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Problema intermitente tirou a paciência de vários reparadores até ser solucionado


Após passar várias oficinas independentes e também por concessionárias da marca, profissional entrevistado solucionou defeito no sistema de carga do GM Corsa Sedan 1.0 VHC

Por: Fernando Naccari e Paulo Handa - 14 de outubro de 2014

O reparador Anderson e o problemático Corsa VHCNesta matéria, iremos mostrar o caso de um defeito muito comum, mas que os  reparadores têm dificuldade no diagnóstico, trocando muitas peças desnecessariamente e aumentando o período que o veículo fica na oficina realizando a manutenção, fazendo o reparador ‘perder os cabelos’ e o cliente ter um alto custo no reparo.

Encontramos um destes casos com o reparador Anderson Lima de Souza. Com 33 anos de idade, possui 4 anos dedicados à profissão iniciada (e onde está nos dias de hoje) na Mecânica Automotiva Confiança localizada no bairro de São Miguel Paulista na capital de São Paulo. “Comecei essa ‘empreitada’ junto com meu irmão que é reparador há muito mais tempo, mas com o passar dos anos, continuei sozinho nessa caminhada”. 

O DEFEITO
O problema estava em um GM Corsa Sedan 2005 com 65.630km rodados. O veículo possui o conhecido motor VHC 1.0 8V a gasolina (FOTO 1) gerenciado pelo sistema de injeção Delphi Multec HC10YEH. Este propulsor, quando quente, apresentava oscilação grande na marcha-lenta e, em determinadas situações, vazios na aceleração. “Incrivelmente, o problema esteve presente por 3 anos neste carro e, neste período, passou por vários reparadores e três concessionárias onde alegaram que o carro não tinha um defeito, mas que isso era uma característica do produto e não tinha solução, enfim, um absurdo”, relatou Anderson.

Foto 1Segundo Anderson, o proprietário do veículo consultou outras pessoas que possuíam o veículo, mas estes relataram a inexistência desta anomalia. “Numa destas pesquisas, um cliente meu lhe indicou a nossa oficina”, disse Anderson.

Quando Anderson recebeu o veículo para o diagnóstico, notou que muita coisa já havia sido feita na tentativa de solucionar a falha. “No momento do primeiro diagnóstico verificamos que já haviam sido trocadas diversas peças como velas, cabos, Sensor de temperatura, sonda lambda e muito mais coisas. Assim, iniciei o diagnóstico colocando o scanner para leitura e observei que não havia nenhuma falha presente ou passada no sistema. Neste momento já percebi que iria ter muito trabalho pela frente”.

PASSO-A-PASSO 
A sequência do procedimento seguido, segundo Anderson, foi aprendida em um curso de injeção eletrônica que fez no SENAI. Esta sequência para a detecção do problema é a que veremos a seguir:

- Verificar nível, eficiência e período de troca do óleo do motor (FOTO 2);

- Conferência do nível de fluido de arrefecimento e quantidade de aditivo. Nesta etapa, o primeiro problema encontrado, pois o veículo utilizava água pura e não continha etileno-glicol. Além de inseri-lo na proporção correta, é recomendada a utilização de água desmineralizada nessa mistura (FOTO 3);

Foto 2 e Foto 3- Análise do tipo combustível que está no tanque e sua qualidade. O teste da bureta que verifica a proporção de mistura de etanol na gasolina é o mais indicado (FOTO 4);

- Conferência da pressão e vazão do combustível no sistema (FOTO 5);

Foto 4 e Foto 5- Verificação da compressão dos cilindros do motor (FOTO 6);

- Teste de eficiência de vazão dos cilindros com relógio específico (FOTO 7);

Foto 7 e Foto 8- Conferência da eficiência dos componentes do sistema de ignição como cabos, velas e bobinas, por exemplo (FOTO 8);

- Carga da Bateria, tensão e corrente enviada do alternador (FOTO 9).

Foto 9 e Foto 10Bingo! Foi nesta hora que o reparador ‘matou a charada’. “O sistema de carga apresentava um defeito intermitente que, quando o motor estava em temperatura de trabalho, não enviava a tensão e corrente necessária para carregar a bateria. Com uma rotação acima de 2.500rpm o alternador deveria enviar em torno de 13,9V a 14.5V e isso não ocorria. Já em marcha-lenta, a situação piorava e a tensão caía ainda mais, acentuando-se quando a rotação oscilava”, explicou Anderson (FOTOS 10 e 10A). 

DEFEITO INTERMITENTE 
Como sabemos detectar, a causa de uma falha não é das tarefas a mais simples, ainda mais quando esta é intermitente. “Precisei que o veículo ficasse alguns dias na minha oficina e que eu acompanhasse seu funcionamento e notar em qual situação ele se manifestava. Em alguns casos, o deixava por horas funcionando em marcha-lenta em minha oficina. Nestes testes observei também que, quando a tensão abaixava, o sistema acusava erro no sensor lambda que havia sido substituído por outro reparador, mas isso só ocorria devido à baixa tensão da bateria, não que o sensor estava danificado”, relatou Anderson (FOTO 11). 

Foto 10A e Foto 11Com a ajuda de um osciloscópio, observou-se que o atuador de marcha-lenta não conseguia corrigir de forma correta os passos quando a tensão baixava (FOTO 12). “Com isso provocava a oscilação da marcha-lenta e vazios na aceleração. Como este problema estava ocorrendo há muito tempo, em alguns momentos, o atuador (FOTO 12A) de marcha-lenta chegava a deixar de funcionar.”, explicou Anderson. 

Foto 12 e Foto 12ASegundo Anderson, com este problema ocorrendo, a injeção eletrônica trabalha ‘confusa’, pois toda sua estratégia de funcionamento é baseada em tensão e corrente nominais. “Com este problema, a central de injeção ficava acionando o atuador da marcha-lenta intermitentemente, fazendo com que a peça apresentasse desgaste mecânico em seu fuso, não obedecendo instantaneamente às solicitações da ECU. Junto à correção no conjunto alternador, bateria e atuador de marcha-lenta, o defeito foi solucionado”, finalizou o reparador.