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Ar-Condicionado Automotivo: os tipos de fluidos refrigerantes (Gás) do ar condicionado automotivo


Como manusear, recolher, reciclar, descartar, identificar e os cuidados necessários no mauseio de fluidos (Gases) refrigerantes para aplicação em sistema de ar condicionado automotivo

Por: Ernesto Miyazaki - oficina.ernestomiyazaki.com.br - 25 de outubro de 2016

Nesta matéria, falaremos dos principais tipos de fluido refrigerantes recomendados e utilizados nos sistemas automotivos.

Alguns reparadores de ar-condicionado acreditam que os fluidos refrigerantes são todos iguais, mas tome cuidado, pois existem muitas diferenças!

Você já deve ter reparado que em alguns veículos existem etiquetas adesivas coladas sob o capô do carro, no cofre do motor, indicando o seu tipo de fluido refrigerante e sua quantidade em gramas ou quilogramas.

No Brasil, até meados de 1995 era utilizado o fluido refrigerante R-12 para sistemas de ar-condicionado automotivo. A partir desta data, começou a ser utilizado o fluido refrigerante R-134a para todos os veículos fabricados no Brasil.

Hoje, talvez, você possa se deparar com um fluido refrigerante novo, o R-1234yf. Neste caso recomendo estudar sobre o produto antes de manusear, pois é um fluido refrigerante ainda desconhecido aqui no Brasil.

Foto de uma etiqueta - Ford Edge 2011 - indicando fluido refrigerante R-134a, sua quantidade de fluido específica para cada tipo de motor, e seu tipo de óleo lubrificante e quantidade total específica

Etiqueta adesiva - Chrysler Caravan 1998 - indicando duas possibilidades de quantidade de fluido refrigerante conforme modelo da caixa evaporadora e também o tipo de óleo lubrificante
A Dupont, uma das maiores fabricantes de fluidos refrigerantes para sistema de ar-condicionado automotivo, recomenda a utilização de 3 tipos de fluidos refrigerantes, e um tipo para limpeza das partes internas de sistema:

Atualmente, o fluido mais conhecido e utilizado seria o fluido refrigerante R-134a. 

Tipos de fluidos refrigerantes e a evolução dos produtos em relação à agressão ao meio ambienteEm 2013, foi criado um novo fluido refrigerante, o HFO-1234yf, que é o substituto do R-134a, já utilizado nos países de primeiro mundo.

E se chegar um veículo com fluido refrigerante R-12 na sua oficina agora, o que você geralmente faz? Pediria para uma oficina especializada fazer o serviço? ou iria chamar um mecânico de ar-condicionado automotivo para executar o serviço? Bom, eu já vi até hoje vários técnicos de ar-condicionado automotivo utilizando fluidos INADEQUADOS, para estes veículos mais antigos. Mas por que isto ocorre? A verdade é que, como o Brasil faz parte do acordo de protocolo de Montreal, o IBAMA proibiu a fabricação, importação e sua comercialização deste tipo de fluido refrigerante R-12. Como não existe mais esses fluidos refrigerantes, profissionais mal informados acabam utilizando o fluido R-134a no sistema projetado para  utilizar o R-12. O maior problema ocorre na incompatibilidade do fluido com o óleo lubrificante. O sistema R-12 utiliza lubrificante mineral ISO-68, enquanto o R-134a utiliza o óleo lubrificante sintético chamado PAG (polyalquilenoglicol) ou POE (polyolester), com sua viscosidade variando de 46, 100 ou 150, dependendo do fabricante do sistema ou da marca do compressor do veículo.

 

Principais fluidos refrigerantes para linha automotiva

Tipos

Classificação ASHRAE

Tendência de mercado

ODP

GWP

Aplicações

CFC

R-12

Praticamente extintos (devido ao ODP)

1

10890

Maioria dos veículos fabricados no Brasil e importados até 1995

MO49Plus

R-437a

Pouco utilizado por falta de informações e alto custo de compra, comparado ao R-134a

0

1955

Serve para substituir fluido R-12, sendo uma alternativa mais econômica e mais rápida do que fazer o Retrofit para o fluido R-134a.

HFC

R-134a

Em alerta, devido ao alto GWP

0

1430

Maioria dos veículos fabricados no Brasil desde 1995

HFO

R-1234yf

Será o substituto do fluido refrigerante R-134a, já utilizados em alguns veículos novos no Estados Unidos e UE

0

1

Iniciado o seu uso em 2014, hoje já são mais de 18 milhões de veículos que utilizam este fluido nos países de primeiro mundo. Aqui no Brasil, logo pode bater na porta da sua oficina, fique preparado

HCFC

R-141b

muito utilizado para limpeza por dentro das tubulações dos sistemas

0,11

700

serve para realizar limpeza das partes internas dos componentes de sistema de AC automotivo e outros

HCOOCH3

Ecomate

produto novo e pouco conhecido. Um leve teor de inflamabilidade

0

-1

serve para realizar limpeza das partes internas dos componentes de sistema de AC automotivo e outros

ODP: sigla de ozone depletion potential, ou potencial de destruição da camada de ozônio. O ODP de uma substância mostra qual é o dano que ela pode causar à camada de ozônio, em relação ao CFC -11. Esse índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de zero, menor o impacto na camada de ozônio. GWP: sigla de global warming potential, ou potencial de aquecimento global. É a medida que mostra quanto uma determinada massa de um gás de efeito de estufa contribui para o aquecimento global (ou qual a sua capacidade de reter calor na atmosfera), em relação à mesma massa de gás equivalente de CO2 . O valor do GWP é sempre calculado para um determinado período de tempo (como 20, 50 ou 100 anos). O CO2 é o gás de referência para o cálculo, sendo que o seu GWP é 1 por padrão. Os demais são calculados em relação ao CO2. Quanto maior o GWP, maior o impacto sobre o aquecimento global.

 

(esquerda) Cilindro de fluido refrigerante mais utilizado, R-134a / (direita) Cilindro de fluido refrigerante R-437a <MO49Plus> para substituir o R-12 em alguns veículos antigos, fabricados antes de 1995 no Brasil
Você deve imaginar o que pode acontecer com o sistema de ar-condicionado utilizando estes fluidos inadequados, e ainda mais se aplicados com o  óleo lubrificante errado.

(esquerda) Volkswagen Passat ano 1986, que passou um processo de Retrofit <mundança de sistema de fluido refrigerante> de R-12 para R-134a / (direita) Compressor de um VW Passat ano 1996 com os engates dos manômetros de alta e baixa pressão transformados para o engate rápido do sistema de R-134a

Obs.: muito cuidado ao manusear o óleo lubrificante PAG para sistema de ar-condicionado automotivo, pois ele é muito higroscópico, ou seja, absorve umidade rapidamente se exposto ao ar ambiente, principalmente em dias chuvosos com alta umidade relativa do ar. Resumindo, se abrir o frasco e não utilizar tudo, feche imediatamente, para não contaminar por umidade. 

(esquerda) Óleo lubrificante retirado de um compressor, com sinais de início de contaminação, devido aplicação errada do fluido refrigerante. Comparação visual, pois o óleo novo é totalmente incolor, transparente, e neste caso, podemos visualizar ainda resíduos de limalha de alumínio /  (direita) Dois frascos de óleo lubrificante do sistema de ar-condicionado automotivo PAG 150, do lado esquerdo da foto, visualmente está todo escuro quase preto, indicando contaminação, e do lado direito da foto, um frasco com resto óleo lubrificante novo incolor, indicando que estaria apto para uso
COMO PROCEDER À MANUTENÇÃO EM SISTEMAS COM FLUIDO R-12

Uma das alternativas seria a utilização de um fluido substituto chamado MO-49, (é um tipo de mistura de alguns fluidos), chamado de blend, um tipo de mistura de fluidos que após vários testes e ensaios foi o que melhor se adaptou à sua substituição, evitando a destruição da camada de ozônio. Porém, a alternativa mais recomendada seria realizar um processo chamado de RETROFIT, que consiste na modificação do sistema antigo para o sistema do novo fluido refrigerante R-134a. Neste procedimento é altamente recomendado efetuar a limpeza das partes internas das tubulações do sistema de ar-condicionado, utilizando o fluido refrigerante de limpeza chamado R-141b ou um novo fluido refrigerante de limpeza denominado Ecomate. Vale lembrar que é imprescindível a substituição de outros componentes do sistema, as partes vedadoras, juntas do compressor, substituir também o óleo lubrificante para um sintético, e o filtro secador ou filtro acumulador. Em alguns casos há necessidade de substituir a válvula de expansão ou tubo de expansão, e no caso das mangueiras e anéis O´ring, recomendamos substituir todos.

Resumidamente, o retrofit de R-12 para R-437a (MO-49plus), pode ser mais rápido e econômico em relação ao retrofit de R-12 para R-134a, mas o custo do fluido refrigerante R-134a é mais barato que o R-437a. Vale a pena fazer a conta e mostrar ao cliente oferecendo a melhor opção.

É sempre muito importante ler e estudar o manual do fabricante do veículo, pois cada modelo possui sua quantidade de fluido refrigerante e o óleo lubrificante a ser utilizado. 

No caso de utilizar o blend MO-49plus (R-437a), segundo o guia de retrofit da Dupont, o ideal seria aplicar cerca de 15 % menos fluido refrigerante do que a quantidade original com fluido R-12.

Por exemplo: se um veículo deveria utilizar 1,200 kg, basta utilizar 1,020 kg, e analisar suas pressões de trabalho. Após a sua carga completa, efetuar a leitura dos manômetros (alta e baixa pressões) e comparar as temperaturas interna e externa, e se necessário, ir completando de 10 em 10 gramas.

No caso de fazer o RETROFIT de R-12 para R-134a, dependerá muito dos tipos e marcas dos componentes substituídos. Em alguns casos chegamos a diminuir em até 40%  a quantidade original, como por exemplo em um VW Santana que utilizava 1,200 kg, e após o RETROFIT, passou a utilizar 750 gramas de R-134a.

Para quem costuma terceirizar este tipo de serviço, recomendamos verificar se o profissional utiliza uma balança graduada para saber a quantidade de fluido aplicado, pois se aplicadas quantidades fora dos padrões, o sistema trabalhará sobrecarregado, e poderá causar danos a componentes como o compressor, e até mesmo estourar algumas mangueiras.

Cuidado também com a procedência do fluido refrigerante. Muitos profissionais do setor já foram vítimas nesta questão, e recomendamos a todos, cuidado e cautela na hora da compra destes fluidos refrigerantes. Há uns 8 anos atrás, recebemos um lote de fluidos CONTAMINADOS, que acabaram derretendo as nossas máquinas de reciclagem e estragando alguns sistemas de ar-condicionado automotivo. O prejuízo só não foi maior, pois conseguimos identificar rapidamente o problema com o fluido refrigerante, e convocamos um recall, substituindo o fluido aplicado para os clientes que contrataram o serviço na época.

A identificação do problema foi possível graças a um equipamento que analisa a qualidade do produto utilizado. Não equivale a uma análise feita em laboratório, mas  ajuda bastante, e já chegamos a devolver até 7 cargas contaminadas, e atualmente não enfrentamos mais este problema.

analisador de fluido refrigerante, neste caso identificando que o fluido estaria contaminadoDESTINAÇÃO CORRETA DO FLUIDO REFRIGERANTE

Em muitas rotinas de manutenção mecânica, para liberar o acesso, é preciso desconectar uma mangueira ou desmontar um componente do ar-condicionado, que pode estar funcioando perfeitamente. Mas nestes casos, infelizmente muito profissionais simplesmente deixam o gás refrigerante se soltar na atmosfera. 

Antes de explicar o que deveria ser feito, é bom alertar a todos que soltar fluido refrigerante na atmosfera é crime ambiental, pois você estará agredindo o meio ambiente, e pode causar danos à  saúde das pessoas. 

Para esta situação, recomendamos chamar um profissional do ramo, ou levar o veículo a uma oficina especializada, para efetuar o recolhimento ou reciclagem de forma adequada. Se o fluido estiver contaminado, deve-se efetuar o recolhimento e levá-lo para ser regenerado ou incinerarado por empresas idôneas para realizar a  destinação adequada conforme o MMA (Ministério do Meio Ambiente) e IBAMA. Se o fluido não estiver contaminado , basta efetuar o recolhimento ou reciclagem para o reúso. 

E lembre-se, antes de manusear, utilize sempre EPIs apropriados para cada fluido refrigerante. Veja no FISPQ, Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos, de cada produto. Nela constam as informações importantes antes de você manusear qualquer produto químico, como armazenar, e os cuidados que devemos ter.

Na maior parte deles, recomenda-se a utilização de óculos de segurança com proteção lateral e  luvas térmicas.