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Amarok equipada com motor 2.0 chegou na oficina sem potência e barulho no cabeçote


Para os especialistas em picapes, a Amarok tem defeitos crônicos e ao fazer o orçamento é preciso ter certeza do tamanho do problema e executar o serviço completo e aplicando peças confiáveis

Por: Antonio Gaspar de Oliveira - 26 de março de 2024


Quando a picape Amarok chegou na oficina, era possível identificar um barulho vindo do motor, além da informação do cliente, dizendo que o carro estava sem desempenho adequado.

Pode até parecer estranho, mas esta picape estava com todo sistema de pós-tratamentos dos gases do escapamento original e nenhum componente foi removido para melhorar o desempenho e a potência do motor.

Como não havia registros de códigos de falhas no módulo da injeção e o barulho no motor persistia, a sugestão foi para remover o cabeçote e fazer um diagnóstico com a maior precisão possível. (Fig.1 e 2)

Com a autorização do cliente, foi realizada a remoção do cabeçote e com a inspeção cuidadosa em cada cilindro, logo ficou evidente a folga excessiva dos pistões.

Estas folgas fora do padrão entre os cilindros e os pistões poderiam justificar a falta de potência e o barulho, mas para uma Amarok, é melhor verificar na parte do virabrequim para ter a certeza que não haverá mais surpresas.

Um serviço deste porte exige cuidados, tempo e um bom investimento para recuperar o funcionamento correto do motor, isso assusta qualquer proprietário deste tipo de picape.

Observando os periféricos do motor, foi possível identificar sinais de ferrugem no no sistema de arrefecimento, principalmente na região do vaso de expansão e nas galerias de água no cabeçote e no bloco do motor. (Fig.3 a 5)

Os possíveis problemas de aquecimento do motor contribuíram com os danos, mas se houve deficiência no sistema de lubrificação por um período longo de uso, então a soma destes fatores pode ter gerado o desgaste anormal nas paredes dos cilindros.

Mesmo que o cliente não aprove o orçamento da reforma do motor ou troca por um motor parcial comprado na rede autorizada VW, é interessante entender os fatores que aceleraram o processo de desgaste dos componentes internos do motor.

Sabemos que nem sempre é dada a devida atenção para o sistema de arrefecimento e o sistema de lubrificação do motor, principalmente da Amarok.

O uso deste tipo de veículo tem sido maior em ambientes urbanos e os motores diesel não combinam muito bem com estas condições, em que o uso por tempos curtos e com baixas acelerações acaba caracterizando como uso em regime severo do motor.

Um motor frio injeta mais combustível e o excesso escoa entre o pistão e as paredes dos cilindros, indo para o cárter e contaminando o óleo lubrificante, que vai perdendo as propriedades de lubrificação, aumentando as fricções e os desgastes dos componentes móveis do motor.

Neste caso do motor da Amarok, que as paredes dos cilindros sofreram desgastes prematuros, podemos imaginar o restante do demais componentes móveis como bronzinas de bielas e de mancais. (Fig.6 e 7)

O sistema de lubrificação é muito sensível e qualquer alteração nas folgas de óleo, como desgaste de bronzinas de mancais, já compromete a pressão de trabalho do circuito de lubrificação do motor.

Com a pressão reduzida pelas fugas de óleo através das folgas nos mancais, o volume de óleo em circulação diminui e a temperatura aumenta porque o óleo lubrificante também tem a função de transferir o calor interno do motor para os trocadores de calor.

Quando a troca do óleo é realizada em períodos de 20.000 Km, as chances de surgir problemas de desgastes precoce é potencializada quando combinada com uso diário do veículo em cidades e por tempo em torno de 15 minutos.

Com estas condições, o motor não atinge a sua temperatura ideal de funcionamento, a lubrificação está deficiente pela contaminação do diesel injetado em excesso e o resultado é mais serviços para as oficinas.

Os motores utilizados atualmente não têm mais tolerâncias de retíficas como os motores mais antigos, que eram mais robustos, com mais materiais para serem trabalhados no caso de reforma do cabeçote e do bloco do motor.

Para garantir o funcionamento adequado dos motores atuais, que geram mais potência e são mais leves, é necessário que o sistema de arrefecimento seja muito eficiente, lembrando que este sistema depende do sistema de lubrificação para transportar o calor interno gerado nas partes mais quentes do motor, que é a região da câmara de combustão.

Quando um injetor de óleo pulveriza a parte inferior do pistão que está muito quente, o calor é transferido para o óleo, que suporta o calor intenso sem alterar suas características de lubrificação e leva para a parte externa do motor para reduzir a temperatura nos trocadores de calor. (Fig.8 a 10)

Para o funcionamento correto do sistema de arrefecimento do motor da Amarok, é preciso que a porcentagem de aditivo seja no mínimo de 40 % para a proteção do sistema. Se, por razões climáticas, for necessária uma proteção anticongelante mais forte, a parte de aditivo no líquido de arrefecimento do motor poderá ser aumentada. Contudo, a parte de aditivo no líquido de arrefecimento do motor não poderá ultrapassar 60%, porque assim a proteção anticongelante volta a diminuir e o efeito arrefecedor piora.

O aditivo do líquido de arrefecimento do motor comprado na rede autorizada VW pode ser reconhecido pela coloração lilás. A mistura de água e aditivo do líquido de arrefecimento oferece uma proteção anticongelante até -25 °C, protege as partes de liga leve no sistema de arrefecimento contra corrosão, impede o depósito de cálcio, que obstrui as passagens internas do radiador e aumenta o ponto de ebulição do líquido de arrefecimento, acima dos 100 graus centígrados.

Ao reabastecer o líquido de arrefecimento do motor, deve ser utilizada uma mistura de água destilada, evite o uso de água da torneira ou da chuva, e no mínimo 40% do aditivo do líquido de arrefecimento do motor G 13 ou G 12 plus(++) (TL-VW 774 G), ambos de cor lilás, para alcançar uma alta proteção anticorrosiva.

Uma mistura de G 13 com o líquido de arrefecimento do motor G 12 plus (TL-VW 774 F), G 12 (cor vermelha) ou G 11 (cor verde azulado) piora muito a proteção anticorrosiva e, por este motivo, deve ser evitada. (Fig.11 a 12)

Nunca misturar aditivos do líquido de arrefecimento do motor originais com outros líquidos de arrefecimento não liberados pela Volkswagen.

Se o líquido no reservatório do líquido de arrefecimento do motor não estiver rosa (a cor é resultado da mistura do aditivo do líquido de arrefecimento do motor lilás com água destilada), e sim, por exemplo, marrom, o G 13 foi misturado com outro líquido de arrefecimento do motor não indicado. Nesse caso, o líquido de arrefecimento do motor deve ser trocado imediatamente. Do contrário, podem ter como consequência graves deficiências de funcionamento ou um dano no motor e no sistema de arrefecimento.

Caso isso aconteça dentro do período de garantia e que o motor sofreu alguma avaria, a VW vai entender que a manutenção não foi correta pelo uso indevido de produtos diferentes dos que estão especificados e homologados.