grafismo em led (foto 5B e 5C) e o para-choque traseiro remodelado (foto 5A). O resultado é um visual mais limpo e atualizado que agradou os reparadores entrevistados.

Outro ponto bastante elogiado foi o novo design interior (foto 6), que deixou aquele aspecto despojado das versões anteriores, e com nova forração de painéis e portas, bancos, volante e manoplas revestidas em couro natural e sintético, que proporcionam ótima empunhadura e são mais agradáveis ao toque. Detalhes como puxadores das portas (foto 7) e moldura no centro do painel em black piano deram um ar mais refinado à SUV.

Fabiano aprova a opção de condução em modo eco, pois segundo a Renault é possível economizar até 10% de combustível, mas considerou a estrutura dos bancos uma pouco frágil.

Paulo também aprova o modo eco (foto 8), que gera economia e redução de emissões de poluentes, e gostou da novidade de vê-lo disponível em um carro com transmissão manual.

Sílvio aprovou as opções de conforto como o sistema multimídia Nav Evolution com opções de navegador, conectividade, sensor e câmera de ré integrada, rádio e usb, volante multifunções com piloto automático e limitador e controlador de velocidade. 

Outro importante atributo para um veículo com proposta off road (foto 9) é a altura livre do solo (210 mm) e o ângulos de ataque (30°) e saída (34,5°). Equipado com rodas de liga leve e pneus 215/65R16 (foto 10), a nova Duster não faz feio nestes quesitos; mas a versão testada 4x2 sugere um uso mais urbano, enquanto a versão 4x4 é mais adequada para os aventureiros fora de estrada. Para a versão 4x2 existe ainda a opção com transmissão automática, mas de apenas 4 marchas. 

DIRIGINDO O DUSTER

Fabiano e Paulo encontraram uma boa posição para dirigir, e elogiaram as opções de regulagem dos bancos e a ótima visibilidade, incluindo os excelentes retrovisores externos (foto 11). Sílvio fez uma restrição quanto ao limitado curso de regulagem de altura do volante, e que não conta com regulagem de profundidade. 

A performance do motor 2.0 foi elogiada por unanimidade, tanto no modo “Eco”, em que se privilegia a economia, e no modo normal, no qual as acelerações e retomadas se tornam mais vigorosas. A transmissão manual também foi muito elogiada, com trocas macias, justas e precisas, e o escalonamento das 6 marchas foi considerado bem adequado, sendo a 6ª marcha voltada à economia. 

Em complemento ao modo Eco, Sílvio elogia o indicador de trocas de marchas, que ajuda no aprendizado do usuário por uma condução mais econômica e acrescenta: “da quinta para a sexta marcha há uma queda de quase 20% na rotação para a mesma velocidade, o que ajuda a melhorar a autonomia em estrada”.

Paulo aprova a fácil transição entre os modos normal e ECO (foto 12), e lembra que em cidades com topografia acidentada como Bragança Paulista esta alternância é fundamental e comenta: “todo mundo precisa economizar combustível, mas quando precisar subir o morro ou efetuar ultrapassagens, é melhor contar com mais torque no modo normal, e nas áreas planas ou em estradas, volta-se para o modo Eco”.

Fabiano aponta alguns problemas no início do percurso: “a maior reclamação que tenho dos clientes que chegam à nossa loja com o Duster é em relação à suspensão com barulho ou desgaste. E o que mais me incomoda são estes ruídos internos, mesmo em um carro novo com apenas 2.000 km! O acabamento melhorou muito, mas acredito que a tampa do bagageiro continua batendo no suporte”.

Sílvio endossa as críticas à suspensão: “mesmo neste modelo novo e com apenas 2.000 km, persistem os ruídos na suspensão dianteira, que é ruidosa. Este barulho seco, do próprio funcionamento do sistema, vai aumentando com o tempo. Em manobras lentas sobre valetas ou irregularidades, ouve-se o barulho de torção da carroceria”. 

Se por um lado os ruídos da suspensão incomodam, a sua performance não decepciona, e a estabilidade em curvas fechadas ou de maior velocidade foi elogiada e aprovada por unanimidade.

Outro item aprovado com louvor foi a atuação do freio ABS/EBD, eficiente e sem desvios de trajetória. O que mais chamou a atenção dos reparadores foi a suavidade da resposta no pedal, e Paulo explica: “nas versões anteriores do ABS, quando o pedal começava a trepidar, muito usuários se assustavam e soltavam o pedal, exatamente na hora em que precisavam mantê-lo pressionado... No Duster a vibração é suave, e não deve assustar os condutores. Nós reparadores temos um papel importante no esclarecimento destas questões junto aos clientes”. 

O piloto automático com acionamento no volante ou no console conta ainda com o controlador e limitador de velocidade, recurso muito para uso em estradas, ruas e avenidas cada dia mais infestadas de radares e controles de velocidade.

Fabiano concluiu o percurso com mais duas observações: “não tem marcador de temperatura, e o aviso é só na lâmpada. Ponto negativo, pois à noite ainda chama a atenção no painel, mas durante o dia pode passar despercebido. A resolução da câmara de ré é muito baixa. Poderia ser melhor”.

CONSUMO

O PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular) do Inmetro é uma fonte confiável de comparações de consumo entre veículos da mesma categoria, e neste quesito o novo Duster faz bonito, e recebeu a classificação “A” do Inmetro (foto 13), ou seja, está entre os mais econômicos da categoria. Os dados de consumo levantados nos ensaios oficiais foram:

Consumo

km/litro

Etanol

Gasolina

Cidade

6,4

9,1

Estrada

7,4

10,8

Emissão de CO2 g/km

0

139

MOTOR

Visualmente os reparadores não notaram diferenças significativas no motor Renautl 2.0 16V (foto 14), mas avaliaram que houve evoluções na calibração, performance e eficiência em termos de consumo. O propulsor gera 143/148 CV (G/E) a 5.750 rpm; torque de 20,2/20,9 kgf.m (G/E) a 4.000 rpm que levam o SUV de 0 a 100km/h em 10,7/10,4 segundos (G/E).

Sílvio aponta dois itens que mostram a defasagem do projeto, que é a falta do sistema de injeção direta de combustível, e o sistema de partida a frio com tanquinho auxiliar de gasolina (foto 15), e pondera “aqui é nítida a opção pelo baixo custo”. 

Fabiano e Paulo constatam a facilidade de troca do filtro de ar e o refil do filtro de óleo, acessível pela parte de cima do motor. Os pontos de manutenção do sistema de ar-condicionado agora ficam próximos e bem acessíveis (foto 16).

Todos os reparadores relatam a recorrência de queima das bobinas de ignição (foto 17), desde o tempo dos Scenics, e Sílvio comenta: “as bobinas dos modelos antigos davam muito problema, pois apresentavam uma alteração na resistência interna e perdiam o faiscamento, que causava falhas na ignição. Era comum ter que substituir as 4 bobinas. As atuais parecem com as antigas, mas devem ter melhorado a parte interna. Na minha visão, a baixa durabilidade das bobinas individuais não é um problema que acontece só neste motor, mas sim de um modo geral”.

Paulo e Sílvio consideram a troca da correia dentada trabalhosa, pois é necessário desmontar diversos componentes na parte da frente do motor (foto 18), por onde se troca a correia e o esticador, e na parte de trás, por onde se travam os comandos e o virabrequim com o uso de ferramental específico.

Outro item trabalhoso é relacionado com a manutenção dos injetores, e Sílvio explica: “esta atividade corriqueira que deveria ser simples é trabalhosa neste motor porque precisamos retirar o coletor de admissão (foto 19). Devido à má qualidade do nosso combustível, é importante verificar a cada 30 mil km ou dois anos o estado dos injetores. Primeiro medimos o tempo de injeção, e se estiver fora do padrão, desmontamos e efetuamos quatro testes básicos na bancada, que é estanqueidade, spray, vazão e impedância, para avaliar se o bico precisa de limpeza ou substituição. Em 90% dos casos a limpeza resolve e apenas 1% precisa ser substituído. Nos outros 9% a variação anormal do tempo de injeção é provocada por outro componente do sistema”.

Sílvio registra outro comentário: “este motor nas versões anteriores apresenta uma certa insuficiência de lubrificação na parte de cima, e perto dos 80 a 100 mil km, é comum surgirem folgas no comando de válvulas por desgaste. O problema é que o mancal do comando é usinado no próprio cabeçote, e o comando é um eixo oco, ou seja, não há retífica para nenhuma das peças, portanto é preciso substituir o cabeçote e o comando de válvulas. Nesta nova versão do motor, provavelmente há melhorias neste sentido, mas só o tempo vai dizer se a durabilidade aumentou, ou se o problema antigo permanece. Por isso recomendo aos meus clientes que sigam rigorosamente os intervalos de troca de óleo do motor, e que não forcem o motor na fase frias antes de atingir a temperatura ideal de trabalho”.

Paulo elogia os acessos livres para diversos componentes como ECU, sistema ABS e também o protetor de cárter original de fábrica.

TRANSMISSÃO

Fabiano e Paulo consideram normais os procedimentos para troca de embreagem e manutenção na caixa de transmissão manual (foto 20), em que é preciso remover o quadro da suspensão (agregado), mas ambos consideram que isto é um procedimento normal, e no caso do Duster é bem simples.

Paulo orienta que se houver necessidade de troca da coifa do semieixo, que se utlize apenas o componente genuíno, e alerta: “já tivermos problemas de retorno por ter aplicado peças de qualidade equivalente, mesmo sendo de boa qualidade. A única que resolve é a genuína”. 

Paulo observa dois itens positivos, que é o semieixo com junta deslizante (tulipa- foto 21), e o cabo seletor de marchas que elimina os antigos trambuladores que causavam muitos problemas. 

FREIO, SUSPENSÃO E DIREÇÃO

A suspensão dianteira é independente (foto 22), sistema Mc Pherson com triângulos inferiores, amortecedores hidráulicos telescópicos e molas helicoidais.

A suspensão traseira é semi-independente (foto 23) com barra estabilizadora, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos verticais.

Os freios são a disco ventilado na dianteira e tambor na traseira, e contam com os sistemas de controle ABS/EBD e AFU (Auxílio de Frenagem de Urgência).

Fabiano considera que o amortecedor é subdimensionado para o porte do veículo, e relata que a durabilidade deste componente na versão anterior do Duster fica em torno de 30 mil km, o que é pouco em relação aos concorrentes. Outros componentes da suspensão como a bieleta e braço auxiliar também são frágeis em sua opinião. 

Sílvio tem um histórico semelhante e registra a troca dos amortecedores neste modelo entre 35 e 40 mil km, o que não chega a ser ruim, mas que fica bem abaixo de concorrentes diretos, e comenta: “há um desgaste prematuro provocado pela folga na haste dos amortecedores dianteiros, pois eles são submetidos a um movimento elíptico, e não apenas vertical. Isto é uma característica de projeto, que poderia ser revista, pois além dos esforços adicionais sobre o amortecedor, esta suspensão dianteira faz muito ruído em funcionamento, principalmente na parte de cima. É um sistema razoável para uso urbano, mas frágil para uso off road”.

Paulo registra a facilidade nas operações de troca dos componentes do freio e da suspensão, sem maiores dificuldades. 

Fabiano e Paulo chamam a atenção para a vulnerabilidade do estepe fixado por fora do veículo (foto 24), e acrescenta que este sistema, além de facilitar os furtos, é bastante complicado para ser manuseado, principalmente por mulheres.

A troca do filtro de combustível é bem simples, pois conta com sistema de engate rápido e sua localização é externa, próximo ao tanque de combustível (foto 25). 

Paulo observa também que a caixa de direção com assistência hidráulica (foto 26) tem acesso facilitado para remoção, embora seja necessário baixar o quadro da suspensão.

No sistema de exaustão, Paulo aprova o desenho do escapamento, facilidade para troca dos sensores de oxigênio, catalisador e silencioso, e destaca a instalação de proteções térmicas nos pontos mais quentes (foto 27). 

OUTROS ITENS

Fabiano identifica o barulho interno na tampa interna do bagageiro, e mostra o ponto de atrito no suporte lateral (foto 28), e sugere: “é só colar um material que absorva este contato entre as peças”.

Fabiano observa também que há poucos porta-objetos, principalmente na parte de trás do veículo, e considerou pobre a sonorização na parte traseira. 

A troca do filtro de cabine (foto 29) não é complexa, mas é preciso torcer o elemento filtrante tanto para retirar quanto recolocar por baixo do porta-luvas. Fabiano sugere que o filtro poderia ser de carvão ativado para maior eficiência.

Já a tomada de diagnóstico OBD-BRII (foto 30) é facilmente acessível por dentro do porta-luvas, bastando retirar a capa de proteção do conector.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Até o momento no atendimento aos modelos Duster, Fabiano recorda que as informações contidas nos aparelhos de diagnóstico foram suficientes, e nas rotinas de manutenção básica como troca de óleo, pneus, filtros e itens da suspensão não foram detectadas maiores dificuldades.

Sílvio registra que há limitações, pois o scanner nem sempre acessa todas as informações, recursos e procedimentos necessários, e lamenta que a Renault seja fechada nesse sentido, mais do que outras marcas. E para resolver casos mais complexos, recorre normalmente às literaturas técnicas do setor e troca de informações com outros reparadores.

Para as informações técnicas, Paulo recorre à internet ou pesquisa em outras oficinas, e comenta: “no próprio Jornal Oficina Brasil e no Fórum conseguimos muita ajuda e troca de informações. As concessionárias acham que oficina é concorrente, mas somos clientes (peças) e cuidamos da satisfação dos clientes que compram carros deles. Muita coisa a gente aprende no dia a dia, em cursos do setor e na prática mesmo, e algumas vezes ajudamos o pessoal da própria concessionária. Mas aqui a gente se comunica e as amizades com outros técnicos são importantes para nos mantermos atualizados”.

PEÇAS

A Yancar Serviços Automotivos, localizada no bairro Sumaré em São Paulo-SP, é mais focada em serviços rápidos, e Fabiano tem opções de fornecimento de peças paralelas com qualidade original. O mix de compra de peças fica em 60% no Distribuidor (itens de giro); 30% no varejo (compras avulsas); e 10% nas concessionárias (peças cativas) e Fabiano comenta: “A concessionária leva em média 5 dias úteis para disponibilizar as peças. Nesse aspecto, os distribuidores e o varejo são muito mais ágeis!” 

Na Interceptor, localizada no Alto da Lapa em São Paulo-SP, Sílvio considera péssima a disponibilidade de peças genuínas Renault na região, e comenta: “Nas concessionárias tem poucos itens disponíveis. Mediante o pedido, o tempo de espera é de uma semana, e para a nossa empresa e para o cliente isso é crítico. Quando ele pode esperar e não há risco de segurança, menos mal e agendamos o serviço conforme a chegada da peça, mas nem sempre isso é possível. Nosso mix de compra de peças fica bem distribuído, em torno de 33% na Concessionária (itens cativos e ofertas); 34% Distribuidor (itens de giro); 33% Varejo (variedade e logística ágil).   

A Pontual Car, localizada na cidade de Bragança Paulista-SP, Paulo relata uma realidade de mercado mais crítica do que na capital: “Peças genuínas Renault em nossa cidade praticamente não existem. A única concessionária local é mais um ponto de venda de carros, e como faz parte de um grupo que tem outras lojas na região, o estoque de peças fica concentrado em outra cidade. Nós não conseguimos comprar peças aqui, e fica mais fácil encomendar em outro município. O tempo de espera é de 5 a 10 dias úteis, muito ruim para nós e para o cliente. Poderia ser melhor”. 

Sobre o baixo estoque das concessionárias, Paulo tem uma visão interessante sobre o assunto: “essa história de ter que pagar imposto antes de vender a peça (substituição tributária) de um certo modo forçou as concessionárias a reduzirem o estoque. Mas algumas exageraram nesta política, e quando a gente não encontra na concessionária, acaba recorrendo ao distribuidor, que a cada dia nos oferece maior variedade de itens. Por estas razões, o nosso mix de compra de peças fica em 45% no Distribuidor (itens de giro); 45% no Varejo (agilidade na entrega e variedade) e 10% nas concessionárias (itens cativos ou qualidade).

RECOMENDAÇÃO

Fabiano não recomenda o novo Duster como melhor opção no segmento, pois considera que concorrentes diretos são superiores, e complementa: “a principal restrição que faço é quanto à fragilidade dos componentes da suspensão, principalmente dos amortecedores”. 

Já Sílvio faz restrições ao segmento SUV como um todo, e explica: “costumo argumentar para quem gosta de SUV que é preciso estar ciente de que este tipo de veículo possui algumas características próprias como maior consumo; menor estabilidade; maior ocorrência de ruídos; entre outros. Se mesmo assim o cliente estiver decidido a comprar um SUV, o Duster pode ser uma boa opção para quem procura preço baixo; mas não é uma indicação que faço com entusiasmo pois ele não seria o meu primeiro da lista. De toda forma, tranquilizo meus clientes que optaram por este veículo, orientando que se ele mantiver as revisões periódicas em dia, dificilmente terá problemas”.

Cauteloso, Paulo avalia que não tem um histórico de atendimento suficiente para recomendar ou não esta nova versão do Duster, e comenta: “se dependesse da experiência baseada em atendimento aos outros modelos Renault eu não indicaria. Mas este novo Duster está em um outro padrão... bem mais atualizado, e oferece muito conforto, estabilidade, tecnologia, gostei desse carro! Entre as SUVs de entrada esse aqui deve ter uma manutenção baixa, e bate com o perfil do nosso público na região, que prefere um carro com manutenção barata do que um modelo mais completo e sofisticado. Os benefícios são muito bons, e com o tempo saberemos mais sobre os custos reais de manutenção”. 

CONCLUSÃO

Fabiano considera que atender clientes Renault na Yancar é relativamente tranquilo dentro das rotinas de manutenção periódica.

Paulo acredita que se todos os clientes entendessem a importância das manutenções preventivas, dificilmente teriam dor de cabeça com seus veículos; mas já prevê que uma boa parte continuará a fazer apenas as manutenções corretivas, e neste caso os problemas da falta de disponibilidade de peças genuínas podem pesar.

Sílvio tem uma visão crítica da montadora e dá o seu recado: “o cliente Renault é sem dúvida o dono do carro; mas nós reparadores independentes somos os interlocutores nesta história, pois nós conhecemos cada defeito que esses carros apresentam no campo, e aprendemos a consertá-los. Cabe a nós também decidir quais as peças serão aplicadas. Se a montadora nos ajudar a atender bem o seu cliente, a probabilidade de ele repetir a experiência de compra de um outro modelo da marca será bem maior. Ao contrário de outras grandes montadoras, a Renault é fechada e não possui um canal de comunicação com o reparador independente. E o maior problema é a falta de disponibilidade de peças de reposição para pronta-entrega e uma política comercial diferenciada para as oficinas, que lhes permitam serem competitivas no mercado. Nós não queremos o menor preço, pois nós valorizamos a qualidade das peças genuínas, e pagamos por isso, desde que a peça esteja disponível. Por outro lado, é claro que não dá para pagar valores abusivos em peças que tenham opções com a mesma qualidade no mercado. O que a Renault precisa é se aproximar dos reparadores e entender os nossos desafios para atender bem o cliente Renault, pois todos saem ganhando com isso. Não é nada de extraordinário, e é algo simples de se implementar. Nós apoiamos iniciativas como os da Volkswagen, Chevrolet e Fiat neste sentido”.