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Fiat Toro Endurance 2.0 Turbo 4x4 mostra “forza” do motor italiano e se garante com boa manutenção


Dividindo a mesma plataforma com o Jeep Renegade, a picape compacta-média da Fiat nada de braçada em seu segmento, mostra torque e agilidade surpreendentes e agrada profissionais das oficinas

Por: Antônio Edson - 03 de fevereiro de 2020

Em um mundo gerido pela concorrência predatória, onde os fortes predominam sobre os fracos as boas soluções são imitadas como recurso de sobrevivência à medida que comprovam viabilidade – Charles Darwin, Teoria da Evolução das Espécies?! Não, é o capitalismo mesmo. Na indústria automobilística, por exemplo, modelos de sucesso inspiram cópias. Um case recente foi o segmento das picapes compactas-média inaugurado no Brasil, em 2015, pelo Renault Oroch. A ideia de uma picape de cabine dupla maior do que as pequenas e menor do que as médias emplacou. Um ano depois, a FCA (Fiat Chrysler Automobiles) chegou com o Fiat Toro, primeiro veículo da montadora feito no País a romper a casa dos R$100 mil. Mas daqui a pouco as duas terão concorrência. Despontam no horizonte a VW Tarok, a ser montada na planta de General Pacheco, Argentina, em 2022; a Ford Ranchero, derivado do antigo sedã Falcon, e um veículo da Chevrolet ainda sem nome definido. Com isso, consolida-se o segmento das Sport Utility Pick-Up, SUP.

Por enquanto o Fiat Toro Renegade nada de braçada nas vendas e o Renault Oroch é uma mancha pequena em seu retrovisor. No ano passado, até novembro, a picape da Fiat registrava 59.088 unidades vendidas contra apenas 12 mil da Renault, comprovando haver entre as duas um abismo esperando ser preenchido por outras montadoras. Uma das razões apontadas para esse sucesso comercial é a modernidade do projeto desenvolvido pelo Design Center Latam da FCA, de Betim (MG), e que em 2017 foi laureado na categoria produto com o iF Design Award, mais prestigiado prêmio de design do mundo. Chamaram a atenção do júri formado por 58 especialistas de diferentes países o tratamento da superfície do veículo, mais sofisticado do que o design tradicional das picapes, suas linhas dinâmicas e harmônicas envolventes e que dão fluidez à forma geral, além dos faróis que remetem a olhos com sobrancelhas e a tampa da caçamba dividida em duas partes, com abertura lateral e funcional, que foge do lugar-comum.

Tudo isso, claro, tem valor, mas para o público formado por reparadores o que o importa mesmo são outros pesos e medidas: a picape tem boa dirigibilidade? Qual é a robustez e reparabilidade do motor, transmissão, suspensão, freios etc? E a manutenção, como fica? Pode ser recomendado a um cliente? Para tentar responder essas questões, a FCA cedeu à reportagem do Oficina Brasil Mala Direta um modelo 2020 do Fiat Toro Endurance 2.0 Turbo AT 4x4, uma nova versão do veículo, com apenas 4,6 mil quilômetros rodados e cotado em R$131.990 na rede de concessionárias da marca. E logo o veículo foi encaminhado a três oficinas previamente escolhidas entre aquelas que fazem parte do Guia On Line de Oficinas Brasil. Nelas, a picape foi analisada por:

Vitor Sadao Toyoda, Jurandir Gervásio, Michel Torres e Cleves Macedo, A Sadao Serviços Automotivos iniciou suas atividades em 1958 como um autoelétrico pelas mãos de Mutsuo Toyoda, hoje com 80 anos, em um espaço alugado na antiga Chácara Itaim. “Nosso primeiro endereço, nos anos 1950, foi perto da porteira da chácara, na Rua Joaquim Floriano 350. Na época, meus tios pescavam dourado no Rio Pinheiros”, conta Vitor Sadao, 55 anos, que herdou a Bibi Autoelétrico do pai e a transformou em uma oficina multimarcas que atende mensalmente, em média, 120 veículos. Atualmente localizada em espaço próprio, na Avenida José Maria Whitaker 1877, no bairro do Planalto Paulista, a empresa trabalha com mecânica leve em geral, ciclo Otto ou a diesel. Entre seus colaboradores estão Jurandir Gervásio, 55 anos e no ramo da reparação há 25 anos; Michel Torres, 26 anos; e Cleves Macedo, 21 anos.

Guilherme Guimarães, Após trabalhar em multinacionais do setor automotivo, o engenheiro mecânico Guilherme Guimarães, 37 anos, optou por empreender. Em 2016, ao lado da esposa Fúbia Lima, engenheira de controle e automação, ele abriu uma oficina mecânica ligada a uma franquia. Em três anos, o casal adquiriu experiência suficiente para se estabelecer com a própria marca, a Hawks Repair, que funciona na Rua Madre de Deus 1284, Moóca, zona leste de São Paulo (SP). “Quando você deixa uma bandeira e assume uma marca própria, desde que tenha a maturidade que nós conquistamos, você ganha em flexibilidade e pode agregar uma gama maior de serviços ao cliente”, confirma Guilherme, que conta com quatro colaboradores.

André Belíssimo, Depois de trabalhar 25 anos como gerente administrativo financeiro de uma indústria metal gráfica de grande porte que se transferiu para o interior do País, Edélcio Vaz, de 57 anos, entendeu que era hora de ser dono do próprio nariz. Em 2006, adquiriu o centro automotivo TopStop que, hoje, funciona na rua Guaicurus 589, no bairro da Água Branca, zona oeste paulistana. Economista por formação, Edélcio entende que gerir um centro automotivo com 500 metros quadrados de área, seis elevadores e que gira uma média de 150 veículos mensalmente já é “trabalho suficiente” e deixa a parte da produção para quem entende, os reparadores. Entre eles está André Belíssimo, 39 anos e reparador desde os 19, quando foi admitido na TopStop. “Fiz vários cursos e inúmeros treinamentos sobre direção, suspensão, sincronismo no motor, freios ABS, transmissão automática etc. O último deles foi sobre injeção eletrônica, no Senai”, relata o profissional.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Montada na fábrica da FCA de Goiana (PE) sobre a plataforma dos Jeeps Renegade e Compass, a picape média-compacta da Fiat segue o mesmo padrão de construção monobloco e emprega mais de 85% de materiais nobres, como aço de alta resistência e de elevada rigidez torcional. Internamente, ela partilha do bom nível de acabamento do Renegade, mas com o plástico duro no painel e sem espuma injetada. Na primeira renovação do Toro, promovida com o modelo Endurance, a Fiat optou por mudanças pontuais. Externamente, como item de série, há um protetor do para-choque dianteiro denominado de overpamp pela montadora, mas que pode ser chamado de um quebra-mato discreto.  A versão Endurance ainda leva na caçamba um santantônio e sua vigia traseira traz barras de proteção para evitar danos ao se transportar cargas volumosas. Por dentro, o revestimento é dominado por tons pretos e, como opcional, há uma central multimídia com tela de sete polegadas.

Difícil manifestar indiferença frente ao estilo invocado do Fiat Toro, principalmente agora com lentes fumês nos faróis e lanternas e pintura cinza chumbo nas rodas, maçanetas, molduras das janelas, retrovisores e frisos laterais. “Chama atenção por onde passa. É atraente. Gosto desses faróis esticados e acho útil essa caçamba revestida em plástico, já com o santantônio”, aponta André Belíssimo. “Como toda proposta diferente em um primeiro momento demorei para acostumar. Mas agora admiro. Os acessórios dessa versão, como o santantônio, deixam a picape com aspecto robusto e, embora goste mais da abertura tradicional da caçamba, para baixo, reconheço que essa porta bipartida deixa as tampas mais leves para o público feminino. Bem pensado”, aceita Guilherme – mais do que boa, a ideia da tampa bipartida foi patenteada pela FCA. “Por dentro achei o carro pouco luxuoso. Alguns apliques de cromado cairiam bem”, acredita Vitor Sadao.

AO VOLANTE

experiência agradável e que nem de longe lembra o desempenho manco da versão da picape equipada com motor E.torQ 1.8. O propulsor Multijet II e a transmissão automática de nove velocidades – confira nos tópicos a seguir – tornam ágil e leve a dirigibilidade do Fiat Toro Endurance 2.0 Turbo AT 4x4. “Que diferença da outra versão! A dirigibilidade dessa picape merece nota 10. O motor turbo-diesel tem força de sobra. O torque total se apresenta logo de saída e o motor mostra sua potência em baixas rotações”, entusiasma-se Guilherme Guimarães, que reconheceu a contribuição da direção elétrica, “leve e macia”, na condução de um veículo de mais de 1.800 quilos. “Parece que estamos dirigindo um carro pequeno”, compara. Outros predicados registrados pelo reparador: boa posição de dirigir, visibilidade traseira razoável para um veículo com caçamba e facilidade de manobras no trânsito urbano. “É mais fácil de guiar do que uma picape média”, aponta.

Se Guilherme viveu uma boa experiência rodando pelas ruas da Moóca, André Belíssimo conferiu que a picape manda bem na estrada. Pelo trecho urbano da Via Anhanguera, ele constatou o baixo ruído interno do veículo rodando a 110 km/h e com o motor mantendo giros abaixo dos dois mil rpm. “A estabilidade também é admirável para um veículo com caçamba. A sua traseira é firme e não samba. Com carga, imagino, é ainda mais estável. Já o câmbio passa despercebido, a gente até esquece dele”, relata André, que ainda aprovou o computador de bordo que informa a temperatura do fluido do radiador, do óleo da transmissão e a tensão da bateria. Vitor Sadao elogiou a elasticidade do câmbio que confere maior rendimento e desempenho ao motor. “A visibilidade é excelente, incluindo a proporcionada pela vigia traseira. Mas o ponto forte é a estabilidade. A suspensão independente nas quatro rodas faz toda a diferença”, acrescentou.

MOTOR

Marca que se confunde com a identidade italiana, ironicamente a Fiat não produz mais carros na Itália, mas utilitários esportivos das bandeiras Maserati e Jeep, pertencentes ao grupo FCA. No entanto, o coração do Fiat Toro ainda vem da velha Bota. Pelo menos o da versão Endurance com o propulsor Multijet II  de 1.956 cm3, quatro cilindros em linha e alimentado a diesel. Ele é fabricado pela Fiat FMA (Fabbrica Motori Automobilistici), em Pratola Serra, na província de Avellino, ao sul da península. Esse puro sangue italiano entrega 170 cavalos e fortes 35,7 mkgf, sendo ainda dotado de uma turbina de geometria variável e injeção Bosch direta na galeria, o chamado Common Rail, sob uma elevada pressão de 1.600 bares. Apesar disso tudo, ou mesmo por causa de tudo isso, como o registrado no teste dinâmico, pouco se escuta do motor em ação e apenas em marcha lenta o percebível na cabine é quase um ronronar em comparação com a trepidação típica dos antigos motores diesel.

Fazendo uma breve descrição do Multijet II, seu bloco é produzido em ferro fundido com cilindros integrados e não possui sub-bloco, estando o virabrequim apoiado por mancais individuais e composto por oito contrapesos. O sistema de lubrificação traz um cárter de alumínio , bomba volumétrica acionada pelo eixo virabrequim, radiador de óleo e filtro tipo green filter. O coletor de admissão possui um sistema controlado eletronicamente de variação para aumentar a turbulência no fluxo de ar de admissão. O turbo VGT, de geometria variável, é composto pelo compressor ligado à entrada de ar fresco, a turbina que recebe a força dos gases de escapamento, um módulo eletrônico de controle do VGT e uma haste de controle[A1] . O filtro DPF, das partículas do diesel integradas ao catalisador, é mecânico. Sua saturação é monitorada por um sensor de variação de pressão com ligações antes e depois do filtro. Caso haja uma obstrução no filtro, a central do motor inicia um processo de regeneração na tentativa de desobstruí-lo.

Segundo os reparadores, o Multijet II oferece boa reparabilidade. “Sem apertos”, confirma Vitor Sadao, que destaca a privilegiada posição do módulo da injeção, acima dos demais componentes, e do filtro de combustível, à esquerda. “Teremos poucas dificuldades. Há espaço para a substituição da correia dentada, que trabalha com tensionador e flutuador, e cuja troca é recomendada aos 60 mil quilômetros”, aponta André Belíssimo, que aprovou a localização das bombas de alta pressão , próxima à parede corta-fogo, e de vácuo, e dos bicos injetores. “Devido à alta pressão do combustível seus dutos são de metal”, esclarece o reparador. “Boa reparabilidade, mas seria melhor se o filtro do óleo  não ficasse escondido atrás da roda direita”, observa Guilherme Guimarães, para quem o motor diesel tem a vantagem de não trazer os bicos injetores presos ao coletor e sim sobre o cabeçote. “Os coletores de admissão e de escape ficam isentos de maiores manutenções”, afirma.

TRANSMISSÃO

Enquanto o motor Multijet II vem da Itália, a transmissão automática ZF 948TE, de nove velocidades, foi desenvolvida pela alemã ZF Friedrichshafen AG em Gray Court, Carolina do Sul, Estados Unidos – de acordo com o fabricante, essa caixa de transmissão, destinada especialmente para veículos compactos, foi a primeira do mundo com esse número de marchas. Apesar da diferença da procedência, motor e transmissão se entendem bem, como ficou anotado no teste dinâmico realizado com o Fiat Toro Endurance 2.0 Turbo AT 4x4: o câmbio trabalha suave, ajuda o motor a girar sempre em baixas rotações e economiza combustível. Segundo sua ficha técnica, o propulsor rende 10 km/l na cidade e 12,6 km/l na rodovia, mas é bem capaz de conseguir mais do que isso. Ainda merece uma menção o escalonamento do câmbio: devido ao torque do motor, a primeira marcha é curta e, em situações normais, a picape arranca já na segunda marcha, tracionando as rodas dianteiras.

O sistema de tração integral do Fiat Toro Endurance atua proporcionalmente de acordo com a necessidade detectada por seus sensores. Quando percebem que os pneus dianteiros perdem aderência e precisam do auxílio dos pneus traseiros, esses são acionados automaticamente, e de modo imperceptível, pelo eixo cardão e o diferencial traseiro. Mas o condutor também pode assumir o controle através de um seletor no console que permite selecionar o modo de tração entre 4WD, tração normal nas quatro rodas, e 4WD LOW, tração nas quatro rodas com o diferencial reduzido. Normalmente, o 4WD LOW serve para pistas onde é preciso andar muito devagar ou em subidas e descidas severas – a picape ainda dispõe de recursos como assistente de partida em rampa e controle automático de descida.

Além do bom desempenho dinâmico da transmissão, a inspeção visual realizada pelos reparadores trouxe impressões positivas. “O coxim inferior do câmbio está em uma posição normal e o corpo de válvula  da transmissão está bem posicionado e protegido. As trocas do fluido serão descomplicadas”, confirma Vitor Sadao. “Aparentemente, tudo em ordem, com os itens de manutenção de fácil acesso e visibilidade, como o cabo da alavanca seletora  do câmbio. A refrigeração do fluido da transmissão é realizada pelo radiador. Já o eixo cardã apresenta dois rolamentos de apoio  que garantem durabilidade e flexibilidade maiores”, aponta Guilherme Guimarães. “O atuador do sistema eletrônico  de tração está sobre o diferencial traseiro e, obviamente, deve ser blindado contra a umidade”, acredita André Belíssimo.

FREIO, SUSPENSÃO E DIREÇÃO

O Fiat Toro, incluindo a versão Endurance, é montado sobre a plataforma Small Wide, desenvolvida no começo dos anos 2000 pela Fiat em conjunto com a General Motors. Para a picape, devido à carroceria maior e a caçamba, a plataforma foi ampliada para formar uma estrutura monobloco reforçada. Flexível e modular, a estrutura é usada nos Jeeps Renegade e Compass produzidos em Goiana (PE) e ainda atende a outros modelos do Grupo FCA. Com um entre-eixos mais curto, ela está nos Fiats brasileiros Argo e Cronos. Na Europa, a variante Long Wheel Base é empregada na minivan 500L e no SUV compacto 500X.

Sob sua plataforma, a picape apresenta 202 mm de vão livre do solo, suspensão independente do tipo MacPherson, à frente, com braços oscilantes em aço estampado fixados ao subchassis e barra estabilizadora. Na traseira, outra suspensão independente, mas dessa vez com multilink, braços transversais  e longitudinais e barra estabilizadora. De acordo com a Fiat, o conjunto da suspensão foi recalibrado para absorver melhor as irregularidades do piso e manter a estabilidade nas curvas.

Nas rodas dianteiras, os freios são a discos ventilados de 305 mm com pinças flutuantes ; atrás, tambores de 295 mm com sapatas autocentrantes e regulagem automática de jogo – as quatro rodas, separadas por bitolas de 1.549 mm à frente e de 1.579 mm atrás, trazem pneus 225/70 R16. O espaço mínimo necessário para o Fiat Toro empreender uma volta de 180 graus, ou seu diâmetro mínimo de giro, é de 12,9 mm, manobra facilitada pela caixa de direção com assistência elétrica progressiva. Com uma caçamba que, segundo sua ficha técnica, leva até uma tonelada, suas molas traseiras  são parcialmente revestidas e tem o auxílio de batentes de borracha e de amortecedores visivelmente parrudos.

“A picape vem com um protetor de cárter de aço e não com aquelas coberturas plásticas. A bandeja tem chapa dobrada e pivôs parafusados , o que transparece robustez e facilidade na manutenção. As bieletas de plástico com materiais compostos são reforçadas, capazes de aguentar mais pressão do que algumas outras de metal. A barra estabilizadora aparenta estar bem dimensionada e o quadro dianteiro segura firme as bandejas, com buchas robustas. Já o terminal de direção com braço axial está dentro do esperado”, analisa Guilherme Guimarães.

A estrutura do undercar do Fiat Toro Endurance 2.0 Turbo AT 4x4 significa que ele está preparado as aventuras mais radicais, certo? “Não”, foi a resposta em coro dos reparadores. “Ele é um aventureiro light, de uso predominantemente urbano, com sistema suspensão parecido com o de um carro de passeio mais robusto. Pode encarar uma estrada de terra rumo ao sítio em um fim de semana, não muito mais”, arrisca Vitor Sadao. “É uma picape 4x4 urbana e de uso misto, não para desafiar terrenos muito difíceis”, completa André Belíssimo. “Se ela fosse bruta a ponto de encarar qualquer terreno teríamos na frente uma suspensão com dupla A, com uma bandeja em cima e outra em baixo”, aponta Guilherme Guimarães. Em compensação, a reparabilidade do undercar foi considerada razoável, embora pudesse ser mais simples e conservar a mesma robustez. “Uma suspensão com feixe de mola talvez fosse melhor para a sua traseira e facilitaria mais nossa vida”, cogita André Belíssimo. “Seria mais apropriada”, resume Vitor Sadao.

ELÉTRICA, ELETRÔNICA E CONECTIVIDADE

Os recursos elétricos, eletrônicos e de conectividade da picape não chegam a fazer feio, mas são equivalentes,

no máximo, aos de um carro de passeio bem equipado, não chegando a um nível premium. O mais notável, e já citado, foi a nova central multimídia cuja tela aumentou de cinco para sete polegadas. Sem ser de alta resolução ela agora é compatível com Apple Car Play e Android Auto e seu funcionamento ficou mais intuitivo.

Em um veículo dotado de tração integral com as opções 4WD e 4WD LOW, o Fiat Toro Endurance faz a lição de casa ao entregar os controles eletrônicos de tração e de estabilidade, além do controle automático de descida e do assistente de partida em rampa. São itens que, simplesmente, não poderiam faltar. Os reparadores, no entanto, sentiram que alguma coisa ainda pode melhorar. “Temos apenas dois airbags frontais, sem os laterais e de cortina”, detecta Vitor Sadao. “O ar-condicionado poderia ser digital e de duas zonas, não apenas analógico”, repara Guilherme Guimarães.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

é normal uma montadora instalada no Brasil há mais 40 anos e já com tantos modelos lançados aqui apresentar deficiências na distribuição de peças e componentes. Pois é o que está acontecendo com a Fiat de acordo com alguns reparadores. Segundo Vitor Sadao, a rede de concessionárias da montadora deve estar enfrentando algum problema de logística na distribuição de suas peças. Essa foi a explicação que ele encontrou para justificar uma demora de três meses para receber... Um parafuso?! “Fizemos um reparo em um Uno três cilindros e precisávamos de um parafuso de fixação da polia do virabrequim. Como se tratava de um modelo novo não encontrei a peça nos distribuidores independentes e a concessionária demorou três meses para enviar a peça. Recentemente, tivemos outros casos, mas esse foi o pior”, lembra o proprietário da Sadao Serviços Automotivos.

Contratempo semelhante foi relatado por Guilherme Guimarães, cuja oficina, a Hawks Repair, enfrentou dissabores com um serviço realizado em um Fiat 500 devido a uma inédita dificuldade em encontrar correia, tensor e uma junta de bomba de vácuo junto à rede da montadora. “Para encontrar essas peças, normalmente disponíveis nas concessionárias, precisamos recorrer ao e-commerce. Como achamos as peças nos distribuidores independentes a impressão é que se trata de um problema interno, entre as concessionárias, de distribuição de peças. É lamentável porque isso faz pensar que a montadora está na contramão de algumas outras que, através de descontos e de promoções, estão se esforçando para se aproximar do reparador”, acredita Guilherme.

A impressão só não é generalizada porque André Belíssimo, da TopStop, não mencionou nenhuma intercorrência com o fornecimento de peças de reposição. “Quando fazemos algum pedido, as concessionárias têm entregue as peças sem muita demora”, confirma o reparador, para quem o preço praticado nas concessionárias Fiat está na média do praticado pelas demais redes. “Como nem todos os clientes estão dispostos a pagar pela qualidade de peças de primeira linha muitas vezes os deixamos à vontade para optar por componentes do mercado paralelo, onde também há boas opções, principalmente se tratando de peças de mais alto giro como filtros, óleo, discos, amortecedores etc”, comenta. “Para garantir uma maior satisfação do cliente, quanto a pastilhas e peças de borracha como coxins e buchas, recomendamos apenas as originais”, conclui.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Todos os reparadores citaram espontaneamente a página do reparador Fiat (reparador.fiat.com.br) como uma fonte indispensável de informações técnicas. “Bacana, bem acessível e melhor do que muitas páginas de serviço fornecidas por outras montadoras”, compara Vitor Sadao. “Tenho o costume de acessar a página do reparador Fiat. Ela ajuda bastante”, confirma Guilherme Guimarães. “A página do reparador Fiat é uma fonte obrigatórias em certos casos. Além dela também recorro ao Fórum Oficina Brasil e ao Sindirepa, do qual somos associados”, completa André Belíssimo.

Outro recurso lembrado por André, Guilherme e Sadao é a troca de informações promovida por centenas de oficinas que formam diferentes grupos através de cooperativas, determinadas marcas ou bandeiras de fornecedores ou até do Whatsapp. “Como fazemos parte da Bosch Car Service temos acesso a muitas informações técnicas que circulam nessa rede”, relata Vitor Sadao. “Nosso grupo de oficinas promoveu recentemente um curso intensivo sobre os sistemas Diesel Euro 6 das famílias Fiat Toro, Jepp Compass e Renegade”, testemunha André Belíssimo. “Nosso grupo sempre chama os reparadores para participar de cursos e palestras de atualização promovidos por técnicos convidados ou representantes de fornecedores de autopeças”, pontua Guilherme.

RECOMENDAÇÃO

A avaliação final do Fiat Toro Endurance 2.0 Turbo AT 4x4, com motor diesel, foi mais positiva do que a registrada pela versão Freedom Road 2.4 Flex AT9, realizada aqui, na edição de setembro de 2017, que sofreu restrições em função de sua tração 4x2. Os reparadores também relevaram o problema da reposição de algumas peças, pois acreditam ser essa uma questão pontual.

“Aprovamos a compra porque seu custo-benefício compensa. Picape com excelente reparabilidade e conforto de carro de passeio. Gostosa de dirigir, roda com desenvoltura no trânsito urbano e é fácil de estacionar. Mas não é um 4x4 para aventuras radicais, mas um off road urbano. É um veículo de uso misto e pode encarar uma estrada de terra, areia ou chão batido. Mais do que isso seria exagero. Se o cliente quiser um veículo para pôr no mato e percorrer trilhas pesadas recomendaria outro.”

Vitor Sadao Toyoda, Sadao Serviços Automotivos

“Recomendo a compra, pois é um carro adequado para o que se propõe: aventuras urbanas. Se for para ir para o Pantanal, enfiar na lama e puxar tronco caído no mato é melhor escolher outro veículo. O comprador do Fiat Toro precisa ter consciência de que ele é um off road light, para pegar leve. De resto, sem problema. Reparabilidade tranquila.”

Guilherme Guimarães, Hawks Repair

“Para mim, ok. Aprovo sua compra pela combinação oferecida: uma picape com motor turbo diesel e conforto de carro de passeio. Conjunto perfeito. Além disso, ela tem boa dirigibilidade, design bonito e é razoavelmente econômica. Para completar o pacote, excelente reparabilidade e manutenção tranquila.”

André Belíssimo, TopStop Centro Automotivo

 

Cilindrada: 1.956 cm3Dados técnicos do motor, mecânica e medidas

Preço: R$ 129.990

Plataforma: Small Wide LWB

Combustível: diesel

Motor: instalação dianteiro, transversal

Código do motor: Multijet II

Aspiração: turbocompressor

Número de cilindros: 4 em linha

Número de válvulas: 4 por cilindro (16)

Diâmetro dos cilindros: 83 mm

Curso dos pistões: 90,4 mm

Alimentação: injeção direta

Comando de válvulas: duplo no cabeçote, correia dentada

Taxa de compressão: 16,5:1

Potência máxima: 170 cv a 3.750 rpm

Potência específica: 86,91 cv/litro

Peso/potência: 11,01 kg/cv

Peso/torque: 52,41 kg/kgfm

Torque máx.: 35,7 kgfm a 1.750 rpm

Torque específico: 18,25 kgfm/litro

Velocidade máxima:188 km/h

Aceleração 0-100 km/h: 10 s

Transmissão: automático de 9 marchas

Código da transmissão: ZF 948TE

Tração: integral sob demanda

Direção: assistência elétrica

Suspensão: independente, MacPherson (d); multibraço (t)

Freios: discos ventilados (d) e tambor (t)

Porta-malas/caçamba: 820 litros

Tanque: 60 litros

Peso: 1.871 kg

Altura: 1.743 mm

Vão livre do solo: 202 mm

Comprimento: 4.944 mm

Largura: 1.844 mm

Distância entre-eixos: 2.990 mm

Pneus: 225/65 R17 (d/t)

Diâmetro de giro: 12,9 m

1.549 mm (d), 1.579 mm (t)

 

Diesel 10 km/l 12,6 km/lConsumo cidade estrada

Classificação na categoria: Picape compacta-média

Nota do Inmetro-Classificação PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular): B na comparação relativa na categoria, D na comparação absoluta geral.

[A1]Trecho confuso, falta um termo que ligue ‘ a turbina recebe ...’ a ‘ um módulo eletrônico...’. provavelmente ‘ é controlada’, conferir com o autor.