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Como identificar os principais componentes do ar-condicionado automotivo


Mesmo que o sistema apresente um aparente bom funcionamento, com parâmetros de trabalho adequados, uma inspeção visual pode detectar possíveis vazamentos

Por: Ernesto Miyazaki - oficina.ernestomiyazaki.com.br - 23 de janeiro de 2017

O fato de estar gelando satisfatoriamente, com temperaturas medidas no termômetro, e as pressões de trabalho, tanto em altas e baixas pressões, estarem dentro dos padrões, não significa que não houve vazamento de fluido refrigerante. Por isso, é sempre recomendável fazer uma inspeção visual e verificar se existem indicadores de possíveis vazamentos. Em alguns casos, surgem até mesmo manchas com a coloração verde.


Uma das formas de se fazer uma inspeção visual seria observar a presença de alguma mancha de óleo em algum dos componentes do sistema de ar-condicionado. 

Os principais componentes de ar-condicionado automotivo a serem inspecionados são:

COMPRESSOR
Ele é o “coração” do sistema. A função é a mesma para todos os compressores, ou seja, succionar e comprimir o fluido refrigerante, fazendo-o  circular pelo sistema. 

Sua manutenção básica consiste em substituir os reparos/retentores e o rolamento externo, que fica na polia.

Os problemas mais comuns apresentados são vazamento no selo retentor do eixo do compressor. Uma dica importante: geralmente quando se substitui o selo por vazamento, é altamente recomendável a substituição do rolamento da polia externa, por onde passa a correia. Na ilustração (foto 1), detalhes de um compressor Delphi que equipa modelos Palio e Fiorino.

Foto 1
Na parte interna do compressor, (foto 2) podemos observar a placa de válvulas de sucção com avarias. Neste caso, trata-se de um modelo composto por 5 cilindros e 5 pistões, e apresenta duas palhetas danificadas.

Foto 2
CONDENSADOR
Geralmente fica localizado na frente do radiador de água do sistema de arrefecimento do motor. Sua função, como o próprio nome diz, é condensar o fluido refrigerante, transformando-o do estado gasoso para o líquido, diminuindo um pouco a sua temperatura adquirida na descarga do compressor. 

Em alguns casos específicos, o condensador é responsável por duas funções distintas em uma única peça, como no caso da Cherokee por exemplo, em que a parte superior (aproximadamente 20% da área) refrigera o óleo da direção hidráulica, e o restante da peça (80% da área) é dedicada ao sistema de ar-condicionado.

Na ilustração (foto 3), um condensador de um modelo Fiat Fiorino na bancada.

Foto 3
DISPOSITIVOS DE EXPANSÃO
Usualmente denominados como válvula de expansão ou tubo de expansão: estes dois componentes têm a mesma função de reter a pressão do líquido, e pulverizar o fluido refrigerante. A diferença é que no tubo de expansão, também chamado de caneta expansora, ela tem a sua expansão fixa e pré-definida pelo fabricante. Enquanto que na válvula de expansão (foto 5), que pode ser em formato “L” ou em “bloco”, é possível variar a quantidade de vazão de sua expansão, de acordo com a temperatura de retorno do evaporador (sucção). Na ilustração, observamos um tubo de expansão retirado de um modelo Ford Ka (foto 4).

Foto 4
Na sequência, (foto 5) uma válvula de expansão de um modelo VW Santana 92, impregnado pelo vazamento de óleo R-134a, e na outra imagem (foto 6) podemos observar uma válvula de expansão do modelo VW New Beatle.

Foto 5
Foto 6
FILTRO SECADOR
Este componente está localizado normalmente junto ou após o condensador, podendo ser em formato cilíndrico (bujãozinho), ou refil. Sua principal função é filtrar o fluido refrigerante, além de reter a umidade e partículas provenientes de atritos internos dos componentes do compressor. Quando substituído periodicamente, sua atuação previne o desgaste prematuro do compressor e melhora a sua eficiência. Na ilustração, um filtro secador de um modelo Jeep Cherokee (foto 7) e outro de um modelo VW Santana 92 (foto 8).

Foto 7
Foto 8
FILTRO ACUMULADOR
Sua localização fica entre o evaporador e o compressor. Possui um formato cilíndrico (bujão), e sua principal função é evitar a entrada de líquido no compressor, expandindo novamente o fluido refrigerante dentro dele. O filtro acumulador exerce ainda as funções de filtrar e reter a umidade e partículas de desgaste do compressor. Tal como qualquer outro filtro, a sua substituição periódica preserva o compressor, prolongando a sua vida útil. Nas ilustrações, podemos observar um filtro acumulador de um modelo Ford Ka (foto 9), e em outra imagem, o filtro acumulador de um modelo Audi (foto 10).

Foto 9
Foto 10

EVAPORADOR
Normalmente a sua localização é de difícil acesso, e na maioria das vezes é necessário remover o painel do carro para se ter acesso, primeiro à caixa evaporadora, que precisa ser aberta para finalmente se alcançar o evaporador. Sua função é retirar o calor interno do veículo e conduzi-lo para fora, através do fluido refrigerante.  Em alguns veículos cuja montadora/fabricante desenvolveu o sistema sem o compartimento do filtro de cabine, geralmente o evaporador acaba se sujando rapidamente, sendo necessário frequentemente desmontá-lo e lavá-lo com sabão neutro. Em alguns casos mais críticos, a sujeira se acumula de tal forma que o melhor seria a sua substituição. Na ilustração (foto 11), um evaporador de um modelo Mini Cooper, com indicação de vazamento através da técnica de contraste.

Foto 11
OUTROS COMPONENTES
A inspeção visual em busca de possíveis vestígios de vazamentos deve contemplar ainda as mangueiras, tubulações rígidas e flexíveis, principalmente em suas conexões e fixações.

E complementando a identificação visual de componentes, temos os sensores responsáveis pelo controle do sistema, que são os pressostatos, termostatos, transdutor eletrônico de pressão, e outros sensores eletrônicos. Sobre as suas funcionalidades e características técnicas, falaremos com mais detalhes nas próximas matérias.

O sensor de pressão do fluido refrigerante (foto 12), geralmente utiliza 3 fios, sendo 2 de energia (+ e -), e outro dedicado ao sinal de informação.

Foto 12
O pressostato tem a função de acionar ou não o compressor, e quando necessário, aciona a ventoinha do sistema de arrefecimento do motor em seu segundo estágio. Ele protege ainda o compressor quando o nível de fluido refrigerante estiver abaixo do ideal para o acionamento.

Na imagem (foto 13), podemos observar que o pressostato instalado em um modelo GM Onix não é original, utilizado para adaptação de ar-condicionado pós-fábrica. Neste caso específico foi feita uma ligação por “fora”, sem o reconhecimento da unidade eletrônica da injeção.

Foto 13
Nas próximas ilustrações, um pressostato de baixa pressão (foto 14) de um modelo Ford Ka, e um pressostato de alta pressão (foto 15) que utiliza 4 fios.

Foto 14
Foto 15
Já o termostato é um componente importante, responsável pelo liga/desliga do compressor quando o evaporador atingir a temperatura próxima de 2 a 5 graus Celsius. Geralmente no difusor de saída, a temperatura de saída do ar fica entre 5 a 8 graus dependendo da temperatura ambiente. Um importante alerta é jamais fazer um “jump” (ligação direta) no termostato, pois isso pode condenar o compressor. Se o sistema estiver congelando o evaporador, há uma grande probabilidade da válvula de expansão não expandir completamente o fluido refrigerante, fazendo com que microgotículas de líquido entrem no interior do compressor. Tal situação não chega a causar calço hidráulico, mas provoca um grande sequestrador de óleo lubrificante, fazendo que o compressor sofra um desgaste prematuro. N a próxima imagem (foto 16) um termostato com sensor eletrônico de temperatura de um modelo Fiat Palio.

Foto 16
E finalmente temos o controle ou comando AC, que é o componente responsável pelo acionamento do compressor, controle de temperatura e direcionamento da ventilação.

Possui ainda uma alavanca ou botão da renovação que controla se o ar captado a ser condicionado é externo ou interno. E sobre este componente, também falaremos em detalhes nas próximas matérias.