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Chevrolet Omega é robusto e ao mesmo tempo gerador de demanda


Nascido na terra do canguru, a versão 3.8L do sedan possui projeto completamente renovado em comparação a 1ª geração brasileira, produzida até 1998

Por: Arthur Gomes Rossetti - 17 de julho de 2009

O ano de 1986 marcou o nascimento do Omega, sob a marca Opel (subsidiária Chevrolet na Alemanha), acompanhado de um bom pacote tecnológico para a época, com tração traseira aliada à suspensão independente, computador de bordo multifunção, coeficiente aerodinâmico de 0,28 (ótimo para a categoria) e design inovador.

A versão figurou em solo brasileiro a partir de 1992, nas versões GLS 2.0 (Gran Luxo Super) e CD 3.0 (Confort Diamond), ambos a gasolina. O modelo veio para substituir o Opala, veículo que possuía boa aceitação, porém sofria com o peso dos 24 anos de idade de projeto. Em 1994 a perua Suprema foi lançada, opção esta focada nas grandes famílias. Neste mesmo ano a versão a álcool foi criada.

Em 1995 a Chevrolet aposentou o motor 2.0 brasileiro e o alemão 3.0, pois a 2ª geração do Omega, conhecida como “B” era lançada por lá com disposição dos cilindros em “V”.  Surgiram então os motores 2.2 gasolina, que mantinham os 116 cv e cresciam no torque, e o 4.1, este herdado do Opala, porém completamente revisto pela engenharia nacional.

O ano de 1998 representou o término da 1ª geração comercializada por aqui. Para suprir esta lacuna, a Chevrolet decidiu, a partir de 1999, importar da Austrália o Holden Commodore. A Holden também é uma subsidiária da General Motors/Chevrolet.

A estratégia comercial adotada foi a de manter o nome Omega, sendo que esta versão é na verdade a 3ª geração estrangeira, conhecida como “Omega C”. As primeiras unidades (iguais à avaliada) possuíam motor 6 cilindros em “V” de 3.8 litros e 12 válvulas, derivado da linha Buick. Após 2005, a GM passou a utilizar o 3.6L, denominado Alloytec, que está presente desde então.

Tampa frontal do motor com marcas de raspado devido à folga excessiva da corrente de comando

Motor
A família de motores V6 a gasolina que equipa os Chevrolet Omega é robusto e de simples manutenção. O motivo da vinda do veículo à oficina foram os ruídos excessivos provenientes do cofre do motor, em qualquer regime de rotação. Para início de diagnóstico a desmontagem da tampa frontal foi necessária, a fim de verificarmos as condições da corrente de comando, assim como a engrenagem superior, inferior e o tensionador (a distribuição e sincronismo são feitos por corrente e engrenagem).

Segundo o engenheiro e conselheiro Paulo Aguiar, da Engin Engenharia Automotiva, este é o ponto fraco do motor. “É comum após 100.000km rodados o conjunto apresentar desgaste excessivo. As folgas ficam tão grandes, que a corrente chega a raspar na parte interna da tampa frontal.”

O conjunto para sincronismo do motor pode ser encontrado em importadores independentes/ O motor apresentou alta concentração de borra de óleo. Trânsito intenso aliado ao longo período de uso sem a troca do óleo contribuiu para o fato

A corrente de comando e as engrenagens superior (grande) e inferior (virabrequim) não saem por menos de R$ 2,8 mil na rede autorizada. Uma opção é a compra em importadores independentes. É possível encontrar o conjunto da marca Dana, por exemplo, a um custo de R$ 780. Já o tensionador custa R$ 285 na rede autorizada.

Segundo o manual de manutenção da GM, o motor poderá funcionar com óleo de viscosidade 15W40, 20W40, 15W50 ou 20W50, de classificação API SJ ou superior. O prazo máximo para troca é 10.000km ou 6 meses, o que ocorrer primeiro. Caso o veículo seja utilizado em trânsito intenso, a quilometragem recomendada cai para 4.000km ou 3 meses. O modelo avaliado apresentou alta concentração de borra de óleo. Uma limpeza mecânica (desmontagem e raspagem) foi necessária e, posteriormente, a aplicação do produto Flush para limpeza fina e acabamento.

Havia também um volumoso vazamento de óleo de motor através do retentor do volante (desgaste).

Retentor do volante do motor apresentou vazamento/ Apesar de parecido, o filtro de combustível do Corsa não deverá ser utilizadoO filtro de combustível é semelhante ao utilizado nos Corsas, porém a micragem interna do papel é diferente, sendo que ao intercambiá-los o reparador poderá assumir riscos futuros, podendo ocasionar a queima da bomba. Apesar de parecidos externamente, opte pelo correto, destinado ao Omega.

A ignição costuma apresentar problemas a partir dos 70.000km. No total são três bobinas, sendo uma para cada dois cilindros. Além da queima das bobinas, existe uma placa eletrônica localizada na base e ela é responsável por abrigar as três unidades. A peça costuma apresentar problemas (curto-circuito) em quilometragem semelhante. É possível encontrá-las separadamente na rede autorizada e no mercado independente, porém segundo o conselheiro Paulo Aguiar, é recomendada a troca da placa e das três bobinas de uma só vez, caso seja identificado problema em apenas uma. A unidade avaliada já havia apresentado defeito nas peças citadas.

Falta de aditivo aliado a água de torneira ocasiona criação de ferrugem, destrutiva a qualquer motor, principalmente quando importado / Placa eletrônica de base das bobinas costuma apresentar curto-circuitoO veículo estava desprovido do líquido de arrefecimento, o que ocasionou acúmulo de ferrugem nas partes internas do sistema de arrefecimento. Segundo o conselheiro Danilo Tinelli, da Auto Mecânica Danilo, é comum o radiador apresentar vazamentos por corrosão e nas caixas superior e inferior. O fato foi confirmado pelo conselheiro Francisco Carlos de Oliveira, da Stilo Motores, oficina da zona norte de São Paulo. A bomba d’água também costuma apresentar vazamentos pelo retentor após 80.000km rodados.

A GM recomenda a mistura de 50% de água pura desmineralizada e 50% do aditivo Long Life Coolant AC Delco código 93 286 309. Não é recomendada a mistura com aditivos a base de etileno glicol, com risco de reação entre as formulações, podendo ocasionar aparecimento de gomas e entupimentos no sistema de arrefecimento.

O sistema de escapamento mostrou durabilidade acima da média, visto a peça ser produzida em aço inoxidável. O abafador central possui gravada a palavra Holden, em menção a respectiva fabricante australiana. Nem mesmo os 25% de álcool adicionados a gasolina nacional foram capazes de ocasionar danos a peça.

Os coxins do motor estavam em perfeitas condições e mostraram ser adequados aos 200 cavalos potência e 31 m.kgf (304Nm) de torque do V6.

Dica: Lembre-se de contemplar no orçamento o aditivo do líquido de arrefecimento, pois o esgotamento torna-se necessário para a realização do serviço, assim como a remoção da mangueira superior.

Dica: Esta versão possui duas sondas lambdas, em função do motor possuir duas bancadas de cabeçotes (dispostos em “V”). Caso seja identificado algum problema em uma das sondas, como por exemplo, tempo elevado para a leitura dos gases, aquecimento falho, carbonização, entre outros, é recomendada a troca de ambas. Caso apenas a que apresentou o problema seja substituída, a outra não oferecerá a mesma performance de funcionamento, atrapalhando a resposta do módulo (efeito cascata, ou seja, se um sensor não está bem, o comando do módulo para os atuadores também será prejudicado).

Tampa de válvulas exige aperto correto, de 7 a 11 NmDica: Cuidado com apertos excessivos na tampa de válvulas, pois a peça é produzida em plástico e poderá trincar. O torque aplicado no momento da montagem é de 7 a 11 Nm.

Videoendoscopia
A videoendoscopia demonstrou um bom estado de conservação interna dos cilindros, retentores de válvulas e limpeza (ausência de crostas na cabeça do pistão e câmara de combustão).

Transmissão
O veículo avaliado possui caixa automática de quatro velocidades, aliás, todas as unidades do Omega australiano possuem esta escolha. O funcionamento estava perfeito.

O fluido hidráulico recomendado pela GM é o Dexron III código AcDelco 93 226 956, num total de 4,8 litros. Apenas o retentor de saída da caixa de marchas (luva do cardã) apresentou início de vazamento.

O diferencial traseiro requer cerca de 1,7 litro do original AcDelco (completar até escorrer).

Segundo o conselheiro Cláu­dio Cobeio, os Omega aus­tralianos que passaram pela Cobeio Car, nunca apresentaram problemas na transmissão. Somente para a troca preventiva do fluido hidráulico e óleo do diferencial.

Suspensão
Certamente as condições do asfalto brasileiro não fazem bem à suspensão desenvolvida pelos australianos, pois na unidade avaliada notamos vazamentos nos amortecedores traseiros (que haviam sido substituídos aos 60.000km por originais GM), danos nas borrachas das bieletas da barra estabilizadora dianteira e uma terrível “gambiarra” no batente interno da haste em PU, que havia quebrado pela metade e, para não perder o que sobrou, fora adaptada uma abraçadeira em volta da peça.

Amortecedores estavam com início de vazamento/ As buchas das bieletas estavam rompidasOs terminais de direção e os amortecedores dianteiros estavam em bom estado.

Adaptações no batente interno da haste do amortecedor podem comprometer a segurança/ Peças próprias equipam a versão AustralianaA parte traseira chamou atenção pela robustez e durabilidade, exceto quanto aos amortecedores, que apresentaram início de vazamento.

A caixa de direção costuma apresentar vazamento de fluido hidráulico através dos retentores. No mercado independente é possível encontrar empresas especializadas neste tipo de recuperação.

Buchas dianteiras do braço tensor estavam ressecadas/ A manga de eixo dianteira possui parafuso lateral para regulagem da cambagem

Freios
As pastilhas, com meia vida, serão substituídas preventivamente após 5.000km, assim como o fluído DOT 4. O freio de estacionamento estava desregulado, com 10 dentes. O restante do conjunto estava em perfeitas condições, isento de vazamentos e empenamentos. Todos os modelos australianos possuem ABS de série.

Habitáculo
O funcionamento dos botões e comandos estava ok. Um fato curioso e que chamou atenção ao testar o freio de estacionamento (freio de mão) foi a posição da alavanca. Ela fica do lado do passageiro, dificultando o acionamento. O fato deve-se ao projeto ser originado na Austrália, país onde a direção é do lado direito!



Índice de Durabilidade e Recomendação
O Chevrolet Omega 3.8L V6 foi avaliado pelo conselho editorial do jornal Oficina Brasil como um veículo rebusto e de manutenção cara. Por isso, a nota média foi 6,9 em escala de zero a 10.

É um carro luxuoso e, por isso, recomendado pelo conselho editorial, apesar do elevado custo de manutenção.

Na avaliação, são observados os seguintes itens:

1) Tempo de serviço – facilidade de acesso aos principais sistemas (motor e câmbio, suspensão, direção, freios e parte elétrica)
2) Disponibilidade de peças no mercado de reposição (concessionárias e lojas de autopeças)
3) Custo de peças (concessionárias e lojas de autopeças)
4) Durabilidade dos componentes
5) Nível de tecnologia

Confira as notas abaixo.

Nota: 6,5
Danilo Tinelli
Auto Mecânica Danilo - (11) 5068-1486
Veículo de porte luxuoso, com poucas unidades comercializadas e manutenção caríssima. Por ser importado, as peças deverão ser apenas originais.

Nota: 6,5
Paulo Aguiar
Engin Engenharia Automotiva - (11) 5181-0559

engin.auto@terra.com.br
Recomendo o veículo desde que possua baixa quilometragem, de preferência abaixo dos 100.000 km.

Nota: 7,5
Cláudio Cobeio
Cobeio Car - (11) 5181-8447

juliana@cobeiocar.com - www.cobeiocar.com
Recomendo o veículo, porém haverá restrições ao proprietário por causa do alto preço da manutenção e do seguro.

Nota: 7
Francisco Carlos de Oliveira
Stilo Motores - (11)  2977-1124

stilo@stilomotores. com .br - www.stilomotores.com.br
Tive apenas uma oportunidade de reparar este veículo, que no caso foi o radiador. Ele apresentou corrosão na colméia, sendo que levei a peça para um especialista em recuperação, sem maiores dificuldades.

 

Direto do Paredão, a opinião de outros reparadoresO Omega australiano é um típico Chevrolet conservador para os amantes de carros que unem elegância, sofisticação e conforto a um motor 3.8L V6 que acelera forte quando é preciso. Como não poderia ser diferente, tem alto consumo de combustível na cidade, mas que, na estrada, a uma velocidade de cruzeiro, surpreende e tem seu rendimento otimizado. Tem incidência de problemas nos amortecedores traseiros que, assim como as demais peças, têm custo elevado para troca.

Leandro Cantele 
Cantele Centro Automotivo

Carro muito bom, nota 8. O motor tem “personalidade”, carroceria elegante, para público específico. Manutenção não é difícil, é mais demorada devido à necessidade de mesclar peças originais de qualidade reconhecida. Dá pouco problema, e requer uma manutenção preventiva rigorosa. Consumo na cidade é alto, mas na estrada não assusta por ser um V6. Como negativo apresenta desgaste maior nas bieletas da suspensão dianteira, nos coxins do motor e câmbio que costumam “cansar” e transmitir vibrações para o interior do carro. O reparador tem que ter muito cuidado na troca das velas para não estragar os cabos. Só não dou uma nota maior para este veículo devido ao elevado custo das peças, o que algumas vezes torna sua compra inviável.

Apesar de ser um carro de manutenção cara, jamais deixei de recomendá-lo quando sou consultado e se tiver a equação: CLIENTE CUIDADOSO + REPARADOR PREPARADO + MANUTENÇÃO PREVENTIVA, não tem como haver arrependimento pós-compra.

Dermeval Junqueira
Reparacar Ltda - Congonhas - MG

Avaliação de Mercado
O Chevrolet Omega australiano 3.8L V6 a gasolina, ano e modelo 1999, apresenta boa oferta de veículos no mercado, porém em maior quantidade de modelos blindados, que demoram mais para vender, apesar de, curiosamente, apresentar preço semelhante aos que não são blindados. Os não blindados ficam em estoque em média mais de 15 dias. Em relação ao preço de mercado, comparando maio/2009 em relação a abril/2009, houve uma desvalorização de -4,20% e, comparando maio/2009 com maio/2008, a desvalorização é ainda maior, -22,13%.

Fonte: Depto Mercadológico

SINDIAUTO/ASSOVESP