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Diagnóstico com Scanner vai além do uso do equipamento, é preciso saber interpretar - defeitos UCE (unidade de controle eletrônico)


Vimos no mês passado as características técnicas e a importância do parâmetro temperatura do motor para as estratégias da UCE (unidade de controle eletrônico), agora vamos acompanhar alguns defeitos

Por: Diogo Vieira - 01 de abril de 2019

Casos práticos de veículos com problemas no sistema de arrefecimento permitirão o melhor entendimento.   

CORSA WIND 1.0 1996 

Este veículo possui injeção monoponto, isto é, apenas um injetor instalado próximo à borboleta de aceleração suprindo a demanda de combustível para cada cilindro.  Outra particularidade é a sonda lambda que possui apenas 1 fio:  fio de sinal ao módulo. 

Diferente das sondas lambdas dos veículos atuais que possuem 4 fios, a sonda do Corsa não possui resistência de aquecimento. Como sabemos, o elemento cerâmico da sonda lambda começa a trabalhar somente se a temperatura for superior a 350°Celsius.  Isso exige que o veículo trabalhe com a temperatura padrão e não admite “adaptações técnicas” no sistema que controla o eletroventilador e muito menos a eliminação da válvula termostática. 

Infelizmente vemos muitas adaptações no termointerruptor (cebolão) que fazem o carro trabalhar mais frio.  Por consequência, a sonda fica inoperante e há aumento de consumo de combustível e alteração na marcha lenta.  A temperatura de disparo do termointerruptor deste veículo é 100°C/95°C e da válvula termostática é de 92°C.  Ao receber este carro na oficina, observe a temperatura no scanner quando o eletroventilador é acionado. 

SANTANA 1.8 MI 

Se estiver um Santana na sua oficina marcando uma determinada temperatura no scanner e outra temperatura no radiador (medindo com um termômetro), o condutor do veículo apresentar queixas de marcha lenta irregular, partida difícil ou alto consumo, o sensor de temperatura d’água (também chamado de plug eletrônico) merece uma atenção especial.    

Muito comum a aplicação incorreta do sensor neste modelo de veículo.  Na troca de um plug eletrônico, faça o uso de um catálogo de peças.   Nunca compre um sensor pela cor, rosca ou tamanho.  Não leve o sensor velho de amostra para comprar um novo, pois se a aplicação já estiver errada, você colocará um defeito no veículo.   

Também é dever do reparador conferir a correta aplicação do sensor quando receber das autopeças, não confiando plenamente no vendedor do balcão. Sensores semelhantes externamente em tamanho e cor podem ter curvas de resistências diferentes internamente.  Lembre-se que a informação de temperatura d’água é importante para cálculos de tempo de injeção, avanço e é essencial para diversas rotinas da UCE. 

GOL 1.0 16V MI 

O sensor usado neste veículo é quadripolar: dois polos vão ao painel de instrumentos e os outros dois polos vão para UCE.

Comum neste veículo ocorrer defeito no sensor, zinabre ou conector sujo de óleo.  Quando temos um problema, a temperatura no scanner não condiz com a real temperatura do motor ou em casos de circuito aberto, lemos a informação de -40°C (menos quarenta graus Celsius) no scanner.  Nesta condição, o veículo apresenta dificuldades para entrar em funcionamento.

 

TESTES COM OSCILOSCÓPIO 

Testes de sensores de temperatura com osciloscópio são raramente feitos.  A informação mostrada no scanner muitas vezes já é suficiente.  A figura 5 mostra a curva de tensão x tempo em um Palio Fire, desde o momento da partida com 35°C até atingir a temperatura de 96°C no momento que dispara o eletroventilador. 

Ecosport 1.6 Flex.  Falha P1432:  Falha no circuito de controle do aquecedor do termostato - E falando de temperatura do sistema de arrefecimento, logicamente que não poderíamos deixar de fora o clássico DTC (Diagnostic Trouble Code) da Ecosport flex.  Antes de continuar, vamos dar uma revisada sobre o funcionamento da válvula termostática (ou termostato). 

A função do termostato é garantir que o fluido refrigerante aqueça mais rápido e em seguida, que seja mantido a uma temperatura constante.  Sabemos que motores modernos funcionam com mais eficiência quando aquecidos e que a fase fria emite maior quantidade de poluentes na atmosfera. 

Com o motor frio, o termostato controla o fluido refrigerante de tal modo que o fluxo seja bloqueado para o radiador e recircule no motor.  Com determinada temperatura, o termostato aquecido pelo fluido refrigerante abre e permite que o fluido seja direcionado ao radiador.  Isto é possível devido à atuação da cera expansiva dentro de uma cápsula que, ao variar seu volume, empurra um pistão.  

Na Ecosport Flex, a cera expansiva do termostato aquece com outro agente, fora o fluido refrigerante: uma resistência elétrica do tipo PTC que é controlada pela UCE (Unidade de Controle Eletrônico). Dessa forma, a UCE como seus mapas internos, controla o termostato de acordo com a carga aplicada ao motor, temperatura  enviada  pelo plug eletrônico  e ajustando-o  de acordo com o combustível utilizado. 

A figura 8 mostra o diagrama elétrico do aquecedor do termostato ligado à UCE. O pino 02 recebe uma alimentação positiva que vem do fusível F30.  O pino 01 recebe pulsos negativos oriundos da UCE, no pino 42. 

Quando temos um código de falha P1432, a UCE entende que há uma interrupção neste circuito elétrico.  Iremos agora fazer um estudo para determinar onde se encontra a falha neste circuito: 

- Falha na alimentação positiva.  Com o motor funcionando na marcha lenta, teremos que encontrar uma alimentação positiva no pino 02 do conector ligado ao termostato.  E como deve ser realizado este teste? Somente com multímetro? Caneta de polaridade? Somente com osciloscópio?  Nenhum destes.  Peço licença aos reparadores para discordar da maioria das literaturas escritas sobre este assunto.  Você pode estar confuso neste momento, já que foi instruído a usar somente o multímetro para checar uma alimentação que chega em determinado atuador.   

Entretanto, explicaremos nas próximas linhas o nosso ponto de vista numa linguagem simples para que o colega reparador possa entender.  A resistência elétrica do termostato da Ford é um atuador, ou seja, um componente que atende os comandos elétricos da UCE.  Sabemos que resistências elétricas aquecedoras têm um grande consumo de corrente.  Para que o entendimento fique mais fácil ainda, faremos uma comparação com o aquecedor do chuveiro elétrico da sua casa: Quando ligado, o consumo de energia elétrica aumenta, consequentemente o valor pago em R$ na sua conta também aumenta.  Outro detalhe é que a fiação que deve chegar ao chuveiro deve ter uma bitola correta para não esquentar, pois a corrente consumida é alta.  O que queremos mostrar é que a alimentação da resistência tem que ser boa, “forte” por assim dizer.  Ligar simplesmente os fios de um multímetro ou osciloscópio e medir a tensão não te darão certeza que esta alimentação está boa.  Temos que por uma carga no circuito.    

 

O mesmo raciocínio serve para medir a tensão recebida numa bomba de combustível por exemplo. No nosso caso, usamos uma lâmpada de pisca(1polo) acoplada no multímetro.  Caso não tenha alimentação positiva no pino 02 do chicote, verifique os cabos, fusível, relé de potência e alimentação positiva pós-chave.   

- Falha elétrica no aquecedor do termostato.  Chegando a alimentação positiva no conector, o próximo passo pode ser a verificação da resistência do aquecedor.  Conforme manual de serviço (Carsis.com.br) a resistência deve variar entre 15 Ohms a 50 Ohms.  

- Teste no sinal de comando.  O sinal que sai do pino 42 da UCE ao termostato são pulsos negativos que podem ser vistos com osciloscópio.  Entretanto, uma forma mais rápida de teste pode ser feita usando uma lâmpada como carga no circuito.

Usamos uma lâmpada pingo d’água conectada diretamente no chicote que vai ao aquecedor do termostato.  Instalando a lâmpada e colocando o motor em funcionamento, podemos ver a lâmpada que hora pisca, hora acende com brilho intermediário, hora acende com brilho forte.  Inclusive a lâmpada serve como um emulador do aquecedor no momento de teste: apagamos a falha P1432 com o scanner e com a lâmpada ligada no chicote, a UCE não reconhece mais a falha e o sistema sai de emergência, desligando o eletroventilador.   

Outra informação importante sobre esta válvula termostática é o momento de abertura conforme o combustível utilizado.  Com álcool, a válvula abre aos 100°C e quando abastecido com gasolina, a válvula abre com 97°C. 

As informações de temperatura operacional, A/F combustível e acionamento do ventilador estão disponíveis na tela do scanner.  De posse das informações o reparador deverá elaborar um plano para identificação da pane e solucioná-la. - Até a próxima!