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Moto dá estouros na reduzida, marcha lenta ruim e faz barulho no motor. Onde está a causa?


Os sintomas de mau funcionamento são sempre parecidos, podem confundir os mecânicos, mas as causas são inúmeras e variam de moto para moto, a nossa proposta é apresentar algumas soluções para o(s) problema(s)

Por: Paulo José de Sousa - 11 de fevereiro de 2019

Nesta matéria a nossa análise está focada nos sistemas de indução de ar (IAS) ou sistema PAIR, são mecanismos importantíssimos, eles colaboram para a redução da emissão de gases de escapamento, mas em caso de falha podem aumentar a emissão de poluentes e alterar o funcionamento da motocicleta. 

Pouco se fala sobre os componentes que compõem o sistema, e como consequência disso pouco se sabe sobre seu funcionamento e importância ao ambiente. 

Os sistemas de indução de ar (IAS) também recebem o nome de sistema “PAIR”, que quer dizer: injeção de Ar Pulsativo Secundário no escape. Eles injetam ar previamente filtrado para proporcionar a queima dos gases que não sofreram combustão. 

Como benefício ocorre uma redução nas emissões de poluentes, essa tecnologia de controle de emissões já é utilizada há algumas décadas em diversas motocicletas. 

Não é nosso objetivo desabonar os sistemas de controle de emissões das motocicletas, ao contrário, vamos esclarecer como é o funcionamento e valorizar a tecnologia, que é um benefício para a coletividade. 

Possíveis sintomas de mau funcionamento da motocicleta ocasionados por falhas no sistema de controle de emissões de poluentes 

• Motocicleta dá “estouros” (ruídos) no escapamento durante a reduzida de marchas; 

• Marcha lenta instável; 

• Ruídos de vazamento de gases do motor; 

• Queda no desempenho do motor; 

• Aumento no consumo de combustível; 

• Aumento nas emissões de gases. 

DESCRIÇÃO DO SISTEMA 

O conjunto é composto de válvula, tubulações, suportes e abraçadeiras e está instalado geralmente acima do cabeçote.

Mas não é só de benefício que vive a oficina de moto, quem nunca reclamou que o dispositivo atrapalha o serviço, ex.: um reparo na tampa do cabeçote, remoção de carburador ou alguma desmontagem da parte superior do motor. 

Para superar o incômodo causado pelo conjunto e facilitar o trabalho, o reparador remove todo o sistema a fim de chegar até a região desejada e executar o reparo e posteriormente instala toda a parafernália novamente.

FUNCIONAMENTO 

O sistema injeta ar no cabeçote logo após a válvula de escapamento ou um pouco mais à frente no tubo de escape, o ar é previamente filtrado na caixa ou em um filtro auxiliar. No circuito há uma válvula que faz o corte do ar e não permite o refluxo para a caixa do filtro, a válvula é comanda pelo vácuo do coletor de admissão.  

Em outras tecnologias utilizadas o sistema é controlado pelo módulo do motor, que direciona e faz o controle do fluxo de ar por meio de uma válvula solenoide. 

Na pilotagem ocorrem três situações nas quais há atuação de injeção de ar no escapamento: 

• Durante a frenagem; 

• Redução de marcha prolongada; 

• Quando o acelerador é solto rapidamente. 

Desta forma, ocorre a combustão ineficiente, em algumas dessas condições a mistura fica rica repentinamente até porque há combustível aderido no coletor e ocorreu o corte de ar para o motor. Nestas condições o vácuo no coletor do motor se torna “muito alto”, assim o sistema (a vácuo) aciona a válvula e injeta ar. Os gases que não foram queimados na câmara estão concentrados no interior do escape e ao receberem a injeção de ar serão queimados instantaneamente, e como vantagem o resultado na saída do escape é de uma emissão mais limpa. 

No sistema a vácuo uma válvula de palheta (lâmina de aço) permite o fluxo de ar apenas em um sentido, se houver um refluxo (fluxo contrário) ocorrem panes no funcionamento da motocicleta e alterações de marcha lenta. 

Com a utilização da injeção eletrônica alguns fabricantes deixaram de lado o mecanismo, “acredita-se” que em alguns casos particulares a injeção eletrônica deu conta do controle de emissões, porém não são todas, ainda existem motos em produção que utilizam o sistema. 

O sistema eletrônico também funciona da mesma forma, porém a diferença está no controle da injeção de ar, na baixa pressão (vácuo), a válvula de corte de ar abre-se por meio do comando eletrônico. Basicamente o módulo do motor utiliza como parâmetro a pressão medida no coletor de admissão para gerenciar o funcionamento da solenoide. 

Um exemplo de controle eletrônico está na XT660, a ECU faz o abre e fecha da tubulação dosando o ar no motor através de uma válvula solenoide. 

Aqui o reparador deve ficar atento, dependendo da marca da motocicleta se houver uma pane na válvula solenoide a ECU/ECM imediatamente irá reconhecer o defeito e gerar um código de falha correspondente, que poderá ser verificado com o auxílio de um scanner, LCD do painel ou diretamente na lâmpada da injeção. 

Nas motocicletas Comet e Mirage da Kasinski, o solenoide é conhecido como válvula SAV e recebe o código que indica falha no solenoide, já na motocicleta Kawasaki no modelo Ninja 250 também há um código correspondente ao defeito “falha na válvula de controle do ar secundário ou na fiação”. 

A falta ou falha nas manutenções preventivas é o grande causador de defeitos no sistema. Causas prováveis de defeitos no sistema de controle de emissões: 

• Filtro de ar obstruído; 

• Mangueiras e tubulações obstruídas pela carbonização; 

• Mangueiras e tubulações trincadas ou soltas; • Mangueiras dobradas ou esmagadas; 

• Carbonização no interior da válvula; 

• Falha na vedação na válvula; 

• Outros defeitos na válvula. 

DICAS 

Para saber se a causa do sintoma de mau funcionamento vem do sistema de controle de emissões é necessário desabilitar o mecanismo, se o funcionamento do motor melhorar é sinal que há algum defeito em uma das partes. Não faça alterações, nem elimine o sistema, execute o reparo de acordo com o fabricante da motocicleta. 

DIAGNÓSTICOS PRELIMINARES 

Antes de responsabilizar o mecanismo de controle de emissões, certifique-se que não há defeitos nos seguintes itens: 

• Sistema de exaustão da motocicleta; 

• Compressão do motor; 

• Ponto de ignição; 

• Vedação nos coletores. 

Para as motocicletas equipadas com solenoide no corte do ar, além da sugestão anterior listada acima, verifique os seguintes itens: 

• Tensão (V) da bateria; 

• Funcionamento da válvula solenoide; 

• Conexões elétricas e fiação da válvula; 

• Pinagem da ECU/ECU com defeito. 

Se for constatado defeito no sistema de injeção de ar, elimine a causa e substitua a peça defeituosa.