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Honda Civic é nota 7


O Honda Civic é muito elogiado, porém com uma maior presença nas oficinas, a relação de amor com o reparador começa a ruir, pela dificuldade de encontrar informações técnicas e até mesmo durabilidade de componentes, como caixa de direção e suspensão

Por: Arthur Gomes Rossetti - 22 de setembro de 2009

Criado no início dos anos 70 com o conceito de carro compacto, econômico e de alta resistência, o Honda Civic tinha a missão de enfrentar o já consolidado Toyota Corolla, porém com algumas inovações em relação ao seu rival, como por exemplo, a posição transversal do conjunto motor e câmbio, tração dianteira, maior espaço interno e superior economia de combustível. Os primeiros motores tinham baixa cilindrada, a variar de 1.200 a 1.500 cm³. A autonomia destas versões poderia chegar a incríveis 16 km/l na estrada, o que para a época foi um marco.

As primeiras unidades no Brasil importadas oficialmente datam de 1992. O modelo sedan custava na época cerca de 35 mil dólares, sendo muito atraente em comparação aos inferiores sedans nacionais que custavam em média 30 mil dólares (Tempra Ouro, Monza Classic, Santana GLS, Versailles Ghia, entre outros). 

Em 1997 o modelo foi nacionalizado e começou a ser montado na unidade de Sumaré. Aliás, esta segunda geração brasileira permaneceu até o ano 2000. Alguns reparadores afirmam que esta é uma das melhores já produzidas.

A partir de 2001 surgiu a terceira geração nacional (sétima mundial), com inovações tanto nos motores quanto na carroceria. O 1.6L 16v de 106/127cv dava lugar ao 1.7L de 115/130cv (esta última citada VTEC, com comando de admissão variável). O assoalho plano na traseira também foi uma novidade que permanece até hoje.

Em 2004 apenas um face-lift nos faróis, lanternas e parachoques. Em 2006 a grande novidade, ou até mais que isso, uma “virada de página” no conceito de sedan médio, com a chegada do New Civic. Este passou também por um face-lift na dianteira em 2009, ganhou motorização flex e permanece como líder de vendas na categoria.

Para esta edição avaliamos a versão de 1.7L LXL automático, ano/modelo 2005, a gasolina, com 115cv e 55.993 km rodados, na oficina Cobeio Car, pertencente ao integrante do conselho editorial Claudio Cobeio.
Em relação à geração anterior o espaço livre no compartimento do motor diminuiu, porém não chega a ser um problema grave no dia a dia da oficinaA sonda lambda apresentou problemas? O conselho recomenda a original HondaImpressões
O Civic avaliado não chegou a apresentar problemas complicados, mas após consultarmos os integrantes do conselho editorial, foi confirmada a fragilidade em certos pontos “repetitivos”, ou seja, independente da região aonde o veículo trafega, os problemas costumam ser “sempre os mesmos”: ruídos excessivos ao trafegar por pisos irregulares, varia nos amortecedores e batentes. Outro fato a ser comentado fica quanto o repasse de informações técnicas oficiais por parte da Honda, que segundo os reparadores “praticamente não existe”.


A garantia das peças fica a desejar afirmou o conselheiro Claudio Cobeio, da Cobeio Car, visto o período de cobertura ser variável. Se a peça for comprada no balcão são 3 meses de garantia e se for instalada na oficina da concessionária são 6 meses, “prática esta que poderia ser revista”.

“A aplicação de peças originais é fundamental neste modelo mesmo com os elevados preços praticados pelas concessionárias”, comentou o conselheiro Paulo Aguiar, da Engin Engenharia Automotiva.

Em contrapartida não foram poupados elogios quanto à durabilidade do motor, baixo consumo de combustível, boa ergonomia dos comandos, amplo espaço interno e design atual (mesmo sendo da geração anterior). Outro ponto positivo é referente à simultaneidade a qual a Honda disponibiliza sua linha de veículos no Brasil, sempre em sintonia com o restante do mundo, diferentemente da maioria das montadoras, que demora a acreditar no potencial do mercado nacional e permanecem com verdadeiras sucatas obsoletas nas concessionárias. 

Apesar do formato específico da bateria, o reparador encontrará no mercado independente outras opções de marcas

Motor
O modelo avaliado possui o motor de 1.7 litro, de quatro cilindros, 16 válvulas a gasolina de 115cv, com comando de admissão simples e acionamento por correia dentada. Já o modelo New Civic possui o acionamento do comando através da corrente de comando, mas este é um assunto para uma futura matéria Avaliação do Reparador. 

O metal alumínio é empregado tanto na construção do bloco, quanto do cabeçote. Existiu também a versão de motor denominada VTEC, a qual possui um sistema que monitora a abertura e fechamento das válvulas de admissão em momentos diferentes, a fim de obter um melhor torque em baixos regimes de giro e maior potência nos altos.

Nas dependências da Cobeio Car não foi detectada nenhuma avaria no motor, porém um dos maiores cuidados o qual o reparador deverá tomar é referente à escolha do óleo lubrificante. Segundo o conselho, a melhor opção é o original Honda, de base mineral e viscosidade (SAE) 10W30 API SL. A formulação deste lubrificante foi desenvolvida paralelamente ao motor 1.7L. É comum o aparecimento de ruídos e aumento no consumo de combustível quando utilizado outras marcas, mesmo que respeitado a viscosidade, prova esta de que a aditivação é específica.

Segundo o integrante do conselho editorial, Francisco Carlos de Oliveira, da Stilo Motores, certa vez chegou de guincho em sua oficina um modelo semelhante ao avaliado, que não ligava. Ao efetuar os diagnósticos foi comprovado um sincronismo incorreto entre árvore de manivelas e comando de válvulas, com apenas um dente de diferença entre ambos. Esta “pequena” falha que é tolerável em diversos outros modelos de veículos, não pode ser considerada no Civic.

O consultor Eduardo de Freitas Topedo, da Ingelauto Serviços Automotivos, cita que as concessionárias Honda da zona leste de São Paulo nem sempre possuem um bom estoque de peças a pronta entrega, além de pedir preços altos quando se trata de um componente específico, como por exemplo, um sensor ou atuador que seja difícil encontrar no mercado independente.

Outro fato que chama a atenção é a bateria, produzida pela Delphi nos estados unidos. O formato exige que o reparador opte pela específica no ato da reposição, sem permitir espaço para adaptações. Atualmente é possível adquirir em lojas de autopeças a de outros fabricantes caso haja preferência. Ela deverá ter a tensão de 12 volts e um mínimo de 50 Ah de corrente.
A ignição, os coxins e o sistema de arrefecimento estavam em perfeito estado.

 Oportunidade de serviço a vista! Questione o cliente e caso o fluído da transmissão automática não tenha sido substituído, ofereça o serviço como prevenção a possíveis problemasTransmissão
Haviam duas opções de câmbio em 2005, sendo o manual de 5 velocidades a frente mais a marcha a ré e o automático de 4 velocidades a frente mais ré, idem ao modelo avaliado. Nos anos de 2001, 2002 e 2003, diversas unidades equipadas com a transmissão automática apresentaram problemas, onde o conserto não saía por menos de 3 mil reais. O sintoma era sempre o mesmo: O veículo começava a apresentar trancos nas trocas de marchas e depois de certo tempo não oferecia mais tração, independente do quanto fosse acelerado. Na época algumas oficinas especializadas afirmaram que o filtro interno da caixa apresentava saturação precoce, impedindo o fluxo e circulação do fluído hidráulico. A Honda por sua vez alegou falta de manutenção preventiva por parte dos proprietários. O que é possível constatar junto ao mercado é que este problema praticamente se extinguiu nas versões após 2004. Mesmo assim oriente seu cliente a efetuar a limpeza do filtro interno da caixa e a troca do fluído se possível, antes do prazo limite imposto pelo manual do fabricante, que é de 40 mil quilômetros para uso severo (atividade comercial ou trânsito intenso) e 80 mil quilômetros no urbano livre e rodoviário.

O modelo avaliado apesar dos mais de 55 mil quilômetros rodados apresentou funcionamento perfeito.

O conselho editorial também recomenda a aplicação do fluído hidráulico para transmissão automática original Honda, num total de “apenas” 3 litros incluindo o conversor de torque.

Não fique surpreso se as trizetas do semi-eixo apresentar desgaste excessivo após 100 mil quilômetros rodados. “É uma peça que dificilmente passa disso” comentou o conselheiro Danilo Tinelli, da Auto Mecânica Danilo.

Suspensão e Direção
Aqui está o ponto fraco do modelo e este foi o principal motivo da ida a oficina.  Mesmo que as peças originais da suspensão não conseguirem apresentar longa vida útil, elas são as recomendadas, visto as paralelas para este veículo apresentarem qualidade duvidosa na maioria das vezes. Se for adquirir uma peça importada de marca desconhecida, exija a nota fiscal e o certificado de garantia, a fim de não ter que assumir prejuízos quanto ao serviço prestado.

Em média, os amortecedores dificilmente ultrapassam os 40 ou 50 mil Km sem apresentarem vazamentos ou simplesmente, perda de eficiência.

Os batentes superiores dianteiros também necessitaram de troca. O conjunto traseiro costuma durar um pouco mais em relação ao dianteiro, fato comprovado no modelo avaliado.

Outro item que apresenta fragilidade é a caixa de direção. Com pouco mais de 30 mil quilômetros rodados é comum surgir ruídos de “tundundun” ao passar por pisos irregulares e ruas de paralelepípedo. O problema surge entre as buchas laterais da cremalheira e a de encosto do pino de ajuste. Atualmente existem no mercado independente reparadores especializados neste tipo de conserto, o que acaba com o problema por pelo menos o dobro da durabilidade da original, desde que o serviço seja feito com critério e componentes de qualidade. É possível adquirir o kit de reparo original Honda, composto por mola de apoio entre pino e porca de ajuste, buchas, arruelas e cinta da coifa lateral, pelo preço de R$ 126,10, ou seja, muito mais vantajoso em comparação a caixa completa, que na concessionária custa mais de R$ 3 mil. Quando detectado na fase inicial, um ajuste da caixa poderá resolver e isso ocorreu com a unidade avaliada.

Freios e Undercar
Ao seguir o check list da Agenda do Carro, constatamos que o nível do fluído de freio estava abaixo do nível ideal, próximo a marca “min” (mínimo). Ao avaliarmos o conjunto com o veículo no elevador, tivemos a certeza de que não havia nenhum vazamento, onde apenas as pastilhas estavam com metade da vida útil.

O conjunto traseiro o qual equipa o modelo avaliado é do tipo tambor e o desgaste das lonas estava dentro do padrão, apesar do material das lonas serem “mole” e ter apresentado desgaste excessivo em outros Civics que passaram nas oficinas do conselho.

Segundo o consultor Amauri Gimenes, da Vicam Centro Automotivo, dê preferência a escapamentos originais ou paralelos de 1ª linha, visto os demais apresentarem muita ressonância quando instalados. Outra dica é a do filtro de combustível, que neste veículo fica localizada dentro do tanque e demanda atenção e cuidado para não danificar a bóia no ato da troca, que pode ficar presa e apresentar leitura incorreta do nível.

Habitáculo
Por dentro todos os comandos estavam com funcionamento perfeito, assim como o ar condicionado. E por falar neste acessório, fique atento a “clipagem” entre as mangueiras e a tubulação metálica.

Outro item que segundo o consultor Eduardo Topedo, da Ingelauto, é lamentável refere-se à ausência do filtro de cabine na maioria dos Civics semelhantes ao avaliado, apesar de haver espaço para a instlação do componente, que pode ser adquirido no mercado independente.

Curiosidade
Quando a Honda decidiu renovar o projeto do Civic na virada do ano 2000 para a versão semelhante à avaliada, uma extensa pesquisa foi efetuada ao redor do mundo, com o intuito de produzir um veículo sob medida aos desejos dos futuros consumidores. Os brasileiros, por exemplo, tinham o anseio de que o “futuro Civic” possuísse CD Player de série e maior conforto.

O restante do mundo opinou com o desejo de maior espaço interno, porém, sem aumentar as dimensões externas da carroceria. Como solução a Honda foi obrigada a desenvolver soluções como a de deixar a cabine mais alta e deslocá-la para frente, o que resultou no que para muitos reparadores é um verdadeiro pesadelo: A diminuição de espaço do cofre do motor. Tudo ficou mais compacto, porém segundo o conselho editorial não chega a atrapalhar no ato da reparação, bastando apenas um pouco de paciência em certos momentos.

Dicas
Segundo o integrante do conselho editorial Amauri Gimenes, da Vicam Centro Automotivo, o módulo de injeção do Civic 1.7L tem dificuldade em trabalhar com sonda lambda do tipo “universal”. Quando utilizada esta opção, a luz de anomalia do painel poderá acender de maneira intermitente, aliado a uma leitura imprecisa da quantidade de oxigênio, com tendência a causar uma estratégia de excesso de combustível (mistura rica) por parte do módulo. Comentou ainda que sua preferência continua pela sonda lambda original Honda, mesmo o componente apresentando baixa vida útil em comparação a outros veículos.

Em algumas unidades do Civic da geração anterior, a rosca de fixação da polia inferior da correia dentada pode ser esquerda. Fique atento no momento de soltá-la!

O conselho editorial recomenda aplicação do fluído de freio original Honda, especificação DOT 3.

Índice de Durabilidade e Recomendação
Por conta da fama de ‘bom moço’, o Honda Civic avaliado deixou a desejar, o que não tira, porém, o brilho da montadora japonesa. Isso porque as notas estão acima da média dos veículos já avaliados por este conselho editorial.

De boa acessibilidade aos componentes internos do motor e sistemas undercar, as críticas ficaram por conta do filtro de combustível, dentro do tanque, ausência de filtro de ar-condicionado, e monopólio das informações técnicas pela montadora.

Chamou atenção também a não recomendação do veículo avaliado (mesmo ano/modelo) por parte de dois dos seis conselheiros.

Amauri Cebrian Domingues Gimenes - Vicam Centro Técnico Automotivo
(11) 2601-9501 - vicam.amauri@yahoo.com.br

Não tenho restrições ao Civic 2005, porém reforço que apenas escapamentos originais oferecem isenção total de ruídos. Quando utilizado outras marcas o ronco costuma ficar horrível, com excesso de ressonância.
Nota: 6,5

Francisco Carlos de Oliveira - Stilo Motores
(11) 2977-1124 - stilo@stilomotores.com.br - www.stilomotores.com.br

Este veículo é muito bom, econômico e com boa durabilidade. Só deixa a desejar a caixa de direção que possui baixa vida útil.
Nota: 8

José Cláudio Cobeio - CobeioCar
(11) 5181-8447 - juliana@cobeiocar.com - www.cobeiocar.com

Até o ano 2000 o Civic era muito bom, mas a partir de 2001 o veículo parece que perdeu um pouco de sua durabilidade. Em função de todos estes fatores eu recomendaria ao meu cliente o Toyota Corolla (de mesmo ano).
Nota: 7,5

Danilo José Tinelli
Auto Mecânica Danilo - (11) 5068-1486
Não recomendo por uma questão de falta de informação técnica, elevado preço das peças e o mercado paralelo costuma oferecer opções de baixa qualidade.
Nota: 6,5

Eduardo de Freitas Topedo - Ingelauto Serviços Automotivos
(11) 3892-8838 - www.ingelauto.com.br - ingelauto@ingelauto.com.br

Recomendo com restrições devido a algumas características técnicas, como por exemplo, a das peças do sistema de suspensão que não tem uma vida útil boa em comparação a outras montadoras.
Nota: 6,5

Paulo Pedro Bueno Aguiar Jr. - Engin Engenharia Automotiva
(11) 5181-0559 - engin.auto@terra.com.br
O Civic é um veículo que apresenta problemas na parte da suspensão (barulhos), assim como a caixa de direção. Em contrapartida apresenta motor robusto com baixo custo de manutenção.
Nota: 7

Direto do Paredão, a opinião dos repadores
Bom carro. Informação técnica é restrita pela Honda, mas há como importar ótimos manuais, só que no meu caso tive um gasto extra para traduzi-los. Não há tanta dificuldade na manutenção com ferramentas adequadas. Reposição de peças é boa, custo elevado devido a monopólio. Relação da Honda com o reparador independente é fria.

Na mecânica, os problemas mais comuns na minha oficina são: coxins do câmbio automático, bucha da caixa da direção, a fornecida pela Honda é barulhenta e sem eficácia, porém torneiros profissionais brasileiros competentes já resolveram este problema, buchas da suspensão, amortecedores e batentes sofrem com nossas estradas.Há também uma pequena frustração quanto ao conforto do veículo e aspereza do motor. Atenção especial ao período de troca do óleo do câmbio automático e substituição do filtro de gasolina que é mais trabalhosa.
Entre vários pontos positivos estão: durabilidade do motor e câmbio, ótima dirigibilidade, consumo razoável, muito bom com câmbio mecânico, sistema de freio muito bom principalmente com abs, air bag se série etc..Recomendo
NOTA 8.
Dermeval Junqueira-Reparacar Ltda- Congonhas –MG


Excelente carro, consumo bom, assim como o acabamento. Tem trocas de marchas suaves, motor e câmbio raramente apresentam defeitos, mas na suspensão ainda temos aqueles probleminhas de ruídos que a partir do 2001 não resolveram, com amortecedores, bieletas etc.. Em nossa oficina, para nossos amigos, recomendamos carros Honda.
NOTA 8.
Ricardo de Souza - Recar - São Paulo

Avaliação de Mercado

O perfil do Comprador desses carros é idêntico e se destaca pessoas com família, mais conservadoras e que procuram um modelo espaçoso. É um carro que tem espera de venda médio. Não sai logo, mas também não demora a sair da loja.
Com relação ao mercado, em gosto de 2009, comparado a julho de 2009, desvalorizou – 2,28% na versão de 115cv e – 2,19% na VTEC de 130cv e, em agosto de 2009, comparado a agosto de 2008, desvalorizou – 17,70% na versão de 115cv e – 21,41% na versão VTEC de 130cv.

Fonte: Departamento Mercadológico SINDIAUTO/ASSOVESP