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Muitas vezes na oficina, o diagnóstico dá trabalho. Foi o caso da Pajero TR4 Flex


Falha no motor, apesar de simples, se tornou uma grande dor de cabeça para o reparador.  O veículo que chegou a oficina independente com 9.686Km rodados, foi uma incógnita para os profissionais

Por: Fernando Naccari Alves Martins - 28 de janeiro de 2013

Reunindo todas as características off-road necessárias, dentre elas: durabilidade, resistência e desempenho “fora de estrada”, Mitsubishi Pajero TR4 Flex é um dos mais populares veículos da marca presentes em nossas ruas. 

Todo esse sucesso tem que ser respaldado por uma manutenção adequada e com relativa periodicidade.

Foto 1A FALHA
A oficina Auto Lapa, localizada no bairro da Lapa, zona Oeste de São Paulo, possui um cliente com um Pajero TR4 Flex 2.0, ano 2007. O reparador Marcelo Gomes, proprietário da oficina, informou que o veículo esteve há 12 meses em manutenção para trocas de velas e cabos e que desde aquela época até agora, o carro que rodou somente 2.000Km, retornou com perda de desempenho. Tal observação fez o reparador concluir que o Pajero é pouco usado pelo seu dono. “Um veículo que utiliza a tecnologia flex de combustível não pode ficar muito tempo parado se abastecido com álcool. Quando isso ocorre, devido ao etanol possuir uma determinada quantidade de água no combustível, esta costuma oxidar as velas, mesmo que ainda estejam novas”, explica Marcelo. Acompanhe o passo a passo da detecção da falha e a solução.

DIAGNÓSTICO
Como primeira parte do processo, o reparador Marcelo fez a leitura do sistema de injeção com um scanner. Com este, nenhuma falha foi apontada. (Foto 1)

A próxima etapa foi retirar uma amostra do combustível, que atualmente era gasolina, para verificarmos se este possuía algum resquício de etanol. (Foto 2 e 2A)

Foto 2 e 2A

Embora não seja divulgado, nem todas as proporções de mistura entre etanol e gasolina são ideias para o funcionamento do motor. Vale lembrar que a gasolina comercializada em nosso país já possui 25% de etanol na mistura. Quando acrescentamos mais etanol no tanque junto a ele também há água. Se este volume de água aumentar muito, há riscos de danos ao motor.

Foto 3Após a leitura na bureta, constatou-se que a porcentagem de etanol na gasolina era equivalente a 25%, ou seja, o tanque de combustível possuía apenas gasolina.

Após o reparador verificar que o combustível não estava adulterado, decidiu partir para outro diagnóstico. A partir de então se instalou um manômetro na entrada de alimentação de combustível e a saída do manômetro na entrada do filtro de combustível. (Foto 3) 

O reparador ligou a ignição para conferir qual a pressão que a bomba estava pressurizando o sistema, assim, o valor obtido foi 2bar, valor de acordo com o que o sistema deve trabalhar.

Em seguida, o reparador acelerou o veículo abruptamente (condição onde ocorria a maior incidência de falhas do motor) para conferir se haveria quedas de pressão no sistema, mas nada foi notado.

Com este teste o reparador certificou-se que quanto ao sistema de alimentação, não havia nenhuma falha.

Em seguida, verificou-se com um medidor de vazão se havia algum tipo de obstrução nos bicos injetores e, com este notou-se que esta não era a mesma para os quatro bicos, portanto, Marcelo decidiu retirar os bicos

injetores e coloca-los dentro do aparelho de ultrassom, onde este fará a limpeza dos mesmos.

Para retirá-los, faça o seguinte procedimento:
1) Retire os parafusos das abraçadeiras que fixam a tubulação de ar ligada do filtro de ar ao corpo de borboletas; (Fotos 4 e 4A)

Foto 4 e 4A2) Solte os parafusos que fixam a tubulação à tampa do cabeçote;

3) Desencaixe-a das abraçadeiras e remova-a; (Foto 5)

4) Retire as abraçadeiras;

5) Removas os quatro parafusos que fixam o corpo de borboleta à admissão; (Foto 6)

Foto 5 e 6

6) Remova os conectores responsáveis por transmitir à UCE  os sinais dos sensores de posição do corpo de borboleta; (Foto 7)

7) Com auxílio de uma chave de fenda, remova os cabos responsáveis por comandar a borboleta de aceleração do motor;
Note que após este procedimento, a galeria de distribuição de combustível aos bicos terá o acesso facilitado. Para dar sequência a retirada:

8) Desconecte a mangueira de alimentação de combustível; (Foto 8)

Foto 7 e 89) Solte os parafusos de fixação da galeria; (Fotos 9 e 9A)

Foto 9 e 9A

10) Retire com cuidado a mesma. (Foto 10)

NA BANCADA
11) Remova os bicos injetores da galeria, retirando a trava metálica existente entre eles; (Foto 11)

Foto 10 e 1112) Lave os bicos injetores com gasolina; (Foto 12)

13) Conecte os bicos injetores aos conectores do aparelho de ultrassom e insira-os dentro do líquido de limpeza e aguarde 40 minutos até o fim do processo. (Foto 13)

Foto 12 e 13

Após esse tempo, repita o processo de 13) a 1) para a montagem do conjunto.

Com o sistema montado, Marcelo deu partida no motor do veículo e, para sua surpresa, o defeito persistia.

SOLUÇÃO SIMPLES
“Acelerando o carro dá para perceber que está ocorrendo falha de ignição, aparentemente no 2º ou 4º cilindro, mas será necessário remover as velas para um melhor diagnóstico”, comentou Marcelo.

Para remover as velas não há segredos, basta puxar os cabos de vela que ficam localizados na parte superior do cabeçote e, com a chave de velas, removê-las.

“Analisando-as percebemos que não há nenhuma irregularidade, todas estão com características ideias de funcionamento, portanto, teremos que analisar se a bobina de ignição está com funcionamento adequado”, explica Marcelo.

“Vamos substituir a bobina de ignição por uma nova para ver se o funcionamento do motor irá se estabilizar”, disse Marcelo. Porém, mais uma vez a manutenção não surtiu efeito algum.

“Nossa última alternativa para verificação são os cabos de vela”, disse Marcelo.

Substituindo os cabos de vela o defeito do veículo foi solucionado.