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Tecnologia de campeonato mundial e componentes exclusivos: conheça a KTM 390 Duke


Com 44 cv e 139 kg a seco, KTM 390 Duke ABS é o único modelo até 600 cc com ABS desconectável, suspensão invertida na dianteira e balança traseira de alumínio. É a moto mais leve, divertida e rápida até 500 cc

Por: Lucas Paschoalin - 19 de setembro de 2016

Se você é uma pessoa ligada a competições, certamente já ouviu falar sobre a KTM. Se não é, vai entender rapidamente o potencial dela, que além de líder mundial na produção de motos off-road e líder européia na fabricação de motocicletas (recentemente ultrapassou nomes como BMW, Ducati e Triumph), também é uma marca que acumula mais de 260 títulos mundiais em competições. Criada em 1953, na Áustria, a KTM é uma marca movida pelo espírito “Ready To Race”, ou traduzido ao pé da letra: “pronto para correr”. Ou seja, a marca faz motos que podem ser tiradas da lojas e levadas direta para a pista. 

Entusiasta de veículos com duas rodas original de Londres, na Inglaterra, Craig Dent é o responsável por criar as linhas da família Duke. Funcionário da Kiska Design, empresa também austríaca que desenvolve produtos para a marca laranja, Dent já passou por marcas como BMW e Honda. Segundo o criador das Duke, o nome é em homenagem a Geoff Duke, piloto inglês que faleceu pouco tempo antes da criação da primeira 690, na década de 1990. 

É a moto mais leve, divertida e rápida até 500 cc
Com linhas angulares e perfeitamente harmônicas, a 390 é compacta, parece uma bicicleta de tão pequena. São apenas 139 kg a seco, 39 kg a menos do que a nova Honda CB 500F, modelo que a marca considera uma das concorrentes, assim como a Kawasaki Z300. O quadro tubular de aço é pintado através de pó laranja e eletrostática, e chama atenção junto com as rodas de liga leve de 10 pontas. Na versão 200 cc eles são pretos. Sua arquitetura passa leveza, assim como as bengalas dianteira White Power (WP) de 43 mm pintadas de preto – mesma medida encontrada na 690 Duke que ainda não é vendida no país – e a balança de alumínio. Mas não é apenas no visual que a 390 tem este peso pena, acelerando é possível perceber o quanto o conjunto da Duke é rápido nas mudanças de direção. A naked ataca as curvas, parece querer deitar mais para cima delas e isso é feito de maneira automática. Você não tem que se forçar a nada para estar perto de raspar as pedaleiras no chão. Limite? Longe disso, a KTM raspa tudo esbanjando desempenho e longe de dar algum susto ou te levar para o chão. 

O conjunto de amortecimento é bom, e deve ser ainda melhor na cidade. Na pista, senti que a traseira poderia ser endurecida um pouco para a moto ficar ainda mais firme e ágil. A dianteira não pode ser ajustada (e nem precisa), mas a traseira é ajustável em sete pontos de pré-carga da mola. 

A Duke é muito boa de ciclística, mas não podemos agregar os créditos apenas ao acerto dado ao par WP, pois o par de pneus Pirelli Diablo Rosso II também faz muito bem a sua parte, e gruda bem ao chão. O traseiro tem 150 mm de largura, e é o mais largo da categoria. O dianteiro é o tradicional 110 mm encontra na maioria das motos até 300 cc. 

BREMBO

A Duke tem uma vantagem que nenhuma moto que varia entre 250 cc e 500 cc tem: freios ABS em toda a linha 390 com a opção de ser desconectado. Parabéns KTM, seria muito mais justo se todas as motos trabalhassem assim. Você pode ligar ou desligar o ABS apertando um botão que não tem indicação, no lado esquerdo do painel, abaixo dos indicadores mode e set, respectivamente. É só passar o dedo para sentir que no canto esquerdo há uma parte um pouco mais macia. Pressione por cinco segundos e assim que a luz ABS começar a piscar no canto superior direito do painel, o sistema anti-travamento dos freios está desconecto. 

Apesar de não gostar de freios ABS em pista, devo assumir que sua atuação parece tímida, mas a intervenção é bem perceptiva e a parada precisa. É possível retardar bem a frenagem, pois o ABS Bosch modelo 9MB para extremamente rápido. Vale a pena ressaltar que a Bosch faz ABS para os melhores modelos esportivos do mercado, seja para carro ou moto. Com o sistema desabilitado, senti que os freios são bons com as pinças Bybre, segunda linha da italiana Brembo, mas que a alavanca de freio fica mais baixa. Eu sangraria um pouco mais para levantar o freio. O manete mantinha a progressividade encontrada nas ações com ABS, mas o curso dobrava e a alavanca de freio acabava encostando nos dedos que estavam no acelerador.

BRUTA

A KTM deixa duas impressões. Quando você anda a primeira vez, fica tão abismado com o poder da ciclística que o motor não impressiona tanto. Mas depois que você acelera de verdade e leva o motor para cima dos 10.000 rpm, você conhece outra moto, bruta e explosiva, porém extremamente divertida. A KTM insiste em passar a imagem que essa é uma Duke para diversão e não uma moto 100% para conforto. Porém ela é os dois. O escalonamento das seis marchas e a entrega suave dos 44 cv a 9.500 rpm e dos 3,57 kgfm de torque - sem rotação declarada -, vão agradar tanto o motociclista que quer acelerar quanto o que procura uma tocada suave para rua. Depende apenas de como você vai trabalhar o punho direito. O comando do acelerador é progressivo, leve e suave, assim como todos os outros da moto. Os punhos são iluminados, coisas que não encontramos em nenhuma moto de baixa cilindrada. As marchas passam com sincronia uma após a outra, e entram sem problema. Existem pequenas vibrações, principalmente quando se tenta retomar a velocidade sem articular as marchas. Porém não é nada incômodo ou que te deixará com os membros formigando.

A marca não indica o consumo, mas os engenheiros dizem que o tanque de meros 11 litros faz milagre somado ao motor da 390. Alguns arriscaram que é um dos melhores da categoria. Pois bem, fizemos o teste em roteiro misto de 120 km e para a nossa surpresa, respeitando os limites das vias que variavam entre 50 km/h e 120 km/h, a moto fez surpreendentes 38 km/l. Se quiser acelerar, vai ver que isso muda completamente, e encontrar uma beberrona. 

A posição de pilotagem sobre a moto é natural. O guidão é largo e a sua altura é perfeita. O banco é um pouco duro para quem roda muito, mas tem a opção soft ou macia para quem quiser encomendar. A garupa não tem um espaço tão generoso quanto ao piloto, mas as alças são bem posicionadas para passar segurança.

1,5 MILHÃO

Acredito que a Duke vai levar muita gente para as concessionárias da KTM ou Dafra, já que algumas motos estão sendo vendidas dentro da marca nacional que viabilizou a vinda da laranja para o Brasil. Mas espere! Entenda que os produtos KTM não tem nada a ver com a Dafra. É como um iPhone. Ele é um produto americano que é fabricado na China. Mas não tem nada de chinês. A KTM continua sendo um produto 100% austríaco, fabricado na Índia e montado no Brasil. A ajuda é apenas na operação e organização no país. 

A Duke é uma moto diferente. Chama atenção e mostra exclusividade. Seu acabamento é muito bom, e vai obrigar outras marcas a terem mais carinho. Basta reparar no painel, que mostra quando tempo o motor está ligado, sua média de velocidade e também tem luz de assistência de troca de marchas programável. Ele também avisa as trocas de óleo. A primeira é com 1.000 km, mas as demais com 6.500 km – é a troca mais longa da categoria. A KTM também garante peças de reposição, e diz que 1,5 milhão de reais foram investidos para que estas não faltassem, bem como outros acessórios. Tudo isso para agradar o público brasileiro e se fixar em um dos mercados mais promissores do mundo.

Agora fica ao seu critério colocar na balança para saber: vale a pena pagar R$ 21.990 por uma KTM que tem suspensão invertida, balança de alumínio, freios Brembo e ABS desconectável?