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Caravan de Luxe, nossa primeira station wagon trouxe conforto e desempenho às famílias brasileiras


Oferecida com motores potentes e amplos porta-malas, a Caravan reinou absoluta no segmento de peruas por 12 anos

Por: Anderson Nunes - 03 de agosto de 2019

Uma das grandes novidades do 9º Salão do Automóvel de 1974 foi o lançamento da perua média Opala Caravan. O interesse que o modelo despertou na ocasião do evento foi muito bom, o que mostrou que o consumidor aguardava um veículo familiar na dimensão da Caravan. Vale ressaltar que a General Motors foi a pioneira na fabricação de peruas nacionais, com a Amazonas, que recebeu o nome de C-1416 e, finalmente, passou a se chamar Veraneio. 

No outro extremo, em 1970, a Volkswagen lançou a Variant, abrindo um novo mercado - os das peruas médio-pequenas. Logo em seguida apareceu a Belina, da Ford, na mesma faixa da Variant. Embora a Variant e a Belina tivessem uma boa capacidade de carga, o mercado brasileiro ressentia a falta de uma “Station Wagon” – uma perua grande, porém mais econômica do que a Veraneio e mais espaçosa internamente do que as rivais citadas acima. 

A General Motors preencheu essa lacuna, com a Caravan, derivada da linha Opala, da qual mantinha o visual e a consagrada mecânica que já havia se mostrado competente no sedã. Esse conjunto assegurou o sucesso da perua médio-grande da GM durante os 12 anos em que permaneceu em produção.

APENAS DUAS PORTAS

O projeto da Caravan começou a ser desenvolvido logo depois do lançamento do Opala, em 1969, mas acabou por ser adiado por causa dos esforços para o lançamento do Chevette, na ocasião era mais urgente para manter a GM competitiva no mercado. A Caravan mantinha o mesmo desenho básico do Opala— mas com apenas duas portas, dentro da preferência do mercado nacional na época. 

A perua oferecia os conhecidos motores de 2,5 e 4,1 litros, um grande porta-malas e servofreio de série. O estepe ficava na lateral do compartimento de bagagem, como no Opala, mas o bocal do tanque precisou ser deslocado para a lateral esquerda. A reformulação estética em toda a linha afetava apenas a frente e a traseira, como todas as que lhe seriam impostas até o fim de produção.

O capô passava a abrir para frente por razão de segurança, pois no evento de abertura involuntária em movimento a força do ar o manteria fechado. Os faróis circulares estavam separados da grade e traziam quatro luzes de direção nos cantos, em conjunto inspirado pelo Chevelle 1971 da matriz. Atrás, em vez das pequenas lanternas retangulares havia quatro circulares, as internas com a luz de ré integrada.

Por dentro, o painel manteve a mesma linha encontrada nos Opalas. Os instrumentos resumiam-se a dois grandes mostradores: o da esquerda continha os medidores do nível de combustível e temperatura da água, ao centro um pequeno relógio de horas e à direita velocímetro. Nas extremidades, havia duas saídas de ar de formato circular com regulagem para o fluxo de ar. Na parte superior foi aplicado um material do tipo acolchoado. Já o porta-luvas recebeu um novo desenho, o que permitiu aumentar o volume do seu compartimento. 

Como padrão, a Caravan vinha de fábrica com bancos dianteiros inteiriços, mas havia como opcionais dois tipos de bancos individuais: de encostos baixos ou encostos altos com apoios de cabeça integrados.  Em ambos os casos eram acrescentados um console central com dois porta-objetos que facilitavam a organização interior. Já banco traseiro permitia que o assento fosse puxado para frente, e o encosto, depois de destravado por meio de uma pequena alavanca, fosse deitado no assoalho, o que permitia aumentar a capacidade total de carga.

Desse modo o compartimento de carga passava dos 774 litros com o banco levantado para 1.460 litros com ele rebatido. 
Na lista de opcionais havia o câmbio manual de quatro marchas com alavanca no assoalho, transmissão automática de três velocidades, direção com assistência hidráulica, ar-condicionado, sistema de som e o bagageiro de teto, que aumentava ainda mais a capacidade de carga.

ATUALIZAÇÕES MECÂNICAS

Na parte mecânica, a Caravan também chegou com alguns aprimoramentos no motor de seis cilindros e 4,1 litros. Na linha 1975, a GM instalou um carburador de corpo duplo, novo comando de válvulas e coletor de admissão confeccionado em alumínio. Com isso a potência passou de 140 cv para 148 cv. Outra modificação foi feita no sistema de refrigeração. O motor de seis cilindros passou a ser equipado com radiador do tipo selado.

 Ao lançar a linha 1976, a General Motors deu ênfase à economia de combustível. A taxa de compressão subia nos motores para 1976 (de 7:1 para 7,5:1) e o 151-S, antes restrito ao SS-4, estava disponível em toda a linha. O acabamento interno vinha monocromático em preto ou marrom. Já a transmissão automática vinha com alavanca no console. A Caravan faturou o prêmio Carro do Ano 1976, promovido pela revista Auto Esporte. 

Um novo escalonamento da caixa manual de quatro marchas era oferecido em 1977, tanto para o motor de quatro cilindros quanto para o de seis cilindros. Desde o SS — primeiro Opala com tal transmissão —, a quarta marcha era direta, o que não representava redução de consumo e nível de ruído em rodovia comparado ao antigo de três marchas. Isso mudava com a transmissão dotada de sobremarcha, em que a terceira era direta e a quarta tinha relação 0,86:1, ou seja, 14% mais longa.

Isso resultava em um carro mais silencioso e econômico em velocidades de viagem, mas a solução durou pouco tempo.

GM AMPLIA AS OPÇÕES

A Caravan já havia se mostrado um sucesso de vendas e para manter a boa imagem a GM decidiu preencher as lacunas com novas versões de acabamento. Em 1978 chega ao mercado a versão com interior monocromático vinho, tonalidade esta presente no painel, carpete, revestimento dos bancos e laterais das portas. Outra novidade era a coluna de direção com sistema anti-penetrante. 

Na mesma ocasião foi apresentada nossa primeira perua esportiva, a Caravan SS. A perua seguia a mesma receita visual aplicada ao cupê, que incluía retrovisores esportivos em ambos os lados (novidade do ano), grade redesenhada e faróis auxiliares de neblina e de longo alcance. Nas laterais largas faixas pretas com a insígnia SS nos para-lamas dianteiros, mesmo tom de pintura aplicada ao capô. No interior o painel recebia conta-giros, volante esportivo de três raios e bancos com apoios de cabeça integrados. O cliente podia optar pelo motor 250-S de 171 cv ou quatro cilindros 151-S de 98 cv. 

Já na segunda metade de 1978 a Caravan passa a contar com o acabamento de luxo Comodoro, antes restrito ao sedã Opala. As laterais de porta apresentavam um material que imitava couro. A faixa em que a maçaneta era inserida tinha revestido de plástico que simulava madeira, enquanto a parte inferior da porta, delimitada por um friso cromado, era forrada de carpete, o mesmo aplicado no assoalho. Entre os bancos foi adicionado um console central com um relógio de horas.

A receita mecânica seguia ao do sedã com opções de motores de quatro cilindros e seis cilindros, acopladas às transmissões manuais de três ou quatro marchas, além da automática de três velocidades. 

A linha 1979 trazia carburador de corpo duplo em dois estágios, tanque de combustível de maior capacidade (65 litros, 10 a mais) e freio de estacionamento com alavanca entre os bancos. A grade dianteira passou a ser dividida em quatro partes. No acabamento interno houve uma melhora com a aplicação de revestimento em curvin, envolvidos em tecido cotelê. Outra boa novidade foi a inclusão do retrovisor interno dia e noite de fábrica. 

Após cinco anos mantendo o mesmo visual padrão, uma reestilização mais abrangente linha na Opala/Caravan foi apresentada em 1980. Capô e tampa do porta-malas adotavam formas retilíneas, tão em voga na época, e faróis e lanternas traseiras passavam a ser retangulares (estas trapezoidais na Caravan) com luzes de direção envolventes. Os para-choques mais espessos tinham uma faixa central em preto e, no SS, eram pintados na cor da carroceria em vez de cromados.

Estas mudanças estéticas e internas, nós da seção Do Fundo do Baú, vamos abordar futuramente em outra reportagem mais detalhada.

4 PORTAS NÃO OFICIAIS

Embora existisse desde 1966 na Opel Rekord Caravan C alemã a versão de quatro portas, esta opção nunca foi oferecida pela GMB. Tal fato só ocorreu pela preferência do mercado nacional na época por este tipo de carroceria. 

Foi então que a Guaporé, concessionária autorizada Chevrolet de São Paulo (SP), lançou a Caravan GPS 4. A transformação consistia em adicionar as quatro portas do Opala à carroceria da perua. A transformadora Sulam, de São Paulo (SP), também fez uma versão com duas portas adicionais na Caravan, e a batizou de Caravan Executiva. 

MODELO QUE MARCOU ÉPOCA

Assim como o Chevrolet Opala, a perua Caravan também está em alta no mercado de carros colecionáveis. Isso é notório quando fazemos uma rápida pesquisa na internet e nos deparamos com modelos à venda. É o caso da Chevrolet Caravan modelo Luxo que ilustra essa reportagem. As imagens foram cedidas gentilmente pela loja Garage d’época, localizada na cidade de Bauro (SP).

Pertencente ao ano de 1977, esta Caravan azul conta com apena 82 mil km rodados. O modelo, que marcou época, guarda sua originalidade nos vidros todos de fábrica com o logotipo GM, nos pneus modelo Super Águia, além dos frisos cromados que circundam a carroceria. No interior chama a atenção os bancos inteiriços na dianteira e o painel que nunca recebeu rádio. 

A Caravan está equipada com o motor 2,5 litros de quatro cilindros acoplado à transmissão manual de três velocidades com alavanca na coluna de direção.