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Renault, ex-Sandero, Stepway ganha status de SUV e quer deixar para trás passado de hatch compacto


A Renault foi além de uma reestilização de meia vida do seu hatch compacto. Após 13 anos no mercado nacional, a versão aventureira do Sandero mudou de nome e até de categoria. Os reparadores independentes aprovaram o resultado

Por: Antônio Edson - 01 de julho de 2020

Adaptar-se ao ambiente é indispensável para a sobrevivência, tanto na natureza como na selva capitalista onde, principalmente, predomina o mais hábil e forte. No ecossistema do mercado automotivo, por exemplo, montadoras adotam estratégias para prolongar a vida de seus produtos. Grosso modo, o ciclo de um automóvel se divide em lançamento, upgrade de meia vida e séries especiais, a sobrevida. Sim, há exceções, como aqueles que cruzam décadas sem grandes alterações, como o Toyota Bandeirante, fabricado aqui de 1958 a 2001, ou o Renault 4 (foto 1), produzido entre 1961 e 1994 e conhecido como o carro do Papa Francisco. Na outra ponta há aquelas metamorfoses rodantes, modelos que, através de inúmeras gerações, mudaram tanto que o único elo que os une é o nome, como o SUV Chevrolet Suburban, veículo mais antigo em produção no mundo, desde 1935. O modelo atual, claro, nada lembra seu antecessor. Entre os dois extremos há ainda raros veículos que mudam de nome e de categoria sem sofrerem alterações na carroceria... 

O Renault Stepway, ex-Sandero, é um caso. Lançado em 2008 como resultado de uma parceria entre a Renault brasileira e a Dacia, subsidiária romena do grupo Alliance Renault-Nissan, o hatch compacto Sandero tinha sua versão aventureira Sandero Stepway até o ano passado. Porque este ano, a montadora passou a oferecer o carro apenas como Stepway e não mais como hatch, mas como utilitário esportivo – nada surpreendente para quem já emplacou o sub-compacto Kwid como um SUV. Tecnicamente, de fato, as versões com câmbio manual do Stepway contam com altura de 200 mm em relação ao solo, suficientes para incluí-los na categoria dos SUV segundo as regras do Inmetro, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Mas seus ângulos de ataque e saída de 19º não chegam aos 23º e 20º, respectivamente, exigidos. Ao menos, o modelo evoluiu em segurança, pois além dos quatro airbags de série, ganhou 14 quilos de reforço estrutural, cinto de três pontos e encostos de cabeça para todos os passageiros.

Disposta a pôr seu novo produto, literalmente, à prova, entre janeiro e fevereiro, a Renault cedeu ao Oficina Brasil Mala Direta uma versão do Renault Stepway Iconic 1.6 16V AT, 2019-2020, oferecido a partir de R$74.590 em sua rede autorizada. Sem demora, o veiculo foi analisado e testado pelo mais rigoroso júri do mundo: os reparadores independentes. Os escolhidos para a tarefa foram... 
Reinaldo Nadim, (foto 2). “O ano de 2019 não foi ruim, mas poderia ser bem melhor. Registramos um movimento suficiente para pagar as despesas, não enxugar o time e ficar em um ponto de equilíbrio. Este ano percebemos que há uma maior confiança por parte das pessoas e, caso isso se confirme, nossa ideia é aumentar o valor do ticket médio”, analisa Reinaldo Nadim, proprietário da Foxcar Oficina Técnica, localizada à rua Itiúba 1, na Vila Prudente, cuja origem remonta à Paulifusken, oficina fundada em 1963 por Roberto Nadim, pai de Reinaldo. Desde 1994 em sede própria e sob a gestão de Reinaldo, a Foxcar conta com uma área de 550 m2, seis boxes de atendimento, quatro elevadores, cinco vagas de veículos em espera e mais uma valeta para alinhamento e reparos rápidos, totalizando 16 posições de atendimento. Atualmente com seis colaboradores e integrante da rede Bosch Car Service, a Foxcar atende em média 150 carros por mês.

Anderson Almeida, (foto 3). Anderson, 35 anos, optou pela profissão de reparador movido pela admiração que sentia pelos profissionais que faziam os carros funcionarem após sofrerem alguma intercorrência. “Achava o máximo um motor desmontado, os mecânicos o montado e fazendo funcionar. Aliás, acho ainda”, argumenta. Ele começou aos oito anos lixando rodas em uma borracharia e aos 11 já estava em uma oficina, ambiente de onde nunca mais saiu. Aos 20 montou a Speed Car Injection, localizada à Avenida Henrique Gonçalves Baptista 415, em Barueri, município da grande São Paulo, e que hoje emprega 10 colaboradores. Nela é comum vermos veículos da linha Premium como Jaguar e Mercedes-Benz, pois a Speed Car é procurada por muitos moradores de Aldeia da Serra e Alphaville. Considerado pelos colegas uma autoridade em osciloscópios, Anderson não perde uma palestra sobre esses equipamentos, como também não se nega a dividir o que sabe.  

José Natal da Silva e Leonardo José Alves da Silva, (foto 4). Deixando de lado os balanços contábeis em 1990, o técnico em contabilidade José Natal, de 53 anos, adquiriu uma loja de autopeças e a transformou em uma oficina de reparação. Assim, há 30 anos, a Mega Car Centro Técnico Automotivo funciona na Avenida Carlos Lacerda 1.428, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo. “Naquela época, agregávamos a loja de autopeças à oficina porque o bairro não dispunha desse serviço”, explica José Natal, que tem no filho Leonardo, 26 anos, seu braço direito. “Após concluir o segundo grau, fiz vários cursos de especialização no Senai, como motor, suspensão, freio, injeção eletrônica, alinhamento e câmbio automático. Ao todo foram mais de 700 horas de cursos”, estima o rapaz, que, com a ajuda de cinco colaboradores, ajuda o pai a dar conta de uma demanda aproximada de 100 veículos por mês. 

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

O Stepway Iconic 2020 apresenta um visual mais Renault e menos Dacia. O para-choque (foto 5) dianteiro, alinhado ao do Logan, ganhou aspecto robusto e encorpado além de grade frontal maior. Os faróis (foto 6) trazem iluminação diurna em LED incorporada à lente em todas as versões. Desenvolvida para o mercado brasileiro, a traseira tem lanternas esticadas (foto 7) com iluminação em LED e que seguem o estilo dos Renault europeus.

As lentes ganharam um tom escuro e dão volume ao design. A tampa do porta-malas finalmente dispensa o uso de chaves quando as portas estiverem destravadas e pode ser aberta pressionando o botão escamoteado no centro do logo. Acentuando o visual aventureiro, as caixas de roda ganharam molduras plásticas (foto 8) maiores. No interior, o Stepway agrega o volante (foto 9) dos Renault europeus e revestimento em couro ecológico bicolor (foto 10).

“O carro tem mesmo uma pegada de SUV, com uma altura compatível a carros dessa categoria. É um modelo completinho, com raque no teto, sensor e câmera de ré. O acabamento interno é simples e funcional, predominando o revestimento de plástico duro (foto 11), mas aparentemente de boa qualidade. Aprovei o porta-malas (foto 12) de 320 litros”, descreve Reinaldo Nadim. “Provavelmente é um dos maiores porta-malas da categoria. A traseira ficou bem mais bonita com esse novo leiaute”, emenda Leonardo Alves, que não vê problemas no excesso de plástico duro nos revestimentos internos. “Desde que as peças sejam bem encaixadas e não comecem a ranger com o tempo, o processo de higienização é até melhor, pois é fácil eliminar bactérias e fungos. Quem sofre de alergia agradece”, completa.

AO VOLANTE

A Renault colocou no conjunto mecânico do Stepway 2020 o motor 1.6 SCe e o câmbio X-Tronic CVT. Com isso, repetiu a fórmula bem-sucedida aplicada no SUVs Duster e Captur, e nos primos Nissan Kicks, March e Versa. O resultado foi um veículo que ganhou agilidade no trânsito urbano e com retomadas mais rápidas nas estradas. O motor 1.6 SCe corresponde à demanda do acelerador, embora acima dos quatro mil giros, ou quando se estica as marchas, o ruído invada a cabine sem cerimônia. O destaque positivo fica por conta do maior fôlego do motor que, agora, apresenta torque mais elevado em baixa rotação. De acordo com a montadora, 90% dos 16 mkgf de torque estão disponíveis a dois mil giros. Já o destaque menos positivo é a insistência da Renault no sistema eletroidráulico de assistência da direção, que deixa o volante pesado e sem carga progressiva, em um evidente contraste com a transmissão CVT que trabalha suave o tempo todo.

“Quem está acostumado com a direção elétrica sente imediatamente o peso desse volante com assistência eletroidráulica. Salvo engano, a Renault é a única que mantém esse sistema. Talvez compense pelo custo- benefício”, cogita Reinaldo Nadim, para quem o Stepway apresentou uma suspensão firme e com uma altura adequada para aguentar as condições ruins do piso brasileiro. “O carro tem comportamento neutro nas curvas”, completa. “O Stepway parece ter um centro de gravidade mais alto, ainda assim a suspensão é firme. O motor mostra torque em baixa rotação. Em altas rotações, o barulho invade bem a cabine, mas isso é aceitável”, interpreta José Natal. “Apesar da embalagem off-road, o Stepway tem um comportamento calmo, mais voltado para o público familiar. É um aventureiro light”, sintetiza Anderson Almeida. 

MOTOR

Em 2016, a Renault adotou os propulsores 1.0 e 1.6 SCe (de Smart Control Efficiency) da Nissan e aposentou os motores 1.0 Hi-Flex e 1.6 Hi-Torque do Logan e do Sandero. Agora, em novo reposicionamento da montadora, o Stepway passou a oferecer apenas o propulsor 1.6 SCe (foto 13). Com 1.597 cm3 reais, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, injeção multiponto, duplo comando de válvulas no cabeçote e acionado por corrente metálica de transmissão, o motor traz bloco e cabeçote de alumínio, bielas e virabrequins forjados e é 30 quilos mais leve do que os motores anteriores, proporcionando uma redução de até 21% no consumo de combustível. E isso com um desempenho melhor e retomadas mais rápidas. A potência máxima, em relação aos motores anteriores da Renault, passou de 106 para 118 cavalos com etanol, representando um ganho de 11,3%, ou, se no tanque tiver apenas gasolina, um salto de 17,3%, passando de 98 para 115 cavalos. O Stepway chega a uma velocidade máxima de 177 km/h e vai de 0 a 100 km/h em 11,2 segundos.

“O coletor de admissão passa sobre as bobinas (foto 14), velas e injetores e isso exige sua remoção para a manutenção dessas peças. O procedimento demanda mais de tempo e encarece a mão de obra, mas compensa porque houve um ganho de qualidade. A Renault só teve a ganhar com esses motores”, aponta Anderson Almeida, que destacou a praticidade da remoção do filtro de ar (foto 15), “muito fácil de tirar”. Do que ele não gostou foi do antiquado sistema de tanquinho de combustível (foto 16) para partida a frio. “A montadora precisa atualizar-se”, aconselha. “A remoção do coletor de admissão acontecerá menos frequentemente, uma vez que as velas desse motor são de iridium, que possuem vida útil maior, até 80 mil quilômetros, e proporcionam uma queima de combustível mais eficiente”, explica Reinaldo Nadim. Segundo o reparador, o conceito do motor 1.6 SCe é positivo. “Tem fama de ser robusto e de dar pouca manutenção”.

Leonardo Alves aprovou a tampa de válvula de alumínio, “geralmente mais durável do que a de plástico e menos sujeita a empenamentos e deformações”. Ele também destacou as duas varetas de medição de óleo, do cárter e do câmbio (foto 17). “Em sistemas modernos a medição do óleo da transmissão é aferida digitalmente, mas confio mais nesse sistema. Afinal temos uma caixa de câmbio cujo funcionamento depende muito de uma boa lubrificação”, reforça. “Já o eletroventilador (foto 18) e o alternador (foto 19) são pilotados e funcionam pelas ondas PWM, Pulse Width Modulation. São controlados pela central eletrônica do motor e trabalham de acordo com a demanda necessária, sem desperdício, o que resulta na redução do consumo de combustível”, explica Leonardo, para quem o motor 1.6 SCe apresenta uma excelente reparabilidade. “O motor de arranque (foto 20) está bem visível, assim como o corpo de borboleta (foto 21) e o servofreio”, indica.

TRANSMISSÃO 

O principal diferencial da Renault adotado na linha 2019/2020 da gama Logan-Sandero-Stepway está na caixa de transmissão automática CVT de seis velocidades (foto 22) oferecida nas versões Zen, Intense e Iconic. Fabricada pela Jatco, subsidiária da Nissan, a caixa CVT X-Ttronic se caracteriza pela economia de combustível devido ao emprego de relações mais longas que não comprometem o desempenho do veículo. Além disso, ela traz uma bomba de óleo compacta e um sistema avançado de correia e polia. Esta polia é liberada gradualmente para o torque ser transmitido de forma linear e produzir acelerações vigorosas e sem alternâncias. Como as polias não entram em contato com o óleo é possível obter uma redução de 30% do nível de atrito. O câmbio ainda dispõe de uma transmissão adicional que permite a seu conjunto mecânico ser 10% menor e 13% mais leve.

O software de gerenciamento da caixa também permite reproduzir as seis marchas virtualmente e realizar trocas manuais através da alavanca.

Nos testes dinâmicos, os reparadores aprovaram o comportamento da nova caixa de transmissão. “Apesar de ser um pouco lento, o câmbio é confortável e suave. O importante é que ele aparenta robustez e, como todo CVT, tende a dar pouco problema”, relata Reinaldo Nadim. “Tem um delay característico de todo câmbio CVT, mas que pode ser evitado no modo manual, que proporciona respostas rápidas. Apesar de não ter um comportamento dinâmico esportivo é preciso reconhecer que a transmissão CVT é prática e funcional, pois tem um desempenho suave, confortável e seguro e sua manutenção é mais barata”, testemunha José Natal. 

SUSPENSÃO, FREIO E DIREÇÃO

O undercar do Stepway Iconic não traz novidades relevantes. Com a introdução da transmissão CVT, a suspensão foi elevada em cerca de 40 mm e chegou a 185 mm – as versões do Sandero com câmbio manual têm 140 mm de altura.  O “utilitário esportivo” Stepway conservou o padrão de seus tempos de hatch, com suspensão MacPherson à frente e eixo de torção atrás, discos ventilados nas rodas dianteiras e tambor nas traseiras. A direção conta com assistência eletro-hidráulica, que está longe de ser a preferida dos reparadores. “A caixa da direção (foto 23) hidráulica funciona como uma convencional, com a diferença que aqui tem uma bomba elétrica sujeita a manutenção precoce. O depósito do fluido ocupa espaço e ele não existiria se o sistema fosse 100% elétrico”, anota Leonardo Alves. “A bomba eletro-hidráulica está atrás do farol auxiliar esquerdo e para ter acesso a ela é preciso remover a roda e o para-barro. Um trabalho evitável se tivéssemos a direção só elétrica”, completa Reinaldo Nadim.

Anderson Almeida aprovou o cárter de chapa do bloco (foto 24), “mais resistente do que o alumínio e menos sujeito a espanar seu parafuso”, a bandeja de chapa dobrada (foto 25), e o excelente acesso ao filtro de óleo (foto 26) e ao compressor do ar-condicionado (foto 27). Mas não gostou da barra estabilizadora (foto 28) que fica fora de alcance do protetor de cárter e já mostrava marcas de raspagem no solo. “Se o carro tem proposta off road, mesmo que não radical, é uma falha demonstrar essa fragilidade. No mínimo, o protetor de cárter deveria protegê-la”, observa. “O quadro é robusto, fixo à carroceria (foto 29) com parafuso sem bucha, conferindo firmeza à suspensão. O coxim inferior do câmbio (foto 30), que no Sandero antigo costumava apresentar um balanço grande, agora tem um coxim de borracha sólido. Também aprovo, no semieixo, essa braçadeira (foto 31) de chapa dobrada para o rolamento e que aumenta a robustez”, descreve Anderson. 

Leonardo Alves chamou a atenção para as bieletas de borracha (foto 32) do Stepway, iguais ao do Sandero. “Um sistema antigo, mas confiável e funcional”, atesta. “Elas vêm desde o tempo do Scenic e dão menos problemas que as bieletas com rótula e hastes, pois suportam melhor nossa buraqueira”, confirma Leonardo Nadim. Outro ponto positivo, segundo Leonardo, é o eixo de torção traseiro reforçado com barra interna (foto 33). “Deixa o conjunto resistente, pois essa suspensão elevada exige um esforço extra do eixo traseiro”, justifica. 

ELÉTRICA, ELETRÔNICA E CONECTIVIDADE 

Embora todas as versões do Stepway tenham recebido apoios de cabeça e cintos de três pontos para todos os passageiros, além de quatro airbags (dois frontais e dois laterais), apenas as que dispõem do câmbio CVT, como a Iconic e a Intense, contam com o recurso dos controles eletrônicos de tração e de estabilidade. Os modelos também têm central multimidia com Android Auto e Apple CarPlay, comandos de som no volante, sensor de ré, ajuste de altura no banco e volante, assistente de partida em rampa, computador de bordo, alarme, vidros com função um toque, sistema start-stop, sensores crepuscular e de chuva, limitador de velocidade e piloto automático. 

À parte esse razoável pacote de itens de série, a estrutura elétrica-eletrônica do Stepway transmitiu uma ideia de relativa segurança para os reparadores. “A maioria dos carros novos têm os máxifusíveis no polo positivo da bateria e a Renault adotou o critério de colocar um sensor de tensão (foto 34) da bateria, uma vez que ela está bem próxima da caixa de fusíveis (foto 35). A vantagem dessa opção é que temos um ponto de oxidação a menos, embora não iniba muito a possibilidade de curtos-circuitos”, entende Leonardo Alves. “Esse sensor de carga, com um módulo que monitora a carga da bateria, proporciona maior durabilidade a ela, além de uma gestão melhor da energia”, acredita Reinaldo Nadim. 

PEÇAS DE REPOSIÇÃO 

Os reparadores revelaram-se satisfeitos com a oferta de peças, a política de preços e a logística praticadas pelas concessionárias Renault e pelos distribuidores independentes, em um claro contraste em relação aos tempos iniciais das montadoras francesas no País, quando estas mostravam deficiência graves na pós-venda, o que chegou a manchar a imagem de algumas delas. “A Renault evoluiu”, confirma Reinaldo Nadim, “e tanto que, hoje, pouco sobra para os distribuidores independentes abastecerem seu mercado. Aqui na oficina, 80% das peças Renault são adquiridas na rede autorizada, pois além da originalidade temos qualidade e preço competitivo.

Amortecedores, velas, filtros, correias, bobinas, peças de freio como pastilhas e peças de borracha como coxins e buchas saem mais em conta nas concessionárias. E geralmente a entrega é imediata”, completa o reparador.  

“A Renault está entre as melhores nos quesitos oferta e preço de peças nas concessionárias”, concorda Leonardo Alves. “Tempos atrás precisei do batente do amortecedor de uma Duster e encontrei um melhor preço na concessionária. Damos preferências à rede autorizada quando precisamos de amortecedores, molas, bandejas e coxins. Para os independentes sobram óleos, fluidos, pastilhas, discos e filtros. “O preço praticado pelas concessionárias Renault muitas vezes compensa pela garantia e qualidade”, resume Anderson Almeida. 

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Se nos anos 1990, veículos como Clio enfrentavam o estigma de terem uma reparabilidade complicada agravada pela falta de informação técnica, a opção da Renault de lançar aqui veículos de baixo custo de sua subsidiária romena, a Dacia, alterou o cenário. E para melhor. “A montadora melhorou nesse quesito. Hoje, seus carros oferecem uma reparabilidade descomplicada e seus sistemas eletrônicos dialogam facilmente com nossos scanners. Encontramos facilmente as informações técnicas em enciclopédias digitais voltadas para os reparadores ou em palestras e encontros. Ao contrário de antes, os carros da Renault, atualmente, não ficam parados por falta de informação técnica e são até bem vistos pelos profissionais das oficinas”, defende Leonardo Alves. “Os carros da Renault não costumam apresentar problemas que exigem a necessidade de correr atrás de informações técnicas reservadas. E se eventualmente isso acontecer, no meu caso tenho acesso aos técnicos das concessionárias”, completa Anderson Almeida. 

“Felizmente, nunca me vi em apuros por falta de informação técnica com os veículos da Renault. A mecânica deles é relativamente simples, inclusive na parte eletrônica. Mas a exemplo do que acontece com Fiat, Ford e Chevrolet, essa montadora deveria ter uma página na internet destinada aos reparadores independentes para nos informar, por exemplo, como funciona determinada peça ou a estratégia de uma injeção eletrônica, pois cada montadora adota uma. Às vezes também sinto falta de certas referências, como a imagem explodida das peças”, relata Reinaldo Nadim.

RECOMENDAÇÃO

O Renault Stepway Iconic 1.6 16V AT, o ex-Sandero, foi bem entre os reparadores nos quesitos técnicos, mas dividiu um pouco as opiniões quanto ao seu custo-benefício. Considerado caro para um hatch compacto, pode não custar tanto se for posto ao lado de alguns utilitários esportivos do mesmo porte. Confira o julgamento final dos nossos reparadores.

“A Renault é uma montadora que vem crescendo no conceito dos reparadores e na preferência do público.  O Sandero, por exemplo, só ganhou em qualidade, robustez e reparabilidade com a adoção do motor Nissan e, agora, com essa nova transmissão CVT, seu conjunto mecânico é promissor. O Stepway tende a solidificar sua confiabilidade, principalmente se sua manutenção preventiva for realizada corretamente. Plenamente recomendável.”

José Natal da Silva e Leonardo José Alves da Silva, Mega Car Centro Técnico Automotivo

“Acho o preço salgado para um hatch compacto, mas compatível com o de alguns utilitários esportivos do mesmo porte. E o Stepway, de fato, tem semelhanças com um SUV. Então o comprador precisa fazer as contas para ver o que vale a pena. Sob o ponto de vista técnico, o motor de origem Nissan e a transmissão CVT têm boa reparabilidade, robustez e uma manutenção em conta. Seja como hatch ou SUV pode ser recomendado.” 

Reinaldo Nadim, Foxcar Oficina Técnica

“Eu me sinto na obrigação de dizer ao cliente que, por um pouquinho mais, ele pode comprar um SUV de verdade e com maior valor de revenda. Agora, se ele quiser mesmo comprar esse Stepway eu não o desestimularei, até porque ele não é um carro que dê problema com facilidade. Ao contrário, tem robustez acima da média e uma razoável reparabilidade. Sua manutenção não é cara. Posso recomendá-lo!”

Anderson Almeida, Speed Car Injection

Dados técnicos do motor, mecânica e medidas

Preço Tabela Fipe 02/2020: R$ 72.775,00
Procedência: nacional
Garantia: 3 anos
Plataforma: Dacia M0
Combustível: flex 
Motor: dianteiro, transversal
Código do motor: H4M/1.6 16V SCe
Cilindrada: 1.597 cm3
Aspiração: aspirado
Tuchos: mecânicos    
Número de cilindros: 4 em linha
Válvulas por cilindro: 4
Diâmetro dos cilindros: 78 mm
Curso dos pistões: 83,6 mm
Alimentação: injeção multiponto
Comando de válvulas: duplo no cabeçote, corrente
Taxa de compressão: 10,7:1
Potência máxima: 118 cv (e) 115 cv (g) a 5.500 rpm
Potência específica: 73,89 cv/litro
Peso/potência: 9,75 kg/cv
Peso/torque: 71,94 kg/kgfm
Torque máx.:     16 kgfm (e) 16 kgfm (g) a 4.000 rpm    
Torque específico: 10,02 kgfm/litro
Velocidade máxima: 177 km/h    
Aceleração: 0-100 km/h: 11,2 s
Transmissão: CVT de 6 marchas
Código da transmissão: Jatco X-Tronic
Tração: dianteira
Direção: eletro-hidráulica 
Suspensão: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: discos ventilados (d) e tambor (t)
Porta-malas: 320 litros
Tanque de combustível: 50 litros
Peso: 1.151 kg
Altura: 1.630 mm
Largura: 1.730 mm
Comprimento: 4.070 mm
Vão livre do solo: 185 mm
Distância entre-eixos: 2.590 mm
Pneus: 205/55 R16 (d/t)
Diâmetro de giro: 10,6 m

Consumo      cidade          estrada

Etanol        7,7                   9,8
Gasolina       11,5                12
Classificação na categoria: Hatch/SUV compacto