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Crescimento ‘chinês’ no aftermarket


Nos últimos anos o setor de peças de reposição só tem crescido e o que é melhor comporta-se como uma indústria que reage de forma positiva nos momentos de crise

Por: Da Redação - 13 de dezembro de 2010

Nos últimos anos o setor de peças de reposição só tem crescido e o que é melhor comporta-se como uma indústria que reage de forma positiva nos momentos de crise, representando um porto seguro para as indústrias de autopeças que buscam expandir operações em áreas de melhor rentabilidade e estabilidade. Porém, para conquistar este verdadeiro Eldorado há um caminho a ser seguido que passa obrigatoriamente pela oficina mecânica. Para reforçar nossa visão positiva desta indústria basta registrar que os serviços nas oficinas do País (medido pela CINAU) cresceram 12,2% em 2010!

Se você é um executivo da indústria de autopeças, abra o olho, pois há um mercado “bombando” bem embaixo de seu nariz que é o aftermarket. Mesmo que os números de sua indústria sejam positivos nesta área fique atento, pois seu concorrente direto ou canal de distribuição podem estar crescendo muito mais do que você.

Se na introdução desta matéria conseguimos plantar algumas inquietações na sua cabeça prepare-se para o resto, pois há mais informações relevantes nas próximas linhas, graças ao trabalho aprofundado que a CINAU (Central de Inteligência Automotiva) desenvolve desde 2008 levantando e mensurando, mensalmente, o desempenho do aftermarket a partir de seu nascedouro: a oficina mecânica de linha leve.

CONFIRA O DESEMPENHO DE SUA EMPRESA NO AFTERMARKET
Graças aos números da CINAU já é possível a executivos e empresários que atuam em todos os elos da cadeia de reposição identificar balizas claras para avaliar se o crescimento que experimentam em suas operações é real ou está abaixo do que o mercado vem realizando.

Nesta edição estamos apresentando alguns indicadores estimados para o ano de 2010 mediante aplicação de métodos estatísticos e amparada em 11 meses de avaliações, sendo que a última medição foi realizada no dia 15 de novembro, com uma margem de erro muito baixa, porém a consolidação final será divulgada na edição de janeiro do jornal Oficina Brasil. Fique atento!

Voltando aos indicadores para 2010, confiram o que a CINAU levantou:
O IGD-P (Índice de Geração de Demanda Produção) observado na região da Grande São Paulo, medido mensalmente junto a 100 oficinas e que impactam nos serviços de aproximadamente 4,5 milhões de veículos, cresceu 39,3%.

No caso da Grande São Paulo este crescimento inacreditável foi fruto da legislação ambiental que passou a vigorar a partir do dia 1º de fevereiro de 2010 e que obriga todos os veículos a fazerem a inspeção de emissões. Mesmo considerando (segundo declarações da Secretaria do Verde e Meio Ambiente) que apenas 50% da frota passou pelo teste, o impacto nos serviços das oficinas é inacreditável.

No entanto, cabe comentar que tal aumento de serviços vai impactar de forma diversa na demanda de peças, pois dependendo do item há casos de peças que praticamente acompanharam este crescimento de serviços, quase igualando a demanda, pois são peças aplicadas na maioria dos reparos que estão envolvido na área de emissões, já outros itens não acompanham tal demanda.

Neste sentido, a CINAU pode realizar pesquisas customizadas para clientes que queiram entender o impacto deste aumento de serviços na demanda específica dos itens que produzem.
IGDPB (Índice de Geração de demanda Brasil), este indicador envolve uma síntese do que foi pesquisado, mensalmente, num universo de 1.200 oficinas em âmbito nacional: crescimento de 12,2%.

INTERPRETAÇÕES
Em relação ao primeiro indicador que envolve somente a Grande São Paulo fica provado que os defensores da manutenção preventiva sabiam o que estavam afirmando quando previam que esta mudança no conceito de prestação de serviço acarretaria mais serviços para as oficinas. Uma vez que a manutenção preventiva ganhou força no município de São Paulo por força de lei e ainda que só nos sistemas ligados a emissões, é possível conferir que a demanda por serviços nas oficinas dispararam e os estabelecimentos estão lotados e trabalhando em muitos casos com agendamentos.

Diante destes números podemos afirma que a capacidade instalada de prestação de serviços no município de São Paulo, representado pelo parque de mais de 5 mil oficinas, praticamente ultrapassou seu limite de atendimento.

Se considerarmos dados revelados pela Controlar (empresa encarregada de operar o sistema de Inspeção) indicando que apenas 50% dos carros registrados no município efetivamente fizeram a revisão fica fácil de entender que este verdadeiro caos vai continuar pelos próximos meses.

Já em relação ao índice nacional, de 12,2%, o crescimento observado é maior do que o que previmos no início do ano quando estimamos esta taxa em 12%. A razão do aumento dos serviços pode ser atribuída a alguns fatores, entre eles, o próprio crescimento vegetativo da frota que já eleva o patamar a 8%, mas podemos somar a isso a “distorção” observada no município de São Paulo que acaba turbinando o índice nacional afinal estamos falando de quase 10% da frota circulante do país e outros fatores menores como a preferência cada vez maior, e mais cedo, do dono do carro pela rede independente.

Outra informação que ajuda a entender o motivo de as oficinas estarem lotadas é o fato de a rede “oficial”, representada pelas oficinas das concessionárias, não dar conta de atender todos os donos de carros das respectivas marcas.

A CINAU também levanta os hábitos de compra da oficina e neste sentido observa-se uma crescente disputa, não só dentro da própria cadeia independente, quando o Distribuidor concorre como fornecedor da oficina com seu próprio cliente, a loja de autopeças, mas a briga esquentou com a concessionária mostrando sua força, não como concorrente em serviços de manutenção, mas como fornecedor de peças e parceiro da oficina independente.

O apetite das concessionárias cresceu muito e sua participação como fornecedor da oficina cresceu praticamente 38% nos últimos 12 meses, dando um banho no setor independente. Se continuarem as tendências observadas este ano, podemos traçar o seguinte quadro para 2011:

- concessionárias vendendo cada vez mais para as oficinas;
- uma certa especialização das compras da oficina diretamente no distribuidor (itens de alto giro, itens de estoque das grandes oficinas nos grandes centros etc..);
- uma menor participação da loja como fornecedor da oficina nos grandes centros (onde estes têm procurado superar a situação com a criação de baias de serviços e vendas de peças e produtos de diferente portfólio diretamente para o consumidor final).

Os importadores também estão entrando com mais força já em 2010 e a julgar pela tendência do câmbio previsto pelas entidades monetárias, a presença destes novos players será mais intensa.

Porém como as peças importadas entram na oficina via Distribuidor ou loja, fica difícil para a equipe da CINAU avaliar a presença destes componentes no mix de compras da oficina, ou seja é possível identificar o canal, mas ainda não se a peça é importada ou nacional.

Neste sentido a equipe da CINAU está desenvolvendo um novo modelo que contemple uma mensuração da presença de peças importadas na oficina independente do canal aonde ele foi adquirida.

Ainda no indicador de canais preferidos das oficinas aparece a “peça fornecida” pelo próprio dono do carro, tal prática é mais comum em oficinas que atendes clientes de menor poder aquisitivo, aonde o dono carro recebe e lista de peças do mecânico, pois procura as oficinas que oferecem serviços mais baratos (e sem crédito) ao mesmo tempo que este cliente não se importa de perder tempo procurando as peças para economizar alguns reais.

E AS CONCESSIONÁRIAS?

Houve um tempo que o segmento de oficinas independentes temia uma investida das redes concessionárias das montadoras com vistas a roubar serviços, afinal competência, marketing, tecnologia, imagem elas têm de sobra para abocanhar este lucrativo mercado e ganhar a preferência do dono do carro.

Mas se observamos nestes últimos anos de mercado de venda de carros novos muito aquecido, as montadoras procuraram ganhar rentabilidade nas lojas, aumentando a venda per capta de carros por loja (um indicador de eficiência), porém se por um lado mais carros vendidos por loja formam um indicador positivo para a lucratividade da operação, em relação a manutenção não é bem assim, prova disso foi a recente declaração do presidente da Fenabrave, Sergio Reze, em reportagem publicada no dia 10 de novembro, no jornal Folha de S.Paulo. “Hoje, a capacidade de atendimento das concessionárias é de apenas 25% a 30% dos carros que a marca representa”, afirmou.

A mesma reportagem também chama atenção ao revelar que 17% dos donos de carros em garantia não têm conseguido agenda para a primeira revisão na concessionária e, com isso, perderam o benefício.

Já que mencionamos o tema garantia, a Folha de S.Paulo explorou em matéria o que podemos denominar com o efeito negativo das garantias entendidas (3 até 5 anos) que na teoria representavam mais uma ameaça para o segmento independente, porém na prática com mostra a matéria do dia 28 de novembro do referido veiculo, o que era para ser uma solução para o dono do carro, acaba representando um aumentado o custo das revisões e já provoca a desconfiança dos proprietários, que em muitas ocasiões buscam a oficina independente, mesmo com seus veículos em garantia.

FUTURO AZUL, PORÉM É PRECISO TER INFORMAÇÃO
Conjunturalmente os próximos anos do aftermarket continuam muito promissores, porém é importante que seus players entendam que a definitiva conquista deste mercado passa pelo conhecimento das necessidades da oficina.

Historicamente (por uma passado de demanda garantida e poucos fornecedores) nosso mercado, principalmente a indústria, investiu muito na formatação do trade, do canal de venda, o alinhamento com destruidores e varejos representavam a formula para garantir share no aftermarket, como dizem os especialistas um “investimento na força PUSH”.

Porém o novo cenário mais competitivo tanto na cadeia tradicional com distribuidores regionais, importadores, como na nova cadeia competidora representado pelas concessionárias que cada vez mais se especializam no lucrativo mercado de venda de peças, o entendimento e informação das necessidades da oficina (ou da força PULL) passam a reapresentar o diferencial competitivo para as empresas sejam fabricantes, distribuidores, varejos, importadores ou concessionárias.

Daqui para a frente vai dominar o mercado de reposição as empresas que investirem no conhecimento da força de demanda (PULL) que nasce na oficina, afinal o serviço está crescendo a taxas chinesas, e quem quiser se habilitar a colocar as peças que a oficina precisa, tem que entender como o mecânico necessita deste suprimento.

Um coisa a CINAU já adiantou em outra pesquisa sobre o hábito de compras da oficina onde o preço aparecia em quarto lugar provando que se os distribuidores se queixam de margens cadentes, a oficina não compra só pelo preço. Talvez este paradigma esteja só na cabeça de quem está preso ao modelo antigo que só enxerga a compra, nos seus aspectos preço, prazo e volume.
Os números da CINAU provam que o aftermarket cresce a taxas chinesas só que você não precisa aprender mandarim para conquistar este mercado, basta aprender a linguagem da oficina.

PROCURA ELEVADA AUMENTA RISCO DE INFLAÇÃO
Em qualquer mercado, quando a demanda é maior do que a oferta os preços tendem a subir. No aftermarket automotivo não é diferente. Assim, não é de se espantar que os preços das peças tenha aumentado.

Segundo fontes de mercado, no canal Distribuidor, o aumento de preços é na ordem de 10%. Em novembro, a CINAU mediu inflação de 9,3%, três pontos percentuais a mais do que em outubro, quando o índice de variação de preços ficou em 6,3%.

Caso a demanda continue em elevação, e tudo indica que isso vai ocorrer, há o risco de os preços aumentarem ainda mais. O importante é que um menor número de reparadores afirmou estar com dificuldade em encontrar peças: em novembro foram 39% ante 46% medidos em outubro.

A notícia só não é 100% boa pois um número maior de reparadores afirmou também estar recebendo peças dos clientes: se em outubro eram 8%, em novembro este número subiu para 10%.

IMPORTAÇÃO: HÁ O QUE TEMER?

or falar em China, uma conversa que temos ouvido muito falar é sobre o avanço das peças importadas, principalmente da Ásia. Em épocas como a atual, de Real valorizado e crise nos mercados ditos desenvolvidos, e também como já dissemos acima, um aftermarket ‘bombando’ no Brasil, é normal o mundo inteiro voltar os olhos para o nosso mercado.

No setor automotivo como um todo, o Brasil tem sido a ‘bola da vez’. Porém, muitas indústrias multinacionais que atuam aqui têm preferido importar peças e componentes a aumentar a produção, pois sai mais barato. Isso para atender a crescente demanda das montadoras.

No aftermarket o risco é outro. A entrada de peças de procedência e qualidade duvidosa, que chegam ao consumidor (tanto para o dono do carro e quanto para o reparador) por preços muito atrativos.

O reparador mais experiente e cauteloso tem fugido desta armadilha, pois sabe que não vale a pena economizar na peça quando é a reputação profissional dele que está em jogo. Mas há também outro tipo de importação de peças: as de qualidade. Mas, estas, por enquanto, ainda precisam conquistar seu espaço no mercado.

CRESCIMENTO 'CHINÊS' NO AFTERMARKET
O indicador IGD foi criado pela CINAU para materializar o que está acontecendo no dia a dia das oficinas, mediante um levantamento mensal que envolve 100 reparadoras da região da Grande São Paulo. Para compor este indicador, são levados em conta, entre outras variáveis, o número de carros atendidos,  orçamentos realizados, relação de orçamentos convertidos em serviços, média de horas e dias trabalhados. “O IGD é o primeiro indicador criado para avaliar o desempenho da oficina, que em última análise representa o próprio comportamento do aftermarket, uma vez que nossa indústria de reposição nasce neste ambiente. Afinal, as indústrias fabricam peças que chegam à oficina por meio da cadeia de comercialização, mas o negócio de uma fábrica de autopeças no aftermarket só se consolida quando a peça fabricada foi instalada em um carro que está sendo reparado em uma oficina”, explica Cássio Hervé, diretor do Grupo Germinal.

Desta forma, o IGD oferece um verdadeiro Raio-X da oficina e reúne informação sobre o próprio aproveitamento interno da reparadora compondo dados que em momento oportuno podem balizar os donos destes estabelecimentos com informação úteis para uma melhor gestão do negócio.

No comportamento ao longo do ano de 2010 fica refletido no IGD o boom de serviços que aconteceu este ano nas  oficinas da região da Grande São Paulo e fruto da instauração do processo da inspeção veicular ambiental.

Por abrigar mais variáveis além dos serviços executados, como o próprio movimento de procura que não gerou serviços, o índice chegou a subir 100%. Porém quando isolamos do indicador estas variáveis que avaliam o “movimento” da oficina, a taxa média de crescimentos dos serviços evidenciada no IGD-P observamos um aumento de 39,3%.

O AFTERMARKET EM GRÁFICOS 
A CINAU também avalia o movimento dos serviços em 1.200 em âmbito nacional, porém sem levar em conta  

as variáveis orçamentos, pronto atendimento, orçamentos convertidos etc., e nesta curva observamos que o crescimento foi mais linearm (12,2%), uma vez que, ao contrário do município de São Paulo, nenhum fator externo (caso da lei de inspeção de emissões) turbinou a escalada dos serviços, porém fica claro pelos motivos já explicados no texto da matéria que o aftermarket está com um crescimento maior do que o que deveria ser esperado pelo crescimento “vegetativo” da frota.

A CINAU monitora os hábitos de compra da oficina e neste sentido podemos observar no gráfico acima o comportamento da preferência do reparador na hora de comprar peças.

Chama atenção o crescimento do canal concessionária cujo índice no ano atingiu 38% o que revela que as montadoras estão se organizando para abocanhar um fatia significativa deste lucrativo mercado de venda de peças para as oficinas.