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Chegaremos lá


Na última edição concluímos nosso EDITORIAL às vésperas do sete de setembro, num cenário preocupante de ameaça de greve dos caminheiros e desdobramentos desses fatos que poderiam comprometer (ainda mais) o ambiente político e econômico do Brasil

Por: Grupo Oficina Brasil - 22 de outubro de 2021

Apesar da situação tensa o pior não aconteceu, mas a torcida de parcela significativa do Congresso, STF, brasileiros e quase totalidade dos meios de comunicação para o Brasil não dar certo é grande e com fortes chances de se concretizar nas eleições de 2022.

Porém, apesar de todas as ameaças e incertezas a previsão do PULSO DO AFTERMARKET se reconfirma e já acumulamos um crescimento de 9,27%, ou seja, é certo que superaremos os 10%, o que é excelente.

Se o Brasil não acabou (ainda) um fato que acende uma luz amarela no desempenho de nosso setor diz respeito ao recrudescimento da percepção de falta de peças entre as oficinas, que subiu cinco pontos percentuais na medição do mês de setembro (veja a matéria). 

Esta situação surpreende, pois o indicador apresentou queda consecutiva por quatro medições, nos levando a crer que o pior já havia passado e o abastecimento caminhava para a normalidade.

Vamos aguardar as próximas medições para entendermos se este foi apenas um “soluço” combinado a margem de erro da pesquisa, ou o problema voltará a comprometer o desempenho do nosso setor.

Uma coisa é certa: se não fosse a falta de peças o setor cresceria de forma ainda mais robusta, pois as oficinas estão conseguindo realizar os serviços porém o tempo médio de reparo, consequentemente a produtividade, tem sido prejudicada pelo tempo que está sendo gasto para encontrar peças.

Prova disso é a corrida à internet que encontra justificativa no desespero dos reparadores na busca de peças, porém este meio não consegue entregar produtividade às oficinas na hora de ter acesso ao insumo crítico das reparadoras e nem de longe consegue igualar a eficiência dos fornecedores tradicionais das oficinas quando o abastecimento de peças é normal.

Culpa da internet? Em parte, sim no quesito logística, pois dificilmente o meio digital poderá competir com as duas horas que representa o tempo médio de entrega de peças por parte dos fornecedores tradicionais. Porém o grande gargalo do ambiente digital é a falta de um catálogo universal de padronização de aplicabilidade (cross reference) que integre as aplicações dos inúmeros fabricantes das centenas de milhares de part numbers de peças.

Sem este catálogo as chances de comprar peças erradas na internet são imensas, pelo menos no mercado de reposição independente, pois a maioria das montadoras já oferecem um catálogo unificado que é o “Parts-Link”, e neste sentido as concessionárias já possuem uma vantagem competitiva em relação ao mercado independente.

Outro problema relatado pelos reparadores são as compras de peças de primeira linha, mas quando da entrega percebem que se trata de produto de fabricante duvidoso ou até mesmo falsificada. 

A verdade é que a internet, nesta pandemia, está tendo sua grande oportunidade em avançar na preferência de compra das oficinas, e os números da CINAU indicam que a tentativa de compra na internet, por parte da oficinas, cresceu mais de 300% neste momento do mercado.

Porém, quando olhamos o índice de experiência de compras erradas com registros acima de 60% fica fácil concluir que este movimento não é sustentável e a internet não conseguirá roubar espaço dos fornecedores tradicionais das oficinas, assim que o mercado se regularizar.

Diante desses fatos é fácil prever que em futuro breve, pois a criação de um catálogo universal está longe de ser materializada, com a normalização do abastecimento de peças a internet voltará a ser a parceira da oficina apenas na busca das peças do tipo “mosca branca”.

Com mais de 30 anos de “janela” no segmento de aftermarket percebemos é que o mercado de reposição sempre foi muito generoso com seus players pois sempre remunerou e promoveu crescimento. Por outro lado, também identificamos que os fabricantes e principalmente os agentes comerciais da cadeia sempre estiveram, de fato, de costas para o principal shopper do mercado de reposição que é a oficina.

Só mais recentemente começamos a observar um movimento da supplay chain em direção à oficina, fato este comprovado pela multiplicidade de novos modelos de negócios como distribuidores regionais, atacarejos locais, regionais e nacionais, redes de lojas, concessionárias sem entrar no detalhe do grandes distribuidores atacadistas nacionais (os “clássicos”) pois alguns passaram a vender direto para oficinas, enfim, parece que a cadeia “acordou” e agora o  foco (finalmente) está na venda para a oficina.

Estes movimentos facilitaram o acesso da oficina ao seu insumo básico, trazendo produtividade para as reparadoras, lembrando que pelas características do negócio da reparação a produtividade não tem relação direta com o preço da peça, mas muito mais com a exatidão e rapidez com que é aplicada ao veículo do cliente da oficina.

Diante dessa realidade é possível que a internet nunca venha a conseguir competir com os atuais modelos de negócios dos fornecedores/parceiros das oficinas, de qualquer forma a resposta a esta questão está em se dedicar ao estudo da oficina como uma empresa e não como um consumidor “comum” e que sempre foi subestimado em suas reais necessidades pelos arquitetos dos modelos digitais. 
Boa leitura e até a próxima edição.