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IGD (Índice de geração de demanda) avalia o primeiro trimestre de 2012


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Por: Alexandre Carneiro - 10 de agosto de 2012

O IGD desenvolvido pela CINAU desde 2009 foi criado para auxiliar os empresários da indústria de reposição com dados a partir da base geradora de demanda deste mercado, ou seja: a oficina. Acompanhe a seguir análise do mercado a partir desta ótica

Publicamos, na edição de abril (número 254) deste ano, uma análise do mercado da reposição usando como régua de medição o nosso indicador IGD. A ideia central da análise foi verificar se havia sintonia entre o mercado abastecedor de peças e o mercado reparador, consumidor de peças.
Tocamos no ponto sensível que é obter números, dados e informações. E, por conta dessa dificuldade ou inexistência de informações, o quanto é árduo o trabalho de se fazer uma estimação de demanda, definir a curva de oferta e procura, etc.
Na nossa matéria deixamos bem claro que não estávamos nos apresentando como os donos da verdade. Pelo contrário, estávamos provocando a discussão dessa situação, levando nossos números, que medimos de maneira sistemática. Tomamos, também, as poucas estatísticas divulgadas, citando as fontes, e realizamos um exercício analítico que procurou desvendar, um pouco, a situação.
Pois bem. Como o primeiro semestre de 2012 passou, julgamos interessante retornar ao exercício e analisar os fatos sob a óptica semestral. O que ocorreu nesses últimos quatro primeiros semestres?
Nesse ponto, precisamos não perder de vista o seguinte: o Brasil é um país enorme geograficamente que apresenta muitas diferenças regionais. Enquanto no Sudeste dois estados já praticam a Inspeção Veicular Ambiental, o que levou muitos carros de suas flotilhas a procurar as oficinas e executar a manutenção, para deixá-los aptos a serem aprovados na inspeção e poderem circular, no resto do país esse processo ainda não saiu do papel.
Isso é importante citar? Sim, claro! A obrigatoriedade da inspeção levou mais carros às oficinas, e isso fez aumentar o movimento nelas. Mas, se num primeiro momento, a obrigatoriedade da inspeção provocou aumento de demanda de serviços, o que deve estar acontecendo agora? Será que o movimento nas oficinas se manteve? Será que, por conta do aumento de serviços, aumentou a demanda de peças?  Por isso que analisar os primeiros semestres se mostra interessante.
Vamos, primeiro, analisar, sob o ponto de vista dos licenciamentos de carros 0km, qual o crescimento da frota circulante nos primeiros semestres. Ao nos debruçarmos sobre esses números, obtidos da FENABRAVE em seu Informativo de Emplacamentos, vemos que a curva nos últimos quatro primeiros semestres segue um padrão semelhante ao que observamos na matéria de abril, quando analisamos a variação dos volumes acumulados de reparos na região da Grande São Paulo, porém com pequenas diferenças quanto aos números.

Vide gráficos ao lado:

Ou seja, na Grande São Paulo os volumes acumulados semestrais de reparos apresentaram alta até 2010, diminuindo a taxa de crescimento em 2011 e apresentando contração agora em 2012.
O crescimento verificado em 2010 deveu-se à obrigatoriedade da Inspeção Veicular Ambiental que obrigou, repetimos, os carros nessa região a correr às oficinas para manutenção a fim de serem aprovados.
Em 2011, esse fenômeno não se repetiu a ponto de fazer aumentar a curva acumulada, sequer mantê-la. Observa-se, desde o ano passado, um acomodamento desse fato tendo como consequência a redução do volume de reparos executados, mesmo contrariando o crescimento vegetativo da frota.
Outro fato é o relativo à idade média da frota. Com o boom de crescimento nos últimos anos, a frota está mais jovem. E esses carros mais jovens já se caracterizam por terem prazos de manutenção mais longos.
Isso tudo nos leva a crer que os níveis de demanda por serviços estão retornando ao padrão histórico.
O comportamento analisado até aqui é o observado na Grande São Paulo. Quando nos voltamos ao que ocorre na região sudeste, ou no país, observamos que na região sudeste ainda há indicação de recuo nas estatísticas de volume de reparos executados, embora não tão acentuada quanto à verificada na região da Grande São Paulo. Quando olhamos para o país, vemos que, apesar de menor do que no primeiro semestre de 2011, a taxa é positiva.
Ora, observando os números e de posse percepções a respeito dos fatos relacionados aos mercados da reparação regionalmente estratificados, podemos tomar a liberdade de deduzir que na Grande São Paulo, o fenômeno na Inspeção Veicular Ambiental forçou a erupção de uma onda de procura por serviços que embutiu a curva natural de crescimento dessa demanda à curva da demanda especulativa, na falta de um nome melhor.
O sudeste é fortemente influenciado pelo que ocorre em São Paulo. Esse viés é tão intenso que produz mascaramento das estatísticas relativas a essa região. Esse viés não é tão intenso com relação ao país como um todo a ponto de impor sua tendência às estatísticas nacionais. Ela interfere, mas não prevalece. Por isso vemos que há uma diluição do efeito especulativo da demanda provocada pela Inspeção Veicular Ambiental de São Paulo nos números nacionais. Porém, ao mesmo tempo, isso nos alerta que esse efeito especulativo existe e é factível provocar o mesmo comportamento nas praças em que a inspeção ambiental for implantada.
Como o país não está tão sensível ao que ocorre em São Paulo, em termos da especulação provocada pela inspeção ambiental, podemos ver que a demanda apresenta crescimento contínuo, acompanhando o crescimento vegetativo da frota. Lógico que com um lapso de tempo em relação a esse crescimento, pois carros novos demoram para entrar na rotina de reparação. E os novos veículos estão saindo de fábrica com tempos de manutenção mais longos.

CANAIS DE COMPRA

Quando observamos o gráfico com as estatísticas sobre preferência de canais de compra, saltam aos olhos dois fatos bem marcantes.
Primeiro, o crescimento da preferência do canal Concessionária. Observe ao lado.
O ganho de preferência do canal Concessionária está bem demonstrado quando analisamos a variação entre primeiros semestres sucessivos.
Notem que, comparando o primeiro semestre de 2012 contra o primeiro de 2010, esse canal apresenta um ganho de quase 44% na preferência dos Reparadores. Na outra ponta, os dois canais mais tradicionais de fornecimento de peças para o Reparador Independente apresentam queda. Lojas perdendo 12,5% e Distribuidores perdendo 17,6%.
Segundo fato marcante: a quase perfeita simetria entre as curvas de preferência dos canais Loja e Distribuidores, demonstrando que esses dois canais lutam entre si pela preferência dos Reparadores. Observem o gráfico Perfil de Aquisição de Peças.

CONCLUSÕES

O primeiro semestre de 2012, até agora, apenas confirmou o que observamos nos últimos três anos, especialmente em 2011.
Houve uma explosão de demanda por serviços na região de São Paulo por conta da Inspeção Veicular Ambiental, explosão essa que não se manteve nos mesmos patamares do início da obrigatoriedade dessa inspeção.
Porém, como vemos confirmado agora no primeiro semestre, a demanda apenas mudou de patamar. Não está tão aquecida como no período de 2010, mas está bem mais alta do que até 2009.
O crescimento dessa demanda por reparos, por sua vez, não está tão afetada pela Inspeção. Está sendo mais alimentada pelo crescimento vegetativo da frota.
Quanto à preferência dos canais de compra de peças, fica claro que os canais Lojas e Distribuidores competem entre si pela preferência do Reparador.
Cabe ressaltar que, no final, é o Distribuidor quem mais abastece a rede de reparação, quer seja diretamente quer seja através de suas vendas aos Lojistas e estes aos Reparadores. As Concessionárias, sim, é que estão comendo o mercado pelas bordas, com seus índices de preferência aumentando gradativamente.