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Perguntas frequentes sobre reparo e manutenção em sistemas de transmissão automática – Parte 2/2


Nesta edição concluiremos a relação das dúvidas mais frequentes relacionadas aos problemas apresentados em veículos equipados com câmbio automático, e como proceder em cada uma das situações

Por: Carlos Napoletano Neto - suporte@apttabrasil.com - 27 de outubro de 2016

Temos recebido muitas consultas de técnicos reparadores, que a cada dia se deparam com mais carros equipados com transmissão automática em suas oficinas. Além das informações e esclarecimentos, esta matéria mostra a importência de se manter atualizado sobre o tema e aponta para os mais interessados uma boa oportunidade para agregar novos serviços de manutenção. 

Segue a sequência de perguntas e respostas:

20- A transmissão não muda para uma marcha superior nos primeiros quilômetros quando está frio.

A causa mais provável deste sintoma é o endurecimento dos lábios dos vedadores nos servos de aplicação e pistões dos tambores das embreagens. Quando a transmissão está fria, os lábios dos vedadores ficam na posição de repouso, “congelados” por assim dizer. Quando a pressão hidráulica é aplicada pela primeira vez, eles não se movem num primeiro momento, mas quando finalmente eles se movem, continuarão trabalhando até que a transmissão esfrie novamente.

Aditivos que são formulados para amaciar vedadores internos farão mais mal do que bem à transmissão a longo prazo. Não há maneira de controlar o efeito que os aditivos exercem nos vedadores, e desta maneira, o reparo do problema é a reforma da transmissão. O grau de endurecimento dos vários vedadores em uma transmissão poderá variar grandemente. Os vedadores que não estão endurecidos e que sofrem a ação do aditivo se tornarão mais moles do que o recomendado, prejudicando outras áreas da transmissão. Quando a transmissão alcançar a temperatura normal de trabalho, os vedadores estarão macios o suficiente para trabalhar corretamente. Invariavelmente, este problema vai piorar com o tempo e em temperaturas mais baixas.

21- A transmissão apresenta ruído e vibrações. Qual é a origem delas?

Ruídos e vibrações podem ser dois dos maiores desafios para se resolver. É imperativo que a causa seja determinada antes de se tentar reparar a transmissão. Frequentemente, peças são substituídas na tentativa de curar os sintomas, mas não há melhora! Isto pode ser caro, bem como frustrante.

Quando se suspeitar que a fonte dos ruídos e vibrações está na transmissão, a causa real pode ser o eixo cardan, o motor ou algo relacionado ao sistema de escapamento. Também, quando o veículo está engatado, coxins danificados do conjunto motor/transmissão podem contribuir para este problema, devido ao movimento do conjunto durante as acelerações e desacelerações. O torque ocorre tanto em uma direção na aceleração quanto na direção oposta nas desacelerações ou em marcha à ré. Como resultado, podemos experimentar vibrações em marcha à ré ou marchas à frente, independente uma da outra.

Uma técnica comum de diagnóstico da fonte de um ruído do sistema de transmissão é levantar o veículo em um elevador com alguém no banco do motorista e outro técnico sob o veículo. O motorista poderá “dirigir” o veículo em uma tentativa de reproduzir o sintoma ou ruído enquanto o outro técnico pode localizar a fonte.

Procure atentamente uma evidência plausível, e procure obter junto ao cliente a maior quantidade possível de informações e detalhes sobre o sintoma específico e em quais circunstâncias acontece o problema.

22- Que tipo de transmissão economiza mais combustível, a manual ou a automática?

Uma transmissão mecânica (manual) é geralmente mais eficiente em termos de consumo de combustível, porque a automática necessita de uma bomba para produzir pressão e gerar trabalho. A bomba da transmissão geralmente é tocada pelo motor, demandando uma carga maior.

Também, a transmissão automática utiliza um conversor de torque para transmitir força do motor para as rodas, e como acoplamento fluido que é, não consegue transferir 100% do torque gerado pelo motor, como a embreagem de acoplamento mecânico faz. Modelos mais recentes possuem uma embreagem dentro do conversor de torque que fornece um acoplamento mecânico entre motor e rodas, a partir de uma certa velocidade, porém não em marcha à ré e somente em marchas acima da 1ª velocidade.

É claro que as técnicas de condução também desempenham um papel muito importante no consumo de combustível.

23- Entrou água na transmissão automática – Trocar o fluido resolve o problema?

NÃO! Quando a água entra em uma transmissão automática, os materiais de atrito das embreagens absorvem a umidade, e ela dissolve a cola que fixa o material de atrito dos discos. Usualmente, uma quantidade de água se mistura ao fluido formando uma espécie de maionese branca ou leitosa em várias áreas da transmissão.

Colocado de maneira simples, eis o porquê não se consegue expulsar totalmente a água de uma transmissão. 

Adicionalmente, a presença de águia inicia um processo de oxidação nos materiais ferrosos em toda a transmissão. A quantidade de água que penetrou e o tempo em que esta água está ali determinará a extensão do dano, porém para solucionar este problema somente reformando  a unidade completamente.

Não existe atalho para resolver esta situação! É somente uma questão de tempo antes que a transmissão comece a apresentar funcionamento anormal e falhe completamente. O que acontece é que a água geralmente penetra na transmissão em uma ou duas maneiras. Primeiro, todas as transmissões possuem um respiro para equalizar as pressões internas e externas. Se o veículo entrar em alguma enchente, e o nível de água estiver igual ou mais alto que o respiro, a água resfriará a carcaça da transmissão, diminuindo momentaneamente a pressão interna e aspirando água para dentro da unidade.

Também, virtualmente todas as transmissões modernas (as mais antigas possuíam arrefecimento a ar), possuem duas linhas de arrefecimento que levam o fluido a ser resfriado à caixa do radiador do motor do veículo e o trazem de volta à transmissão. Se esta caixa ou o trocador de calor em si romper (devido à falta de manutenção do sistema de arrefecimento do veículo, por exemplo) o fluido da transmissão poderá entrar no sistema de arrefecimento e o líquido do sistema de arrefecimento poderá também adentrar na transmissão. Neste caso, a caixa do radiador deverá ser substituída bem como a transmissão deverá ser reformada completamente. Uma das indicações comuns de fluido de transmissão e água misturados é a aparência de “milk-shake” de morango do líquido de arrefecimento e do fluido da transmissão.

24- Achei um tampão caído dentro do cárter de uma transmissão Ford. O que é isto, e de onde ele veio?

Congratulações! Você é o primeiro técnico a remover o cárter desta transmissão. Este tampão é utilizado na vedação do tubo guia da vareta de óleo antes da unidade ser instalada no veículo, na linha de montagem. Quando o tubo de enchimento é colocado, o tampão cai dentro do cárter e permanece lá até o cárter ser removido pela primeira vez. Ele serviu à sua finalidade e não possui mais nenhuma função prática.

Muitos técnicos reparadores tentaram achar um lugar para instalar este tampão ou pensando que ele fosse a causa de algum problema, mas, como é o caso, ele não possui nenhuma função específica dentro da transmissão, portanto, pode e deve ser descartado.

25- O que dizer dos aditivos anunciados para transmissão automática, presentes no mercado?

Não somos muito fãs de aditivos. A maioria deles possui compostos que atacam a borracha dos vedadores através de toda a transmissão. Usualmente, somente uma pequena parte dos vedadores de uma transmissão endureceram devido ao tempo de trabalho e calor, mas os aditivos não são capazes de diferenciar entre eles e os que estão com a borracha em estado normal.

Assim sendo, quando os aditivos entram em contato com os vedadores, eles amaciam os já macios até o ponto em que eles não funcionarão mais a contento. A experiência do dia a dia após utilizar o aditivo é uma melhoria inicial de funcionamento da caixa, porém após poucas semanas, ela começa a se deteriorar rapidamente e comprometer o desempenho geral. Se os vedadores estiverem danificados, não há milagres à vista, apenas a fase de deterio-