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Desvendando o Sistema SCR (Redução Catalítica Seletiva) dos motores diesel euro 5 - Parte 1


Conheça o princípio de funcionamento do sistema e os seus principais componentes, e acompanhe algumas dicas práticas de testes e diagnósticos para efetuar uma correta rotina de manutenção

Por: André Miura - 24 de junho de 2016

O SCR (selective catalytic reduction ou Redução Catalítica Seletiva) é um sistema de tecnologia avançada que injeta um agente líquido-redutor em um catalisador especial para o fluxo de escape de um motor diesel. A tecnologia foi criada com o intuído de reduzir as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) atendendo os requisitos da 7° fase da Proconve e a 5° fase da Euro, que são regulamentos de controle emissões de poluentes por veículos automotores no Brasil e na Europa respectivamente.

Este sistema tem sido utilizado há muitos anos em embarcações marítimas tais como balsas e rebocadores. Com um retorno positivo nas questões econômicas e ambientais, o SCR tem sido utilizado nos veículos diesel fabricados acima de 2012 para atender as normativas.

Para que tal feito seja possível, um liquido preparado de uma solução de 32,5% de ureia diluída em água desmineralizada e livre de impurezas, conhecida como ARLA 32 (Agente Redutor Liquido Automotivo) é utilizada para reduzir o NOx.

 

O sistema é composto basicamente por 6 componentes, sendo eles:

• Dois sensores de temperatura localizados um antes e outro depois do catalizador SCR;

• Um sensor de NOx semelhante a sonda lambda tipo banda larga composta em veículos com injeção direta;

• ECU fazendo o papel de cérebro, analisando as informações dos sensores e comandando os atuadores. Pode estar localizada junto ou separada o modulo do motor, dependendo do sistema;

• Unidade de bombeamento do Arla 32 do tanque;

• Injetor do Arla 32.

 

Unidade de bombeamento do Arla 32 acoplada à ECU  Injetor de Arla 32

 

O sistema só entra em funcionamento quando o motor está em operação e atinge uma determinada temperatura, medida através dos dois sensores. Após esse tempo a ECU começa a realizar a injeção do Arla nos gases do escape, através do injetor dento do conversor catalítico SCR. Quando o liquido entra em contato com os gases inicia-se o processo de quebra no NOx.

A ECU então analisa novamente qual a temperatura antes e depois do catalisador, assim, sabe que a catalise foi realizada, devido ao fato de que quando ocorre a reação a temperatura aumenta, então o segundo sensor deverá medir uma temperatura mais alta do que o primeiro e analisando a informação passada pelo sensor de NOx a ECU certifica que todos os resíduos de NOx foram transformados em água (H2O) e nitrogênio (N2) que são inofensivos. Com esse sistema é possível eliminar até 95% do NOx e em torno de 4 a 6% do CO2.

Como o sistema já está em utilização e já encontra-se veículos com problemas existem alguns testes via scanner para verificar o funcionamento do sistema, como iremos mostrar em sequência.

Um dos defeitos mais comuns encontrados no sistema Adblue é o injetor obstruído devido a cristalização do Arla.

Para realizar a verificação é necessário retirar a unidade dosadora, onde se encontra o injetor, no escapamento. O motor deve estar desligado, o freio de mão acionado e deve conter arla no tanque destinado a este produto. Para verificar a quantidade do liquido que será injetado, deve-se posicionar uma proveta na saída do injetor.

Imagem 1 – Scanner DieseldiagEntão com um scanner entrar na função e realizar o teste de volume da unidade dosadora

A quantidade de Arla injetado no teste que dura em torno de 120 segundos, deve ser em torno de 100 ml dependendo do veículo testado.

Outra questão que vem tomando conta do cenário de motores movidos a diesel e com tecnologia SCR é que muitos motoristas reclamam do preço do Arla e com isso acabam por desligar o sistema, mas o problema é que esses veículos poluem muito, como avalia o professor de medicina Paulo Saldiva da USP

“Veículos diesel pesados representam menos de 10% da frota, mas eles, no seu conjunto, emitem 50% da poluição. Portanto, se eu tiver veículos diesel que emitam menos, eu resolvo a poluição do Brasil pela metade. Taí um bom negócio”

Imagem 2 – Scanner Dieseldiag – Testes no sistema Arla/AdblueSem falar que realizar tal ação é crime ambiental, de acordo com a informação publicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

 

 “O Ibama alerta os proprietários de veículos movidos a óleo diesel fabricados a partir de 2012, (...) com a tecnologia SCR, que modificações (...) que visem a enganar o sistema de controle de emissões, para a não utilização do ARLA 32, certamente causarão problemas técnicos aos veículos, que, por sua vez, trarão prejuízos financeiros futuros, além de configurarem ilícito ambiental, tanto para quem vende/executa a instalação quanto para o proprietário do veículo, passível de multa que pode chegar a R$ 50 milhões.”