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BMW X4 xDrive28i - SUV com estilo coupé chama a atenção, e é cotado para ser produzido no Brasil


Lançada em 2006, a série X da montadora alemã caiu no gosto do consumidor brasileiro de alto poder aquisitivo, e agora passa pela avaliação dos reparadores independentes

Por: Jorge Matsushima - 19 de julho de 2016

O ano de 2016 marca o centenário da história da Bayerische Motoren Werk (Fábrica de Motores da Bavária), mais conhecida como BMW, que foi fundada em março de 1916, quando se dedicava à fabricação de motores para aviação. Ao final da Primeira Guerra Mundial, com a derrota da Alemanha, e seguindo o tratado de Versailles assinado em 1919, a indústria germânica ficou proibida de produzir aviões, e para sobreviver, a BMW se viu obrigada a desenvolver novas alternativas. Em 1923 apresentava sua primeira motocicleta, e em 1928 apresentava o seu primeiro automóvel.

Sob o regime Nazista na Segunda Gerra Mundial, a BMW viveu períodos obscuros, e quase deixou de existir. Ao final da guerra, sobreviveu fabricando eletrodomésticos. A produção de motocicletas só foi reiniciada em 1948, e a de carros em 1952, mas a retomada não foi fácil. Em 1959, enfrentando sérias dificuldades financeiras, quase foi absorvida pela sua arquirrival Daimler-Benz, dona da Mercedes Benz. Esta situação causou perplexidade entre alguns acionistas, e então um deles, Herbert Quandt, injetou o capital necessário para reerguer a empresa. A família Quandt, até os dias de hoje, continua como acionista majoritária da montadora alemã.


Confira o vídeo gravado na oficina TecCar com o reparador Roni Ianpolsky:

E é a partir dos anos 60 que a BMW encontra o caminho do sucesso, consolidando a imagem de fabricante de motos e veículos sofisticados e de alto padrão. As próximas etapas envolviam a conquista de novos mercados, e a aquisição de algumas marcas do segmento Premium. Atualmente a BMW é controladora das marcas Rolls-Royce e Mini, e conta com 30 plantas de produção fora da Alemanha, distribuída em 14 países.

No Brasil, a BMW está presente desde 1995 quando iniciou as atividades de importação e distribuição, e recentemente em 2014, inaugurou na cidade de Araquari-SC, a 30ª unidade fabril da marca, sendo a primeira na América do Sul. Ocupando uma área total de 1,5 milhão de metros quadrados, possui capacidade produtiva de 32.000 veículos/ano. Atualmente de suas linhas de montagem saem cinco modelos: Série 3; Série 1; X1; X3 e Mini Countryman.

O modelo X4 ainda é importado, mas desde o seu lançamento por aqui em 2014, o estiloso SUV com carroceria coupé apresenta um bom desempenho em vendas, e passou a ser cotado como um dos possíveis modelos a receber nacionalidade brasileira.

E para analisar toda a tecnologia embarcada, e projetar como será a manutenção destes veículos em um breve futuro, convidamos experientes reparadores cadastrados no Guia de Oficinas Brasil para esta avaliação, e são eles:

Roni Iampolky (foto 1), 48 anos, publicitário e empresário, sócio-proprietário da Tec Car Serviços Automotivos, empresa familiar fundada em 1984, localizada no bairro do Morumbi em São Paulo-SP. Apesar de se dedicar ao setor administrativo, Roni possui também uma sólida formação na parte técnica, e se mantém constantemente atualizado. A Tec Car conta com 3 unidades, sendo duas dedicadas aos serviços de manutenção mecânica e eletroeletrônica, e a terceira loja atua na área de funilaria e pintura.

Ingo Stilck (foto 2 esq.), 46 anos, reparador e empresário, 32 anos no mercado. Apaixonado por automóveis, ainda adolescente já tinha escolhido o segmento da reparação como profissão, sempre aprendendo e se dedicando muito, até que em 1998 realizou o s
eu sonho e montou a Ingo Centro Automotivo, localizada no bairro de Santo Amaro, em São Paulo-SP. Excelência técnica e uma
relação ética, transparente e personalizada, sempre garantiram uma carteira de clientes fidelizada, e segundo Ingo, muitos deles acabaram se tornando grandes amigos.

Milton da Silva (foto 2 dir.), 42 anos, mais de 20 anos no mercado, sendo 7 anos na Ingo C.A., onde atua como gerente e braço direito do “patrão”, coordenando a equipe de técnicos, atendendo clientes, e cuidando de toda a parte operacional da oficina. Além da formação no Senai, Milton se mantém atualizado em cursos, pesquisas na internet e leitura, incluindo o Jornal Oficina Brasil.

Primeiras impressões

O design externo (foto 3) foi muito elogiado pelos entrevistados, e Roni comenta: “o X4 ficou com um porte bem interessante, em uma faixa intermediária, maior e mais espaçoso que um X1 e X3, mas com a aparência imponente do X6, porém mais compacto. É um SUV familiar, que vai agradar muitas pessoas, pois é um carro alto, e o estilo coupé dá um ar bem esportivo. É o tipo do carro que pode ser usado no dia a dia urbano das famílias, e nos finais de semana vai se sair muito bem nas estradas, com ótimo desempenho, segurança e espaço para bagagens.”

Ingo aprova a ergonomia e comenta: “eu tenho quase dois metros de altura, e me sinto confortável aqui, com bons espaços para as pernas, e a cabeça não raspa no teto. Os bancos permitem boas regulagens e acomodam muito bem. Já em um ‘série 3’ por exemplo, eu fico bem desconfortável. O interior é muito bonito (foto 4), e gostei desta combinação de cores (cinza escuro e marrom), de muito bom gosto.”

Além do requinte e esmero no acabamento, os detalhes fazem toda a diferença em um carro Premium, como por exemplo, o sistema de som Surround da harman/kardon (foto 5), referência em som de alta fidelidade.

O painel de instrumentos (foto 6) é outro ponto de destaque no X4, e alguns itens chamaram a atenção dos reparadores, que descrevem:

Roni: “o painel de instrumentos tem uma excelente visualização, com mostradores muito claros e intuitivos. Os comandos do painel, e da transmissão, que ficam no console (foto 7), também são bem acessíveis e de fácil entendimento. A opção de troca de marchas pelas borboletas no volante facilita muito as manobras rápidas em ultrapassagens, além de tornar a condução mais prazerosa e divertida.” 


Ingo se decepciona um pouco com o desenho do painel, que ainda lembra os carros dos anos 90, mas em contrapartida, tece elogios aos diversos recursos disponíveis no painel, e descreve: “este computador de bordo tem funções já existentes em outros modelos da marca, e alguns inéditos que eu ainda não tinha visto. Este marcador esportivo de potência e torque gerado (foto 8) é bem legal. O registro do estado dos componentes do veículo é muito interessante , informando a necessidade de serviços para itens como óleo do motor (foto 9), pastilhas, fluido de freio, bateria, etc. O alerta de manutenção é conhecido, mas aqui ficam também registradas todas as manutenções efetuadas, incluindo a data, o número da OS e quem executou o serviço (foto 10). Mais um item para gente estudar, e descobrir como inserir estas informações no futuro, quando estes carros saírem do período de garantia. Outro recurso bem interessante é o acesso ao manual do proprietário, que é exibido na tela do sistema multimídia.” 


Roni também elogia o sistema e comenta: “o indicador de intervalos de manutenções programadas é muito interessante, pois ajuda qualquer tipo de condutor, do mais cuidadoso ao mais desligado, a adotar a boa prática da manutenção preventiva. Os indicadores do estado do veículo, como pressão dos pneus e nível do óleo (foto 11), são muito úteis para condutores e reparadores. No caso do óleo, não existe vareta, e a leitura é feita eletronicamente e com o motor ligado. O próprio sistema ajusta a rotação ideal para fazer a medição correta. Com este recurso, além de não sujar mais as mãos, os usuários se livram de abordagens inadequadas, principalmente feita por frentistas despreparados, que alegam que o nível de óleo do motor está baixo.”



Dirigindo o X4 
Roni elogia o conforto e comenta: “infelizmente na cidade de São Paulo é muito difícil pegar uma estrada, que é o lugar certo para testar este carro. Aqui na cidade não dá para explorar todo o potencial dele. Mas mesmo assim, você percebe que as acelerações são perfeitas em função do sistema de injeção direta e variação do comando. A transmissão é muito precisa, com trocas rápidas e suaves, tanto no modo automático ou acionando as borboletas. Outra coisa que chama a atenção é o nível de ruído interno, muito silencioso. A suspensão trabalha muito bem, e absorve as irregularidades do piso sem causar desconforto, e ao mesmo tempo transmite firmeza e mantém um comportamento neutro em curvas mais fechadas. O volante com assistência elétrica progressiva é bem leve, e transmite segurança nas manobras.”

Ingo começa o percurso explorando as opções de condução do veículo, programáveis em Eco-Pró (mais econômica), Comfort (intermediária), Sport (esportiva) e Sport+ (pista) com desativação parcial do controle de estabilidade. Ingo lamenta e registra: “estas opções todas são mais adequadas para as estradas europeias. Aqui no Brasil fica difícil aproveitar toda essa tecnologia.”

Ao acelerar o imponente SUV, Ingo constata: “este motor tem uma excelente pegada para um 2.0, mesmo no modo Eco-Pro. As acelerações e retomadas são consistentes, mesmo em baixas rotações. O consumo é muito bom para um carro com estas características. No modo Sport, percebo a mudança no mapeamento do motor, que fica mais ‘esperto’ ainda, e no ponto de troca de marchas, que acontece em rotações mais elevadas para aproveitar ao máximo o excelente torque.”

No quadro a seguir, dados obtidos pelo Inmetro, dentro do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, comprovam a eficiência energética do X4, que na Europa atende aos níveis de emissão Euro VI:

Consumo

Etanol

Gasolina

Ciclo urbano

-

7,3 km/l

Ciclo estrada

-

9,4 km/l

Energético

2,74 MJ/km

Poluentes

NMHC

0,008 g/km

CO

0,290 g/km

NOx

0,011 g/km

Gás de efeito estufa

CO2

  169  g/km

Ingo resume ainda algumas impressões: “a suspensão tem um trabalho muito eficiente e equilibrado, que combina conforto e esportividade, e a estabilidade é um dos pontos fortes do carro, e eu o coloco no mesmo nível das Mercedes. Alguns recursos vão conquistar os clientes, como o freio de estacionamento com acionamento elétrico e assistente de partida em ladeira (auto hold); função auto start/stop que ajuda a economizar combustível no trânsito pesado; o navegador programável com diversas funções integradas; e o park assist, que praticamente ‘estaciona sozinho’. É com certeza um carro Premium.”

Motor 2.0 TwinPower Turbo

O conceito Efficient Dynamics dita as regras no desenvolvimento de novos propulsores, e agrega todas as soluções voltadas à obtenção da máxima performance, combinada com a redução de consumo de combustível e consequente redução do nível de emissões de poluentes.

A nova geração de motores BMW (foto 12) é produzida em alumínio e ligas de magnésio, para redução do peso, e incorporam o aperfeiçoamento de soluções consagradas da marca, como o VALVETRONIC, capaz de alterar continuamente o tempo (ou o curso) de abertura das válvulas de admissão e escape, conforme a demanda, combinado ainda com o sistema DUPLO-VANOS (do alemão Variable Nockenwellen Steuerung) que é um variador de fase com acionamento hidráulico, capaz de promover de forma contínua um deslocamento angular do eixo comando em relação à sua respectiva engrenagem de acionamento e sincronismo. Este sistema é duplo pois atua de forma independente nos comandos de admissão e escape. Recentemente a BMW convocou um recall envolvendo este sistema, mas para modelos produzidos entre outubro/2009 a setembro/2011.

O sofisticado sistema de gerenciamento de válvulas do motor permitiu aos engenheiros da BMW eliminar a função da borboleta, que antes era um ponto de estrangulamento na passagem do ar. Atualmente, o que controla o fluxo de ar que vai para dentro do motor são as próprias válvulas de admissão, que ficam abertas mais ou menos tempo conforme a necessidade. Otimizando ao máximo o aproveitamento desta tecnologia, foram incorporados o turbocompressor com Twin Scroll Technology e o sistema de injeção direta de alta precisão DI2 WT.  A gestão de combustível é a MEVD 17.2.4.

Confira na sequência, dados técnicos do motor e performance do veículo.

Na questão de reparabilidade, Milton observa que o compacto motor é montado com folga no espaçoso cofre (foto 13), e relata: “temos aqui um ótimo acesso aos principais componentes envolvidos nas manutenções periódicas. Pelo lado esquerdo (foto 14), a troca do filtro de ar e filtro de óleo do tipo refil é bem tranquila. Os pontos de manutenção do ar-condicionado também estão bem acessíveis.” Ingo faz um alerta sobre o filtro de óleo: “na troca do refil, é muito importante substituir todos os anéis de vedação, que na verdade são 3. Um para a parte de baixo e outro para o meio, e o terceiro é externo, que faz a vedação da tampa. Se não prestar atenção na montagem, com certeza vai vazar. Outro ponto interessante é o trocador de calor, bem do lado do filtro. Ele controla a temperatura do óleo lubrificante, utilizando a circulação da mesma água do sistema de arrefecimento no motor.”

Pela parte central do motor (15), Roni descreve: “o acesso para as bobinas de ignição, velas, injetores, bomba e tubulação de alta pressão são bem favoráveis, sem interferências.”

Ingo chama a atenção para a válvula de respiro, instalada na tampa de válvulas, e comenta: “antigamente a gente chamava esta peça de anti-chama, mas ultimamente diversos fabricantes adotam este sistema com membrana de silicone, que gera uma pressurização na região da tampa de válvulas. Devido à qualidade do nosso combustível, essa membrana costuma furar ou rasgar, e isso afeta o funcionamento do motor. Em alguns casos, é possível comprar somente a membrana, mas em alguns casos, ela só é vendida com a tampa de válvulas completa. Mas é preciso pesquisar bem e ficar atento, pois algumas lojas/concessionárias preferem vender a tampa completa do que vender apenas a membrana separada.”

Sobre a frequência de ocorrências de problemas, Milton avalia: “aqui nós atendemos com uma certa regularidade, veículos equipados com Injeção direta, e pelo nosso histórico, o sistema apresenta um baixo índice de manutenção corretiva. O empecilho maior é que precisamos equipamentos como manômetro e máquina de limpeza de bico específicas, que não são as convencionais que a gente usa em outros carros. Isso gera custos adicionais que não são baixos, mas até o momento a demanda é muito baixa.”

Roni anota que o sistema de sincronismo do motor utiliza corrente e comenta: “este é um item de longa durabilidade, que só deverá ser trocado com quilometragem acima dos 100 mil km. O segredo para evitar danos é seguir corretamente o período de troca de óleo. Se o veículo for usado com frequência em trânsito congestionado, nós recomendamos abreviar os intervalos de troca, pois esta é uma condição crítica de trabalho para o motor, que funciona por horas seguidas sem uma refrigeração adequada, mas roda efetivamente poucos quilômetros. Já a correia de acessórios é simples e de fácil acesso para troca, pela parte frontal do motor (foto 16).”

Ainda na parte central do motor, chama a atenção a complexa central de conexão entre os diversos módulos de controle, incluindo a ECU do motor (foto 17). Roni se preocupa com a exposição dos componentes eletrônicos ao calor e umidade, mas Milton pondera, considerando que a localização facilita os procedimentos de diagnóstico, e pelo baixo índice de problemas apresentados por estes componentes.

Pela parte de baixo da ECU está fixado o corpo de borboleta, que incorpora o sensor de pressão do coletor e o de massa de ar (MAF).

Pelo lado direito do motor, Milton observa o bom acesso para a compacta turbina (foto 18) e sonda pré-catalisador, e comenta: “este turbo com controle eletrônico da válvula de alívio é eficiente e robusto, pois raramente apresenta problemas. Devido à qualidade do nosso combustível, a sonda pré costuma apresentar mais problemas o que a sonda pós, mas aqui o espaço para testar ou substituir os sensores é tranquilo.”

Pela parte de baixo do motor, Roni prevê uma rotina bem ágil nos procedimentos de manutenção, e relata alguns pontos: “o bujão do cárter para esgotar o óleo do motor está muito bem posicionado (foto 19), com acesso completamente livre, e permite esgotar todo o óleo usado, o que elimina os resíduos dentro do motor. Ao lado temos o sensor de nível, que substitui a antiga vareta. A ausência do protetor de cárter favorece a refrigeração e a segurança em caso de forte colisão frontal, mas deixa o conjunto desprotegido. Esta moldura de aço mais o agregado oferecem uma boa proteção, mas o piso de nossas ruas é repleto de lombadas, ondulações e buracos, e acidentes podem acontecer.”

 

Milton avalia que eventuais intervenções no sistema de arrefecimento também serão bem tranquilas, pois o acesso às mangueiras, reservatório de expansão, radiador e ventilador com módulo integrado são amplos e adequados (foto 20).

 

Pela parte de baixo, Milton calcula: “o intercooler é frontal, e fica abaixo do radiador principal (foto 21). Aparentemente dá para remover sem tirar o para-choque, porque tem espaço suficiente. Isso é uma boa vantagem em relação a alguns outros modelos.”

 

Transmissão 

Roni observa que a caixa de transmissão de 8 marchas e tração integral é grande (foto 22), pois envolve uma caixa de transferência, dois eixos cardan, diferencial dianteiro e traseiro. O módulo da transmissão fica alojado próximo da caixa de transferência. A vantagem é o acesso fácil para troca ou reposição do fluido. Em caso de pane ou quebra, a remoção e reinstalação do conjunto não será uma tarefa muito complexa.”

Milton chama a atenção para o grande cárter da transmissão, que também atua como trocador de calor, e explica que o filtro do sistema fica acoplado na parte interna deste cárter, e relata: “embora em alguns modelos de veículo não se fale em troca deste filtro, eu acredito que em um determinado momento será necessário fazer esta troca sim, e aí é substituído o cárter completo com o filtro novo. Manter o fluido sempre no nível correto, usando sempre a especificação exata definida pela montadora, e trocar todo o óleo no período estipulado são providências que com certeza, evitarão quebras e anomalias no sistema.”

Freio, Suspensão e Direção

A suspensão dianteira é independente (foto 23) tipo McPherson, e os freios dianteiros com ABS/EBD utilizam discos ventilados. A troca do amortecedor é tranquila, pois o acesso à porca superior é livre (foto 24) e não há necessidade de remoção de nenhuma peça.

A direção conta com assistência elétrica, item aprovado por todos os entrevistados pela eficiência e melhor dirigibilidade. O conjunto caixa de direção e motor elétrico estão posicionados acima da travessa do agregado da suspensão. Além de não roubar potência do motor, elimina os problemas típicos apresentados pelos sistemas hidráulicos como vazamentos e desgaste de correias, mangueiras e bomba.

 

A suspensão traseira (foto 25) é independente, do tipo multlink. Os freios são a disco com ABS/EBD, e acionamento elétrico do freio de estacionamento, portanto para a troca das pastilhas, é necessário o uso de scanner para liberar as pinças. Roni elogia a posição inclinada dos amortecedores traseiros, que favorece bastante a sua remoção e substituição.

Os 3 reparadores são unânimes em destacar a robustez, e a facilidade na execução das rotinas de manutenção que envolvem a troca de pastilhas, discos de freio, rolamentos, cubos de roda, molas e amortecedores. A exceção fica por conta da porca superior do amortecedor traseiro, pois é necessário desmontar a forração lateral do porta-malas para acessá-lo (foto 26).


Roni faz um alerta sobre a importância de se executar um correto alinhamento (geometria) na dianteira e traseira, pois caso contrário, haverá um desgaste irregular dos pneus e reforça: “este carro do teste, apesar de ter rodado apenas 6.500 km, já apresenta indícios de desgaste irregular na banda de rodagem, portanto, a cada revisão, vale a pena conferir o alinhamento e balanceamento para prolongar a vida útil do pneu. O uso de um equipamento de alinhamento compatível e atualizado é muito importante.”

A unidade de comando e o corpo de válvulas do sistema ABS/EBD (foto 27) também têm fácil acesso e estão bem posicionados, do lado direito no cofre do motor.

Milton relata algumas ocorrências: “na parte eletrônica dos veículos BMW, um dos itens que mais dão trabalho envolve o sistema ABS, principalmente sensores e pastilhas. Muitas vezes o problema está relacionado a aplicações de peças paralelas em outras oficinas, e aí a solução é substituir pela peça original e configurar corretamente. As pastilhas de freio deste modelo contam com sensores de desgaste nas rodas dianteira esquerda e traseira direita.”

Ingo gostou do desenho das rodas aro 19 e o pneu 245/45 R19 da Continental, com tecnologia run-flat (foto 28). Porém faz uma ressalva: “roda grande e pneu de perfil baixo ficam bonitos na estética, mas funciona bem em pisos regulares. Aqui nas nossas ruas, acabam sobrecarregando a suspensão, pois absorvem menos o impacto, e as molas e amortecedores é que ‘seguram a bronca’.”

Outros componentes

Roni aprova o eficiente sistema de exaustão, que conta com 2 abafadores intermediários e um silencioso final, que proporcionam muito conforto acústico, e comenta: “eu não acredito que vamos ter muita manutenção nestes componentes, pois são confeccionados em aço inox. Mas quando for necessário, os acessos para substituição são simples.”

Milton observa que a substituição de lâmpadas dos faróis de xenon e lanternas é tranquila, (foto 29) mas alerta: “quando o problema envolve o módulo dos faróis, aí a conta fica cara, mas o acesso em si é tranquilo, sem muita interferência de outros sistemas. As caixas de fusíveis e relés ficam por dentro do carro, junto ao painel, e tem uma outra do lado direito do porta-malas.”

Milton registra ainda que a bomba de combustível e filtro de gasolina ficam dentro do tanque de combustível, e o acesso é feito pela parte de cima, sob o assento do banco traseiro.

Ingo anota ainda que no porta-malas, também fica instalada a bateria, que no caso deste veículo é especial, composta por gel. Estas baterias possuem uma maior capacidade regenerativa, ou seja, podem ser submetidas a ciclos de recargas e uso com maior frequência, principalmente pelo uso do sistema start/stop, e também pela atuação do alternador, que regenera parte da força de frenagem, transformando a energia cinética em recarga adicional para a bateria.

 

Informações Técnicas

Roni faz uma avaliação: “a BMW como montadora, não oferece nenhum tipo de acesso a informações técnicas para os reparadores independentes, mas felizmente no nosso caso, temos um ótimo relacionamento com a concessionária local. Como somos bons clientes de peças genuínas, eles nos ajudam na parte técnica, e ao longo do tempo, estabelecemos uma parceria muito positiva. Se a montadora apoiasse este intercâmbio, seria melhor.

Quanto a treinamentos e informações muito específicas, nós recorremos ao Sindirepa-SP. Mas a informação de fábrica é muito importante, e sempre faz falta. Muitos procedimentos e orientações deveriam ser divulgados para melhorar a execução da manutenção destes carros que já não frequentam mais as concessionárias. Muitas vezes perdemos muito tempo pesquisando para entender o princípio de funcionamento e procedimentos corretos de intervenção nos sistemas. Desde uma simples troca de óleo, em que precisamos prestar atenção a alguns detalhes, como fazer o ajuste de novos componentes, sequência para executar o ‘reset’ de painel... tudo tem um procedimento. Melhorar a comunicação com o reparador independente só vai ajudar a BMW e os concessionários, pois somos uma continuação do pós-vendas para os clientes da marca.”

Ingo também mantém um bom relacionamento com a concessionária BMW mais próxima, mas considera limitado o canal para um acesso efetivo a informações técnicas de fábrica, que infelizmente não existe no mercado brasileiro. Por essa razão, Ingo dedica muito tempo às pesquisas na internet, troca muitas ideias e informações com outros profissionais do segmento, e investe na compra de equipamentos, e comenta: “os scanners de mercado ajudam, mas são limitados. Por essa razão, recorri aos meus contatos na Alemanha, e adquiri um scanner dedicado da marca. E aí você percebe o quanto os procedimentos de revisão, diagnóstico e manutenção estão atrelados ao equipamento da montadora. Não dá nem para comparar. Você tem acesso a todos os sistemas e procedimentos, e isso faz toda a diferença. Para prestar um serviço de qualidade em veículos Premium, não adianta, precisa investir no scanner dedicado.”

Até o momento, os procedimentos de reset feitos após a execução das manutenções programadas são resolvidos sem problemas com os equipamentos adequados. Porém, os reparadores sempre ficam alertas quando alguma montadora tenta criar uma reserva de mercado, forçando procedimentos de manutenção que obrigam o consumidor a se dirigir exclusivamente em uma concessionária.

Roni, Ingo e Milton entendem que a BMW tem planos de crescimento no país, e esperam que a disponibilidade de informações técnicas siga a tendência global de acesso, tal como acontece na Europa e no mercado Norte-Americano.

Peças de reposição

Atuando nas áreas de manutenção mecânica, eletroeletrônica, funilaria e pintura, Roni movimenta um bom volume de peças BMW, e avalia: “a política comercial oferecida pela concessionária é diferenciada para o reparador, mas não é muito atraente do ponto de vista financeiro. Outra deficiência é a ausência de acesso ao catálogo on-line de peças da montadora. A BMW e as concessionárias só teriam vantagens com isso, pois os próprios reparadores fariam as consultas e orçamentos, e utilizando o número do chassi, não há possibilidade de erros na identificação do ‘part number’. Com isso, após a aprovação do cliente, o reparador só confirma o pedido junto à concessionária, já com os códigos certos. Com certeza o volume de compra de peças genuínas pelos reparadores aumentará. Outra vantagem do catálogo da montadora são as vistas explodidas de conjuntos e foto das peças, que agilizam os procedimentos de diagnóstico e orçamento. Como atuamos também com funilaria e pintura, nossa válvula de escape são os softwares de orçamentação de reparos de colisão, que contam com um catálogo eletrônico na base de dados. De toda forma, os catálogos da montadora são sempre mais atualizados, completos e confiáveis”.

Ingo se apoia na sua experiência para definir a compra de peças BMW, e explica: “a qualidade do componente vem em primeiro lugar, e além das peças genuínas da concessionária, existem alguns itens com a mesma qualidade original, e que são disponibilizados pelos importadores especializados. As peças de qualidade ou origem duvidosa passam longe de nossa empresa.

Sempre que a concessionária oferece a peça com um preço compatível com o mercado, eu não perco muito tempo e compro. Mas existem aberrações como por exemplo uma lâmpada de Xênon custar 4 mil reais! O cliente BMW não é desinformado, e eu mostrei que a mesma lâmpada, da marca Philips, poderia ser encontrada por 50 dólares em Miami. O cliente não teve dúvidas, e na primeira viagem para o exterior comprou a lâmpada e trouxe aqui para gente trocar. Neste caso perdemos a venda da peça, mas poupar o cliente desse tipo de distorção de mercado faz parte do nosso papel como reparadores de confiança. Outro problema é a indisponibilidade de alguns itens. Estamos com uma 320 esperando um sensor MAF, e o prazo pedido foram 30 dias, pois está em BO na fábrica. Por essas razões, costumo comprar 50% dos itens no importador especializado, que tem qualidade com preços competitivos, bom atendimento e agilidade nas entregas, e 50% na concessionária, principalmente nos itens em que não encontro qualidade ou durabilidade equivalente no mercado”.

Recomendação
Como empresários do setor de reparação automotiva, Roni e Ingo sempre são consultados pelos clientes, amigos e parentes quando o assunto é a compra ou troca de carro. Veja na sequência o que eles diriam se você estiver interessado em um X4.

Roni: “Como todo carro Premium, o X4 xDrive28i com motor 2.0 turbo é caro (R$ 299.950,00) mas é um carro diferenciado, com muitos itens de segurança, conforto e entretenimento. Não é um carro para quem quer discrição, e sim para quem quer se destacar, chamar a atenção. Do ponto de vista da reparabilidade, é um carro que se ficar restrito às manutenções periódicas, apresenta um baixo custo. Porém, se acontecerem alguns acidentes como quebra de faróis, lanternas ou para-choque, ou se cair em um buraco e danificar rodas, pneus e componentes da suspensão, aí o orçamento será ‘Premium’ também. Portanto quem pretende comprar um carro desses, tem que ter uma boa reserva para eventuais imprevistos. De um modo geral, BMW é uma marca que a gente não costuma desaconselhar a compra, porque até o momento, não enfrentamos grandes desafios para atender estes modelos. Todavia, se a BMW e seus concessionários nos abrirem acesso para treinamentos, informações técnicas e catálogo de peças, aí com certeza indicaremos BMW com muito mais convicção e entusiasmo.”

Ingo: “quando se fala em carros Premium, as comparações entre BMW e Mercedes são inevitáveis, e aí entram muitas questões de escolha e preferências pessoais. Do ponto de vista da reparabilidade, para os carros já fora da garantia, os modelos BMW levam vantagem pelo menor custo de manutenção, principalmente porque além das peças genuínas, você encontra boas opções com qualidade original nos importadores especializados. Tecnicamente aqui na Ingo o cliente pode ficar tranquilo pois já dispomos de equipamentos adequados para efetuar as rotinas de manutenção preventiva e corretiva.”

E Ingo prossegue com um comentário interessante: “se a inspeção veicular ambiental (Controlar) voltar, os modelos BMW 2007 equipados com motor 4 cilindros eu não recomendo, pois eram os piores para ajustar e passar na inspeção de emissões. Tirando estes modelos, eu recomendo a compra, mas reforço e repito para o cliente, para ele jamais deixar de efetuar as manutenções programadas, pois caso contrário, o sonho pode virar pesadelo e prejuízo.