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Desgaste prematuro: caixa de transmissão automática A604 41TE da Freemont 2.4 16v 4 marchas


Conheça as causas deste problema recorrente nas versões equipadas com a transmissão de 4 velocidades, e os procedimentos para um reparo eficaz

Por: Da Redação - 14 de abril de 2016

Nesta edição vamos falar de um grave problema que acontece com frequência no cambio automático de 4 marchas da Fiat Freemont. Na foto, um modelo 2012 que apresentou o defeito e passou pela nossa oficina, a Miki Motors Imports de Campinas-SP, onde efetuamos os procedimentos de reparo.

O ponto fraco desta caixa está concentrado em seu conversor de torque, pois o mesmo não suporta a carga de pressão exercida pelo rotor da turbina dentro do conversor. Este projeto de adaptação para o motor 2.4 em um veículo pesado como a Freemont não foi muito bem sucedido, pois este motor tem uma rotaçao e torque de saída muito forte, e a sua relação de 1ª marcha é alta, sobrecarregando o conversor, e com isto agredindo seus componentes internos.

Apesar desta caixa de transmissão equipar vários modelos da Chrysler, somente na Freemont apresenta este problema com maior frequência. Nos veiculos com motores 6 cilindros, a ocorrência deste problema é mínima, pois o projeto do conversor de torque é diferente.

Inicialmente vamos falar um pouco deste modelo de transmissão, e depois trataremos das dicas para a execução do serviço de manutenção e solução do problema.

A Chrysler 41TE , também conhecida como o A604 , é uma unidade de transmissão acoplada ao sistema diferencial, denominado “transaxles Chrysler”, e que se tornou rapidamente um dos conjuntos mais utilizados pela marca. O inovador sistema de controle computadorizado desta unidade foi um dos primeiros a utilizar solenoides para controlar diretamente a embreagem, e aplicar o óleo sem utilizar um regulador típico ou dirigindo válvulas. Este sistema também  introduziu o controle adaptativo de embreagem, que atua todas as vezes em que o veículo está engrenado, e quando parado em uma rampa sem o pedal do acelerador acionado, permite que o veículo fique parado (sem voltar para trás) e pronto para uma saída consistente, mesmo com um torque baixo.

 Embora este conjunto transaxle não tenha uma arquitetura complexa, muitos técnicos podem se deparar com etapas do processo de reparação pouco familiares, pois ele é um pouco diferente das transmissões automáticas convencionais. Portanto, para os profissionais que pretendem se aprofundar neste tipo de reparo, é importante seguir algumas referências de manuais técnicos específicos de transmissão automática. Uma sugestão é o manual da ATSG (em inglês).

A grande maioria dos reparadores prefere remover o conjunto e encaminhá-lo a empresas especializadas, o que não deixa de ser uma boa opção. Para efetuar a remoção e a recolocação do conjunto transaxle, é possível obter o procedimento passo a passo no portal do reparador Fiat, que é uma boa iniciativa da montadora junto aos reparadores independentes.

 

OS SINTOMAS DO PROBLEMA

Quando o desgaste prematuro do conversor de torque acontece, a luz da injeção eletrônica acende no painel e o veículo começa a apresentar falhas nas trocas de marchas, solavancos fortes ou mesmo a parada nas trocas de marchas.

Ao notar algumas destas irregularidades, deve-se parar o veículo, confirmar o diagnóstico, e levá-lo a um especialista em transmissão automática, ou remover o conjunto para reparos.

Antes do procedimento, retire a vareta de óleo do câmbio e verifique se há impurezas, e se houver, retire o óleo e o cárter da caixa para confirmar se há limalha de material ferroso (foto 1A e 1B). Se não houver sinais de limalha, o problema pode ser outro, pois o conjunto de solenoides com problemas pode apresentar sintomas parecidos, mas sem produzir limalhas.

     

PROCEDIMENTO DE REPARO

Passo 1: passar o scanner no veículo para monitorar o defeito apresentado.

Passo 2: retirar o óleo da transmissão e desacoplar cabos elétricos e mangueiras (foto 2).

Passo 3 : soltar os parafusos do conversor de torque.

Passo 4: retirar a caixa de câmbio do veículo (foto 3).

Passo 5 : após a retirada da caixa do veículo, e com o auxílio do manual de reparação, faça a desmontagem da caixa (foto 4).

Passo 6: após a desmontagem, observe o estado de todos os componentes (foto 5) como tambores, discos de aço, discos de composit, rolamentos e buchas de bronze .

Passo 7: observe se a bomba de óleo está em perfeito estado, e se houver desgaste na bucha ou riscos internos (foto 6A e 6B), a mesma deve ser substituída.

Passo 8: limpe todos os componentes, inclusive a caixa (foto 7A e 7B).

Passo 9: se for utilizar os discos de composit (foto 8) deixe eles mergulhados no fluido de transmissão, podendo ser o Dextron III.

Passo 10 : conforme previsto, o nosso vilão foi o conversor de torque, responsável por ter sujado e danificado os outros componentes internos. Este conversor danificado deve ser levado a uma empresa de reparação especializada (a Miki Motors utiliza os serviços da MARF conversores) para este tipo de reparo e correção do problema. Em muitos casos o conversor avariado é dado como sucata, sem condições para retificar. Neste caso, deve-se adquirir um conversor já reparado, ou um novo, junto à empresa especializada. Pelas imagens é possível observar que o excesso de carga provocou danos nas aletas da turbina (foto 9), e o rotor sofreu danos por superaquecimento, pois um dos rolamentos de encosto acabou se desintegrando (foto 10), e uma parte acabou se fundindo na superfície de contato com o rotor (foto 11). Todos os restos metálicos espalhados a altas pressões e rotações provocaram danos em diversos componentes, lançando resíduos metálicos e limalha de ferro por todo o conjunto da transmissão.

Passo 11: se o corpo de válvula (foto 12) apresentou problema, deve ser trocado ou reparado.

Passo 12: logo depois que o conjunto estiver limpo e seus respectivos componentes danificados trocados, substitua também os reparos internos da transmissão, sendo eles os anéis de teflon, anéis oring, pré-filtros, filtro de óleo e demais componentes do reparo.

Passo 13: monte os componentes novamente na caixa de transmissão de acordo com o manual do reparador, colocando ao final o conversor novo ou retificado (foto 13).

Passo 14: após a montagem da caixa, instale-a novamente no veículo, e complete com o óleo correto, sendo 8,6 litros de Mopar ATF+3 Tipo 7176 ou Dextron III sintético. 

Passo 15: logo depois de colocar a caixa de câmbio no veículo, e colocar o óleo, conecte os cabos elétricos, cabo de mudança e as mangueiras de resfriamento da caixa de câmbio.

Passo 16: depois destes procedimentos, ligue a bateria do veículo, conecte o scanner para retirar as anomalias passadas, e efetue a verificação final para se certificar de que está tudo em ordem.

Passo 17: acione a partida do motor, e faça os testes de troca de marcha com o veículo suspenso no elevador a uma pequena altura do solo, conferindo se todas as marchas estão engrenando corretamente. Feito isso, retire o veículo do elevador e faça o teste final de percurso, para comprovação final de que o serviço de reparo ficou perfeito.

Ao concluir todos os testes, faça uma verificação final do nível de óleo de transmissão com o veículo funcionando e a alavanca na posição (P), lembrando que o fluido de transmissão deve estar com a temperatura superior a 80°C.

Serviço concluído com sucesso e mais um cliente satisfeito!

 

PEÇAS DE REPOSIÇÃO UTILIZADAS:

- óleo de câmbio;

- filtro de óleo de câmbio;

- conversor de torque retificado;

- jogo de junta com retentor do câmbio;

- discos de composit; 

- jogo de reparo e vedação dos eixos;

- solenoides.

 

Volume e especificação do óleo de transmissão:

Quantidade utilizada: 8,6 litros

Especificação: Mopar ATF+3 Tipo 7176 ou Dextron III sintético

 

CONCLUSÃO 

Quando um cliente de sua oficina, amigos ou parentes estiverem pensando em adquirir um Fiat Freemont 2.4 16V automático de 4 marchas, e o veículo em vista estiver com 50.000 km ou mais, não deixe de verificar e analisar atentamente se o mesmo não está apresentando os sintomas do problema comentado nesta matéria. 

Este modelo de transmissão (4 marchas) foi comercializado nos modelos fabricados entre os anos de 2010 a 2014. A transmissão dos modelos produzidos a partir de 2015 já é de 6 marchas, e até o momento não temos relato de problemas similares nesta versão mais atualizada, conforme publicado no Jornal Oficina Brasil, edição Outubro de 2015, caderno Premium.

Fica aqui mais uma dica e uma orientação da oficina Miki Motors Imports para os leitores e amigos reparadores.