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Onix 2015 saiba o que esperar do novo modelo na hora da reparação


Cada vez mais popular nas oficinas independente nossos reparadores avaliam a nova versão desta estrela da GM, que surgiu em 2012 e agora já apresenta evoluções em relação as versões anteriores. Acompanhe

Por: Paulo Handa - 13 de abril de 2015

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pesquisa da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), realizada de 1º de janeiro a 5 de março, apontou que o veículo mais comercializado no Sul do Brasil é o Chevrolet Onix. Nos dois primeiros meses de 2015, a montadora vendeu 3.847 unidades.

Lançado no Brasil em janeiro de 2013, ele é encontrado em várias versões, como LS 1.0, LT 1.0 e LT 1.4 com transmissão mecânica e automática LTZ 1.4. O mais completo da categoria é o Effect, com motorização 1.4 e transmissões mecânica e automática.

Para saber se este novo modelo apresenta diferenças em relação aos anteriores, assim com o comportamento deste veículo na hora da reparação, o Jornal Oficina Brasil conversou com dois profissionais que passaram suas impressões e forneceram dicas importantes para quem for receber a nova versão. O modelo avaliado foi o 1.4, 8V, flex.

Antônio Aparecido Ariza Castilho, 50, tem mais de 35 anos de profissão, é técnico mecânico formado pela GV, tecnólogo em processos de produção pela Fatec e proprietário há mais de 20 anos da oficina em mecânica geral Akikar, em São Bernardo do Campo. Trata-se de um local especializado em transmissões automáticas e automatizadas.

Outro reparador consultado foi Maurício Marcelino Pereira, 42, há 22 anos na mecânica automotiva. Iniciou sua carreira com um curso de aprendizagem industrial (CAI), efetuado no SENAI do bairro do Ipiranga há cerca de 25 anos. Naquela época, os cursos tinham duração integral. Como seu pai já trabalhava no ramo de reparação automotiva, mas não possuía oficina própria, ele trabalhou em uma oficina de um amigo, passou ao longo dos anos por oficinas maiores e concessionárias e, após ter adquirido formação prática, resolveu ser reparador independente junto a seu pai, na Auto Mecânica Louricar, no bairro da Vila Livieiro, em São Paulo.

Maurício Pereira, da oficina Louricar, recomenda o modelo, que considera muito versátil e estiloso / Antônio Castilho, da mecânica Akikar, especializada em transmissões automáticas e automatizadas

Alegando ser um velho conhecido do Onix, por trabalhar com frequência com o modelo, Mauricio resume sua percepção “Recomendo este modelo, pois é muito versátil e atende bem a família como veículo de passeio, além de ser estiloso. Na hora da manutenção tem prós e contras como todo o carro, porém a balança pesa pro lado positivo neste GM”, ressalta Maurício.

Castilho afirma que neste modelo 2015, que levamos em sua oficina, não percebeu mudanças radicais em relação aos Onix que está acostumado a reparar: “Verifico modificações na parte de eletrônica embarcada, como a introdução dos sistemas de ABS e air bag, e comandos no volante de direção, que se tratam de uma evolução”.

Painel de instrumentos com as lâmpadas de avarias do Onix, sinalizando a gama de componentes monitorados

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mauricio diz ter simpatia em reparar veículos da linha GM, e que está admiração decorre dos muitos anos que trabalha com a marca e dos modelos “clássicos” da GM que marcaram época no cenário automobilístico nacional e lembra com saudades do Opala, Monza e Vectra no tempo em que os motores eram ajustados de uma forma bem diferente dos de hoje. “Quando montados, precisavam ser amaciados, diferente dos dias atuais quando, ao terminar um motor, já podemos sair acelerando”, compara. Ele diz que fica chateado quando identifica reparos efetuados de forma incorreta, por tentativa e erro, e por meio de procedimentos inadequados. “Para mim, a reparabilidade deste modelo, apesar de estar a cada ano mais complexa por conta dos componentes eletrônicos estarem mais presentes na engenharia do veículo, é muito gratificante e não vejo muita dificuldade nenhuma em reparar este modelo da GM”, afirma.

Castilho, no entanto, tem algumas ressalvas: “Hoje, os reparos dos veículos devem ser efetuados com prazo diferente. Tempos atrás, me recordo que o cliente podia ficar aguardando um reparo ser executado, diferente de agora, em que um diagnóstico leva algumas horas, principalmente quando envolve sistemas eletrônicos como os da injeção. Assim, quando o cliente me pede um prazo em um serviço demorado, falo: ‘Meu amigo, isto é uma grande sinfonia, e temos que compor’”, explica, brincando.

MOTOR
Nesta questão, Castilho identificou algumas modificações que considera visíveis na construção e na disposição das peças com relação aos modelos de motores da GM, mas nada muito diferente do Onix anterior (Foto 1).

Pela ficha técnica oficial da montadora a linha 2015 mantém os propulsores Flex Fuel SPE/4 (SmartPerformanceEconomy 4 cylinders), uma evolução daquele que empurra o Agile (EconoFlex).  

Os motores tem em comumo sistema de injeção sequencial com ignição independente (uma bobina por cilindro com cabos de velas separados), o mesmo utilizado pelo Camaro, o que resulta em maior potência e redução no desperdício da energia por ele gerada “Há maior custo de fabricação e também encarece muito na hora da reparação porém é arranjo muito mais eficiente para o sistema de ignição, e isso é bom”, defende Castilho (Foto 2).

“Noto uma modificação neste coletor de admissão, porém continua sendo uma característica da linha GM cujo desenho do sistema dificuldade em manutenções neste componente, devido à falta de acessos”, completa (Foto 3).

Outra dificuldade apontada por ele ocorre no momento de se substituir o tubo d’água que continua com pouco acesso, principalmente próximo à bomba de água (Foto 4).

Vale a pena ressaltar que este tubo d´água costuma oxidar e provocar vazamentos, com certa frequência. “Neste modelo 2015 não vi mudança aparente na qualidade do tubo d´água e isto é indicação de que teremos serviços nesta nova versão também, lembrando que fica trabalhoso substituir o cano d´água, pois antes – para fazer acesso – é preciso remover o coletor de admissão” explica Mauricio. 

Uma ressalva que o reparador faz com relação ao Onix e aos veículos da marca GM é que a montadora não tem o hábito de colocar como equipamento de série o protetor de cárter, o que, em solo brasileiro não se trata de acessório, e sim de um componente essencial. Ele acredita que a GM parece não entender dessa forma.

Maurício concorda: “Protetores que não são de série são fabricados fora das normas de dissipação de calor e proteção. Temos que remover alguns deles para uma simples troca de óleo. Infelizmente, os protetores de cárter são necessários, como neste caso, em que o cárter é de alumínio e a posição onde se encontra é propícia a qualquer pequeno acidente, que pode danificá-lo com facilidade” (Foto 5).

A mangueira do sistema de direção hidráulica, passando próxima à proteção da capa da correia de distribuição, dificultará no momento de um reparo, como na troca da correia dentada ou troca do coxim do motor, que estraga com facilidade nestes modelos. Pela disposição identificada pelos reparadores, será preciso soltar uma das extremidades da mangueira para se ter acesso e retirar a capa de proteção da correia. Segundo Castilho, o profissional terá que ter muito cuidado e atenção para não contaminar de fluido da direção hidráulica as correias e polias que se encontram no compartimento do motor (Foto 6).

“Gosto de efetuar manutenções nos veículos da linha GM: os acessos são fáceis, com raras exceções,principalmente nas manutenções preventivas, como no momento da troca do filtro de combustível. Vejo que, no caso do Onix, o filtro Canister está acoplado e, no meu entender, esta mudança foi muito feliz, pois fica em um acesso fácil. Alguns veículos o tinham instalado debaixo do para-lama, sendo necessária a remoção da proteção da roda para termos acesso”, relata Maurício (Foto 7).

Ao que Castilho concorda: “Compartilho com o colega: a linha GM tem essa característica. Dou como exemplo a troca do filtro de óleo do motor, em um acesso muito fácil e, o mais importante: no momento em que soltamos o filtro de óleo, o óleo que está no filtro não contamina o cárter, como em alguns modelos, o que torna o serviço mais limpo e eficiente” (Foto 8).

Apesar de ser considerada por eles uma mecânica fácil, ela é classificada como um pouco frágil e de muita manutenção – muitas delas por conta de descuido da própria marca, como o sistema de injeção Delphi.

“A potência específica chama atenção e verifiquei que o modelo 1.0 do Chevrolet Onix rende 80 cavalos quando abastecido com etanol e 78 cavalos com gasolina, sempre a 6.400 RPM, enquanto o modelo 1.4 entrega 106 cavalos quando abastecido com etanol e 98 cavalos com gasolina, ambos a 6.000 RPM”, analisa Maurício.

O sistema de aceleração é feito pelo mecanismo “Drive BayWire” sem cabo de acelerador, o que ressalta o desempenho do motor e conserta, em parte, os erros cometidos pelo condutor no momento de acelerar o veículo. “Esse sistema requer do reparador treinamento e conhecimento, para identificar o momento de se diagnosticar um defeito neste componente”, relata Maurício (Foto 10).

No sistema de arrefecimento, em particular na válvula termostática, Castilho diz ter observado que, quando há numa mudança climática repentina, nestes tempos mais frequente, os reparos neste componente aumentam bastante. “A cada ano, o conserto nesta peça se dá com quilometragem cada vez menor. Já efetuei troca da válvula termostática neste tipo de motor com 20.000 km. Com a bomba d’água também tenho efetuado muitos reparos por causa de vazamentos que nela ocorrem”, relata.

TRANSMISSÃO
O Onix possui duas opções de transmissão: manual de cinco velocidades e automática de seis velocidades (Foto 11). Para os profissionais, trata-se do primeiro modelo da GM com essa característica. O veículo equipado com transmissão automática vem com piloto automático e comandos multifuncionais no volante. Quando necessitar conserto, haverá a necessidade de treinamentos mais direcionados para o sistema que trabalha em conjunto em uma rede (Foto 12).

O coxim de reação do Onix em formato de uma biela é aprovado pelos reparadores, que relatam a durabilidade da peça e a proposta de absorver a vibração e solavancos derivados pela reação no momento da tração da transmissão. Eles ressaltam também a facilidade de acesso no momento da manutenção (Foto 13).

“Em modelos anteriores, tive problemas em muitos veículos de outros modelos da marca, que se utilizam do mesmo sistema de fixação da porca de ajuste de pré-carga no rolamento do diferencial. A porca se solta com a vibração, e observo que não possui nenhuma trava, como as que possuem em outros modelos da mesma montadora”, afirma Maurício.

FREIOS
O reparador Castilho verificou que o sistema de freios está equipado com ABS (AntiBlock System) com EBD (ElectronicBrake Force Distribution) nas quatro rodas. Por conta disso, o sistema dianteiro é composto de um disco ventilado e um jogo de pastilhas maior, considerado por ele algo bom, pois estes veículos gastam muito o freio dianteiro por conta do peso e pelo fato da carga de frenagem ser concentrada na parte dianteira do veículo (Foto 14).

“Outra questão positiva é com relação ao corretor de frenagem, no eixo traseiro. Com a vinda do sistema ABS com EBD, foi substituído pelo controle eletrônico, muito mais eficiente, sem o desconforto dos ruídos provocados pelo sistema mecânico”, afirma Castilho (Foto 15).

Apesar do sistema de freio atualmente estar monitorado eletronicamente, Maurício ainda classifica como tranquilo o reparo deste componente. Muitos dos “defeitos” reclamados pelos clientes em verdade são fruto da falta de intimidade do condutor com este tipo de sistema que guarda características especiais de dirigibilidade em relação ao sistema convencional. “Já enfrentei reclamação sobre vibrações no pedal que não é defeito, mas característica normal do ABS em determinadas condições de uso”, acrescenta.

Já em relação à conservação do sistema Mauricio esclarece: “Como reparador, devemos nos atentar às manutenções preventivas: uma delas é a troca do fluido de freio e a colocação do DOT correto. O fluido, por ser hidroscópico (absorve a umidade do ar), deve ser substituído a cada dois anos para que esta umidade não oxide as peças internas do sistema ABS. A maior quantidade de reparos que temos feitos neste sistema é por conta de travamentos que ocorrem nos pistões da bomba do ABS”. 

SUSPENSÃO DIANTEIRA
Nessa área, os reparadores não ressaltam muitas mudanças com relação ao modelo anterior (Fotos 16 e 17).

“Identifico a dificuldade para trocar os amortecedores dianteiros. Para termos acesso aos parafusos de fixação, temos que remover uma proteção de plástico”, relata Castilho (Foto 18).

Este modelo de fixação da bucha do braço oscilante dianteiro (bandeja inferior) absorve mais impacto e filtra os mais os ruídos ao habitáculo, mas os reparos são mais constantes, devido a rachaduras que ocorrem na parte de borracha do coxim, pela condição de elasticidade a que ele é submetido, segundo Maurício.

Já na suspensão traseira, Maurício verifica que, para trocar o amortecedor, não há tanta dificuldade, pois o acesso foi aprimorado.

“Isso é bom, pois tem clientes que colocam caixas de som seladas no compartimento de bagagem, o que dificulta o acesso aos parafusos de fixação dos amortecedores traseiros. Nem sempre o cliente entende o aumento do valor de mão de obra devido a este serviço extra. Com esta facilidade que vi no modelo, o estresse com o cliente diminuirá”, prevê Maurício.

SISTEMA ELÉTRICO
“Percebo uma novidade positiva: as versões LT e LTZ são equipadas com o sistema MyLink - comandos multifuncionais no volante - enquanto os modelos automáticos permanecem com o comando do piloto automático no volante (Foto 20). Com estes dispositivos, devemos prestar bastante atenção ao efetuar um reparo em veículos que compõem este sistema: saber o que está fazendo é primordial para não termos prejuízo”, adverte Castilho (Foto 21).

A cada ano, mais dispositivos com comandos elétricos são utilizados nos veículos, como abertura do porta-malas por controle remoto, air bag duplo, alarme antifurto, ar-condicionado, sistemas de luz “leve-me” e “siga-me”, trava elétrica da tampa de combustível, trava elétrica nas portas, vidro elétrico nas portas com acionamento por “um toque”, com sistema anti esmagamento, e fechamento e abertura automáticos pela chave. “Todos estes ligados a componentes mecânicos; com isso, temos que investir em treinamentos”, concordam Maurício e Castilho (Foto 22).

“No sistema de partida, peguei um caso em que o motor não tinha sinal de partida. Felizmente, o acesso não era muito difícil e foi resolvido com facilidade”, relata Castilho.

INFORMAÇÃO TÉCNICA
“Como trabalhei muitos anos em concessionária GM, e opero com a marca hoje, me sinto muito confortável quando consigo as informações da própria fonte e parabenizo a GM por sua constante presença junto aos reparadores nos trabalhos comunicação, porém em função da rápida evolução das tecnologias é importante que a montadora fique atenta em fornecer informação para nós, como é o caso do próprio Onix”, sustenta Maurício.

“Quando temos facilidade de reparar um veiculo, o que depende basicamente de disponibilidade de peças e informação técnica, os proprietários ficam mais confiantes, pois sabem que não ficam reféns das concessionárias para efetuar as manutenções em seus veículos”. Esta observação de Castilho reflete bem a realidade do mercado, pois no Brasil todos os produtos cujas montadoras procuraram “criptografar” a manutenção, para, por força de uma “reserva tecnológica” manter o cliente refém da concessionária, experimentaram grandes desvalorizações na revenda  e acabaram saindo de produção: “As montadoras precisam entender a real dinâmica do mercado e principalmente respeitar a preferência do dono do carro e se souberem compor uma parceria com a oficina independente, na contrapartida ajudamos a vender mais”, esclarece Castilho.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO
A logística está mudando um pouco: há alguns anos, peças originais da montadora eram muito caras e ficava evidente que as próprias concessionarias não tinham foco neste tipo de atividade. Porém este quadro está mudando e a maioria das montadoras e suas redes de concessionárias já dão sinais efetivos as oficinas que pretendem mudar este cenário:

“Hoje, devido à concorrência e com a vinda de mais montadoras, elas perceberam um mercado que não exploravam. No caso da GM o movimento de aproximação conosco é claro, pois além da comunicação, algumas concessionárias começaram a agilizar o processo de atendimento para oficinas, em alguns momentos, mesmo que o preço não seja o melhor às vezes, porém com condições de pagamento diferenciada podemos ter acesso a uma peça 100% garantida”, explica Castilho com a concordância de Maurício.

Com isso, a forma deles comprarem peças também mudou: “Hoje em minha oficina, 80% são de peças originais da montadora, pois tenho condições especiais, bom atendimento, garantia e a peça chega em um prazo razoável. Mesmo em caso de peças mais comuns, como filtros, sistema de freios e lubrificantes, adquiro as originais. Os 20% restantes ficam por conta do mercado independente comprando às vezes na lojas e outras direto nos distribuidores”, relata Castilho. Na oficina de Maurício, os índices são os mesmos. 

A média de compras destas duas oficinas diretamente na concessionária está bastante acima da média do mercado medida pela CINAU (Central de Inteligência Automotiva) que indica uma média nacional de 20% de compras na concessionária e o restante dividido entre varejos (50%), distribuidores (25 %) e as peças “trazidas” pelo próprio dono do carro (5%).