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Honda City 2015 1.5 CVT LX - Na avaliação dos reparadores, “o que já era bom, ficou melhor ainda”


Sedan compacto da Honda (foto 1) surpreende pelas inúmeras evoluções, que não ficaram restritas ao novo design. Confira nesta matéria as principais melhorias no quesito reparabilidade

Por: Jorge Matsushima - 03 de dezembro de 2015

A trajetória da Honda Automóveis do Brasil começa em 1992 com a importação dos icônicos modelos Civic, que fizeram muito sucesso com sua qualidade, tecnologia e confiabilidade, abrindo as portas para a Honda Automóveis do Brasil (HAB) estabelecer sua primeira planta industrial na cidade de Sumaré-SP em 1997, onde produz atualmente os modelos Civic, Fit, City e o badalado HR-V.

Na contramão da crise econômica, a montadora nipo-brasileira opera a plenos pulmões e já tem uma nova planta pronta para ser inaugurada na cidade de Itirapina-SP, para expandir sua produção local para 240.000 unidades anuais. Com a típica cautela oriental, a Honda adiou a inauguração da nova linha de montagem para o próximo ano, quando poderá visualizar de forma mais clara os rumos de nossa economia.

A grife Honda já era admirada pelos brasileiros de todas as classes econômicas desde os anos 70/80, baseada na experiência positiva com as motocicletas da marca, importadas e nacionais, desde a versátil e econômica CG 125 até a lendária “7 Galo” (750 Four e CBX). Mas o auge desta admiração aconteceu no final dos anos 80 e começo dos anos 90, quando Nelson Piquet (1987) e depois o imortal Ayrton Senna (1988/1990/1991) conquistaram 4 títulos mundiais da Fórmula 1 com o poderoso propulsor Honda Turbo. 

Voltando aos automóveis, a Honda do Brasil se consolidou no mercado como uma marca de prestígio, com produtos sofisticados e relativamente caros dentro de suas respectivas categorias, mas associados a uma imagem de veículos modernos, duráveis, que demandam pouca manutenção, e com ótimo valor de revenda. Boa parte deste sucesso dos veículos Honda no país se deve aos milhares de reparadores independentes, que mesmo sem o apoio da montadora, já desvendavam os segredos da tecnologia nipônica desde os modelos importados até os dias de hoje, e cuidando da manutenção de mais de 70% da frota da marca, com muita competência e zelo. Como formadores de opinião, é certo que quando um reparador aprova tecnicamente e indica o modelo para seus clientes, amigos e familiares, o valor de revenda sofre menos depreciação, mantendo a reputação do modelo em alta no mercado.

A primeira versão do City foi lançada em 2009, e em 2014 recebeu uma atualização significativa, que vai muito além de um simples “facelift”.

E para colocar à prova toda esta aura que “ronda” o modelo City, levamos a nova versão 2015 para avaliar as evoluções e conhecer um pouco da opinião de experientes reparadores sobre o modelo, e são eles:

Cléber Ronan Silva (foto 2  centro), 42 anos, empresário, com 22 anos de experiência no segmento automotivo, sendo 12 anos como proprietário da Starauto, especializada em importados premium, localizada no bairro do Butantã em São Paulo SP;

Carlos Alberto Seixeiro (foto 2 direita), 45 anos, 10 anos de profissão (era de outro ramo) e está na Starauto há 5 anos;

James Silva Cassiano (foto 2 esquerda), 28 anos, 11 de profissão, formado desde as “categorias de base” na Starauto.

Marcos Yoshio Teramito (foto 3), 45 anos, 30 anos de profissão. Praticamente nasceu na Oficina Autolapa localizada no bairro da Lapa em São Paulo SP, empresa fundada pelo seu pai e seus tios em 1966. Hoje, junto com os irmãos Márcio e Marcelo, são os sócios da segunda geração à frente da empresa, que completará 50 anos de atividades em 2016. 

Osmar da Cruz Amorim (foto 4), 40 anos, 26 anos de profissão, é o encarregado geral da Sakoda Serviços Automotivos de Sorocaba-SP. Começou com um curso de mecânica automotiva por correspondência, e depois partiu para trabalhar em oficina, sempre independente. Está na Sakoda de Sorocaba-SP há 16 anos, e a empresa está no mercado há 25 anos.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES    

A evolução do design nesta versão 2015 (foto 5) é elogiada por todos os técnicos entrevistados, que destacam também as belas rodas de liga leve aro 16” com acabamento diamantado (foto 6), que normalmente equipam veículos premium. Os pneus são 185/55 R16 83V.

Na parte interna a constatação também é positiva, e Cléber descreve: “O painel ficou mais bonito e moderno (foto 7), acompanhando as novas tendências. Os comandos são simples e práticos sem poluição visual. Comandos dos retrovisores bem posicionados, e tudo fica à mão. Os bancos também parecem mais suaves e confortáveis do que o anterior”.

Marcos e Osmar fazem um contraponto em relação à ausência do marcador de temperatura no painel de instrumentos (foto 8), e justificam: “eu considero um marcador de temperatura do motor essencial, pois a lâmpada só vai acender entre 115 e 120°C, que é uma temperatura muito alta, e aí o problema já aconteceu. Já com o ponteiro, quando a pessoa nota que a temperatura de trabalho está acima do normal, ela já fica alerta para verificar o que pode estar acontecendo”. 

Porém, ao serem questionados se muitos clientes Honda entram na oficina com problemas de superaquecimento devido à ausência do marcador de temperatura, a constatação é inusitada, pois o histórico nas duas empresas indica que o sistema de arrefecimento dos veículos Honda raramente apresenta problemas, e Marcos lembra apenas de casos de superaquecimento (por ausência do marcador) em veículos de outras marcas, e comenta: “um motor Honda com superaquecimento só acontece quando a manutenção preventiva é muito negligenciada”.

E Osmar reforça: “é raro até mesmo trocarmos uma mangueira, pois a qualidade e eficiência do sistema de arrefecimento é impressionante! Nas verificações periódicas, todos os componentes e até mesmo o líquido de arrefecimento com aditivo estão sempre em ordem, ao contrário de outras marcas em que a incidência de falhas e desgaste é mais recorrente”. 

DIRIGINDO O CITY 1.5 I-VTEC FLEXONE CVT

Cléber, com seus 1,82m de altura, encontrou uma boa posição para dirigir, com boa distância livre para o teto, boa visibilidade, volante com boa empunhadura e regulagem de altura e profundidade. 

Osmar aponta outro fator positivo que é o conforto proporcionado pelos bancos, onde o corpo se encaixa perfeitamente, incluindo a regulagem de altura.

Marcos avalia que esta versão, mesmo utilizando rodas aro 16 e pneu de perfil baixo, é mais macia e confortável do que a versão anterior, que era mais “durinha”. Mesma opinião de Osmar, que complementa observando que a melhoria do conforto não afetou a boa estabilidade e equilíbrio do carro, que transmite muita segurança na estrada para viagens com a família. Cléber também endossa as mesmas opiniões, mas se preocupa com o perfil baixo dos pneus, pois na sua visão isto não combina muito com as nossas ruas esburacadas e mal conservadas, causando impactos contínuos e transmitindo as imperfeições do piso. 

Nos primeiros trechos do percurso, uma incômoda ressonância na região do painel de instrumentos gera um ruído que chama a atenção dos reparadores. Marcos e Cléber constataram que para um veículo com apenas 8.800km rodados, esta falha é prematura e logo o atrito entre outros acabamentos internos de plástico também podem gerar outros ruídos. Um item a ser melhorado.

PERFORMANCE

Ao acelerar o carro, uma indicação no painel com o modo “ECO” monitora a aceleração ideal para uma condução mais econômica e sustentável.

Segundo o fabricante, o motor 1.5 i-VTEC Flexone de 4 cilindros e 16V gera potência máxima de 115/116 CV (E/G) a 6.000 rpm e 15,3/15,2 kgf.m a 4.800 rpm (E/G). O consumo tem a classificação A (entre os melhores na categoria) do Inmetro, que apurou um consumo urbano de 8,53/12,25 km/litro (E/G); e em estrada um consumo de 10,29/14,45 km/litro (E/G). 

Cléber: “eu gosto muito da linha Honda e das marcas japonesas de um modo geral. Na Honda o ronco alto do motor em aceleração é característico desde os modelos mais antigos, e fica a impressão que falta um tratamento acústico mais apurado, e isto deve incomodar muitas pessoas; mas aparentemente o cliente Honda convive bem com esta característica do carro. O torque para um motor 1.5 e câmbio CVT é bom, adequado para a proposta do veículo. Infelizmente o trânsito não permitiu um teste de performance em estrada, mas no uso urbano, gostei da direção dele, bem levinha”.

Marcos: “aparentemente o desempenho é o mesmo da versão antiga, mas provavelmente há evoluções no motor em busca de eficiência energética. A retomada é um pouco lenta devido ao CVT, e na minha opinião, poderia ter um pouco mais de torque e potência”.

Osmar: “carro excelente em torque e potência para um motor 1.5, pois o comando variável, gera uma boa ‘puxada’ e retomadas seguras nas ultrapassagens”.

TROCA DE MARCHAS VIRTUAIS

Veículos equipados com transmissão CVT, Continuously Variable Transmission (foto 9)  ainda não são frequentadores comuns nas oficinas independentes, e mesmo a condução deste veículo é novidade para a maioria dos reparadores, que por instinto procuram saber o número de marchas e ficam atentos ao comportamento do veículo nas trocas de marcha, que na verdade acontece de forma variavelmente contínua.

Cléber, Marcos e Osmar constataram na prática que a aceleração é progressiva e contínua, e as trocas entre as 7 marchas virtuais é praticamente imperceptível. Nas versões top de linha, existe a opção com paddle shifts (borboletas) no volante para comandar manualmente estas trocas. Na versão testada (LX), a transmissão CVT não possui o paddle shift, mas conta com as opções de condução D (normal); S (esportiva) e L (para aclives e declives acentuados).

ENCONTRO DE GERAÇÕES

Cléber, James e Carlos Alberto da Starauto fizeram questão de providenciar, junto a um cliente, uma versão anterior da primeira geração do City (foto 10) para conferir todas as modificações implementadas na versão 2015 (segunda geração), e puderam constatar que as mudanças são significativas, e todas elas com impactos positivos no se refere à melhoria nos procedimentos de manutenção e reparos.

MOTOR 1.5 I-VTEC FLEXONE                                                                                

Os amplos espaços e acessos disponíveis para execução dos trabalhos de manutenção impressionam, e foram muito elogiados por todos os técnicos.  

Os reparadores indicam as principais e inúmeras mudanças percebidas no motor 1.5 i-VTEC Flexone: “estruturalmente o motor novo (foto 11)  se parece com o anterior (foto 12), mas com atualizações importantes. A injeção ainda é a tradicional (indireta), diferente de modelos alemães que já partiram para a injeção direta. O comando de válvulas é acionado por corrente, e conta com um sistema variável de sincronização e abertura das válvulas controlado eletronicamente. O coletor de admissão agora é de plástico (anterior era de alumínio), e a sua remoção para acesso aos injetores ficou mais simples (foto 13), pois não é necessário remover muitos componentes. As velas e bobinas de ignição continuam na parte de trás do motor, mas o espaço livre até a parede corta-fogo aumentou, e ficou bem melhor para se trabalhar.

As trocas do filtro de óleo (foto 14) e filtro de ar (foto 15) também melhoraram em relação ao modelo anterior. O filtro de cabine continua fácil, atrás do porta-luvas (foto 16). 

James, Carlos Alberto e Osmar chamam a atenção para a disposição inteligente de diversos componentes como o motor de arranque (foto 14); o compacto compressor do ar-condicionado; alternador (foto 17); correia poly V e esticador (foto 18); coxins e componentes de controle do ABS; todos com amplo acesso e principalmente, sem necessidade de remover diversos outros componentes para remoção ou substituição.

Outra boa evolução é o sistema de partida a frio sem tanquinho (foto 19), pois o próprio injetor (com 4 fios) possui em seu corpo um sistema de aquecimento do combustível acionado quando necessário. Elimina-se assim o velho tanquinho (foto 20), sempre sujeito ao esquecimento que causava envelhecimento e descuidos na manutenção, e só eram lembrados quando o carro não pegava em dias mais frios.

O acesso ao catalisador e sensores de oxigênio (foto 21) para diagnóstico ou substituição também são bem amplos e livres.

O tão elogiado sistema de arrefecimento da Honda conta com duas ventoinhas (foto 22), e um ponto criticado na geração anterior foi corrigido, que era o acesso para reabastecimento do reservatório de expansão, que ficava em baixo do painel frontal (foto 23), e agora ficou mais recuado e com acesso livre (foto 24).

TRANSMISSÃO CVT

A exemplo da grande maioria das empresas do setor, Starauto, Autolapa e Sakoda não trabalham com a manutenção de transmissões automáticas. Mas removem o conjunto, enviam a uma empresa especializada e depois remontam o conjunto.

As diferenças com a transmissão automática anterior são claras, tanto na dirigibilidade quanto na estrutura da carcaça da transmissão (foto 25), e Cléber chama a atenção para o sistema de troca de calor (foto 26) que mantém a temperatura de operação sob controle. Todos os técnicos concluem que só o tempo dirá sobre a confiabilidade e durabilidade deste conjunto, mas a rotina de manutenção para troca ou reposição do óleo da transmissão é bem simples e acessível.

FREIO, SUSPENSÃO E UNDERCAR

A suspensão dianteira (foto 27) é do tipo McPherson, mas apresenta uma nova geometria com componentes mais leves incluindo o agregado da suspensão e bandeja; e conta ainda com um batente hidráulico que reduz o solavanco no final de curso da suspensão. Os freios a disco nas 4 rodas também foram redimensionados e recalibrados.

 

Na suspensão traseira (foto 28), além da adoção de buchas hidráulicas, o eixo de torção foi reforçado (dispensando a barra estabilizadora) e possui um novo formato, voltado para baixo (antes era na horizontal – foto 29). Com esse desenho, e mais 5 cm de alongamento no entre-eixos, houve um recuo do tanque de combustível, que antes ficava centralizado.

Todas estas mudanças deixam claro que as duas gerações do City são bem distintas, e mais uma vez por unanimidade os técnicos aprovam as mudanças, pois no modelo antigo, para se trocar a bomba de combustível, era preciso remover o console central entre os bancos dianteiros. Agora o acesso é por cima do tanque, abaixo do assento traseiro. Mais uma modificação que privilegia a reparabilidade, além de redistribuir pesos e diminuir o comprimento de mangueiras, reduzindo a emissão de vapores de combustível e poupando o canister.

O filtro de combustível fica bem protegido, logo à frente do tanque e embutido no túnel central (foto 30). Já o canister foi deslocado para o vão central que sobrou com o deslocamento do tanque (foto 31).

Os entrevistados consideram que as manutenções nos sistemas de suspensão e freios são simples e é fácil trocar molas, amortecedores, coxins, bieletas, terminais, pivôs, pastilhas e discos. Coxim do câmbio de plástico é fácil de manusear. A regulagem do freio de mão é feita por dentro do veículo, próximo à alavanca. Osmar observa que devido à eficiência e equilíbrio do conjunto freio e suspensão, os desgastes de componentes como pneus e pastilhas é menor em relação à média, e mais homogêneo também, ou seja, os pneus chegam sem deformações até o final de sua vida útil. 

Cléber anota que na parte dianteira há mais motivos para comemorar a melhora nos procedimentos de reparação, decorrente do novo quadro da suspensão, mais leve e fácil de manusear, e que libera espaço para a troca da bucha da barra estabilizadora sem interferências (foto 32). Já o semieixo teve um rolamento de apoio substituído pelo redutor de vibrações (foto 33)

Outro item que chama a atenção é a caixa de direção mecânica simples (foto 34) e de fácil remoção, que tem a assistência elétrica (EPS) posicionada na coluna de direção (foto 35). Uma solução muito inteligente, prática e simples segundo Osmar, que fica impressionado com a qualidade do acabamento nas fixações de componentes e conectores entre os pedais e a coluna de direção, tudo muito limpo, fácil para desmontar e remontar.

PARTE ELÉTRICA

Cléber, James e Carlos Alberto observam que as trocas de lâmpadas são tranquilas, tanto nos faróis quanto nas lanternas.

Marcos avalia com bom humor que provavelmente a bateria é o item mais substituído nos modelos Honda em sua oficina, e a substituição em si é rápida e sem dificuldades.

Osmar aprova os acessos para diagnósticos de sensores, atuadores, módulo, caixa de relês e fusíveis, entre outros e elogia: “o conector OBD Br-2 fica bem acessível abaixo do painel, lado esquerdo, sem tampas ou obstruções. É chegar e conectar para fazer as leituras”!

SEGURANÇA E OUTROS ITENS

A nova geração do Honda City recebeu recentemente a nota mais alta nos ensaios de impacto realizados pela Latin NCAP dentro de sua categoria, ou seja, é o sedan compacto mais seguro produzido no país, tanto para os ocupantes da frente quanto para as crianças no banco de trás.   Osmar aprova o sistema Isofix para cadeirinhas de bebê, e cinto de 3 pontos e apoio de cabeça para todos no banco de trás (foto 36), inclusive o passageiro do meio, e comenta: “isso representa cuidados com a segurança de toda a família!”

E falando em família, Marcos aprova a boa capacidade do porta malas de 536 litros (foto 37), e a adoção do estepe temporário para emergência, por dentro do carro, ficando menos vulnerável a furtos. Osmar gostou das alavancas para destravar os bancos traseiros pelo porta malas, bem interessante e prático, e complementa: “Você não depende de chaves para abrir a tampa traseira, bocal de combustível, destravar os bancos... tudo é prático e feio para facilitar o dia a dia”.

Cléber e sua atenta equipe observaram que o conjunto limpador e lavador do para-brisa saiu do capô e foi para trás na “churrasqueira”, deixando o visual do capô mais limpo (foto 38). As palhetas também mudaram, formando um conjunto esteticamente mais bonito e harmonioso.