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Classic 1.0 VHC 8v Flexpower – O sucessor do Chevette – faz sucesso nas vendas e também nas oficinas


Saiba quais são os motivos dessa longevidade no mercado e os segredos técnicos que só os reparadores contam sobre o Corsa Sedan, que se tornou Classic em 2003, e ainda mostra fôlego para continuar no mercado

Por: Tenório Júnior - 20 de junho de 2016

O Chevrolet Corsa é um modelo de automóvel da General Motors comercializado na América Latina e em alguns países da Ásia. Também foi comercializado na Índia com o nome de Chevrolet Sail  e Chevrolet Barina; na Austrália pela Holden como Holden Barina e na China como Buick Sail. No Brasil, o lançamento do Corsa aconteceu em 10 de janeiro de 1994. O modelo veio para cá com a importante missão de substituir o Chevrolet Chevette, o que conseguiu com muito mais sucesso do que o esperado, no segundo ano de sua produção já era líder de mercado em seu segmento. Na época, foi uma inovação no segmento dos carros pequenos, trouxe um projeto moderno, com linhas arredondadas e acréscimos em termos de segurança e mecânica. O Corsa Wind 1.0 foi o primeiro carro popular com injeção eletrônica de combustível, no Brasil. Desde o seu lançamento até os dias atuais, foram várias as versões apresentadas: Hatch, Sedan, Wagon e Pick-up. Nas diferentes motorizações: 1.0, 1.4, 1.6 e 1.8 (8 válvulas), 1.0 e 1.6 (16 válvulas). Cada um com suas propriedades e particularidades, visando atender o maior número de pessoas, de acordo com as suas preferências e necessidades. Andando pelas ruas é fácil concluir que o Classic 1.0 VHC Flexpower é um carro muito bem aceito pelo consumidor brasileiro. E nas oficinas, será que tecnicamente esse modelo agrada aos reparadores? Para responder essa pergunta, entrevistamos três reparadores independentes que possuem ampla experiência nesse modelo. Na zona sul da cidade de São Paulo - bairro Santa Lúci
a, entrevistamos o reparador Eduardo Tadeu Bermudez (foto 01), fundador e proprietário da Auto Mecânica Santa Lúcia, desde 1992. Com 54 anos de idade e 30 anos de profissão, esse reparador tem uma história um pouco diferente. Quando ainda era menor, teve seu primeiro emprego num açougue onde permaneceu por dez anos. Depois, por gostar muito de som automotivo, muito curioso, atreveu-se a instalar som em um carro e conseguiu, foi quando começou a trabalhar na oficina do sogro. “Por estar dentro da oficina comecei a participar das palestras que eram promovidas pelas lojas de autopeças, foi aí que me interessei pela mecânica e fui fazer cursos de especialização em escolas especializadas e também nas fábricas de autopeças, como Mahle, Sachs, Cofap entre outras”, diz com brilho nos olhos, o reparador Eduardo. Em outro bairro da zona sul de São Paulo, SP Jardim São Luiz, encontramos a oficina Baú Car. Quem nos concedeu a entrevista foi o técnico, André Evaristo Filho (foto 02). Aos 42 anos de idade, o reparador acumula 23 anos de experiência no ramo e nos conta como foi sua trajetória. “Comecei como ajudante numa oficina mecânica na periferia da zona sul da cidade de São Paulo, depois de um ano, fui trabalhar em outra oficina na Vila Olímpia, onde permaneci por 17 anos. Durante esse tempo, pude fazer cursos técnicos e de especializações. Hoje, sou proprietário da Baú Car Auto Elétrico e Mecânica, em sociedade com o Roberto Borges, 52 e Peixoto, 35”, relata André. Pesquisando no Guia de Oficinas Brasil, encontramos na Zona Sul da cidade de São Paulo, bairro Pedreira, um reparador que é exemplo de perseverança - Vinícius Silveira Cricca, 42 (foto 03). Aos 12 anos de idade, começou mexendo com Mobylete, depois passou para as motos e na sequência, foi ajudante de mecânico de autos. Em 1990 decidiu empreender e abriu sua primeira oficina, que não deu certo. Ficou um tempo trabalhando em outros ramos e voltou a empreender em 2003 quando comprou uma oficina pronta e, segundo ele, por estar desatualizado, novamente foi mal sucedido. Foi então que decidiu se atualizar, fazendo vários cursos técnicos no Senai e escolas especializadas. Em 2004, melhor preparado, abriu a V-Tech Auto Center, que atualmente, atende em média 150 veículos por mês.

   

 

Suspensão dianteira

 

Os técnicos consultados consideram a suspensão do Classic simples, resistente e eficiente. As buchas das bandejas, terminais de direção (foto 04), pivôs (foto 05) e braço axiais apresentam desgaste compatível com a quilometragem do veículo, nada fora do normal. No entanto, há dois defeitos recorrentes citados pelos três reparadores: folga e rangido no coxim do tensor (também conhecido como “morcego”) (foto 06) e folga nas buchas da barra estabilizadora.

     

   

  

Suspensão traseira

 

A suspensão traseira, de acordo com os reparadores entrevistados, é muito resistente e simples. Amortecedores e molas (foto 07) são substituídos por tempo de uso, cerca de 60.000km. Os calços inferiores das molas são frágeis (fotos 08 e 09), mas custam pouco e são fáceis de substituir. Já as buchas do quadro ou eixo traseiro (foto 10), segundo os reparadores, são bem resistentes, raramente necessitam de substituição.

                                              

 

Freios

 

Para os reparadores consultados, o sistema de freio do carro avaliado é muito eficiente e não apresenta defeitos graves e/ou recorrentes. O técnico Eduardo, relata que já teve alguns casos de ruído nas pastilhas (depois de aquecidas) que se assemelhavam ao barulho do contato de ferro com ferro, porém, as pastilhas estavam visualmente em perfeitas condições e os discos também. Nestes casos, ele resolveu substituindo o conjunto de pastilhas e discos por peças novas de marcas confiáveis.

 

 

Dicas do consultor OB

 

Caso haja vazamento de fluido de freio pelo cilindro de roda (foto 11) e tenha tingido as lonas de freio (foto 12), substitua os cilindros e as lonas. Não adianta só lavar porque por mais que pareça estar limpo e seco, quando esquenta, o fluido que está impregnado nas lonas volta à superfície comprometendo a eficiência da frenagem. Para efetuar a lavagem do espelho (foto 13) e das sapatas (foto 14) utilize água e sabão. Não deixe de efetuar a troca do fluido de freio preventivamente e de verificar as válvulas equalizadoras de pressão que estão localizadas sob a carroceria, próxima do eixo traseiro, se estiverem úmidas ou vazando, substitua-as!

 

Atenção! Não confie no sistema automático de regulagem das lonas, ele costuma falhar. Faça a regulagem manualmente, é mais seguro.

    Câmbio

  

 

O técnico Eduardo, que atende em média 60 carros por mês, dá uma dica: “É comum vazar óleo de câmbio pelo retentor da tulipa do lado esquerdo (foto 15). Quando for trocar o retentor, troque também o anel de vedação “Oring” da porca da coroa (foto 16) e prefira a peça genuína para não ter retrabalho”. De acordo com o técnico André, o câmbio em si raramente apresenta defeito, mas já houve alguns casos de desgaste na ponta do pinhão, justamente por falta de óleo devido à falta de manutenção quanto aos vazamentos. Os problemas mais comuns estão nos periféricos como, buchas do trambulador, retentores e liame (fig. 16A). Além dos problemas citados, o reparador Vinícius comenta que o rolamento da coroa costuma apresentar folga.

 

 

      

Nota:

 

Na matéria “Consultor OB” publicada no mês de fevereiro, apresentamos de forma detalhada o procedimento de manutenção dessa caixa de transmissão, defeitos comuns, causas dos defeitos e dicas técnicas, vale a pena dar uma olhada!

 

Fique por dentro

 

A sigla VHC (Very Height Compression), significa “compressão muito alta”. Esse aumento da compressão é o grande diferencial desse motor. Mas, também pode ser um problema se o combustível utilizado for gasolina de baixa octanagem e/ou má qualidade.

 

Você sabe o que é detonação?

 

É comum a reclamação de “batida de pino” ou “motor grilando” (apelidos dados ao fenômeno ocasionado pela detonação) que nada mais é, que uma vibração interna no motor. A detonação ocorre pela baixa resistência do combustível à alta taxa de compressão desse motor - peculiaridade que confere a ele ótimo desempenho, baixo consumo de combustível e baixo índice de poluentes. Para resolver esse problema há basicamente três formas: abastecer com gasolina que tenha octanagem superior a 87 IAD (Índice Antidetonante); abastecer com Etanol, porque possui maior poder antidetonante (equivalente a 110 octanas) ou fazer a mistura do Etanol na gasolina para aumentar resistência à detonação. O fenômeno da detonação (a tal batida de pino em baixas rotações) traz consequências quase imperceptíveis, mesmo nos motores que não possuem alta taxa de compressão. Grande responsável por esse problema é a gasolina adulterada, que alguns postos vendem de forma impiedosa e indiscriminada. A adição de solventes, além de provocar problemas em componentes internos do motor, contamina o óleo, contribui para a formação de borra e “derruba” a octanagem da gasolina. Em decorrência da baixa octanagem o motor fica propenso a “grilar”, neste momento entra em funcionamento o sensor de detonação, que percebe o início do ruído, informa ao módulo ECU (Unidade de Comando Eletrônico) e esse, por sua vez, atrasa o ponto de ignição na tentativa de evitar a detonação. Em alguns casos, até consegue inibir o fenômeno, mas em casos extremos, o módulo atrasa o ponto ao máximo e não resolve, aí começa outro problema: com o ponto de ignição atrasado, o desempenho fica comprometido, o consumo e a emissão de poluentes aumentam consideravelmente.

 

 

Injeção Eletrônica

 

Segundo relatos dos reparadores consultados, o sistema de injeção eletrônica desse modelo é ótimo. Mas, apresenta um defeito que desafia o conhecimento e paciência dos técnicos. Trata-se de uma ou mais falhas intermitentes e de curta duração. A saber: Motor morre repentinamente, mas pega de primeira e depois demora pra apresentar o defeito novamente; perda de potência (como se estivesse com excesso); leitura da sonda e do sensor de massa de ar fica totalmente fora dos parâmetros. De acordo com o técnico André, que atende cerca de 120 carros por mês, na maioria dos casos esses problemas são ocasionados por falta de aterramento no cabo que fica atrás da bateria. O técnico Eduardo acrescenta aos sintomas já relatados, a partida pesada e orienta: “verifique, a priori, o cabo de aterramento que está fixado no parafuso do câmbio, outro que está próximo ao motor de partida (foto 17) e os demais aterramentos do sistema de injeção”, diz o experiente técnico Eduardo.

 

 

Dica de ouro

 

Oscilação de marcha lenta, “buraco” nas acelerações e nenhuma falha gravada na ECU. Verifique o parâmetro gráfico do sensor de borboleta TPS. De acordo com o técnico André, quando esse sensor está avariado, apresenta grandes variações no gráfico.

 

Sistema de partida a frio

 

Há um solenoide do sistema de partida a frio (foto 18), que costuma emperrar e/ou queimar. Na maioria das vezes é por falta de uso. Isso ocorre quando o veículo permanece por muito tempo utilizando gasolina no tanque principal, ou seja, com gasolina no tanque principal o sistema de partida a frio não opera (neste caso). Sendo assim, nas revisões, é importante verificar o funcionamento dessa válvula solenoide.

 

Motor

 

O reparador Eduardo ressalta um problema comum mesmo nos veículos com baixa quilometragem, trata-se de um barulho audível em marcha lenta e nas desacelerações, conhecido como “batida de saia”. Esse ruído não traz nenhuma consequência em curto prazo, mas que para resolver, é necessário fazer a retífica do motor, incluindo obrigatoriamente, a retífica dos cilindros e substituição dos pistões. O ruído relatado pelo reparador é ocasionado pela folga excessiva entre pistão e cilindro. Diz-se que está “batendo saia”, porque a região do pistão que bate nas paredes dos cilindros, se chama “saia” (lateral que está a 90° do furo do pino do pistão).  De acordo com relato dos técnicos, há outros problemas comuns, desgaste do comando de válvulas, dos balancins e travamento dos tuchos. Esses problemas são decorrentes da borra que se forma dentro do motor, devido à falta de manutenção e/ou uso de óleo inadequado. 

 

 

Sistema de arrefecimento

  

De acordo com os profissionais entrevistados, o sistema de arrefecimento do Classic é simples e não apresenta defeitos crônicos, apenas avarias naturais por tempo de uso. Válvula termostática vazando (fotos 19 e 19A) ou travada, vazamento na bomba d’água, radiador e válvula do ar quente, foram os defeitos comuns relatados pelos reparadores. No entanto, há um defeito que chama a atenção e ocorre com certa frequência, o desprendimento do rotor da bomba d’água (foto 20). Por girar em falso, não há circulação de água e o motor superaquece, podendo causar danos graves.

 

   

Peças

 

De acordo com os reparadores entrevistados, um dos pontos fortes desse carro é a disponibilidade de peças originais / genuínas, no mercado de reposição e também nas concessionárias da marca. O reparador Eduardo diz: “consigo adquirir a maioria das peças originais nas lojas de autopeças e quando preciso comprar na concessionária, não tenho dificuldade para encontrá-las. Caso eles não tenham a peça em estoque, o vendedor indica a loja que tem, e se for o caso, pede a transferência para facilitar a minha retirada. Além disso, a política de comercialização é muito favorável a nós, reparadores”, relata com satisfação, o reparador. Na oficina Baú Car não é diferente, a maioria das peças, cerca de 80%, são adquiridas originais em autopeças. E os 20% na concessionária, que sempre tem as peças para o Corsa. “É a melhor marca para se comprar peças”, diz André. Na oficina V-Tech, quase 100% das peças para o Classic são adquiridas nas lojas de autopeças independentes. Segundo o técnico Vinícius, “é possível encontrar peças originais e até genuínas fora da concessionária com preços competitivos, isso é ótimo para nós reparadores”, afirma o técnico.

 

 

Informação

técnica

 

Por ter a manutenção relativamente simples, nenhum dos técnicos encontra dificuldade para obter informações técnicas, quando precisam recorrem aos amigos, Fórum do jornal Oficina Brasil, internet e manuais técnicos produzidos por empresas especializadas.Numa demonstração de atenção e parceria, a Chevrolet criou um site exclusivo para auxiliar o reparador na compra de peças e na obtenção de dicas e informações técnicas. (reparadorchevrolet.com.br)

 

 

Reparabilidade

 

De acordo com os experientes reparadores que colaboraram com essa matéria, a reparabilidade do Classic é excelente. Dentre os pontos citados, destacamos o espaço para efetuar os reparos, a simplicidade da mecânica, a facilidade para encontrar peças originais. O reparador Eduardo ressaltou apenas um ponto negativo, a dificuldade para a substituição da correia de serviço quando equipado com ar e direção. “É mais difícil trocar a correia de serviço que a dentada”, comenta o técnico Eduardo.

 

 

Recomendação

 

Normalmente as pessoas pedem a opinião do seu mecânico de confiança para decidir sobre a compra de um veículo. Veja o que os reparadores consultados têm a dizer sobre o Classic 1.0 VHC Flexpower. Eduardo – “Indico sim! Porque é um carro que tem um bom desempenho, por ser 1.0,  e oferece ótimo custo benefício”.

André – “Indico sim! É um veículo de baixa manutenção, fácil, baixo custo e baixo consumo. Excelente carro!”

 

Vinícius – “Indico sim! Porque é um carro econômico, ótimo custo-benefício, de baixa manutenção, fácil para reparar e apesar de ser um carro relativamente robusto, satisfaz as necessidades”.

 

Conclusão

 

Diante dos relatos dos reparadores, baseados em suas experiências do dia-a-dia, podemos observar que a oficina mecânica independente funciona como um laboratório onde cada item do carro é acompanhado e avaliado de acordo com as mais diversas condições de uso. Ao mesmo tempo, é possível constatar o grau de dificuldade para encontrar as peças originais no mercado independente, na rede de concessionárias, informação técnica e ainda, medir a reparabilidade do carro como um todo. É na oficina que a verdade aparece. Não é a toa que o reparador independente é considerado pelo proprietário do veículo o “médico” dos carros da família; se ele confia, a família inteira confia. Desta forma, quando há intenção de compra de um veículo, a opinião do reparador é de suma importância para a decisão que o cliente irá tomar. Nesta matéria verificamos que a proximidade e boa relação entre concessionária e reparador independente é fundamental para a avaliação positiva, sob o ponto de vista estritamente técnico. A disponibilidade de peças originais, a ótima reparabilidade, a política de comercialização das peças praticada pela concessionária Chevrolet e o acesso à informação conferem ao veículo avaliado e, consequentemente à marca, notas positivas e aprovação total dos reparadores. É um exemplo a ser seguido!