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Apesar de pouco tempo de mercado, GM Cruze já está nas oficinas independentes


GM Cruze já frequenta as oficinas de reparação independentes e mostra defeitos recorrentes

Por: Da Redação - 11 de novembro de 2013

Com suspensão muito dura e pneus de perfil baixo, veículo já apresenta trocas recorrentes de componentes da suspensão. Falhas na sonda lambda e sistema de alimentação de combustível também já aparecem com certa frequência

Como sabemos, o mercado de sedãs médios é um dos que mais cresce ao longo dos anos, além de ser um dos que tem as brigas mais acirradas pela preferência dos consumidores. Nesta briga a GM trouxe ao nosso mercado o GM Cruze.

Atualmente vemos Corolla e Civic reinarem quase que absolutos, mas sabemos que nem sempre foi assim. Desde meados dos anos 1970 e inicio dos anos 2000, a GM era praticamente líder absoluta com o Opala, Chevette, Monza, Vectra, Astra e Omega. Porém, já fazia um bom tempo que este cenário não era dos melhores para a marca de Detroit após a chegada dos japoneses.

Dessa forma, a GM investiu pesado em tecnologia e design buscando reconquistar o mercado há tempos perdido. Este design foi um dos precursores da nova identidade visual mundial da marca em nosso país junto com o Agile e fez (e faz) bastante sucesso entre o nosso público.

O inédito motor Ecotec 1.8 de 144cv quando abastecido com etanol e 140cv quando com gasolina, ambos a 6.300rpm, foi responsável por modernizar os propulsores da marca que, até então utilizava os velhos 2.0 e 2.4 evoluídos dos propulsores dos anos 1990, oferecendo maior potência com cilindrada menor.

O Cruze ainda vem com duas opções de transmissão de seis velocidades automática ou manual. No caso da automática há a possibilidade de trocas sequenciais, mas apenas na alavanca, pois não há as conhecidas borboletas atrás dos volantes nem como opcionais.

NAS OFICINAS
Foto 1Para sabermos realmente o que este carro nos apresenta no dia a dia, não basta vermos apenas seu rostinho bonito, mas sim o que tem de qualidades e defeitos que nos fazem recomendar ou não este veículo aos nossos clientes. Pensando nisso, fomos a Gigio’s Bosch Car Service onde encontramos um GM Cruze 2012 (Foto 1) com 15.630km rodados e, segundo o reparador Ocimar de Souza Garcia, não é o primeiro que aparece para efetuar reparos corretivos mesmo em período de garantia da fabricante. 

Foto 2

Este carro foi à oficina para efetuar reparo nos amortecedores traseiros (Foto 2) que estavam apresentando vazamento, além de estarem sem ação, mediante este problema, Souza comentou: “Andando com o carro dava para ouvir um barulho anormal vindo da traseira quando fazíamos curvas. Assim, identificamos o problema no amortecedor traseiro e orientamos o cliente sobre este usar a garantia da GM para efetuar a troca do componente. O cliente preferiu ir a concessionária para o reparo, porém teve a garantia recusado sob a alegação de que um ‘agente externo’ tinha sido responsável pelo dano, mas claramente o defeito era do componente”. 

“No fim das contas para ‘não se estressar mais’, o cliente optou por realizar o serviço conosco, pois além da garantia por nós ser respeitada, havia também a certeza de que efetuaríamos o reparo corretamente”, acrescentou Souza.

“Efetuamos a troca dos dois amortecedores traseiros e, como esperávamos, o defeito foi sanado”, finalizou Souza.

DEFEITOS RECORRENTES
Embora seja um veículo relativamente novo, o GM Cruze já tem muita história pra contar, e dessas, podemos dizer que boa parte delas não trazem um final feliz. É o que contam os reparadores na sequencia desta matéria.

Foto 3

“Outro defeito característico que este veículo já apresenta é na bomba de combustível (Foto 3). Já houveram casos inclusive de carros que chegaram na oficina no guincho, pois a bomba estava inoperante. O ultimo carro em que atuamos também estava no período de garantia, mas o cliente preferiu realizar o serviço em nossa oficina por confiar em nosso trabalho”, afirmou Souza.

Para esse defeito, o reparador Souza acredita que há uma explicação simples: “Geralmente estes veículos ficam parados nos pátios das fabricantes e concessionárias por um longo tempo até que sejam vendidos e ganhem as ruas, mas neste período, ficam com etanol no tanque que, parado por um longo tempo, tende a atacar o material da bomba, criando resíduos e travando-a. Geralmente optam por este combustível por ser de custo inferior, mas lá na frente os problemas começam a surgir”.

Foto 4

“Para remover a bomba de combustível é preciso paciência, é um processo bem ‘chato’, pois necessitamos remover o tanque de combustível (Foto 4). A GM não teve a sensibilidade de colocar uma tampa de acesso a esta por dentro do veículo, como a grande maioria faz. Não entendi porque fizeram isso, pois dessa forma o trabalho fica mais moroso e consequentemente mais caro ao cliente”, relatou Souza.

Com relação ao propulsor, o reparador Souza opinou: “Embora tenha mais potência que o antigo 2.0, este 1.8 trabalha com altíssima taxa de compressão, fato que diminui a emissão de poluentes, porém, isso faz com que o cuidado com o sistema de arrefecimento seja ainda maior, pois qualquer descuido fará com que este motor superaqueça”.

Foto 5 e 5A
“Neste motor (Foto 5), a engenharia da GM manteve o sistema com desborbulhador (Foto 5A) na linha de combustível. Isso é importante, pois evita que ocorram falhas na alimentação, principalmente no momento em que este estiver aquecido. Foi uma atitude acertada, pois até o momento não tivemos problemas do tipo”, completou Souza.

Já o reparador Hélio Teruhaki Koga que já possui 25 anos de profissão, dos quais desde 1998 atua com a linha GM, mas que no momento não atua fixamente em uma única oficina, comentou que: “O motor do Cruze não é fabricado em nosso país, portanto se atentem, pois este motor, até o momento, não possui compartilhamento de peças com outros da mesma montadora”.

Foto 6

“Na parte dos coxins de fixação (Foto 6), observo que como este motor é um pouco pesado e pelo fato de ser transmissão automática, provavelmente teremos aí um defeito recorrente. Estes coxins estão numa localização boa e aparentam ser robustos, mas só o tempo irá nos dizer”, acrescentou Souza.

O reparador Josmar Boschete Jr, proprietário da oficina Josmar de São Paulo-SP, comentou: “Já atendi diversos veículos que estavam com a luz da injeção eletrônica acesa e, na grande maioria, apresentavam falha no sensor lambda, mas não pude me certificar o que foi o causador destas falhas, apenas substituindo a sonda pude solucionar o problema”.

Foto 7 e 7A
Observando o sistema de suspensão do GM Cruze, Souza fez sua avaliação: “O cliente deste modelo reclama muito da suspensão, dizendo achar esta muito dura. Verifico que esta condição é agravada pelo perfil do pneu (225/50 R17) (Foto 7 e 7A) que é bem baixo para um sedã, sendo mais característico de veículos esportivos. Este tipo de pneu faz com que o impacto seja transmitido todo para a carroceria e os amortecedores e bieletas sejam muito sobrecarregados com isso também”.

Foto 8

É o que também comentou Hélio: “Os pneus originais são 225/50 R17, o que leva a um conjunto com perfil muito baixo para enfrentar nossas ruas esburacadas. Em versões mais ‘tops’ os pneus possuem perfil ainda menor, sendo eles os 215/45 R17.Isso fará com que os amortecedores sofram muito com o tempo e tenham sua vida útil reduzida”.

Foto 9

Josmar também comentou: “Já atendi alguns veículos que apresentavam barulhos na suspensão, agravados por esta ser muito dura trabalhando em ruas com muitos buracos. Assim, na maioria dos casos precisei substituir as buchas das bandejas dianteiras”. (Foto 8)

Foto 10

Souza também notou um componente que sofrerá bastante na suspensão do Cruze: “Esta bieleta (Foto 9) mais longa do que o que costumamos ver será um componente que trará bastantes problemas, pois a carga em suas conexões são enormes, até por que com pneus de perfil baixo e conjunto de suspensão muito dura, é a bieleta quem recebe boa parte desta carga. Em pouco tempo teremos manutenções frequentes neste componente”.

“O sistema de direção do Cruze é eletro-assistida (Foto 10) e até o momento não apresentou reclamações do cliente. Este, até o momento, é um ponto positivo do veículo”, opinou Souza.

Foto 11

Foto 12

Com relação ao sistema de freios, Souza comentou que a manutenção é bem trabalhosa: “Por possuir freios a disco inclusive na traseira e sistema de freio de estacionamento acionado por cabo direto na pinça (Foto 11), a troca das pastilhas não se torna tão simples assim, pois devemos nos atentar em como afastar os êmbolos da pinça para que a alavanca do freio de estacionamento não se desregule. Embora seja trabalhoso, ainda bem que não é com acionamento elétrico, pois seria um verdadeiro ‘pesadelo’”.

O reparador e proprietário da oficina do Gato César Garcia Samos, localizada em São Paulo-SP, comentou: “Já efetuei manutenções no sistema de freio dianteiro (Foto 12) em veículos com aproximadamente 20.000km, o que aponta que esta será a quilometragem média para reparos neste componente. Portanto, confiram sempre as condições do sistema de freio baseados nesta referência”.

Foto 13

Ainda no sistema de freios, Souza fez uma importante observação: “Embora possua sistema de ABS associado ao EBD, ao contrário da grande maioria dos veículos, o Cruze ainda utiliza fluido de freios DOT 4 e não DOT 5. Prestem bem atenção em caso de manutenções neste para não colocar o fluido errado”. (Foto 13)

Foto 14

No sistema de transmissão (Foto 14) deste veículo, Souza comentou as principais reclamações dos proprietários deste modelo: “Talvez para compensar o motor de baixa cilindrada, o Cruze conta com câmbio de 6 velocidades, mas com as 5 primeiras marchas muito curtas, onde o cliente diz que usar este carro na cidade é bem cansativo, pois exige frequentes trocas de marchas. Mas no quesito ‘reparação’ até o momento não tive nenhum caso, mas se realmente for um componente que trabalhe tanto assim, logo aparecerão casos de desgaste prematuro do da embreagem em veículos de transmissão manual. Já nos modelos dotados de transmissão automática, os cliente reclamam que conseguem desligar o veículo e retirar a chave do contato em qualquer posição do câmbio, deixando o veículo ‘solto’ nestas situações. Acredito que a GM deva se atentar a isso e só permitir tal ação com o veículo em ‘P’, como ocorre nas outras montadoras, pois isso é uma segurança para o proprietário também”.

AR CONDICIONADO
O sistema de ar condicionado do CRUZE trabalha com um compressor de cilindrada fixa de 10 pistões, feito pela DELPHI coreana. Ele funciona com cerca de 120 a 150ml óleo e 650g de fluido refrigerante R134a. (Foto 15)
Foto 15

Por trabalhar com um compressor de cilindrada fixa, é necessário que haja um sensor anti congelamento na saída do evaporador. Com esse sistema, volta àquela impressão de liga e desliga do compressor toda a vez em que o evaporador estiver prestes a congelar a umidade de condensação.

Foto 16

Já vimos alguns compressores deste modelo apresentarem problemas (também na nova S10), onde o disco inclinado de alumínio (swash plate) se solta do eixo do virabrequim de aço. Neste caso a embreagem do compressor aciona, mas o eixo do virabrequim não aciona mais o disco inclinado e os pistões, não há mais variação de pressões no sistema e o compressor neste caso deve ser substituído. (Foto 16)

Foto 17A conexão de serviço de baixa fica ao lado da caixa do filtro de ar do motor. (Foto 17)

Foto 18

A conexão de serviço de alta fica após o condensador, na linha de líquido, de fácil acesso. (Foto 18)

Foto 19A vávula de expansão pode ser acessada ao lado das mangueiras do sistema do ar quente, atrás do motor. (Foto 19)

Foto 20

Há apenas um eletroventilador que fica localizado atrás do radidor, o resistor do eletroventilador fica na parte lateral superior da carenagem do eletroventilador. (Foto 20)

O monitoramento de pressões do fluido refrigerante é feito por um tansdutor de pressão que fica na saida do corpo do condensador.

Por ter dutos muito estreitos, em caso de troca do compressor e óleo contminado, é recomendável substituír também todo o condensador com o filtro secador embutido. (Foto 22)

Foto 22 e 23Um dos pontos vulneráveis deste modelo é o condensador. É que a entrada de ar abaixo da placa no para choques dianteiro do veículo, permite a entrada de pequenas pedras quando o veiculo está em movimento em altas velocidades, o que pode ocasionar furos no condensador, por ser na parte inferior e com dutos muito finos, nem sempre é recomendado tentar soldar, ocasionando a troca do condensador. (Foto 23)

Uma opção para se oferecer ao cliente é colocar uma tela ou um defletor na frente e na parte de baixo do condensador. (Foto 24)

Foto 24 e 25

Para trocar o condensador é sugerido retirar o para choques, facilitando muito o acesso. (Foto 25)

Foto 26

A manutenção mais comum é a troca do filtro antipólen, que fica atrás do porta-luvas, acima do ventilador, dependendo do uso, este filtro pode ser substituído de 6 em 6 meses. (foto 26)

O comando do ar condicionado é eletrônico e pode ser usado no modo automático, com o mostrador de funções no display digital do centro do painel. Ao lado do seletor de reciclo pode se acionar o novo sistema AQS (Air Quality System).

Foto 27Uma tecnologia que mede a qualidade do ar e aciona automaticamente a recirculação, caso o ar externo esteja muito poluído, o que traz muito conforto aos passageiros, principalmente em viagens, evitando ter que acionar a recirculação de ar a cada vez que ficar atrás de um caminhão (fumaça). (Foto 27)

O sistema do Cruze tem ótima eficiência, mas no futuro tende a ocupar o lugar do Astra e do Vectra nas oficinas de ar condicionado.

PEÇAS E INFORMAÇÕES
Sobre este tema que baseia toda a qualidade e eficiência do reparo em veículos nas oficinas de reparação independente, observamos que a GM continua muito aquém do que os reparadores necessitam. É o que podemos observar nos comentários abaixo.

“Pelo histórico que temos da marca, teremos dificuldades em encontrar as peças deste veículo, nos deixando ‘reféns’ das concessionárias, onde estas disponibilizam as peças com longa espera. Com isso, infelizmente nossa rotina de compras fica em 70% nestas e com os outros 30% focados em distribuidores independentes, mas nestes casos, somente itens de uso geral como óleos e filtros que não são exclusivos deste veículo. Com relação às informações técnicas, ainda não precisei de nada mais complexo para efetuar os reparos aqui em minha oficina, mas percebo que quando necessitar de algo terei muito trabalho, pois se não tiver outros reparadores que possam colaborar comigo para compartilhar essas informações, não conseguirei nada da montadora”, comentou Josmar.

Souza também não mostrou situação diferente: “Infelizmente vemos que as montadoras não se preocupam com o mercado independente e esquecem que a grande maioria dos clientes nos escolhem para efetuar reparos em seus veículos. Quando vamos procurar peças para o Cruze, só achamos óleos e filtros, o restante é só concessionária”.

César finalizou, mostrando a realidade do nosso mercado atualmente: “Itens de revisão como óleos e filtros encontramos em abundância em todos os meios de compra, porém, peças em geral, até o momento só nas concessionárias mesmo, limitando nosso trabalho com relação ao custo e prazo de entrega ao cliente. O grande problema das montadoras em nosso país é que elas nos enxerga como concorrentes e não como parceiros. Quando a ‘ficha deles cair’ e notarem que somos formadores de opinião de milhares de pessoas na escolha da compra do próximo carro, eles vão começar a nos dar valor, pois sempre indico a montadora que oferece a maior quantidade de peças de reposição e informações técnicas amplas, portanto, até o momento este é um carro que não indico. Como com a GM não conseguimos grandes coisas, recorro ao Sindirepa para conseguir informações técnicas e, quando não consigo com eles, peço ajuda a outros reparadores ou literaturas de especialistas, portanto, devemos manter um bom relacionamento entre pessoas de nosso segmento”.