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11º Salão Latino Americano de Veículos Elétricos mostra avanços e boas iniciativas de incentivo


Realizada de 24 a 26 de Setembro de 2015 em São Paulo, a feira apresentou diversas tecnologias e iniciativas importantes que já estão inserindo os veículos eco-amigáveis por aqui

Por: Jorge Matsushima - 13 de outubro de 2015

A cada dia que se passa, fica mais evidente que a questão da sustentabilidade deixa de ser um assunto exclusivo dos chamados grupos ambientalistas, e passa a ser uma questão de sobrevivência da própria humanidade. Fenômenos climáticos catastróficos e assustadores passam a fazer parte da nossa rotina, e é preciso refletir sobre as nossas escolhas cotidianas e considerar novas possibilidades que causem menos impacto ao meio ambiente.

O uso progressivo da eletricidade em substituição aos combustíveis fósseis para a mobilidade urbana ganha força nos países desenvolvidos e o Brasil começa a seguir os passos para inserir definitivamente as soluções tecnológicas mais eficientes e que ajudam a reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa.

Os chamados VEs (Veículos Elétricos) são todos aqueles que utilizam motores elétricos para sua propulsão, total ou parcialmente, e se classificam basicamente em 3 grupos:

Elétricos  (puros ou 100%): são movidos exclusivamente por motores elétricos, e as baterias são carregadas por fontes externas;

Híbridos (não plug-in): utilizam uma combinação de motor à combustão e motor elétrico para propulsão, e a bateria do motor elétrico é reabastecida pelo motor à combustão somado a sistemas de reaproveitamento de energia cinética em momentos de desaceleração. Em alguns modelos alternativos como o BMW i3, por exemplo, o motor a combustão não atua diretamente na propulsão, mas sim como um gerador que carrega a bateria do motor elétrico.

Híbridos Plug-in: A propulsão é feita por uma combinação dos motores elétrico e à combustão, e a bateria do motor elétrico pode ser reabastecida pelo motor à combustão, sistemas de regeneração de energia e por tomadas externas em carregadores conectados à rede elétrica. 

ALGUNS NÚMEROS

Segundo Ricardo Guggisberg, Presidente da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), o nível de eficiência de um elétrico puro chega a 60% (combustão fica em torno de 40%). Uma simulação da empresa Itaipú estima que, se 100% dos veículos novos vendidos no país (cerca de 3,4 milhões ao ano) fossem de veículos elétricos, o impacto no consumo de energia elétrica seria de apenas 3,3%. Sobre os gases causadores do efeito estufa, os veículos híbridos emitem 40% a menos do que um somente à combustão, e os elétricos puros não emitem gases nocivos à atmosfera. Bom para o planeta, e bom para saúde das pessoas. Estudos da USP, apontam que a poluição do ar será a causa responsável por cerca de 250.000 mortes nos próximos 15 anos, sendo 25% somente na cidade de São Paulo, com impactos bilionários nos gastos com saúde pública.

Visando mudar este quadro, países como Noruega, Portugal, Holanda, Japão e Estados Unidos, promovem ações conjuntas de transição da indústria automobilística rumo aos veículos elétricos.

Desde 2005, o mercado de carros elétricos vem crescendo 24,9% ao ano, contra 3,1% do mercado de convencionais. De 2012 para 2013, o mercado de veículos puramente elétricos cresceu 77,6%, sendo os EUA o maior mercado em termos absolutos. Mas a maior participação relativa é da Noruega, com 4% de todos os licenciamentos em 2013. O mercado de veículos de bateria elétrica (BEVs) no país aumentou cerca de 83% de 2012 para 2013, fruto de uma política agressiva de incentivos monetários e não monetários.  No caso dos híbridos, o maior mercado global é o Japão. O país lidera os licenciamentos, tanto em valores absolutos quanto relativos. Somente em 2013, foram mais de novecentos mil veículos híbridos licenciados, ou 17,33% do total.  Hoje o Japão já conta com mais pontos de recarga de carros elétricos e híbridos plug-ins do que postos de abastecimento.

VEÍCULOS PESADOS

Ônibus articulado com tecnologia Híbrido Dual da empresa Eletra (foto 2) utiliza chassi O 500 UDA da Mercedes, pode atuar como um trólebus utilizando a rede elétrica aérea; como um elétrico puro alimentado pelo seu banco de baterias; e como híbrido em conjunto com o motor Diesel Mercedes de cilindrada reduzida (7 litros) desenvolvido especialmente para este projeto. As vantagens, segundo a empresa, são a versatilidade que permite ao operador utilizar o mesmo veículo em diversos itinerários; a não dependência da rede aérea em casos de queda de energia; e as baterias que se recarregam continuamente durante o percurso, dispensando a operação de recarga externa.

Ônibus BYD K11 100% elétrico (foto 3) e emissões zero é alimentado por baterias (recicláveis) de Íon-Lítio e Fosfato de Ferro, e os motores de alta eficiência são acoplados diretamente nas rodas. A autonomia é de 260 km, e um sistema de frenagem regenerativa atua na recarga da bateria e alivia o desgaste de componentes do freio convencional. A recarga completa da bateria leva entre 2 a 3 horas. O BYD K11 foi o primeiro modelo a ser produzido em série, e no Brasil uma planta industrial inaugurada recentemente na cidade de Campinas SP será responsável pela produção local.

A Volvo apresentou o seu ônibus híbrido, com tecnologia I-SAM híbrido paralelo com tração direta no eixo. O motor diesel D5E gera 210 cv, e o motor/alternador elétrico I-SAM entrega potência de 160 cv. O torque é de 800 Nm . Nas desacelerações, o motor se transforma em gerador e recarrega as baterias de íon-lítio. 

VEÍCULOS LEVES

O Toyota Prius (foto 4) é o veículo híbrido mais vendido no planeta, e segundo o fabricante, já foram comercializadas mais de 5,2 milhões de unidades. Comercializado no Brasil desde 2013, as 534 unidades vendidas até o momento, em sua grande maioria são apoiadas por incentivos e apoios governamentais ou privados, que visam difundir a tecnologia híbrida e suas vantagens, tais como o programa de taxis híbridos da cidade de São Paulo; frota de órgãos públicos de Brasília e a Polícia do Estado de Pernambuco.

A tecnologia Toyota Hybrid Synergy Drive combina o uso de um motor a combustão e outro elétrico com potência máxima de 27 kW que trabalha com corrente alternada trifásica e 650 volts de tensão. A potência combinada com os dois motores é de 138cv. Diversas estratégias ajudam a preservar e recarregar a energia armazenada nas baterias (híbrida e convencional), entre elas a frenagem regenerativa que transforma energia cinética em energia elétrica a cada desaceleração, ou quando o pedal do freio é acionado.

A Porsche apresentou dois modelos. Um deles é o Híbrido Cayenne S E-Hybrid (foto 1) com motor V6 Turbo de 3 litros e um elétrico, que juntos geram uma potência de 416cv (5500 rpm) e torque máximo de 590Nm (1250 a 4000 rpm) que levam a SUV a 243 km/h (125km/h elétrico), aceleração de zero a 100km/h em 5,9 segundos, consumo de 29,4 km/litro na gasolina e emissões de 79g/km de CO2. O outro modelo é o belíssimo Híbrido Plug-in 918 Spider (foto 1) com motor V8 4,6 litros que combinado com o motor elétrico geram uma potência máxima de 887cv a 8500 rpm, acelerando de zero a 100km/h em 2,6 segundos e velocidade máxima de 345 km/h, e emissões de 72g/km de CO2.

A BMW apresentou o elétrico i3 (foto 5) que é vendido no país desde setembro de 2014, e que pode ser acompanhado do DC Fast Charger, um carregador rápido capaz de completar a carga do modelo em apenas 30 minutos. Além disso, é possível carregar os carros BMW i por meio de tomadas convencionais aterradas de 220v e 110v, em cerca de oito horas e dezesseis horas, respectivamente. Já o i8 (foto 6) é um Híbrido Plug-in esportivo que alia alta performance com muita economia. A combinação dos motores a gasolina 1.5 Twin Turbo e elétrico levam o esportivo à velocidade máxima de 250 km/h (125 km/h no elétrico) com aceleração de zero a 100 km/h em 4,4 segundos. O consumo fica em 47,6km/litro e emissões de 49g/km de CO2.

O elétrico JAC J3 iEV, que já foi avaliado pelos reparadores independentes, marcou sua presença. Leia matéria na edição Agosto de 2015 do Jornal Oficina Brasil. Já o elétrico BYD e6 (foto 7) roda em caráter experimental em Campinas, SP.

A Kia Motors apresentou dois modelos, o elétrico Soul EV e o híbrido Optima Hybrid (foto 8).

FROTAS OPERACIONAIS

A CPFL Energia (foto 9), maior grupo privado do setor elétrico no Brasil, realiza desde 2013 o projeto de Pesquisa e Desenvolvimento “PA0060 – Inserção técnica e comercial de veículos elétricos em frotas empresariais da região metropolitana de Campinas” com o objetivo de estudar e promover o desenvolvimento da mobilidade elétrica no país. Com o envolvimento de diversos órgãos e entidades públicas e privadas, este projeto já contempla diversas frotas operacionais que utilizam veículos elétricos e híbridos nas operações de campo, tais como Natura, 3M, Hertz locadora, a própria CPFL, entre outros. Os veículos avaliados vão de scooters e motocicletas elétricas a veículos de passeio e carga. A expansão dos pontos de recarga também fazem parte do programa. 

INCENTIVOS

Todos os mercados pioneiros na adoção dos veículos elétricos e híbridos começaram de alguma forma com incentivos fiscais do governo, até porque estudos comprovam que a renúncia fiscal retorna na forma de ganhos ambientais e redução de gastos com a saúde pública. No Brasil ainda há muito a se fazer neste sentido, pois como não há uma regulamentação específica de incentivos, os veículos eco amigáveis estão nas faixas mais altas de tributação nas esferas estadual e federal.

Recentemente uma ótima iniciativa foi anunciada pela Prefeitura de São Paulo, que regulamentou a isenção do rodízio municipal para veículos elétricos e híbridos, e abriu mão de sua participação de 50% do IPVA, privilegiando e incentivando pessoas e empresas a adotarem soluções mais limpas, eficientes e sustentáveis de mobilidade.

Outra boa medida anunciada no evento foi a parceria entre a Caixa Econômica Federal e a ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos) que garante a oferta de linhas de crédito específicas para veículos elétricos e híbridos leves, e infraestrutura de recarga. 

TECNOLOGIA LOCAL

A Baterias Moura adota uma postura ativa em prol da progressiva eletrificação veicular como aliado na busca pela eficiência energética no segmento automotivo. Como exemplo de evolução, informam que já homologaram baterias mais robustas que atendem a maior demanda de energia exigida pelos veículos equipados com o sistema start stop. E em parceria com o ITEMM (Instituto Tecnológico Edson Mororó Moura) desenvolve pesquisa e desenvolvimento de soluções avançadas para atender a demanda de veículos híbridos e elétricos como por exemplo as baterias de íon-lítio. Neste esforço, a Moura mantém também parcerias com outras empresas do segmento automotivo, tais como a americana East Penn; a austríaca Banner e a AVL, maior empresa automotiva independente do Mundo.

TREINAMENTO

Um boa notícia para os reparadores independentes - A Bosch traz na bagagem toda a sua experiência global em veículos elétricos e híbridos com o conceito “Parts, bytes & Service”, ou seja, soluções completas em peças, sistemas e serviços. 

Uma das novidades apresentadas é o analisador de motores FSA 050 (foto 10), que é um módulo de diagnóstico para testar veículos com acionamento elétrico e híbrido. É um dispositivo portátil com comunicação sem fio com o computador ou outros módulos. Como solução individual, o FSA 050 oferece teste de isolação e testes de alta tensão (até 1 kV) para motores elétricos e híbridos. 

Roberto Iglesias, Gerente de Vendas e Trade Marketing de Equipamentos de Teste da divisão Automotive Service Solution da Bosch, nos relata:  “A Bosch é líder mundial no fornecimento de tecnologia e serviço em diversos setores de negócios, entre eles o de Soluções para Mobilidade, atendendo de forma completa o mercado automotivo de equipamentos originais (OEM) e o mercado de reposição (IAM).

No mercado de reposição a Bosch oferece um pacote completo de soluções com foco em veículos elétricos, como: carregadores para uso doméstico e comercial (foto 11), equipamentos de diagnose com funções dedicadas para o sistema elétrico destes veículos e treinamento de utilização e manutenção para esta nova tecnologia”.

E Rodrigo ressalta:  “Apesar de veículos elétricos serem uma novidade no mercado brasileiro, a Bosch como uma empresa multinacional, já atua com diferentes soluções em outros mercados, como é o caso dos EUA, onde temos uma posição de destaque na oferta de soluções completas para este propósito, e faz parte do planejamento expandir nossas soluções no início de 2016 no mercado brasileiro, disponibilizando três modelos de carregadores para veículos elétricos, além de treinamentos para utilização desses equipamentos (diagnóstico) e reparação dos veículos”.

E destaca: “Entre o nosso público-alvo está o reparador independente e, para nossa estratégia, é fundamental que ele esteja capacitado e treinado para suportar esta nova demanda. Já no lançamento da solução completa para o mercado em 2016, consideramos a disponibilidade de treinamentos sob demanda por meio do Centro de Treinamento Técnico Automotivo da Bosch, localizado na planta de Campinas-SP”.

Reparadores e técnicos interessados nestes treinamentos, podem entrar em contato pelo mesmo canal dos demais cursos automotivos oferecidos atualmente pela Bosch; mas lembrando que as inscrições efetivas serão liberadas somente após o lançamento desta nova solução em 2016.  O site para contato é: www.boschtreinamentoautomotivo.com.br