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Mini Cooper agrada a públicos diversos, mas é um pesadelo para o reparador


O pequeno veículo é um espetáculo para quem dirige, mas na oficina até para trocar o óleo dá trabalho. Para ele podemos dizer que a expressão “bonitinho, porém complicado” é a que melhor o descreve

Por: Da Redação - 10 de setembro de 2013

Foto 1 e 2O Mini, que deixou de ser “mini” há muitos anos e vem ganhando estilo com o passar do tempo. Diversas versões foram criadas, mas com certeza a que mais chama atenção é a que testamos, o Mini Cooper Roadster. Bom, na verdade de roadster ele só tem o nome, pois é um conversível (Foto 1), já que um legítimo roadster não possui vidros de correr nas portas e sim travas para encaixar janelas de plásticos que descem junto com a capota, como ocorrem nos Shelby Cobra (Foto 2), lembram-se?! Mas isso pouco importa porque conceitos não refletem o verdadeiro prazer que é dirigir este Roadster.

O carro é um show a parte, exceto pela suspensão um pouco rígida demais para nossas vias esburacadas, mas como não foi para elas que ele nasceu, está de bom tamanho e atende com sobras àqueles que privilegiam uma direção mais esportiva. Além disso, este Mini casa um conjunto bonito com um magnífico powertrain. Com motor 1.6 16V Turbo (Foto 3) (o mesmo que a Peugeot usa com a nomenclatura THP que em algumas oportunidades já descrevemos em nosso jornal), assim como nos franceses, nesse carro o desempenho é espetacular. Associado ao escapamento esportivo de saída dupla (Foto 4), o ‘ronco’ fica suave em baixas rotações e grave em altas.

Foto 3 e 4Mas como não poderia deixar de ser “o grande barato” desse carro é poder rodar com os cabelos ao vento. O conversível tem sua capota destravada através de uma alavanca na parte superior dianteira (Foto 5), onde com um leve giro (Foto 5A) e um “empurrãozinho” (Foto 5B), o teto fica livre para ser recolhido pelo motor elétrico acionado por um botão também próximo a trava (Fotos 5C e 5D).

Foto 5 e 5BEm resumo, o Mini agrada a todos os públicos: o jovem rapaz, a moça bonita, o executivo de sucesso, as crianças, enfim é um carro que quase não tem rejeição, mas e na oficina mecânica, será que isso se mantém?!

Foto 6

Foto 7

Para tiramos essa dúvida, fomos à oficina Navega situada no bairro de Moema, em São Paulo-SP onde perguntamos sobre a manutenção do Mini Cooper ao chefe de oficina Robson Silva. Por coincidência, lá estava um Cooper S (Foto 6) com 47.847km rodados que passaria por uma revisão simples, portanto, alguns segredos da manutenção do Mini foram compartilhados conosco e, ao final da matéria, veremos que um bom livro não se julga pela capa.

SOFISTICADO
Foi a palavra usada pelo reparador ao perguntarmos sobre o que ele achava do veículo. Robson ainda completou: “Sua tecnologia se compara aos BMW série 3 que possui sistema Check Control inteligente, onde um computador interno ligado ao funcionamento do veículo através de uma ECU interligada a outras, monitora todos os itens de desgaste do veículo como óleo do motor, filtros, freios dentre outros. Citando como exemplo, quando a luz ‘OIL SERVICE’ acende no painel, indica que se faz necessária a troca do óleo do motor”. (Foto 7)

A recomendação da montadora é que a troca de óleo seja efetuada a cada 10.000km, só que na prática, o sistema do veículo leva em conta algumas informações para que esta troca seja antecipada ou atrasada. É o que explicou Robson: “Algumas condições de condução do motorista afetam este prazo, como por exemplo, não esquentar o veículo antes de sair, não dirigir em rodovias, trafegar em percursos curtos ou dirigir o veículo mais esportivamente”.

“Por conta disso é certo dizer que temos casos em que com 5.000km o aviso do ‘OIL SERVICE’ já acende e os clientes estranham esta condição sempre questionando sobre o prazo de recomendação da montadora. Aí explicar como tudo isso funciona e convencê-lo às vezes é complicado”, completou Robson.

COMPLICAÇÕES
Toda a sofisticação do modelo acarreta em algumas particularidades que atrapalham a rotina do reparador. Neste caso, Robson fez os seguintes comentários:

Foto 8

“Para apagar a luz de advertência do motor quando esta acende é um parto! Para tal precisa-se de scanner específico da marca, já que os genéricos não têm esse acesso. Somente o ISIS efetua corretamente estas funções. Não dá para deixar pra lá, essa luz fica piscando no painel o tempo todo e incomoda muito o condutor. Outra dificuldade é na hora de efetuar a troca do elemento filtrante de óleo do motor (Foto 8). Por ficar em uma região muito difícil, a troca é bem trabalhosa e se um reparador com pouca habilidade for fazê-la, vai fazer uma lambança no cofre do motor”, disse.

Foto 9

Na verdade, como o carro é compacto, tudo fica com difícil acesso: “no vão do motor tudo é inacessível. Se for preciso tirar alguma peça temos que desmontar o carro inteiro, mas fazer o que né, é o nosso trabalho”, desabafou.

Foto 10

“Neste veículo, até uma simples troca de pastilhas (Foto 9) não é tão simples assim. O processo mecânico até é igual, mas no momento de resetar no sistema essa manutenção não é um procedimento fácil, onde só através do scanner (ISIS) isso pode ser feito. Se não o fizer, o painel do veículo pode assumir uma quilometragem incorreta para prazo de troca do componente e apontar que a manutenção ainda é necessária”, acrescentou.

“A maioria dos componentes destes veículos é controlada eletronicamente, portanto, para determinadas peças que substituímos será necessária codificação deste componente de acordo com a UCE, ou seja, não é simplesmente trocar o farol, por exemplo (Foto 10). Neste caso, será necessário reconhecer esta peça nova com o conjunto de iluminação e esse reconhecimento terá que ser feito pelo ISIS”, finalizou Robson.

PEÇAS E INFORMAÇÕES
“Dificuldades a parte, devido à complexidade dos componentes do veículo, compro 90% das peças em concessionárias, isso também porque só encontro estas nelas. Nisso incluo filtros e componentes de freio e suspensão (Fotos 11 e 11A). Outra opção é adquirir os componentes através de importadores diretos dos EUA e Alemanha que representam os 10% restantes da minha rotina de compra. Nestas, através de catálogo online consultamos o número da peça e fazemos o pedido, onde em média demoram 20 dias para chegar até nós. Mas mesmo assim, nestes devemos ter muito cuidado para não pedir a peça errada, pois se o fizermos, já era, será prejuízo certo”, comentou Robson.

Foto 11 e 11AEm questão às informações técnicas, Robson disse: “Só consigo essas informações por possuir parceria com concessionário BMW, assim tenho acesso a praticamente a tudo o que preciso para efetuar os reparos no modelo. Quando não consigo com eles recorro ao Sindirepa ou ao GTA (Grupos Técnicos Automotivos) que me ajudam bastante nessa área também. Infelizmente, não é só conseguir as informações, mas elas também têm conteúdo muito complexo. Para os colegas que receberem este veículo alguma vez em sua oficina se depararam com um desafio enorme e terão de ultrapassar as barreiras do difícil acesso aos componentes, ter equipamento adequado para repará-lo e entender o porquê de estar fazendo tudo isso, portanto, para trabalhar com estes carros somente com muito treinamento”, finalizou Robson.

PARCEIRO BMW
Diante do exposto pelos reparadores, nós do jornal Oficina Brasil verificamos que a BMW possui um programa inovador voltado aos reparadores independentes. Denominado Parceiros na Qualidade BMW, o reparador que se cadastrar no programa possuirá um canal direto com a BMW onde conseguirá benefícios na compra de peças e acessórios originais da marca, inclusive de modelos mais antigos. Para mais detalhes, acesse: http://www.parceirosnaqualidade.com.br/bmw/